domingo, 5 de julho de 2015

Tem gente que leva a vida cantando, 
já eu, a conduzo assobiando... [kkk] 
Meu espírito sibilar no corpo de March Chutavuth,
um assovio para recordar-me dos meus limites [kkk]

[Hiran Pinel]


Enquanto isso, no restaurante de uma universidade pública chinesa de Taiwan, dois jovens, amigos recentes conversam:

Gõgõ: - Vou te contar algo sobre mim [chegando quase ao pé do ouvido do outro, e diz baixinho]: Sou virgem!

Andziei: - [engasga com a comida, e tosse assustado]: Não acredito!

Gõgõ: - Então prepare-se para a história que vou te contar, será sobre a minha vida, [com um sorriso sedutor] ... e só você pode acabar com esse drama que eu vivo ...

Andziei dá conta do recado, mas não saberia o que iria acontecer depois...

* * *

[Filme: "你是男的我也爱" ou "Você é o homem que eu amo" ou "Like Love" ou "Like Love In Taiwan"; 2014/5; China, Taiwan; direção de 陈鹏 ou Chen Peng].

NOTA: Minha tradução do roteiro chinês do filme, com auxílio do google tradutor.

nessa cena ocorre esse diálogo que indica também o desejo de ser conhecido e conhecer.

"Enfermidade Tropical", filme tailandês, de Joe.
Pequena apreciação.

Filme:
"Tropical Malady" (TAILÂNDIA; 2004; direção de Apichatpong Weerasethakul ou Joe; título original: สัตว์ประหลาด).

Resumo objetivo:
A vida é feliz e o amor é simples para os jovens Keng (Banlop Lomnoi) e Tong (Sakda Kaewbuadee). Keng é um soldado e Tong trabalha no campo. O tempo passa, ritmado pelas noites na cidade, pelos jogos de futebol e pelas agradáveis reuniões na casa da família de Tong. Um dia, quando as vacas da região começam a ser decapitadas por um animal selvagem, Tong desaparece. A lenda diz que um homem pode se transformar em animal selvagem. Keng parte então sozinho para o coração da floresta tropical, onde o mito muitas vezes se torna realidade.

** ** **

Apreciação:
O AMOR FEBRIL COMO UM MAL DOS TRÓPICOS...
Sensações instintivas de amizade retroiluminadas pela floresta - a luz que dela se reinventa, "uma luz estranha". O amor como uma enfermidade dos trópicos, quando do abandono e rejeição afetivos. 


O filme geralmente é reconhecido como tendo duas partes. Eu pessoalmente o vejo uma única unidade - apesar de considerá-la complexa. Entretanto, sem dúvida, a primeira parte mostra os dois protagonistas - Keng e Tong - estando juntos, muita amizade, e um forte desejo sexual entre eles. Keng não se controla diante de Tong, e isso dá um tom bem sensual ao filme. Nesses momentos é que vemos Tong tendo dificuldades de saber (não sabe ler e nem escrever, por exemplo), por isso ele ignora. Depois entra na parte (de um corpo único) donde vemos Tong sabendo tomar decisões, ou seja, nunca somos totalmente ignorantes. Ele parte para uma decisão de dor no desenvolvimento (e aprendizagem) amoroso - irá abandonar, ameaçar, provocar ferozmente Keng.

Antes da tomada de decisão, há uma cultuada cena que os fãs brasileiros chamam de cena do "cheira-lambe-mãos-e-dedos" e então o personagem Tong abandona o amigo Keng. Sorrindo, Keng ele vai floresta adentro, donde se desvelará primitivo, faísca, foragido - suor das febres, uma febre antes não saciada de ambas as partes. Um animal ferido e que fere.

Será nesse primitivismo, que Tong se fará o espelho a Keng - seu guia - pois vai atrás de Keng. Nesse dispositivo é que Tong lhe dirá: "ainda te amo", mas é preciso partir pra outra, sob a forma de animal - outra enfermidade chamada amor nos trópicos, uma febre incessante, suores noturnos. O filme pode tocar os brasileiros por esse sentido de que o amor febril (paixão), ele é algo dos trópicos, no sentido das terras calorentas.

