sábado, 16 de março de 2024

Biografia

PHILIPPE PINEL, UM DOS PRECURSORES DA PEDAGOGIA HOSPITALAR

Hiran Pinel, autor.
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A Academia Nacional de Medicina (ANM) produz uma pequena biografia de Philippe Pinel (1745-1826).
O texto começa destacando a "forte inclinação para a vida religiosa, aos 22 anos resolveu estudar medicina e entrou para a faculdade de Medicina de Montpellier. Localizada no sul da França, esta instituição era considerada um importante centro de debates e aprendizado na área médica, pois foi uma das primeiras universidades de Medicina da Europa, fundada em 1220. Pinel formou-se em 1773 aos 29 anos e logo depois tornou-se doutor pela Escola de Medicina de Toulouse. Por ser residente em Paris, freqüentava os círculos de escritores, literatos, cientistas, ou seja, de personagens imbuídos pela filosofia iluminista." (ANM)
'Em 1793, o Governo Revolucionário o nomeou médico chefe do Hospital de Bicêtre, localizado nas proximidades de Paris. Diante das precárias condições em que os alienados se encontravam, Pinel solicitou autorização à Assembleia Nacional para retirar as correntes dos pacientes, tratamento usual para os doentes mentais. Tal gesto e sua teoria foram contestados por muitos autores, mas bastante referido como mérito do médico francês: "libertando a loucura dos grilhões". (ANM)
Phillipe Pinel foi o principal percussor do processo de mudança que possibilitou o surgimento do alienismo na sociedade moderna. Ele integrou a corrente que constituiu o saber psiquiátrico por meio da observação e análise sistemática dos fenômenos perceptíveis da doença." (ANM)
"De acordo com vários especialistas, Pinel observou a influência da hereditariedade na evolução do distúrbio mental da mesma forma que apontou as causas morais como as mais prováveis para a alienação. Por todo o século XIX outros alienistas deram continuidade a tais conceitos a partir das observações feitas por Pinel. Apesar da ênfase dada à questão da hereditariedade ter variado, na segunda metade do século XIX passou a ser apontada como um fator-chave no desenvolvimento das perturbações mentais." (ANM)
"Pinel considerava a alienação mental como qualquer outra doença orgânica, por concebê-la como um distúrbio das funções intelectuais (funções superiores do sistema nervoso) sem a constatação de inflamação ou lesão estrutural." (ANM)
"Para explicar a loucura, o alienista identificou três causas, tais como: as causas físicas que se ligavam às fisiológicas; as causas ligadas à hereditariedade e as causas morais (paixões intensas, excessos de todos os tipos, irregularidades dos costumes e hábitos da vida)." (ANM)
"Pinel defendia a cura da loucura por meio do chamado "TRATAMENTO MORAL" ¹, que consistia em uma ampla PEDAGOGIA normalizadora com horários e rotina rigidamente estabelecidos, medicamentos receitados somente pelo médico e atividades de trabalho e lazer." (ANM)
"Nesse sentido, podemos aventar a ideia, de que Pinel construía assim o que hoje denominamos de PEDAGOGIA HOSPITALAR, no caso, não-escolar, focando na alegria contida em trabalhar e desfrutar do prazer da vida pela via do lazer. Assim, a instituição hospitalar lhes oferecia coisas e proposta, envolvendo-os em atividades pedagógicas ligada à Psicologia Educacional, que pode ser traduzidas pelo planejamento, execução e avaliação de propostas lúdicas, recreativas, expressões corporais pelas sensações e percepções etc." [HIRAN PINEL]
