39 verdades sobre meu ser-sendo cinéfilo e 02 mentiras advindas desse mesmo ser-sendo que sou HIRAN PINEL:
1. Minha paixão pelo cinema começou com o filme (da série de cinema Jim
das Selvas) chamado A Deusa da Lua (1955), com Johnny Weissmuller;
2. O meu choro apareceu no filme Carnaval Atlântida (1952) quando um
professor arrogante de história, contratado para dar subsídios a um
filme nacional, começa a derreter-se ao conhecer o amor - isso me soou
lindo demais - ele era interpretado por Oscarito;
3. Ainda
adolescente assisti ao primeiro filme proibido pra 18 anos: E Deus Criou
a Mulher (1956) com Brigitte Bardot, foi no cine Glória, em Lajinha,
MG, e minhas retinas nunca apagarão diante dessa deusa, de bumbum pra
cima agitar-se como gata em teto de zinco quente kkk;
4. O
primeiro filme de Marilyn Monroe que assisti foi O Pecado Mora ao Lado
(1955) e sua presença é eletrizante e ninguém consegue ficar intacto
diante da ingenuidade e do belo pecado indissociados kkk;
5.
Fiquei excitado, a ponto de naquela noite perder o sono, quando no Rio
de Janeiro assisti a Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964). - O que foi
isso que experienciei? Eu me interrogava;
6. Na minha modesta
opinião, o ator e cantor mais lindo do mundo é Justin Timberlake, mas
sei que ele não está nem aí pra mim kkk Depois dele é o ator tailandês
March Chutavuth Pattarakampol, depois Leonardo DiCaprio e Gael Garcia
Bernal. Quanto às atrizes: Vera Fischer, Florinda Bolkan, Betty Davis, Wanderléa e
Marisa Paredes;
7. A cena famosa da Ponte Rama VIII, no episódio
13 da série tailandesa Sotus The Serie (2016/17), quando os dois
personagens caminham (um atrás do outro) faz cover do filme Perdidos na
Noite (1969), e escrevi isso para o fã clube de lá, e "emocionados"
(disseram essa palavra em inglês) me confirmaram depois de conversarem
com o diretor (segundo eles - salvei a resposta, pois até hoje não
acredito), indicando minha perspicácia cinematográfica;
8.
Tropical Malady (2004) é um filme da Tailândia de Apichaptong Weerasetakul, e na minha opinião um
dos melhores do mundo, chegou a ganhar Cannes, e eu faço cover de
diversas cenas;
9. Amo filmes de heróis, e o melhor deles é sem dúvida Dead Pool (2016) ou Deadpool;
10. Fui barrado na porta do Cine Acaiaca, de BH, por não ter 18 anos,
impedindo-me assistir a Perdidos Na Noite (1969). O porteiro que
proibiu, no outro dia, sem que soubéssemos, era meu colega do primeiro
ano do curso técnico de Química - rimos muito e ele me convidou para
assistir a esse Cult, sem eu pagar;
11. Adoro séries yaoi
tailandesas, e muitas têm linguagem de cinema, e cover de diversos
filmes - assisto fissurado - as melhores por ordem Love Sick The Series e
Sotus The Series, e tem ainda Hormones The Series, Room Alone, Secret
Love: Puppy Horney, Bad Romance The Series e Grey Rainbow;
12. Sou capaz de fazer cover de filmes (e séries) e sou mais ainda
capaz de fazer durante uma aula, associando-o com o conteúdo ensinado;
13. Minha paixão por cinema é tão densa, tensa e intensa, que ao fazer
cover, sou capaz de derreter-me em lágrimas, e como Branca de Neve
acabar-me em choro, esquecendo-me - de tão cinéfilo emocional (e
racional) que sou-sendo;
14. Em 1973, em plena ditadura, assisti a
O Couraçado Potemkin (1917) e meus colegas me obrigaram a comportar-se
paranoicamente, achando que a polícia poderia aparecer ali numa sala da
UFMG da Psicologia, da Rua Carangola - eu ria demais disso, e hoje sei
do risco que corri;
15. O filme Brokeback Mountain (2005)
tocou-me tanto, que cheguei a escrever um livro nunca publicado, mas que
usei no curso de mestrado e doutorado, que dei o nome de: "Apenas Dois
Rapazes e uma Educação Social: Existencialismo, Cinema e Inclusão";
16. O filme de Educação Especial (numa perspectiva inclusiva) mais lindo desse santo mundo de meu Deus, é o iraniano A Cor do Paraíso (1999);
