quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Psiu... Psiu... Psiu...
Todos de bico calado,
Não quero ninguém a falar.
Olha o jeito daquele,
já começa a cochilar.
Vá dormir na cama,
que aqui não é lugar

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

REPRESENTAÇÃO EXISTENCIAL: "O QUE É" E "O COMO É"... - De: Hiran Pinel

REPRESENTAÇÃO EXISTENCIAL - RE, DE PINEL

Na REPRESENTAÇÃO EXISTENCIAL (RE), o termo "interpretação" não é a mesma coisa de um ator representar um personagem, ele falseou, nos enganou. Ele foi um outro diferente de si, ele dicotomizou esse vivido. Depois de ter filmado a série de TV, por ex., o ator pode pensar que retomará "si mesmo" (real), seu "verdadeiro" eu. O ator fingiu ser o personagem, afinal ele não era o personagem representado, "ele era um outro diferente de si". Bem... Não é assim o termo "representação" da existência. A RE pode até se referir à pessoa do ator que representa, ele que acha que finge ser um outro, mas, que no processo, "ele é ele mesmo também", o personagem é humano e tem existência própria no corpo-mente-alma da pessoa que se nomeia profissional ator. Ele se imbrica, ele é esse híbrido, essa mistura - tudo encarnado. Ele pode, num filme, ser um objeto ou um animal etc., mas, esses serão personagens humanizados por ele, se é um automóvel, ele o é também imbricado, encarnado, misturado - um automóvel segundo "sua humanidade" (singular) e a humanidade geral (pluralidade), "ser no mundo".

Para pesquisar a RE uma das possibilidades é observar e conversar com as pessoas do modo como ela percebe (ou percebe o seu representar) o outro que é parte de si próprio e "si mesma". Quando perguntamos a um grupo de professores que lecionam em sala de aula que tem, pelo menos um aluno com síndrome de Down, podemos nos guiar por essa questão:

"Professora, o que e como é, ser aluno da Educação Especial na sua sala inclusiva, tendo ele síndrome de Down, considerando dele suas expressões sexuais neste espaço (e tempo) escolar?"

Temos três situações indissociadas "o si mesmo", o "outro" (e os "outros") e o "mundo". 

Estou desejando saber, de uma pessoa, no caso, uma professora, "o que é" (nascimento do fenômeno, sua nomeação) e a dinâmica desse fenômeno no existir do outro nele, e ao mesmo tempo, escuto dela o outro com os outros, no mundo. Eu posso coletar esse dado via oralização e ou observação informal e livre, e ou outras ferramentas como vídeos/ filmagens, fotografias, desenhos, diário íntimo, e-mails amorosos, página do Facebook etc. 

Minha meta é compreender não apenas "o que é", mas "o como é" ou seja, "como é ser esse outro, no mundo", de que modo dialético, em movimentos diversos que se interligam, se soltam, se contradizem etc. Meu foco é no fazimento, processual - no enquanto "a coisa" (o fenômeno) anda, se processa. Observando uma bordadeira, não quero apenas ver o produto final, o bordado num tecido, mas, especialmente, observar e descrever compreensivamente como "a coisa" foi planejada, sempre avaliada e sempre executada. 

Desejo saber "da professora", dela mesma, a percepção (dela) acerca de um outro (aluno especial). 

Mas, quando eu a escuto empaticamente acerca "desse outro", eu a estou escutando ao modo compreensivo, logo, ao mesmo tempo, estamos escutando a "professora mesma", "ela mesma", sua singularidade, mas de uma singularidade na pluralidade do/no mundo. Mina vontade é descrever compreensivamente o que se denomina de "ser si mesma", pois, ela fala de si, do outro - ambos estão no mundo (mundo pessoal, mundo natural, mundo do outro, mundo ideológico dominante ou não, mundo da economia, mundo da saúde, mundo da justiça, mundo da segurança etc.)... Isso: é ela a pessoa que fala, "ela mesma", mas como ela é "ser no mundo", ela fala de algo encarnado ou que está em vias de encarnamento.