Em 1795, Pinel foi para o hospital de Salpetrière, onde ficou por 31 anos. Ao morrer de pneumonia em 1826, Pinel deixou como discípulos Jean-Etienne Dominique Esquirol" (ANM) (1772-1840) e um dos fundadores da Educação Especial Jean Itard (1774-1838)" [HIRAN PINEL].
"No sentido filosófico (teórico) Pinel foi marcado pelo "sensualismo". Ele trabalhava com uma abordagem descritiva da ciência. O método dele tinha pontos com a história natural, pois, nele pai da Psiquiatria, o ato de conhecer nasce da observação empírica dos fenômenos. Assim é da "experiência" (sensual) que origina o conhecimento da "pessoa humana"." [HIRAN PINEL]
"Então Pinel, inspirado em Condillac produziu e criou seu método de pesquisa que consistia em "observar e descrever". Esse seu procedimento é mais forte na sua obra "Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental ou a mania", que é o primeiro livro do mundo que disciplina a classificação das alienações mentais. Esse ponto de vista de perceber o mundo, Pinel busca referências, sendo assim discípulo, em Hipocrates (460 a.C.-377 a.C.) e especialmente do filósofo francês Étienne Bonnot de Condillac (1714- 1780) e outros, marcado pelo "sensualismo". [HIRAN PINEL]
"A Epistemologia Sensualista nos indica alguém (cientista; profissional de ajuda numa Pedagogia da saúde mental) que foca nas sensações e nas percepções humanas, estas que são a forma simples e básica, que a desvela o verdadeiro "processo vivido da cognição" (pensamentos, reflexões, resolução de problemas, raciocínios, psicomotricidade etc.), sendo essa, a "cognição na sua essência". [HIRAN PINEL]
"Esse modo de ser cientista, na época, já estava presente na Filosofia grega como no estoicismo e no epicurismo. Vamos tocar em Epicuro de Samos, nome grego que significa "aliado, camarada", nasceu em Samos, no ano de 341 a.C., falecendo em Atenas entre 271 ou 270 a.C. [HIRAN PINEL]
"Considerado o grade fundador da "clínica", que nesse caso, ao nosso perceber, no "aqui-agora" do ano de 2014, é o encontro humano livre e aberto na moderação dos desejos, caracterizado pelo interesse refinado do pesquisador (e do profissional da saúde), que pelo esforço da empatia, que nunca é plena, relativa que é, para e com aquela pessoa que sofre, e que, ele mesmo, clama por cuidados, de modo explícito ou implícito, focando nas sensações e percepções corporais e afetivas, facilitando assim o "desvelamento da cognição", que acontece na sabedoria com o outro, no mundo; na quietude das emoções e na saúde que contém a amizade, que é onde (lugar-tempo) reside o "ser' no seu mais alto prazer de ser-no-mundo". [HIRAN PINEL]
"Prosseguindo, o sensualismo produziu impacto nos sensualistas britânicos, pelos associacionistas (também britânicos), e pelos positivistas no século XIX." [HIRAN PINEL].
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¹ Tratamento aplicado a todos os indivíduos que não se enquadravam nos padrões sociais de comportamentos. O tratamento moral era praticado pelos alienistas e incluía o afastamento dos doentes do contato com todas as influências da vida social nas instituições psiquiátricas, aqueles considerados loucos eram submetidos as normas e disciplinas rigorosas.
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REFERÊNCIAS:
Academia Nacional de Medicina. Philippe Pinel. SITE: http://www.ccms.saude.gov.br/hospicio/text/bio-pinel.php
PINEL, Hiran. que ampliou o texto, e para isso, pro questões de autoria, insere seu nome entre colchetes.
PINEL, Hiran. Philippe Pinel: aprendendo com o outro; quinta-feira, 8 de junho de 2017; hiranpinel.blogspot site: http://hiranpinel.blogspot.com/2017/06/800x600-normal-0-21-false-false-false.html