Tong não deseja sair quando o amor acabar, mas abandoná-lo quando ele ainda existe - e tem a febre do"cheira-lambe-mãos-e-dedos". Ele quer dizer que o melhor do amor é a memória - é nela que guardamos sua tensão, sua densidade e sua intensidade. No mais, ele irá declarar os percalços que criará no abandono - ele mesmo sofrerá também, mas em um outro tipo, estranho tipo, pelo menos pra nós - a febre que o amor deixará para sempre no corpo, na alma, na mente. Trata-se do primitivismo como modo de se transformar, e fazer a travessia pra novos amores - sem esquecer os outros, novas clínicas entre rejeições e abandonos. Tong primitivo observa a tudo Keng, que procura cuidadosamente uma reaproximação.

Acostumamos com o mesmo amor, o repetido, o de todo dia, o cotidiano - por isso não suportamos esse filme, nos sentidos constrangidos, desesperados - nós mesmos os abandonados - negando a enfermidade do amor. Em Cannes ele foi vaiado com força e muitos espectadores abandonaram durante a projeção, mas ganhou o prestigiado prêmio do juri, que o tornou famoso e Cult em todo mundo. O filme, por motivos antagônicos, nos ensina que o amor cotidiano tem um clima de tranquilidade, de paz, e parece que desejamos o inferno, o ódio, o clamor aos céus... kkk Preferimos a paixão do que o amor, mas é o amor que irá nos fazer dormir sem pesadelos.


Uma oração:
Ó Tong! Ó Keng! Não nos faça isso! Eu vos peço, não nos rejeite! Queremos a paz - o amor -, mas também a guerra - a paixão. Somos civilizados, mas desejamos a violência. Chupe nossos dedos, nossos corpos, mas não nos abandone! Sugue-nos! Ó santificado Tong, ó Keng! Precisamos da saúde, e não da febre da loucura. Ó deus das florestas, não deixe nosso amor adentrar na seara árida do deserto em fogo, mas se o fizermos, que o mate - o outro abandonador -, e que esse outro, do outro na seja - que seja apenas de nós! Ó santo egoísmo! Então, que o ciúme se fará febre - enfermidade tropical -, e será ela que irá nos reanimar, nos tornar moços! Mas sempre sonharemos com uma inventada homeostase, para que morramos em paz, e crentes que o amor é melhor do que a paixão. Amém!

na (pró)cura de sinais, rastros.

cena do cinema

no cinema: sensualidade

no cinema

cena cultuada 

inesquecível cena da cantora que homenageia Keng, e Tong vai receber o prêmio e homenageia o amigo.

procurando amor

Cena cultuada

poster

no cinema



Filme premiado em Cannes, ganhando o importante e respeitado "Prêmio do Júri" - um juri, por sinal, liderado pelo renomado cineasta Quentin Tarantino.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

SOBRE FÃS: A LOIRA, O REVÓLVER & A ARMADURA
Ontem cortando o cabelo. E só Deus sabe porque, um ser medonho (kkk), conversando, solta pela língua a pérola: " - Wanderléa nunca cantou. Péssima!", desprezando a loira do peróxido de hidrogênio.... Todos estavam em silêncio - e a TV ligada no Datena. Ninguém falava de loira, cantora ou mesmo mulher. Mas quando ele falou aquilo, senti-me tal qual meu amigo, o escritor Luiz Sérgio Quarto que briga por Emilinha Borba 'por dá cá aquela palha' kkk Exigi: " - Apague da TV a voz desse apresentador cafona!". E ele: " - Você concorda?" Eu respondi, como um sábio que guarda a jovem deusa da Jovem Guarda: " - Não!" O silêncio se instaurou... Apenas isso... Eu não defendi a deusa, ela não precisa, já o medonho, sim... kkk O clima ficou pesado, e marcamos uma briga “pra” lá fora... Um duelo pela honra dos cabelões de pó descolorante Yamá da deusa terrenal. Paralelamente arranjei outra briga, pois tinha ali um fã desse tal de Datena. É muito fã minha gente, todo ele ficando com raiva por qualquer coisinha. Nesse ínterim pensei: "É, precisarei de dois revólveres na língua, e uma armadura na braguilha". 