Outro modo de coletar esse dado é simplesmente observando o sujeito no seu cotidiano, onde o pesquisador se coloca silencioso (não mudo) e empático, e dessa experiência de sentido, brota a Representação Existencial (RE). Pode emergir uma RE de um filme, por exemplo, pois arte e realidade se imbricam, uma interliga-se na outra, ou no real, na fantasia, no imaginário etc. A arte também ensina ao real, e real ensina a arte - mas nosso foco é no real da arte, e na fantasia mesma da arte, que ao ser levada a efeito, ela representa a existencialidade encarnada de alguém, no assim denominado mundo real, concreto. Uma arte pode estar desejando atiçar o espectador, que é gente, pessoa existente como sua realidade, fantasias, projetos de ser etc.

O pesquisador da RE está interessado nos modos como o professor representa, e então projeta, pela via perceptiva, no/o/com o aluno com síndrome de Down - e se atenta aos modos como ele expressa sua sexualidade na sala. Poderíamos perguntar ao próprio aluno, sua família etc. O que o professor "diz " sobre o outro (aluno) é ele mesmo (o professor) e é um outro, o aluno. Os personagens estão incrustrados na pele, alma e mente do sujeito pesquisado - logo representar para a Psicologia/ Pedagogia/ Educação Existencial não é algo falso, mas algo que ao ser representado o faz aquilo do real do ser, suas ações concretas, seus sonhos, seus projeto de ser. Tanto aquele que percebe, como aquele que é percebido, estão no mesmo teatro encarnado do cotidiano concreto, todos nós representamos nossa existência, pois, viver encarnado é representar e representar é nossa realidade, teatro e vida real se imbricam, se enriquecem, se provocam. São nossos "modos de existir", mas, nesse sentido, estamos estudando as pessoas consideradas como "ser no mundo", havendo, então, uma troca representacional do encarnado sujeito, o outro, os outros e o mundo (coisas, ideologias, economia, justiça, educação escolar e não escolar etc.) - tudo potente, tudo em "misturança". Conhecer com sentido (consentido) a RE é algo potente e forte, revelando sua importância em desmiuçar essa dinâmica quase sempre em uma rede de tramas nesse teatro da vida, palco da vida. Esmiuçar, desvelar, revelar, esmiuçar, detalhar - mostrar ao mundo os modos "como representamos a existência do outro", o "outro esse que é o nosso si mesmo", e o "si mesmo dele". Descobrir que não somos limpinhos, azulzinhos, rosinhas, nem tristes, alegres, saudáveis e doentes... Somos tudo, e quando achamos que representamos como algo falso, estamos, de fato, existindo com a gente mesma, o outro, os outros e o mundo - tudo é carne, e o teatro é o teatro enfiado adentro a nós e a representação é a carne, logo não é algo falso - real que é. O teatro e a realidade se imbricam, se misturam complexificam o existir. Ficção e realidade interligadas, e ambas produzem alegrias, tristezas no nosso cotidiano vivido.

[Hiran Pinelautor, 2020].