quarta-feira, 13 de março de 2024

A ATRIZ EMMA STONE EM "POBRES CRIATURAS" (2023): TANTO SEXO, TANTO MAR?

Sei lá... Tem tantas variáveis quando fala uma atriz ou um ator, seja Vera Fischer, Marylin Monroe, Justin Timberlake ou o melancólico Singto Prachaya, seja Emma Stone. Emma, por causa de "Pobres Criaturas" (2023, de Yorgos Lanthimos) fez muitas cenas de um "mar" de sexo, e ela estaria preocupada quando os seus fãs que ficam grudados apenas nas cenas de sexo - e não nos resto do filme todo, um mar de outras cenas igualmente excitantes (Çey... kkk)... Bem, como interpretar essa possível auto-análise da estrela. Fiquei pensando... Como canta (e poetiza) Chico Buarque, na voz de Milton Nascimento, parecendo que "eles" (Chico e Milton) falam pra Emma Stone que ganhou seu segundo Oscar com o filme: "Olha, será que [Emma] é uma estrela? Será que [ela] é mentira? Será que é comédia? Será que é divina a vida da atriz? E se um dia ela despencar do céu? [cair e ser esquecida] E se os pagantes exigirem bis? [os fãs bacanas, mas e os tóxicos?] E se o arcanjo passar o chapéu? [grana] E se eu pudesse entrar na sua vida? [Stone, ela mesma é um sonho que sonha]" (Chico) Se a gente pudesse entrar na verdade (ou marketing) de Emma? Nunca poderemos entrar nela, e como profissional, ela não permitiria. A atriz sabe que interpretar é sua tarefa, e sua arte é de nos iludir. Ela precisa cuidar de si, para não cair no sei próprio jogo... E ela, só será ela mesma, quando ficar num chique apartamento esnobe (solitário) de um hotel, mas corre risco de câmeras escondidas nos espelhos. Ou somente será si mesma em seu quarto de casa, isso se ela mesma não mandou instalar câmeras! (kkk) Nunca se sabe o poder de uma atriz! (kkk) É uma deusa essa Emma, está linda no filme, dois olhos imensos de vontade de ser livre, mas não é na realidade. No filme, ela é talentosa, tanto que imaginamos que o sexo, "foi sexo mesmo" (de verdade), e não mera e excelente interpretação, que ao mesmo tempo, pode ser verdade e pode ser mentira, ou as duas coisas, mas sempre uma ilusão. Ou seja, mesmo sexo,  como produtora do filme, Stone poderia, na nossa fantasia, convidar "um amante", quem sabe, para fazer a cena e ser mesmo sexo-interpretativo. Esse ator poderia ser sua oculta paixão do ambiente artístico, uma espaço que é (co)movido pelo desejo e luxúria, imaginam os fãs, não é? Sei lá! Acho que Chico não falou só de Marieta Severo, afinal, ele nunca entrou na vida de Marieta atriz, talvez, TALVEZ, conseguiu viajar, e assim mesmo, um pouquinho só, na mulher comum Marieta. Qual a verdade mesma? Fica o filme, a arte, o seu ofício. Eu amei o filme, como adorei, até mais, "La La Land" (2016, direção de Damien Chazelle).... Achei-a, que em "Pobres Criaturas", ela fez um papel direcionado ao Oscar, como  fez Leonardo diCaprio em "O Regresso" (2016, de Alejandro González Iñárritu), cheio de mar e ilusão, e o merecido e concreto prêmio ao final, de pois de alguma indicações (kkk), afinal Hollywod ama isso do ator, sua luta e empenho apaixonado. Mas, voltemos às vacas magras e Stone. Emma, segundo alguns fãs, teria exagerado no sexo, e com práticas reais (kkk). Uai, gente, sexo e talento não é pra qualquer "estrelinha", e Stone ela é Atriz com inicial maiúscula, além de Grande Estrela. Entretanto, acima de tudo, ela uma atriz que simplesmente é uma trabalhadora que sabe fazer sua tarefa, e que ao final do trabalho pega ônibus, e se tiver dinheiro, um Uber pode lhe cair bem (Çey kkk) e "vai pra sua casa descansar, pro outro dia recomeçar" (rimei kkk). Stone, como boa profissional das artes, só representa pra "gente mesma" transcender nossa vidinha cotidiana repetitiva, banal, kkkk fazendo-nos iludidos, pelo menos durante o filme, pois viver a realidade é vital. Emma Stone pode ficar satisfeita no seu labor e nos ganhos econômicos advindos dele, parcos dinheiros (kkk... Çey) Viva Emma! Viva nós que viajamos e deliramos em Stone, e que nos alimentamos daí para enfrentarmos uma realidade, um  real que sempre fica entre o concreto e nossos projeto de ser (na vida de sonhos) - [Hiran Pinel, autor; Vitória, ES; Brasil; em 13 março de 2024.]

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quinta-feira, 26 de outubro de 2023

SUMÁRIO:

1. YALOM E OS TERMOS FILOSÓFICOS

2, ARTE E CIÊNCIA

3. ESCRITA EXISTECIAL

4. SUBJETIVIDADE

5. SER PESQUISADOR FENOMENOLÓGICO 

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1. YALOM E OS TERMOS CIÊNTÍFICOS

"Senti ainda outra dificuldade com a abordagem existencial, ela era mais uma teoria filosófica do que um sistema psicoterapêutico, embora houvesse exceções. Frequentemente não se encontrava uma concretude na orientação filosófica, que precisava se complementada pelo conhecimento aplicado do processo de tratamento.  

Yalom expressou uma preocupação semelhante: 

" ... filósofos existenciais profissionais ultrapassam até* (...) [outros teóricos de psicologia clínica]  no uso de uma linguagem obscura e enrolada ... [ele usa o termo filósofo para pensadores da psicoterapia] Nunca entendi a razão dessa linguagem impenetrável e com a aparência de profunda. Os próprios conceitos existenciais básicos não são complexos e não precisam ser decodificados e meticulosamente  analisados [no sentido de dar uma aparência profunda, pois o simples é penetrante, é complexo]. Muito mais do que isso, eles precisam ser revelados." (Yalom, 1980, p. 16)"

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FONTE DO TEXTO ACIMA: In: HYCNER, Richard. De pessoa a pessoa; psicoterapia dialógica. São Paulo: Summus, 1995.

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NOTA DE RODAPÉ (NO TEXTO, COM ASTERISCO QUE INSERI)

MEU CONTRAPONTO  DE MEDIAÇÃO COM YALOM

VERSÃO DE YALOM: Para ler esse "contraponto de mediação", é preciso ler o texto anterior quando Hycner cita Yalom que faz críticos a psicoterapeutas que complicam a terapia recorrendo a termos obscuros, terminologia impenetrável, onde o autor dá uma aparência de profunda, e não é.