[ficção]

** ** ** 
UMA DEUSA CHAMADA WANDERLÉA... 



talentosa... Antes uma cantora pop, hoje uma Lady da Canção Popular, parafraseando Pedro Almodóvar in De Salto Alto (1992) quando se refere à personagem cantora popular Becky del Páramo (atriz Marisa Paredes).

AMOR É UM FOGO QUE ARDE SEM SE VER
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
[Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"; lindo demais, num é?]
ATENÇÃO:

Todos (TODOS) os textos desse blog são experimentais, são cotidianos - ou seja, NÃO são científicos, podem até conter traços e significados, mas não são assumidos como tal pelo autor.

Hiran Pinel
POSSÍVEIS MOTIVAÇÕES DA PAIXÃO FEMININA PELOS 'YAOI' NA TV E NO CINEMA...

Hiran Pinel

PREÂMBULO
Estou muito envolvido com filmes asiáticos, sempre atento ao entretenimento e à pesquisa em educação, em pedagogia, em psicologia educacional, em pedagogia social etc. São filmes (ou séries de TV) da Tailândia - mais obras desse país tenho visto, China/Taiwan - segundo lugar, Japão - terceiro & Coréia do Sul... Irã, China socialista, Malásia, Índia, Nepal, Butão, Laos e Vietnã, Turquia, Rússia - dentre outros. 