domingo, 18 de outubro de 2020

O QUE É "OBRA DE ARTE" YAOI?
Nasce no Japão, com os mangás etc., cuja escrita é: "- やおい| -" (pronúncia: "i-a-ôiii" ou "i-aôíí", aqui com a sílaba tônica na última vogal.
O termo é um inventado "acrônimo" para: "sem clímax, sem resolução, sem significado". Trata-se um gênero de publicações e de vídeo/ séries televisivas/ filmes etc.
Tem o foco em relações homoafetivas entre dois sujeitos masculinos, que de modo geral, esses dois emitem comportamentos e subjetividades "de homens", quase sempre nunca "são feminino" - esse aspecto é cultural.
Outro dado: por mais que tenha no enredo da novel, uma divisão/ dicotomia entre "uke" (receber - tradução correta; passivo) e "seme" (atacar - tradução correta; ativo), esses termos surgiram há séculos, nas artes marciais, e eles não têm o sentido de dividir e ou degradar as pessoas - e nem classificá-las negativamente, ainda que em outras culturais, estes (termos) podem ser questionados ou interrogados, dependendo da cultura do espectador e de como ele se posiciona no mundo.
Ao mesmo tempo, surgem escritoras e escritores de novel's yaoi, que não valorizam mais essa divisão, que não é mais abordada, se é uke ou seme, isso não tem nenhuma importância na narrativa.
De modo geral, um romance yaoi é "escrito por mulheres para mulheres', com tema de "amor romantizado e idealizado", o modo como o feminino percebe isso, dentro da sua cultura e sociedade - e história.
A percepção fenomenológica de ser gay vem então da mulher, o modo como ela encara que o seja (gay ou yag). Yaoí é um nome criado, lá pelo começo dos anos 70 (século 20), para não dizer gay, já que esse tema, lá também, era (e é) objeto de preconceito, estigma e discriminação. Os fãs em sua família, por ex., ao telefone, falavam a palavra yaoi sem preocupar com os pais que escutavam o termo e nem aí, pois afinal, desconheciam, pensavam que era uma gíria da juventude, e que isso iria passar.
O yaoi é uma "obra de arte yaoi", e não é uma "obra de arte gay", pois traz em suas narrativas, desenhos etc., características de arte/poesia/literatura específicas. Nesse sentido, destacam autoras renomadas, como Kazuma Kodaka, que disse que em seus trabalhos elas usam o termo "obra de arte yaoi", ao invés de "obra de arte gay", quando os descreve para os leitores falantes do inglês, indicando sutis diferenças.
Há uma tendência em produzir como sinônimo de yaoi as iniciais BL, para "Boys Love" (amor entre rapazes), um modo de também escapar das repressões machistas.
Mas, ainda não há consenso se é yaoi é sinônimo de gay. como vimos a renomada Kodaka vê diferenças entre um e outro - eu também, que até chego a fazer comparações.
Acho mesmo que há diferenças, ainda que muito sutís entre séries yaoi (Sotus, My Tee), BL (Together With Me) e gay (Queer as Folk, Will and Grace).
Mas, uma série pode ter as três características, ainda que predomine uma ou duas. Um exemplo é "What The Duck" que tem YAOI (personagem couple Pop-Oat, a ingenuidade do primeiro amor), tem BL (couple: Rambo e Pree, prática sexual mais explicitada, seja numa ação sexual quando a cena é filmada eles transando e até incluindo um terceiro; também há fala que diz que ocorreu o ato sexual, ainda que não é mostrado; o tema garoto de programa, sem questionamentos sociais, é bem BL etc.) e tem aspectos GAY da série (discute-se as questões das DST's/ HIV-Aids, critica-se a não prevenção e ensina-se a prevenir, discute o tema traição, fala, ainda que de modo muito sutil, sobre algumas causas das lutas dos gays etc.). Mas, como estou a descrever, a divisão de um tipo para outro é muito sutil e nem tão claro assim, e fica evidente, de que não há uma concordância sobre esse assunto, e os temas se imbricam - dentre outros aspectos. Muitos preferem dizer apenas que é uma "obra de arte", no máximo, "uma obra de arte sobre relações amorosas e sexuais entre dois rapazes".
Tem séries que traz aspectos da série gay como discussão sobre os direitos humanos e específicos, os preconceitos são abordados com maior profundidade - um protagonista é agredido e ou procura justiça, há descrição detalhada da repressão, o medo de sair do armário, o protagonista é um lutador e um resistente contra essa sociedade e a enfrenta etc. Esse aspecto foi muito levemente abordado em "Love Sick The Series", por ex., quando os garotos do futebol desprezavam os alunos candidatos a animar a torcida. Era um grupo de meninas (gays) que emitiam comportamentos femininos, afrontavam o machismo, viviam no banheiro se penteando, passando maquiagem etc. Eram a alma da escola, resilientes, resistentes - se defendiam pelo bom humor, pela gozação. Ao final elas são as escolhidas.

* Hiran Pinel, autor. Ensaio experimental, sujeitos a correções.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Origem do termo, advindo da prática de produzir teorias: 

TEORIA... THEORIA...

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Texto original de Marcus Mota (ver fonte ao final)...

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Segundo Andrea Nightgale no (...) período clássico, theoria adotou a forma de peregrinações rumo a oráculos e festivais religiosos. Em diversas situações, o theoros/espectador foi enviado por sua cidade como um embaixador oficial: esse theoros cívico viajava para um centro de oráculos e festivais, observava os eventos e espetáculos que lá ocorriam, e retornava para casa trazendo um relato oficial de testemunha presente aos acontecimentos. Um indivíduo poderia também emprender uma ‘viagem teórica’ por meios privados; entretanto, o theoros ‘particular’prestava contas somente a si mesmo, e não tinha necessidade de tornar públicas as suas descobertas quando do retorno à cidade. Seja cívica ou particular, a prática da theoria abrangia a viagem em sua totalidade, incluindo o afastamento do lar, a experiência de observar e o retorno. Mas no seu centro estava o ato de ver [DE SENTIR ETC. - HIRAN] , geralmente focado em um objeto sagrado ou espetáculo. De fato, o theoros em um festival religioso ou santuário testemunhava objetos e eventos que eram sacralizados por meio de rituais: o observador adentrava em uma zona de ‘visualidade ritualizada’ na qual modos cotidianos de observar eram revistos por práticas e ritos religiosos. Este modo sacralizado de platéia era um fator central da theoria tradicional, e oferecia um poderoso modelo para a noção filosófica de ‘ver’ as verdades divinas (NIGHTGALE 2004:3).