* VERSÃO DO "MEU" CONTRAPONTO DE MEDIAÇÃO: Yalom cita os psicanalistas, preferi suprimir, pois discordo de eles são não clínicos, ao contrários, criaram uma própria ciência, discutida ou não, mas uma ciência, que como todas elas, há elogios e críticas. Não são "só eles", os psicanalistas, que escrevem de modo complicado (?), confuso (???), por sinal, eu adoro ler muitos psicanalistas e não os acho simples, mas científicos - são profundos e tratam com delicadeza o ser humano.

Eu defendo que "TODOS os pensadores da psicoterapia" (ou da terapia existencial ou da clínica fenomenológico-existencial), e aí eu me incluo, aplicando à Educação Especial e Inclusiva e Saúde (e à Pedagogia Hospitalar), e que devemos recorrer sim à Filosofia, o devemos fazê-lo (ou deveríamos fazê-lo), dos diversos modos de ser "profundos" (ser rigoroso científico e sensível) na existência de uma pessoa considerada sempre como ser-no-mundo.

O autor Yalom, acho que se refere àqueles pesquisadores que não estão tão focados na Clínica Existencial, e (estão) mais na Filosofia, entretanto, o livro, por exemplo, tem título referente a Psicoterapia - vamos dizer que eu engano ao leitor, que comprou o livro pra ler sobre clínica, e é mais filosofia. Nesse sentido de mediação sensível, defendo que a filosofia deve sim vir no texto, até um capítulo só pra ela, considerando-a como (co)movedora da "minha" pesquisa, no caso, clínica. O pesquisador da clínica deve produzir um texto preocupado, por ex., com a formação de um profissional de saúde mental, e a clínica é aquilo que alguém no seu ofício faz junto e com um outro que sofre. MAS, isso o leva a se respaldar em pensadores filosóficos, ou sociológicos, ou antropológicos (filosóficos, por ex.) e ou. O clínico existencial abre-se aos filósofos dessa esfera.

A afirmativa de Yalom é complexa, pois. Ela pode ser também crítica, mas eu acho que o que ele "quer dizer": "não se preocupem, uma escrita meticulosa, rigorosa, clara e sensível, fundamentada também filosófica e psicologicamente, por si só, já é profunda e complexa". Mas, eu acrescentaria: "deixe claro a filosofia subjacente, e o que você desvia dela, afinal uma filosofia não é assumida clínica, e quando se ancora na saúde, ela deixa um pouco de ser "ela mesma" (Filosofia).

Yalom não fala de textos simplórios e de autoajuda, assim espero [risos...]. Mas, sabemos que Yalom, como Rogers, escreve o cotidiano profissional de clínico, usando um texto simples, refinado, rigoroso - e isso é profundo, pois não abandona a filosofia, nunca, pois ir fundo na pessoa exige Cuidado, rigor. Pessoalmente adoro ler textos clínicos com terminologias "complexas" (?), que me mexe com a "minha cuca" (me provoca de modo me tornar curioso), que mexe comigo, que me obriga pesquisar, ir mais fundo do que o autor... Todo ser humano merece e precisa de alguém que o considere profundamente. Textos "complexos" (?) me permitem ir além, pesquisar. Uma terminologia complexa nos impõe sempre a dialogar com mais delicadeza e detalhes, fazer mais interpretações sustentadas, no caso, pela Filosofia. Uma terminologia provoca-nos a utilizá-las nas relações com colegas acadêmicos e clínicos mesmos, gerando uma "linguagem científica específica" que produza efeitos benéficos na clínica, nos cuidados de qualidade que oferecemos a um outro, aquele que tem dor, desprazer, tristeza, sentimentos abandônicos etc..

Um clínico bem-sucedido, e que é um cientista rigoroso, será sempre "profundo", pois vai fundo na alma, mente e corpo do outro na (pró)cura de cuidar. 

O clínico e a clínica que há em todos os lugares e tempos, ele (e ela) é da outridade/ alteridade. 


Hiran Pinel, autor, 2023.

2. A CIÊNCIA QUE RECORRE MATERUAIS DE ARTES, LITERATURA E POESIAS

DICAS PARA O PESQUISADOR QUE ASSOCIA ARTE COM CIÊNCIA, POR EX: ESTUDA UM FILME COM O FINCO DE COMPREENDER A REALIDADE.

O QUE GRANDES NOMES PENSAM A RESPEITO, TODOS ELES DEFENDEM QUE REALIDADE E FICÇÃO (AQUI NO SENTIDO DAS ARTES, LITERATURA E POESIA) SE INDISSOCIAM.