Mas dentro dessa arte (inúmeras obras), há um tipo de filme que gradualmente estou descobrindo tratar-se da arte advinda dos mangás, que me provoca muito. Dentro dos mangás, descobri recentemente que existe o  'yaoi' e dos mangás 'shounen-aí' - estas terminologias estou descobrindo na internet. 
Os mangás (História em Quadrinhos - HQ) e ou animes (filmes desenhados) "yaoi", narram os rapazes e ou homens se relacionam muito intimamente entre si, com ou sem sexo - às vezes um beijo na boca, andar de mãos dadas (em algumas regiões isso é comum), um olhar ... kkk Não conheço tanto esses mangás, procurei-os aqui em Vitória (ES), mas não os encontrei. Vi na internet: são desenhos típicos (personagens com olhos grandes e com destaque aos cabelos) e que se olham, insinuam... Não vi nenhum "indecente", imoral, mas sei que mesmo no Japão, eles tem resistência da sociedade maioral, assim como lá encontra-se resistência, mesmo contra os mangás heterossexuais (com sexo). No Brasil existiam (e devem existir) histórias em quadrinhos desenhadas de modo simples (e sensual), com conteúdo erótico, muito mais do que sexual... Recordo aqui de Carlos Zéfiro (1921-1992).  
Vamos ao foco. Repetindo: Meus interesses são pelos filmes e séries de TV (com linguagem de cinema) que trazem histórias que bem poderiam ser de mangás, advêm deles. Esses filmes tem linguagem de mangás, advém deles - repito. Os atores são jovens e ou homens jovens, olhos grandes, charme nos cabelos kkk isso é muito. Geralmente os personagens são estudantes do ensino médio e ou universitário. Quando do ensino médio, eles estão de shorts azuis (uniforme escolar), desvelados aqui (acho) como um fetiche. O enredo é de amor ingênuo, geralmente o primeiro amor, e no máximo com algum erotismo. Eles têm namoradas. Apresentam os conflitos, geralmente com brigas. Um dos dois acaba traindo o companheiro com uma linda garota. Estamos numa cultura diferente da nossa. 
Reafirmando: Essas obras de arte são muito populares entre as mulheres (garotas adolescentes, mas não só), a clientela mais consumidora, nos provoca curiosidade: Qual a motivação? Social e historicamente era pra elas gostarem de mangás heteros, e os gays dos "yaoi".
As mulheres - diz os textos que encontrei na internet - gostam de ver homens bolinando entre si, ou acariciando-se, seria mais sensível dizer isso. Essas fãs (fanáticas?) são chamadas pelo termo 'fujoshi' que significa podre/corrompida, sendo uma denominação pejorativa, mas que no cotidiano se transforma em positivo.
Estando esses profissionais da representação em público, com platéia feminina predominante, eles não são eles mesmos, eles precisam estar sempre representando, trazendo a lume cenas da TV ou do cinema "pra'ali". Eles atuam como se agora representassem em um teatro - eles pouco falam de si, dos seus projetos profissionais, da sua vida privada etc. O que elas desejam ver é eles super-representando cenas que elas amam. Elas partem dos princípios de que os atores não são gays (ou até podem ser, mas esse dado é desconsiderado), e eles podem ser como seus namorados (e outros), mas que se permitem amar uns aos outros, e que troquem carinhos com os amigos chegados.
Elas gritam, esperneiam, desmaiam, avançam, se atiram aos pés dos atores (sempre adolescentes ou parecendo como tais), e quase sempre imberbes. Fotografá-los compulsivamente é o mais notado. Parece óbvio, que nessa teatralização, os atores se tornam masculinos - eles as desejam ou representam isso. Mas pra elas o bacana é verem eles entre si, fazendo carinhos, falando palavras de afeto e amor.
Um exemplo? Os atores tailandeses March Chutavuth & Tou Sedthawut - estrelas de lá - estão fora de cena, em um shopping, ou na porta de entrada da empresa de TV onde trabalham. Elas gritam, gritam e pedem coisas pra eles representarem ("coisas" que foram mostradas na TV, por ex). Os atores começam a cena. A "cena do marido mandão" é famosa, e elas gritam histericamente, que desejam ver eles fazerem ali na frente delas. Eis a cena desvelada "mil" vezes pra elas: "Após uma festa regada a álcool, o personagem Phu (ator March) se aproxima de Thee (ator Tou) e bate as mãos na parede, zanga com ele, aborrecido pois ele anda bebendo demais, e o alerta de que 'cara, você tem muita alergia ao álcool' - fala com cara de bravo (bom ator é March). Depois de zangar, Thee responde a ele: - Pare de ser um marido mandão! E entra pro banheiro". Será naquela noite que acontecerá a primeira relação sexual dos dois, um evento esperado há alguns episódios, o bastante pra gerar tensão entre os fãs. Então, durante e após a representação dos dois atores, as garotas de desvelam em estado de frenesi, frenesi - não há outra palavra tão própria como essa. Frenesi.
Fiquei curioso do motivo dessa adoração feminina (juvenil) em se excitar com personagens masculinos se tocando, se acariciando, se beijando - geralmente beijar é o máximo que acontece.
Li muitas explicações, até de analistas dos próprios países - professores universitários, por exemplo e de fãs. Sei que é algo de uma cultura diferenciada, mas estou inferindo como um escrevente brasileiro, dentro da nossa cultura. Esses países são marcados pelas religiões Budismo, principalmente etc., mas tem o Hinduísmo (percentagem alta), Islamismo (que tende a aumentar), Catolicismo, Protestantismo etc. Mas predomina o Budismo. Então é uma análise de um brasileiro, dentro da cultura dele, de um espectador da América do Sul - fica claro.
Minha questão pode ser: Quais as possíveis motivações de garotas/ adolescentes serem fãs fanáticas (minha inferência) de 'yaoi' & 'shounen-aí' no cinema e TV?