O longo texto acima supracitado nos ajudar a melhor contextualizar a atividade da teoria, aproximando-a da atividade cênica. Ou seja, em termos técnicos, podemos identificar que, antes de sua codificação filosófica, o exercício da THEORIA desdobrava-se em atividades privadas ou publicamente comissionadas de indivíduo ou grupo de indivíduos para participar, observar e transformar em relato um programa de eventos religiosos e/ou performativos. Como se pode observar, a definição de THEORIA não é pontual: há um conjunto heterogêneo de atos, saberes e deslocamentos, que projetam a complexidade de uma prática cultural específica, cuja matriz é religiosa, mas que se espraia como instituição cívica. Partido dessa heterogeneidade de base, podemos começar a detectar alguns de seus aspectos mais relevantes.

O exercício da THEORIA demanda inicialmente uma “dramaturgia da jornada” [A METODOLOGIA - HIRAN], com suas etapas de partida e retorno como marcos bem característicos. Ao se colocar em movimento, em transcurso, em partícipe da jornada, o agente da THEORIA inicia o processo cujo limites são ao mesmo tempo as expectativas e os parâmetros que contextualizam a atividade: ir para ter de voltar é o que especifica o agente da THEORIA.

A dramaturgia da jornada efetiva-se apenas pelo transcurso, pelo cumprimento do circuito de partida e retorno. Há uma experiência na amplitude da jornada que somente a consumação de todo o transcurso atesta que a THEORIA foi realizada. Assim, há uma homologia entre a experiência da THEORIA e a amplitude da jornada. Logo, a amplitude da jornada e, consequentemente, a da THEORIA, explicita-se pela diferença radical entre os momentos iniciais e finais do transcurso. É pela impossibilidade de haver a completa identidade entre a partida e a chegada que o sujeito da THEORIA precisa por-se em caminho, para além de seu lugar, porque, onde ele está, a THEORIA não se realiza, e, no espaço de emergência da observação, lá mesmo a jornada não se completa. Há uma paradoxal dinâmica na configuração das partes da THEORIA: tudo se encaminha para a incompletude de cada etapa, com a não identidade entre agente e local.

Em um primeiro momento, o agente da THEORIA precisa dirigir-se para um outro espaço-tempo a fim de dar início ao processo. Chegando a este outro espaço-tempo, ele ainda não atingiu todo o percurso. Dessa maneira, para o exercício da teoria em sua amplitude o agente exercita-se em um conhecimento que o envolve totalmente, que o leva para um outro tempo e lugar. O deslocamento físico do agente da THEORIA é a imagem da mudança, da transposição necessária que tal conhecimento reivindica. Para que o conhecimento teórico se efetive é necessário que o sujeito participe de algo que não está relacionado ou reduzido ao seu universo familiar e cotidiano. Há, pois, um intrínseco laço entre a THEORIA e seu exercício: participar da THEORIA é tanto conhecê-la quanto conhecer-se.

segundo momento é o da participação nos rituais. Após a jornada, o agente da THEORIA integralmente deslocado figura um novo desdobramento: entre aquele que toma parte do intenso e variado programa das celebrações rituais e aquele que as observa, descreve, analisa, assimila. Sons e imagens dos cultuantes em suas canções, danças e palavras povoam a mente. Trata-se de um saber testemunhal que articula diversas competências. Alem disso, tal saber está submetido à atualidade da co-presença dos rituantes e do observador. Pois, do contrário, a jornada seria irrelevante. Existe a jornada porque o tipo de conhecimento que se adquire na THEORIA é algo que não pode ser realizado completamente à distancia, na ausência. O agente da THEORIA deve deixar seu lugar : já não está em si e nem onde mora aquilo que vai conhecer. Dessa forma, a atualidade da performance dos cultuantes promove um contexto experiencial único, irrepetível, que se transforma no horizonte dos desdobramentos do peregrino. Porém, no prosseguir do tempo de contato com os eventos observados, ocorre uma redefinição do “estranhamento teórico”: aquilo que antes era extraordinário e inusual, que acarretava tamanho esforço da jornada, torna-se então o cotidiano, o habitual. A intensa carga de eventos do programa das festividades religiosas lança o agente da THEORIA de um padrão anterior deixado na cidade de outrora para o padrão construído a partir das celebrações de agora.