"A arte é a mentira é que nos permite conhecer a verdade" (Picasso). “A verdade só pode ser dita nas malhas da ficção” (atribuída ao psicanalista Jacques Lacan). “Arte e realidade se complementam. Sem realidade, a arte não faz sentido, sem arte, a realidade não tem significado” - Bahman Ghobadi, diretor iraniano de cinema, de etnia curda. "Não existe meio mais seguro para fugir do mundo [realidade] do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele [mundo real] do que a arte" (atribuído Johann Goethe). "A arte não é [só] um espelho para refletir o mundo, mas [é] um martelo para forjá-lo [a arte é uma dispositivo de resistência concreta; uma ferramenta para as lutas contra ao opressor]" (atribuído a Vladimir Maiakóvski 1893-1930). "A ciência é grosseira, a vida é sutil, e é para corrigir essa distância que a literatura nos importa. Por outro lado, o saber que ela [literatura] mobiliza nunca é inteiro ou derradeiro; a literatura não diz que sabe alguma coisa, mas sabe de alguma coisa; ou melhor, que ela sabe algo das coisas – que sabe muito sobre os homens". (BARTHES, 1978, p.19).  (PINEL, 2019; p. 3) .

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Referência: PINEL, Hiran. Arte e ciência: aplicações em pesquisas nas esferas da educação especial e saúde, bem como pedagogia hospitalar. Vitória, ES: ppge,ufes, 2023. 

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OBSERVAÇÃO: eu que digo que atribuo a esses autores, os textos. Falo de atribuição, só isso. Barthes talvez seja a exceção que podem citar direto, mas investiguem.

3. A ESCRITA CIENTÍFICA EXISTENCIAL SEGUNDO HALL E LINDZEY (1987)

"O leitor poderá notar neste trecho um estilo de escrever que é característico da análise fenomenológica. A terminologia técnica está [quase] ausente, exceto pelas palabras Umwelt, Mitwelt e Eigenwelt, mas estas só parecem técnicas aos leitores de lingua (...) [portuguesa] porque elas são palavras estrangeiras. Nota-se também o uso de um vocabulário evocativo, quase poético. Tais imagens parecem muito distantes do vocabulário sóbrio, comum e mesmo esmerado, comumente empregado na exposição científica. É preciso ter em mente que o existencialismo sempre manteve fortes laços com a literatura e que um dos seus antepassados, Nietzsche, foi tanto poeta quanto filósofo. De fato, a literatura sempre foi e terá de ser existencial, pois ela lida como ser-no-mundo. A literatura é psicologia com a diferença de que a literatura é ficção, enquanto a psicologia é ou deveria ser factual. A diferença é entretanto trivial" (HALL e LINDZEY, 1987; p. 89).

"Boss insiste que o que a ciência considera ser um respeitável vocabulário científico é uma usurpação da palavra "científico". É preciso usar as palavras que melhor descrevem os fenômenos, e não ser limitado por uma tradição autoritária. Novas perspectivas científicas [como a ciência fenomenológica-existencial da época do livro Hall e Lindzey] comumente exigem um vocabulário completamente novo, assim, não é surpreendente que muitos escritos existenciais soem estranhos e esotéricos para aqueles que foram criados com a visão de mundo científica do século XIX. Como acontece com as novas formas de música e de arte, a dissonância criada pelo vocabulário existencial será gradualmente reduzida e desaparecerá" (HALL e LINDSEY,1987; p. 89)...

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Referência

HALL, Calvin S.; LINDSEY, Gardner. Teorias da personalidade. Volume 2. São Paulo: EPU, 1987.

4. SUBJETIVIDADE NA OBJETIVIDADE DO MUNDO

Hiran Pinel, autor.

"Em termos didáticos a Psicologia se interessa pela [1] SUBJETIVIDADE, que tem em si um complexo mosaico de vidas, focando na singularidade, mas de uma ligada a pluralidade de ser, afinal ser-no-mundo. A subjetividade tem quatro tópicos que a compõe, e todas elas vividas como indissociadas e com diversos dinamismos dialéticos, quais sejam: 

as (vidas) [1.1] afetivas (os desejos, as emoções e os sentimentos, o amor e ódio, a alegria e a tristeza, o prazer, o desprazer e dor etc.) 

as [1.2] cognitivas (pensar, o raciocínio, resolver problemas escolares e os da vida vicária, prestar atenção e memorizar, ser racional etc.), 

as [1.3] corporais (imagem corporal de si, e o modo de perceber o "outro-corpo-de-eu", dores física e impacto na psicologia de "ser no mundo", sintonia orgânica, esquema corpora e imagem mental do nosso corpo, o corpo vivido/ percebido, representado, efeitos de remédios em "mim-corporal", consciência do corpo no mundo e com o outros, formas de movimentar-se com o corpo dolorido, ansioso, distressado, harmonia corporal etc.) e a vida "eu-tu-nós-mundo", e,,, 

as (vidas ) [1.4] sociais, culturais e históricas" (PINEL, 2010; p. 12). 