MOTIVAÇÕES POSSÍVEIS
Minha opinião acerca desse clamor das meninas pelos meninos transando entre si - em séries de TV e em filmes de cinema -, com inspiração sexual, por ora, pode ser:
1) - Eu acho que as meninas desejam que seus namorados e maridos sejam heterossexuais (sim), mas que por outro lado, sejam eles tão delicados, iguais aos “homens” que se vê nos yaoi (que tem cenas de sexo), ou em outro mais delicado (mais ainda), chamado 'shounen-aí' (sem a prática sexual). É um sonho de que o hetero seja cuidadoso com ela, e com os outros – seus companheiros. Nas cenas os personagens vividos pelos atores são delicados demais com o outro, permanecendo com comportamentos e subjetividades masculinas dentro da cultura (eles se amam, mas jogam futebol, bebem cerveja, têm namoradas etc.);
2) - Outra explicação refere-se ao poder que elas podem ter frente a dois garotos acariciando-se. Elas podem imaginar que se os dois estão juntos, indica que eles ressentem (necessitam) de uma mulher (que é ela) para terminar com “aquilo” de perturbação (não há um sentido de doença, parece-me, mas pode ter, e o remédio de cura são elas). A auto-estima alta delas, indica que elas podem acabar com aquela íntima relação (cultural e socialmente proibida, reprimida), colocando-se presente entre os dois ou mais, salvando os bofes daquele “desvio” – kkk;
3) - Acho também que elas gostam desses filmes, e assim se comportam junto com os atores, porque sabem que estão sendo insubmissas ao estabelecido pela ideologia masculina dominante; elas sabem (e sentem) que estão provocando aos homens, estão criando novas subjetivações;
4) - Elas estão provocando os homens machistas, dizendo a eles, que se pode ser heterossexual e ser hipersensível com o seu próprio sexo e com isso, com a sexualidade delas, a afetividade dentro da sexualidade; elas estimulam homens femininos, que tratam os corpos femininos como altar;
5) - É algo estimulado pela própria cultura na qual estão inseridas; esses países têm preconceitos aos gays - não tenham dúvida -, mas as mulheres são mais tolerantes; essa fantasia pode ser permitida pela cultura (no sentido antropológico);
7) - Podem desejar desmascarar ao homem (machista?) indicando outros caminhos pra eles - ou seja, o feminino guiando o masculino (elas dominando); em eles sendo preconceituosos à conduta homossexual, elas passam a amar isso, e com isso, "cutucando onça com vara curta";
8) - Finalmente, e não menos importante, é que elas simplesmente amam esse tipo de arte, pra elas refinada, bem feita, bem interpretadas, de boa qualidade artística, e que abordam o amor no sentido universal do termo, mas acontecendo entre dois homens. E como os atores são oficialmente bonitos, e lhes inspiram excitação, elas comparecem gritando e se atirando neles, como boa parte dos fãs fazem.
Eu posso aventar mais motivos, mas fico, por ora, por aqui.
NOTA 1: As motivações descritas são complexas, híbridas e se indissociam. Muitas delas se misturam com as outras. A divisão foi apenas uma tentativa didática, pois estamos acostumados com isso. No próprio preâmbulo já descrevo motivações...

NOTA 2: encontrei que em São Paulo há inúmeras 'fujoshi', tão frenéticas com as tailandesas, chinesas, coreanas do sul etc. Encontrei inclusive mulheres que odeiam o "yaoi", e outras que veneram. Talvez porque a comunidade japonesa e chinesa (e coreana) é bem grande, e se passa essa cultura. Há brasileiras também, sem essas origens, que amam...