Se se observar bem, há vínculos estreitos entre os conhecimentos experiências do agente da THEORIA nas etapas do transcurso e da participação nos rituais: em ambos os momentos há um desdobramento de ações e habilidades, que demandam uma ampliação da percepção que o agente venha a ter de si ao se ver diante de eventos que o colocam nos limites de sua mundividência. Ao partir e ao chegar nos festivais, o agente da THEORIA confronta-se com a abertura provocada pela simultaneidade de expectativas e padrões, do entrechoque entre experiências prévias e novas situações.

O terceiro momento é o do retorno. Tudo que viu e ouviu deve caber em um relato. O relato contém o registro dos eventos e sua apreciação. Aqui temos duas perspectivas, a do peregrino e a de sua comunidade de origem.

Para o peregrino, há um intervalo radical entre o relato e os rituais: tudo o que ele disser não vai englobar o que aconteceu. Mas o que for selecionado para ser apresentado é o que ele traz consigo. A construção do relato explicita tanto as experiências observadas quanto a transformação destas em um conjunto organizado de referências. As habilidades em compor esse conjunto conjugam-se com a amplitude dos eventos observados. Daí a segunda perspectiva: o que importa é mostrar para aqueles que não foram aos rituais que eles foram bem representados, que, mesmo que não empreenderam o transcurso para além dos muros da cidade, ainda são capazes de experimentar e dar completude a uma experiência de certa maneira a eles vinculada. O relato é uma experiência de correlação, não se esgotando no conteúdo de sua mensagem, nem na atividade de seu realizador: há algo para além do circuito observado-observador, uma modalidade de saber que parte da unicidade do intérprete mas se encaminha para a comunidade. Com isso, a jornada do agente da THEORIA é o percurso de atualização de uma série de contradições que definem um conhecimento em performance. Tal saber processual e peregrino projeta-se como uma via de acesso para muitas das questões que envolvem artistas inseridos na inteligibilidade de seus processos criativos. A realização de pesquisas em artes aproxima-se da produção de conhecimento em processos criativos.

FONTE: MOTA, Marcus. Cenologias: estudos sobre teoria e história do teatro, música e cinema. Lisboa: Mil, 2018. p. 13-17.

 

MINHA PROPOSTA DE ESCALONAR "UM" OBJETIVO GERAL E "DOIS" ESPECÍFICOS EM PESQUISA FENOMENOLÓGICA EM EDUCAÇÃO E EM PSICOLOGIA..

Hiran PINEL - Vitória, ES.; UFES/ PPGE, 02/09/2020

OBSERVAÇÃO: texto didático, tratando-se de uma das inúmeras orientações a distancia, atendendo aos pedidos dos meus orientandos/ orientandas, em "tempos sombrios" (também) devido à Covid-19 no Brasil e no mundo.

Escalonar um objetivo geral e dois específicos - eis nossa proposta resistencial. O mais famoso nessa área é um condutivista/ comportamentalista e cognitivista chamado Benjamin Bloom. Isso, de não ser fenomenologista, não impede que reconheçamos que Bloom nos deu pistas da vitalidade e potência de se escalonar um (ou mais) objetivo na pesquisa fenomenológica, por mais que reconheçamos, que esse (objetivo) deveria aparecer ao final da pesquisa, e não antes, que acaba corrompendo a noção que temos da epoché ou do envolvimento existencial. É demandado, pela academia, de modo tradicional, que o projeto de pesquisa traga, pelo menos um objetivo geral (o que dá norte aos estudos) e dois ou mais objetivos específicos, que cumprindo-os responda ao (objetivo) geral.

Um dos modos de subverter isso, já que somos obrigados a escolar objetivos, e recorrermos a verbos típicos da Psicologia Fenomenológica, Psicologia Existencial e ou Psicologia Humanista-Existencial.

Compreendem?