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NOTA: em citando, favor referendar

5. SER CIENTISTA QUE TRABALHA COM O MÉTODO FENOMENOLÓGICO: APLICANDO-O À EDUCAÇÃO ESPECIAL INCLUSIVA E À PEDAGOGIA HOSPITALAR

Hiran Pinel

A Psicologia Fenomenológico-existencial e o método fenomenológico de investigação têm uma potência muito forte na Educação Especial inclusiva e na saúde, e na Pedagogia Hospitalar. Por sinal, a inclusão pode ser compreendida como um termo humanista existencial, ele mesmo, valorizando o ser humano como ser-no-mundo, jogado no mundo sem sua anuência, e agora ele trata de cuidar de si e do outro, como "modo de (ser) si". Também se faz presente na sala de aula quando (co)movida pelos cuidados cognitivos, corporais e afetivos oferecidos ao outro, aluno comum ou especial. Ainda se faz presente quando nos referimos ao que acontece nas salas de atendimentos especiais-educacionais, e aos atendimentos educacionais em ambientes hospitalares e domiciliares para e com o aluno-paciente com doenças crônicas dentre outras, que lhe produziu alguma deficiência, um desgaste emocional e físico, um chorar de dor, uma alegria de estar sem dor na sala de aula hospitalar, ou estar doente mas junto com seus familiares e amigos etc. Esse impacto do método fenomenológico (na pesquisa e na intervenção educacional), como se não bastasse a sua potente força nas pesquisas onde o humanismo existencial nos joga na cara nossa fragilidade e finitude, e nossa alegria e prazer em viver, está também diretamente relacionado ao processo nacional (e até internacional) de "humanização hospitalar" e da "inclusão" escolar (e não escolar)> Tais processos comparecem mediados pelo foco dado a um ser humano livre em todos os sentidos, que passa o seu existir escolhendo e se responsabilizando por isso, e se angustia diante do seu "ser-para-a-morte", e que muitas vezes se releva aberto a aprender e crescer, apesar dos pesares. A morte, consequência natural do final concreto do respirar, complexamente desvela a força de uma prática educacional fundada em uma "Pedagogia inclusiva Existencial", do respirar na vida é real, e há vida no humano projeto de ser, que tem tessituras e tecidos dos sonhos, dos devaneios, das ilusões, do viajar em si, nos outros; nas nossas fantasia - as transcendências do cotidiano banal e agressivo etc. Não podemos morrer se ela ainda não chegou, nossa meta deve ser uma opção pela vida, enquanto ela estiver. Enquanto a finitude física não chega, a vida ganha força. A vida, então, aqui-agora, não responde aos desejos do senhor Ceifa(dor). Nesse sentido da vida, a escola e a sala de aula é vida que insiste em respirar a alegria de estar aqui-e-agora entregue ao "experienciar", sem impedir o "outro lado" de ser do ser humano, o seu "ser-para-a-morte", mas em ser-com [...] A inclusão escolar, ela mesma, clama por uma postura fenomenológica. A educação especial especial em toda sua amplitude, também clama pelo humanismo-existencial a ela aplicada. Na saúde, esses movimento existenciais tem se mostrado potentes na vida, e no impacto da morte no doente (do-ente) e ao seu entorno, como a família, os amigos, o staff da saúde etc. Nesse sentido processual de viver a vida sempre inconclusa e incompleta, a professora (e a educadora e ou) pode ser orientada, em um tipo de "formação existencial da docente" a criar/ inventar/ produzir uma "ação/ prática educacional" de seu "ser-no-mundo" do ofício do magistério, revelando a potência do seu labor. Essa formação pode ensiná-la a se "envolver existencialmente" com o estudante-paciente na escolaridade, e ao mesmo tempo produzir um "distanciamento reflexivo", momento que ela se interrogará: O "que é" e o "como é" o sentido desse meu vivido com o aprendente/ aluno/ estudante/ educando/ orientando? O "que é" e "como é" ser professora hospitalar? "Como é" trazer o "mundo lá fora" (a comunidade real/ concreta do aluno) para ser "sentida-pensada-agida" no concreto de um hospital quando mostra ao sofredor "sua escola da comunidade, está aqui dentro da instituição, na classe hospitalar, vamos lá? "Como é" que o aluno, com gravíssimos problemas de saúde, pode viver uma relação com a professora geradora de mais aprendizagens de conteúdos escolares (e não escolares), pois, um segundo antes de morrer, o discente tem direito à educação e à escolaridade (PINEL 2004; p. 9-10) 

[Hiran Pinel, autor]

 

 "Senti ainda outra dificuldade com a abordagem existencial, ela era mais uma teoria filosófica do que um sistema psicoterapêutico, embora houvesse exceções. Frequentemente não se encontrava uma concretude na orientação filosófica, que precisava se complementada pelo conhecimento aplicado do processo de tratamento.  