17. Fiquei tocado assistindo ao filme francês O garoto Selvagem (1970)
que narra a vida do criador da Educação Especial Jean Itard, justamente
quando ele dialoga como seu mestre Philippe Pinel, fazendo-me recordar
de onde surgiu minha família e meu sobrenome;
18. Não consegui
assistir todo a Salò ou os 120 dias de Sodoma (de Pasolini) de 1976, só
recentemente consegui assistir a todo ele, sem nenhuma náusea, e
compreendendo o significado que o diretor quis dar aos efeitos no
fascismo nos comportamentos e subjetividades dos opressores e dos
oprimidos - mas não é um filme pra qualquer um;
19. Já escrevi diversos artigos e livros donde o cinema (o filme) é um dispositivo de pesquisa, e muitos estão publicados;
20. Quando um ídolo meu vai envelhecendo e fica "feio" (dentro de nossa
sociedade) eu o abandono por outro mais jovem, pois a beleza física (e
não o talento) me seduz facilmente;
21. Uma vez peguei o ônibus
de Lajinha para Manhurmirim com um único objetivo, assistir à película
Juventude e Ternura (1968) que tinha como protagonista Wanderléa, e
mais: não me arrependi;
22. Acho o filme Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (1968) um Cult, cheio de belas intencionalidades, com o rei no auge;
23. Quando assisti recentemente ao filme Eternamente Sua (2002, direção de Apichaptong Weerasetakul), fiquei
assustado, pois não via o começo com os créditos do filme com o título, o elenco, os
técnicos etc. Bem, de repente, 45 minutos depois de ter começado a película, os crpeditos começam aparecer, e tendo ao fundo o som
da música Samba de Verão dos Irmão vale, cantado em tailandês pela cantora
Nadja - chorei de emoção;
24. Um mestrando meu, meio que sem
planejamento, resolveu me mostrar o filme Moonlight: Sob a Luz do Luar
(2017) e o fez com uma didática fenomenológica espetacular, a ponto de
eu perguntar se ele tinha consciência disso. O filme se tornou um dos
meus prediletos, pelo intimismo que narra, o abandono dos marginalizados
e suas demandas e afeto;
25. O melhor filme sobre a vida dos
professores doutores de universidades públicas renomadas é sem dúvida o
israelense Nota de Rodapé (2011) que narra a feira de vaidades na qual
esse profissional, algumas vezes, pode estar mergulhado: ganha-se pouco,
mas sofre-se muito, e esse é um dos sentidos de "ser e estar" nesse
lugar, naquele tempo;
26. O melhor filme sobre a vida de professor, pedagogo e gestor escolar é Conrack (1974) com Jon Voigh;
27. O melhor filme para produzir reflexões e textos sobre o paralelismo normal e patológico é O Homem Elefante (1980);
28. O melhor filme que
aborda muito indiretamente a pesquisa ação é Veludo Azul (1986) e eu
escrevi um artigo científico sobre isso;
29. O melhor filme sobre
o papel do pesquisador e suas tarefas é sem dúvida (adoro essas
certezas kkk) é Kinsey - Vamos Falar de Sexo (2003);
30. Os três
melhores filmes sobre o ofício psicólogo são: O Príncipe das Mares
(1991), Gente Como a Gente (1980) e uruguaio O Quarto de Léo (2009);
31. Sou muito crítico aos filmes, eu os assisto já atento aos erros de continuidade, uso inadequado da música, péssimas interpretações, direção desordenada, situações inadequadas, furos no roteiro etc. Em fim, primeiro eu não me envolvo existencialmente com um filme, primeiro eu sou um crítico, atento racionalmente, afastando a carne do afeto, por sinal, quase sempre sou muita razão quando aprecio um filme;
32. Estou apaixonado pelo filme tailandês The
Rain Stories (2016; título em thai: - เมื่อฝนหยดลงบนหัว - Ou: Quando a
Chuva Cai Sobre a Cabeça; direção: Nitchapoom
Chaianun);
33. O rosto de March Chutavuth Pattarakampol é o primeiro a aparecer no filme Home: Love, Happiness, Memoriesm (direção de Chookiat Sakveerakul) dá ao jovem ator a oportunidade de dele dizer algo como "sou uma estrela, e onde apareço em close eu ilumino tudo ao redor", dito e feito, o filme começa assim e termina assim: um brilho maior sobre a alma tailandesa... ;