Por isso proponho que um bom "objetivo geral" pode ser: COMPREENDER O "QUE É" E "COMO É" SER... Compreender é um verbo geral, afinal, o que é compreender?Já estudamos o quão é vital o verbo compreender para nós, sendo um termo trabalhado por psicólogos e pedagogos/ educadores como Frankl, Rollo May, Carl Rogers, Rubem Alves, Paulo Freire, Janusz Korczak, Perls, Erthal, Forghieri, Jorge Ponciano Ribeiro, Petrelli etc., por exemplo. Com+preender = com o outro; preender, preensão, captar, como um pescador: capturar... Compreender é "fazer" empatia, empatizar.

Os objetivos específicos são os caminhos que você produzirá, criará e ou inventará para, ao fazê-los, alcançar o objetivo geral, ou seja, o potente é o objetivo geral, os específicos são caminhos para você, ao ir fazendo e vivendo processualmente, respondê-lo (ao geral ou final). Eis dois objetivos específicos bem "cara" da Psicologia e ou Educação Fenomenológico-Existencial:

1) DESCREVER O "QUE É" E "COMO É" SER...;

2) ANALISAR EXISTENCIALMENTE O "QUE É" E "COMO É" SER...

Não preciso repetir, mas vou fazê-lo: a Psicologia Clínica Fenomenológica está interessada, com densa/ tensa/ intensa compreensão (e curiosidade) no ser humano:

[1]

O "que é" ser?

O "que é" se liga ao seu nascimento, a sua ontologia: O que é o ser humano? Seu anunciar, seu nascer, seu vir ao mundo. Jogado ao mundo, o que é isso? O que é ser responsável pelas escolhas? O "QUE É"?

[2]

"Como é" ser?

"Como é" ser - estamos curiosos sobre a dinâmica desse modo, desse como ser. Uma dialética, parece-me, dialética de ser. O que é ser jogado no mundo? E como ele vive isso?

 

OBJETIVOS NA PESQUISA EM GERAL

A CRÍTICA DA TAXONOMIA DE BENJAMIN BLOOM - IN WIKI

Na Wiki em inglês e em espanhol, quando se pede Taxionomia dos Objetos de Bloom, há citação de vários autores. Nossa intenção aqui-agora é de apenas estimular uma primeira leitura, para o leitor ir a obras mais mais profundas, a começar com as do próprio Bloom já indicadas nos nossos posts.

Traduzimos, com ajuda do google tradutor, e nosso conhecimento dessa Taxonomia, os textos em inglês e em espanhol, aqui com menos ajuda do google, mas pela minha vivência com o idioma.

 

PARTE 1 - Segundo o verbete na Wki em inglês

Tem-se indicado que a classificação de Bloom não é uma taxonomia construída adequadamente, pois carece de uma "lógica sistemática de construção". Isso foi posteriormente reconhecido na discussão da taxonomia original em sua REVISÃO de 2001, e a taxonomia foi restabelecida em linhas mais sistemáticas.

Algumas críticas ao domínio cognitivo da taxonomia admitem a existência dessas seis categorias, mas questionam a existência de um vínculo sequencial e hierárquico. Muitas vezes, formadores podem visualizar a taxonomia como uma hierarquia e podem erroneamente descartar os níveis mais baixos como digno de ensino. A aprendizagem dos níveis inferiores permite a construção de habilidades nos níveis superiores da taxonomia, e em alguns campos, as habilidades mais importantes estão nos níveis inferiores, como a identificação de espécies de plantas e animais em campo da história natural. O andaime instrucional de habilidades de nível superior a partir de habilidades de nível inferior é uma aplicação do construtivismo vigotskiano .

Alguns consideram os três níveis mais baixos como ordenados hierarquicamente, mas os três níveis mais altos como paralelos. Outros dizem que às vezes é melhor passar para a aplicação antes de introduzir conceitos. A ideia é criar um ambiente de aprendizagem onde o contexto do mundo real vem primeiro e a teoria em segundo para promover a compreensão do fenômeno pelo aluno, conceito ou evento. Esse pensamento parece estar relacionado ao método de aprendizagem baseada em problemas.

Além disso, a distinção entre as categorias pode ser vista como artificial, uma vez que qualquer tarefa cognitiva pode envolver uma série de processos. Pode-se até argumentar que qualquer tentativa de categorizar bem os processos cognitivos em classificações limpas e precisas solapa a NATUREZA HOLÍSTICA, altamente conectiva e inter-relacionada da cognição. Esta é uma crítica que pode ser dirigida às taxonomias dos processos mentais em geral, não só a de Bloom.