Yalom expressou uma preocupação semelhante: 

" ... filósofos existenciais profissionais ultrapassam até* (...) [outros teóricos de psicologia clínica]  no uso de uma linguagem obscura e enrolada ... [ele usa o termo filósofo para pensadores da psicoterapia] Nunca entendi a razão dessa linguagem impenetrável e com a aparência de profunda. Os próprios conceitos existenciais básicos não são complexos e não precisam ser decodificados e meticulosamente  analisados [no sentido de dar uma aparência profunda, pois o simples é penetrante, é complexo]. Muito mais do que isso, eles precisam ser revelados." (Yalom, 1980, p. 16)"

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Fonte do texto acima: In: HYCNER, Richard. De pessoa a pessoa; psicoterapia dialógica. São Paulo: Summus, 1995.


NOTA DE RODAPÉ (NO TEXTO, COM ASTERISCO QUE INSERI)

* Yalom cita os psicanalistas, mas, não são "só eles'" que escrevem de modo complicado (?), por sinal, eu adoro ler muitos psicanalistas e não os acho simples, mas científicos.

Eu defendo que "TODOS os pensadores da psicoterapia" (ou da terapia existencial ou da clínica), e aí eu me incluo, aplicando à Educação Especial e Saúde (e à Pedagogia Hospitalar), e que recorremos à filosofia, o fazemos (ou deveríamos fazer), de modo "profundos" (ser rigoroso científico e sensível).

O autor se refere aqueles pesquisadores que não está focando na clínica, e tendo a filosofia como (co)movedor da sua pesquisa e e do texto. O pesquisador da clínica deve produzir um texto preocupado, por ex., com a formação de um profissional de saúde mental, e a clínica é aquilo que alguém no seu ofício faz junto e com um outro que sofre.

A afirmativa e Yalom é complexa e que pode ser também crítica, mas eu acho que o que ele "quer dizer": não se preocupem, uma escrita meticulosa, rigorosa, clara e sensível, por si só, já é profunda e complexa. Mas, eu acrescentaria: deixe claro a filosofia subjacente, e o que você desvia dela, afinal uma filosofia não é clínica.

Yalom não fala de textos simplórios e de autoajuda, assim espero [risos...]. Mas, sabemos que Yalom, como Rogers, escreve o cotidiano profissional de clínico, usando um texto simples, refinado, rigoroso - e isso é profundo, pois não abandona a filosofia, nunca. Pessoalmente, adoro ler textos clínicos com terminologias complexas, que me permitem ir além, pesquisar, e utilizá-los nas relações com colegas acadêmicos e clínicos mesmos, gerando uma linguagem específica que produza efeitos benéficos na clínica, nos cuidados de qualidade a quem tem tanta dor.

Um clínico bem-sucedido, e que é um cientista rigoroso, será sempre "profundo", pois vai fundo na alma, mente e corpo do outro na (pró)cura de cuidar. O clínico é da outridade/ alteridade - Hiran Pinel, autor, 2023.



quarta-feira, 25 de outubro de 2023

DICAS PARA O PESQUISADOR QUE ASSOCIA ARTE COM CIÊNCIA, POR EX: ESTUDA UM FILME COM O FINCO DE COMPREENDER A REALIDADE.

O QUE GRANDES NOMES PENSAM A RESPEITO, TODOS ELES DEFENDEM QUE REALIDADE E FICÇÃO (AQUI NO SENTIDO DAS ARTES, LITERATURA E POESIA) SE INDISSOCIAM.

 

"A arte é a mentira é que nos permite conhecer a verdade" (Picasso). “A verdade só pode ser dita nas malhas da ficção” (atribuída ao psicanalista Jacques Lacan). “Arte e realidade se complementam. Sem realidade, a arte não faz sentido, sem arte, a realidade não tem significado” - Bahman Ghobadi, diretor iraniano de cinema, de etnia curda. "Não existe meio mais seguro para fugir do mundo [realidade] do que a arte, e não há forma mais segura de se unir a ele [mundo real] do que a arte" (atribuído Johann Goethe). "A arte não é [só] um espelho para refletir o mundo, mas [é] um martelo para forjá-lo [a arte é uma dispositivo de resistência concreta; uma ferramenta para as lutas contra ao opressor]" (atribuído a Vladimir Maiakóvski 1893-1930). "A ciência é grosseira, a vida é sutil, e é para corrigir essa distância que a literatura nos importa. Por outro lado, o saber que ela [literatura] mobiliza nunca é inteiro ou derradeiro; a literatura não diz que sabe alguma coisa, mas sabe de alguma coisa; ou melhor, que ela sabe algo das coisas – que sabe muito sobre os homens". (BARTHES, 1978, p.19).  (PINEL, 2019; p. 3) .


referência: PINEL, Hiran. Arte e ciência: aplicações em pesquisas nas esferas da educação especial e saúde, bem como pedagogia hospitalar. Vitória, ES: ppge,ufes, 2023. OBSERVAÇÃO: eu que digo que atribuo a esses autores, os textos. Falo de atribuição, só isso. Barthes talvez seja a exceção que podem citar direto, mas investiguem.