34. Apaixono-me por filmes de línguas diferentes do português, espanhol e inglês, que domino um pouco, e asssito com muita tesão mesmo sem legendas. Filmes tailandeses, chineses, japoneses, filipinos, sul-coreanos etc. E mais assisto SEM LEGENDAS, fico adivinhando os diálogos, pois me impressiono com as imagens, as interpretações, as músicas, a direção, a iluminação etc. Para me aproximar do real (de um filme) eu procuro ler textos e críticas publicadas, mesmo em sítios dos respectivos países... Sou um investiga(dor), ou seja, investigo minha própria dor em não dominar tudo kkk
35. Tenho fascinação pelo filme filipino
Aurora/ O Amanhecer/ Daybreak, com Coco Martin e Paolo Rivero;
36. Um cult sobre Educação Especial é O Menino Selvagem (França; 1970; direção de François Truffaut), é aula de prática de intervenção (do seu tempo e espaço), de como produzir ciência (conhecimento), de paixão pelo ensino-aprendizagem, de humildade científica não submissa, de competência, de motivação... e acima de tudo, aula de História da Educação Especial;
37. Canções de Amor, um filme francês de Christophe Honoré é minha paixão e eu me envolvo com todos os três momentos de construção do amor, fiquei fã de Louis Garrel, Ludivine Sagnier, Clotilde Hesme e Grégoire
Leprince-Ringuet (uau Grégoire, uau... kkk), e do próprio Honoré, que passei a procurar dele outras películas;
38. A primeira obra de arte tailandesa que assisti, direcionado pelo You Tube, foi Love Of Siam (2007, direção de Chookiat Sakveerakul), daí fui direcionado para as duas séries de minha devoção: Love Sick The Series e Hormones The Series, até chegar contemporaneamente à cultuada Sotus The Series, passando pela linda película Banguecoque/ Bangkok Love Store (2007; direção de Poj Arnon);
39. Tem séries da TV tailandesa que têm linguagens de cinema, e posso citar: Hormones The Series (com March Churavuth, Tou Anusit, Tor etc.), Love Sick The Series (com Captain, White-Wo, Ngern, August etc.), Bad Romance The Series (com: Max Nattapol Diloknawarit & Tul Pakorn Thanasrivanitchai), Grey Rainbow The Series (Hongladaromp Kasidej & Rattanamongkol Nutchapon),
Room Alone The Series - Apartamentos 401-410 (com Saliwattana Achirawich, Thitipoom Techaapaikhun, Jumpol, Thawornwong Jirakit e outros - linda 10 histórias; ), Secret Love: Puppy Horney (com Adulkittiporn Jumpole outros maravilhosos atores) etc. Assisto e sinto quando é cinema, série e ou telenovela (kkk - sim, tem cenas que é telenovela kkk excesso de melodrama, o roteiro fica mais simples e óbvio, imagens secas sem privilegiar a iluminação etc... kkk)...;
40. Não consigo apagar da minha memória Florinda Bolkan e Jean-Louis Trintignant no filme "Metti una sera a cena" (1969)...
41. Acho que um filme não é uma ferramenta adequada para pesquisa em Educação, Psicologia, Educação Especial em uma perspectiva inclusiva, Pedagogia Social etc. Em fim, um filme é apenas para entretenimento, pois não traz nada do real.
RESPOSTA:
São duas mentiras:
Item 31: sou muito emocional e menos racional quando assisto a um filme ou seriado; me entrego emocionalmente à obra de arte e só capturo erros crassos, no mais, não é minha função detectar nada, eu quero é me entreter, me envolver; mas ao longo do tempo, revendo e me interessando, aí sim sou capaz de refletir racionalmente, mas nunca perco o frescor da primeira vez...
Item 41: um filme pode ser adequado SIM à pesquisa - e um dispositivo, uma ferramenta; em cima de um filme podemos levantar uma ou mais questões de pesquisa, assim como um filme tem "coisas" da realidade, e a realidade precisa do cinema/ arte para ressignificar o vivido concreto.