NOTA 3: Como sempre, textos experimentais, escritos de modo imediato, sem correção. O blogspot mesmo é experimental, um rascunho...
O MUNDO ESTÁ EM GUERRAS LOCALIZADAS...
Hiran Pinel

O mundo está em guerras localizadas, geralmente civis - de diversos tipos. Sentimos tanta desproteção, tanta solidão e medo diante dos desvarios, das carnificinas, das loucuras e perversões de pessoas, de instituições, do Estado. Pratica-se assassinatos e torturas psicológicas em nome de quem amávamos ardorosamente. Filma-se tanto essas torturas e as socializa na internet, que estamos numa existência sistematicamente registrada, catalogada, com 'closes' como se fôssemos estrelas cadentes de cinema - somos o mais baixo dos baixos 'lebrons'. Não há sinal de paz, mas eu me produzo tranquilo com o mínimo de amor que advém de seu olhar, olhos que me guiam através dos beijos, das escutas, das falas, dos abraços, das comidas, dos conselhos. Inventamos o amor, talvez a única coisa que nos salva de nós mesmos - talvez. Talvez seja ele, o amor, o leitmotiv de ainda restar a esperança presente no nosso ato urgente de resistir, e a manutenção da nossa resiliência. Mas ainda aí, é preciso interrogar: De qual amor estamos a falar?
Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço, me sinto são e salvo e forte (...)
Ano passado eu morri, 
mas esse ano eu não morro.

[Belchior in Sujeito de Sorte]
Descrição e análise fenomenológico-existencial de legislações...  
Hiran Pinel
Essa é uma proposta que eu tenho elaborado na universidade da qual sou professor/ pesquisador. Fiz um exercício analisando uma legislação de educação especial [1] e para isso recorri ao conceito de "sentido da vida" do psicólogo existencialista Viktor Emil Frankl. A metodologia foi e analisar a referida lei deixando vir a lume a intencionalidade da vida do Estado que a propõe a partir de movimentos sociais, mais especificamente de bases. É demandado os dois movimentos, didaticamente separados, mas vividos como indissociados: a) envolvimento existencial; b) distanciamento reflexivo (Forghieri, 2001). Das inúmeras leituras de sentidos da legislação, foi emergindo "a vida" que os movimentos sociais lutam, algo de sentido, que está no trabalho, no amor e no sofrimento inevitável (não o evitável, que aí seria masoquismo). 
A Vida interroga pelo sentido: "Há sentido a vida escrita na "fria" lei?" Ela é um texto "frio", "quente", "morno"? Como ela percebe a vida do sujeito, sua educabilidade (Reuven Fuerstein), sua autonomia (Paulo Freire), seus direito, sua cidadania? Como "ela" percebe o existir no mundo? E a educação? E a inclusão?  O que pra "ela" então é a pessoa, o mundo, o problema e a solução desse problema?
A tarefa foi a de "descrever compreensivamente os modos de ser da vida humana a qual a lei é direcionada na sua produção discursiva". Como a lei percebe isso-daí-mesmo?
Como, para a Psicologia Fenomenológico-Existencial de Frankl o ser é no mundo ("ser-no-mundo"), foi demandado descrever o surgimento histórico da lei, em que Estado de coisas, com quais intencionalidades e as problemáticas de efetivar concretamente um discurso, no caso, exigindo dos professores em geral e os de Educação Especial maior posicionamento na escola, envolvendo gestão, famílias e comunidade. O que é e como é ser da Educação Especial numa perspectiva inclusiva dentro dessa legislação? Como os discursos sociais de resistência aparecem nas letras (escritas) legais é uma reflexão hermenêutica de sentido. 

Então, a Psicologia Fenomenológico-Existencial e o método fenomenológico podem servir como dispositivos ou ferramentas (ou instrumentos) de leitura (sensível e de sentido) do fazer pedagógico da Educação Especial numa perspectiva inclusiva.
* * *
REFERÊNCIA
FORGHIERI, Yolanda Cintrão. Psicologia Fenomenológica. São Paulo: Pioneira, 2001.
* * *
NOTAS
[1] Resolução nº 2 de 11 de setembro de 2001 - CNE/ MEC; Resolução nº 4 de 2 de outubro de 2009 - CNE/ MEC; Declaração de Salamanca (1994). 
***
OBSERVAÇÕES:
a) em trabalhando com essas ideias e o próprio texto, favor referendar... 
b) dedico esse pequeno esboço de texto (ensaio científico) à professora Mariane Cosmo, ela trouxe esse tema até a mim, que a por dentro do meu ser  (sendo) com o outro no mundo já gritava há um bom tempo. Conseguimos concretizar algo, mesmo que ainda não publicado em revistas científicas - pelo menos até agora.
Até Júpiter e Vênus tem encontro hoje, 
menos eu, menos eu, menos eu... 
Ó céus! Ó lua! Ó orbita lunar...
Escutai-me por clemência.
* * *
[ficção, ela mesma kkk]; autor: Hiran Pinel