"O leitor poderá notar nesrte trecho um estilo de escrever que é característico da análise fenomenológica. A terminologia técnica está [quase] ausente, exceto pelas palabras Umwelt, Mitwelt e Eigenwelt, mas estas só parecem técnicas aos leitores de lingua (...) [portuguesa] porque elas são palavras estrangeiras. Nota-se também o uso de um vocabulário evocativo, quase poético. Tais imagens parecem muito distantes do vocabulário sóbrio, comum e mesmo esmerado, comumente empregado na exposição científica. É preciso ter em mente que o existencialismo sempre manteve fortes laços com a literatura e que um dos seus antepassados, Nietzsche, foi tanto poeta quanto filósofo. De fato, a literatura sempre foi e terá de ser existencial, pois ela lida como ser-no-mundo. A literatura é psicologia com a diferença de que a literatura é ficção, enquanto a psicologia é ou deveria ser factual. A diferença é entretanto trivial" (HALL e LINDZEY, 1987; p. 89).

"Boss insiste que o que a ciência considera ser um respeitável vocabulário científico é uma usurpação da palavra "científico". É preciso usar as palavras que melhor descrevem os fenômenos, e não ser limitado por uma tradição autoritária. Novas perspectivas científicas [como a ciência fenomenológica-existencial da época do livro Hall e Lindzey] comumente exigem um vocabulário completamente novo, assim, não é surpreendente que muitos escritos existenciais soem estranhos e esotéricos para aqueles que foram criados com a visão de mundo científica do século XIX. Como acontece com as novas formas de música e de arte, a dissonância criada pelo vocabulário existencial será gradualmente reduzida e desaparecerá" (HALL e LINDSEY,1987; p. 89)...

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Referência

HALL, Calvin S.; LINDSEY, Gardner. Teorias da personalidade. Volume 2. São Paulo: EPU, 1987.


segunda-feira, 9 de outubro de 2023

SENTINDO-ME INCOMODADO
Gente... Estou na minha casa - já madrugada. Intermitentemente sinto uma "lufada de ar" sem cheiro, parece-me um gás. Nessa lufada tem nele um "produto química" (acho) que vem e volta, entra pelo nariz da pessoa e produz uma tosse de irritação. Não é só eu que sinto aqui em casa, outro dia, um amigo dormiu aqui- e sentiu a mesma coisa, mas nem sempre quando estou com alguém acontece isso. Pois, então: eu me levantei "aqui-e-agora'. Fui ver o que é. Fui na parte de cima/ cobertura - aparentemente nada. Fui lá fora na área aberta ao céu - aparentemente nada. Fechei as janelas, e prossegue o cheiro. Abri e a mesma coisa. Fui até pela escada de incêndio, subi nela e nada que possa indicar de onde vem e vai o "cheiro", que não é bem um cheiro, é uma lufada de ar que traz algo químico e que irrita a garganta... Olhei a escada que leva ao teto, onde tem uma luz iluminada (para pontuar aos aviões) que divide meu apartamento do meu vizinho, Diogo - são só dois no andar. Será que é algo de alguma indústria daqui de Camburi? Será que é algum produto que se tem (até em casa) e que exala esse cheiro? Recordo-me, levemente, de algo que existia no interior chamado "pei*o alemão" (ou "cordãozinho cheiroso"; ou "bomba de fedor" - o que sinto, não tem cheiro, é algo químico no ar que irrita o aparelho respiratório decido ao ato humano de respirar). Como eu fiz Química Industrial, parece-me uma reação (química), "um produto acoplado a um outro" gerando essa "lufada de ar" (reação sem cheiro, mas com um produto que produz alergia ao respirar) que irrita o aparelho respiratório... Vou verificar se conheço alguém que possa me orientar, e se for de indústria, deverei ir pra saber, anunciar e denunciar. Entrar na justiça requerendo ganhos pelos danos causados. Talvez um médico pode me examinar e sugerir alguma causa, que acho que dirá que algo que produz alergia. No outro apartamento também isso acontece, mas misturado o que eu estou chamando de "lufada de ar" (sem cheiro), mas com cheiro, que tenho "quase certeza" é o tal do 'cordão cheiroso". De qualquer jeito deixo tudo anotado em diário pessoal que distribuo para alguns chegados, para ajudarem-me refletir. Se posto aqui-agora é porque está persistindo e perseverando.
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[Hiran Pinel, 03:58 da madrugada]