 

PARTE 2 - Segundo o verbete na Wki em espanhol

A taxonomia tem sido referência na educação nos últimos 60 anos, porém, os avanços tecnológicos no estudo do cérebro, o surgimento da neurociência cognitiva e outras evidências tornam inviável a manutenção de seu suporte epistemológico. Aqui está um resumo das críticas à taxonomia:

1. Eles se baseiam nos princípios de comportamento que prevaleciam na Psicologia (comportamental e cognitivista) no início do século. Um fato adicional é que a taxonomia surgiu no início da "revolução da ciência cognitiva" em meados do século XX. Portanto, são 60 anos em que muito progresso foi feito no entendimento da natureza do aprendizado humano em vários campos;

2. Tende a fragmentar o currículo e isso leva a uma falta de visão abrangente dos objetivos do sistema educacional. Da mesma forma, está implícito que "os professores devem primeiro enfatizar a memorização de todo o currículo antes que os alunos possam compreender ou aplicar o conhecimento", uma vez que "o processo educacional é concebido como pré-determinado e mecanicista";

3. O ERRO de considerar a taxonomia como uma "teoria da aprendizagem" foi cometido. Como SE a taxonomia tentasse explicar "como os seres humanos aprendem". A taxonomia serve para planejar e avaliar, não para explicar, E MUITO MENOS COMPREENDER [Hpinel inseriu]. Além disso, desde sua formulação, muito progresso foi feito na "compreensão da aprendizagem humana". Nas últimas décadas, a neurociência cognitiva proporcionou valiosos conhecimentos sobre leitura, escrita, dislexia, discalculia, emoções e tipos de memória, entre outros;

4. A ambigüidade e a falta de maior precisão em alguns conceitos como “conhecimento”ou “lembrar”. Por exemplo, no caso de "lembrar" (ou seja, memória), ela é descrita na taxonomia como se fosse uma. Em vez disso, a neurociência cognitiva identificou "vários tipos de memórias que operam de forma independente e inter-relacionadas": memória de termo, memória de trabalho e memórias de longo prazo (episódica, semântica, procedimental e outras). Todos memórias muito ativas no processo de aprendizagem de uma pessoa.


domingo, 16 de agosto de 2020

 PRECONCEITOS CONTRA A PESSOA IDOSA

Hiran Pinel, autor. Vitória, ES - UFES/ PPGE / Blogger - 16/08/2020.


A cantora Madonna está sendo objeto de preconceito na internet, independentemente do que ela falou, a discussão é ficar em cima do dito por ela, e não chamá-la de gagá, velha, demente, parece que tem Alzheimer...

O tema "preconceito de jovens contra idosos" é um tema dá um bom artigo científico ou popular - e será de ponta, frente à Covid-19, e a questão dele ser do grupo de risco... Mas, parece é há algumas pistas, possivelmente fatuais:

[1] boa parte dos jovens rejeitam idosos, ora por medo de ficar (também) idoso um dia, ainda que distante - e sofrer os preconceitos que eles vêem e sentem os idosos sofrendo na sua sociedade e cultura onde ambos estão inseridos;

[2] ora os preconceitos aparecem pela rejeições sexuais é o "outro-idoso", por exemplo, sofre na carne, a rejeição, o escárnio - e nem falo do idoso frente a isso, a sua ansiedade em negar a idade avançada, uma angústia em recuperar algo que ele acha que não viveu, e o descontrole e pouca avaliação crítica de si como ser no mundo preconceituoso, cheio de estigmas e de discriminações... etc.

[3] Em vez do jovem agir contra a sociedade e produzir práticas de resistência, até em Facebook e na internet em geral, que é um espaço que também serve pra isso, ele atua contra a pessoa idosa - escolhe uma ou outra pessoa velha e joga-lhe o ódio mental ou verbal e até físico - agride aquilo que o ameaça, e não fazendo nada para que isso se modifique, ele então vai caminhando contra si mesmo, afinal, se viver mais, será odiado do mesmo jeito, pelo menos, por uma ou outra pessoa.

[4] Há jovens que dizem ter vergonha dos pais (mais velhos do que ele), e se formos analisar bem, são preconceitos, também o nascimento desses nojos contra idosos.