Imagem a seguir: foto de Wagner Kirmse Caldas do céu de Vitória, ES - em julho de 2015; capturada imagem do facebook do fotógrafo.





A ESCOLA COMO LUGAR DO AMOR...
Hiran Pinel

Love Sick The Series, 2a Temporada, episódio 12.

Bem, vamos logo à cena famosa e minha pequena reflexão sobre ela.

Trata-se da cena de quando o personagem Nõn declara que gosta demais do personagem Phun, um gostar amoroso acompanhado da carne. Perfeito o ator Captain, e ele segurou toda a cena (TODA), talvez pela posição dele dentro da narrativa, os diálogos... E o seu companheiro Phun?

Depois de escutar a declaração de Nõn, Phun sorri levemente - leve demais - e nos passa uma tranquilidade e algo sereno dos vitoriosos no/do amor, algo que ele, talvez previsse. O personagem desvela um modo de ser sendo feminino, plácido - um modo junto ao outro no mundo. Em fim, recebe a flechada definitiva do amor, legalizando-o na sua cultura e sociedade.

Nõn ao se desvelar, sai correndo como se sentisse vergonha pelo que falou. No meio de sua fuga, Phun grita alto que também gosta dele, e os colegas que estão no pátio a jogar bola, escutam essa declaração - o que lá (como aqui) pode gerar violência contra os dois. Nõn levanta o dedo, mandando, divertidamente, Phun "tomar naquele lugar" - divertido, eis essa parte.

Phun pega o pirulito que Nõn lhe presenteou, e o olha ternamente - com uma alegria contida de alívio. Ele vê o doce em círculos, algo que o envolve - a ele e a Nõn. Círculos sem fim a lhe engolir - talvez estivesse agora descobrindo que o amor nos engole, e dependendo de nós, pode nos libertar ou nos aprisionar.

Já Nõn corre e se encosta em uma pilastra de pequenos azulejos brancos e beges. Ele sorri com um prazer indisfarçável, um sorriso de alívio depois de mais de 22 episódios (ou mais), acho - indicando mais de dois anos. Ele passa a emoção desenfreada, desvelou-se finalmente. A linguagem do corpo tinha dito que amava Phun, mas os humanos precisam também da oralidade: é preciso dizer a palavra, que naquele instante-luz, é autenticidade.

O terceiro elemento amoroso kkk. Sim, temos um terceiro kkk Ali na cena também encontramos Earn, que está bem representado pelo ator. Ele assiste escondido a revelação de Nõn para Phun - ele a escuta estarrecido, esperava outra coisa. Earn está atrás de uma outra pilastra, e simplesmente deixa cair o presente (mimo? kkk) que comprou para seu pretenso amor - a câmera mostra lentamente a queda. Ele nos passa um assombro, um susto, uma decepção - um olhar entristecido de alguém que acaba de perder, e ele escutou isso, pois o corpo de Nõn já lhe dizia da (im)possibilidade. Ele escuta, e o mimo cai no chão - repetimos, e ele se encosta pra não cair também - o presente já bastava ter caído. 

Ele vinha investindo afetivamente muito em Nõn, e finalmente "caiu a ficha" do desamparo e solidão - todos estamos sós, parece dizer Earn.

Ali, naquela escola, instala-se o amor, que naquele mesmo espaço (tempo) se ensinou e se aprendeu. Uns ensinando aos outros no mundo, um não-escolar no escolar. A escola pode possibilitar isso, devido a intimidade promovida pela via do conhecimento: Quanto mais eu conheço, mais amo? Ou: Quanto mais amo, mais conheço? Aprendeu-se, enfim.

Como eu disse, é uma série que se presta a analisar a educação escolar e não escolar.


ATORES
* Personagem Nõn, ator Chonlathorn Kongyingyong, ou Captain Chonlathorn Kongyingyong;
** Personagem Phun, ator WhiteWo ou Phumphothingam Nawat ou White Boonserm Phumphothi-ngam;

*** Personagem Earn, o ator Luangsodsai Anupart ou Ngern Anuphat Luongsotsay.



essas cenas se referem à cena descrita, narrada e analisada existencialmente por mim, de modo informal, cotidiana.


Cinema, Educação e Inclusão
artigo cotidiano, informal


A ESCOLA, O CORPO & O PORTO DO AMOR

Hiran Pinel


Amor é um fogo que arde sem se ver; é ferida que dói, e não se sente (...) (Luíz Vaz de Camões).


Emoticon smile A escola como espaço (em um tempo) do ensino-aprendizagem do amor.


Os amigos de escola Phu e Thee foram fazer cesta. Na escola "Nadao Bangkok College" (Tailândia) há um dormitório, e os que desejam dormir, o fazem - a instituição percebida como espaço/tempo de descanso do corpo e suas experienciações. Os dois resolveram fazer isso.

Ressonam. Então, em um impulso próprio dos desvarios do sono, Thee se vira e coloca uma de suas pernas sobre Phu... Muito instintivo, nenhuma intencionalidade consciente.

A câmera é generosa com o ator na pele de Phu, que mostra um rosto (pré)ocupado com aquela experiência de sentido. Antes de tudo somos ocupação, enchendo um espaço de lugar e de tempo. Que coisa estranha ele está sentindo?

Phu, de modo cuidadoso, retira de cima de si a perna de Thee. E então se vira pro outro lado. Vemos então que ambos estão em duas camas - cada um na sua, mas se misturando, já que estão unidas.

A câmera então se afasta como se indo embora da cena. Entretanto, ela vê Phu deitado em pose fetal - talvez um retorno à infância, quando ele pode estar supondo que era mais feliz, ingênuo, entregue ao prazer e aos cuidados da mama.

A câmera retorna, pois a cena a seduz. Vai se aproximando de Phu. Ele está dormindo, ou pelo menos de olhos fechados.

A luz vai focando naquele rosto, que ao existir, atraí a câmera.

Então Phu delicadamente abre os olhos. Vemos um olhar reflexivo, em busca de cuidado - não fixados em algum ponto do espaço, naquele tempo. Olhos (pré)ocupados com seu existir. Uma coisa o tocou: Ali está nascendo o amor, e pressentimentos estão surgindo.

É difícil viver para amar, mas vale a pena. Ele sentirá na pele isso, algo encarnado, fincado na pedra do porto.

Mas ele não fugirá da experiência bem à Larrosa, entregando-se também a bela Toei. Sim, "a experiência é uma paixão" (LARROSA, 2014; p. 28).


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REFERÊNCIAS
LARROSA, Jorge. Tremores; escritos sobre a experiência. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.

ORIGEM DO TEXTO
Lover Sick The Series. Série da TV Tailandesa. 2014. Produzida por: GMM Tai Hub Co., Ltd./ GTH. Direção: Songyos Sugmakanan (1a Temporada).

ATORES & ATRIZ
Phu é vivido pelo ator Chutavuth Pattarakampol;

Thee é vivido pelo ator Sedthawut Anusit;
Toei é vivida pela atriz Sutatta Udomsilp.




Essa cena não é a descrita, narrada e interpreta existencialmente. Não a encontrei em imagens - apenas isso. Mas estão aí os três personagens na peles dos dois atores e a atriz.