[5] Outra coisa é o moço achar que a juventude lhe será sempre grata, que com ele será "diferente" (como?) e que ele fará um "místico" pacto com o Senhor Diabo, como no (lindo) romance de Oscar Wilde, uma coisa bem narcísica, sendo um contrato com o Mister Tinhoso para ter eterna juventude, beleza inapagável, todos e todas caindo aos seus pés - diga-se de passagem, uma bela social e historicamente inventada, construída - tudo ilusão kkk

[6] Outra: O jovem imagina que "com ele", ao ficar idoso, será "diferente", algum milagre irá acontecer, as cabeças serão outras, ele terá dinheiro pra comprar tudo e até gente, se bem que se compra, infelizmente, mas nem todo idoso está bem economicamente de vida, ainda mais nesse capitalismo selvagem, nessa sociedade de classes... kkk

[7] Outra compreensão: A moça tem medo de ficar idosa e exposta à doenças e a demência intelectual (que é uma doença) kkk

[8] Muitas variáveis podem ser levantadas para entendermos e compreendermos a dinâmica desse tipo de preconceito, a do jovem contra o idoso, que, por último, é seu espelho humano, o mais real - um rosto triste e amargo refletido no espelho - revelando um tempo e espaço de dor, maldade, perversão, ódio...

[9] A sexualidade desprezível que o idoso oferece pesa muito na construção desse preconceito, por mais que saibamos que beleza é criada/ produzida/ inventada numa "sociedade perversa" que ama o ódio e pouca atração tem com o amor. Quem disse que idoso não tem desejo sexual e necessidade de amar e ser amado nessa dimensão quase-orgânica? Mas, é barra e "sofrência", pois, rugas não é atração aqui-agora nessa terra que dizem ser de Meu Deus... kkk

[10] Tanto que se fala em decadência física, tanto que em vez de idoso e velho, tentaram mudar a situação mudando a linguagem (e subjetividade) criando o termo Terceira Idade...

[11] Mas, nada que um bom processo e vingança do idoso contra o pretenso belo e "rico" jovem! Vingança/ justiça resolve, e sim - resolve, repetimos.

[12] O idoso não é esse ser bonzinho que se "imagina" - por favor, falamos de humanos, frágeis humanos, sendo eles crianças, jovens, adultos, idosos. Por sinal, ser bonzinho é outro preconceito contra o idoso, inventam isso de crianças e idosos...

[13] Se o idoso tem grana, a coisa diminui, mas, o abuso do jovem pedindo grana (abuso econômico) é evidente, é descarado, cria-se situação de dependência do idoso e se pede dinheiro clamando em um meio onde se ele não der (dinheiro) será desprezado...

[14] Mas, enfim, o idoso é uma "pessoa humana", e se ele é capaz de amar e compreender como quaisquer pessoas de quaisquer idades, ele é "dignamente" (kkk) capaz sim, de alguma forma de vingança/ justiça - é sim, ainda bem... kkk

[15] Falamos o tema: preconceito de jovens contra idosos, seja contra uma pessoa velha ou generalizando pra todos os da terceira idade...

[16] Escutei um amém? kkk Sim, preferem aleluia? Aleluia, então! kkk Escutei um aleluia? kkk

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NOTA DO AUTOR: Dedico à minha amiga Facebook, Ane Lima, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM, que com sua presença dialógica, levou-me a essas e outras reflexões... Agradeço...

sexta-feira, 26 de junho de 2020

A PESSOA É FLOR QUE NÃO SE CHEIRA...

Hiran Pinel

Ligo TV aberta... 

O tanto de falcatruas em "coisas" do covid-19, e envolvendo instituições de saúde, políticos, funcionários e até citam profissões de saúde - compras superfaturadas ganha do rápido contágio do corona... 

Há anos, escrevi num artigo científico sobre eu conceito de pessoa para a "minha" Psicologia Existencialista que considera o "ser no mundo": "O ser humano é flor que não se cheira, no mais, parece ser demandado o manejo desse ser  humano perverso. Essas ações, são geralmente feitas por gentes envolvidas com o tema humanização, produzindo intervenções criticas, sociais e culturais (e outras) para (e com) a pessoa". 

Nesse mal-estar do viver, há sempre pessoas que se destacam como compromissadas, sabedoras e desejosas em humanizar o humano mau cheiroso. A partir daí até se pode "esperançar" de que "tem gente que é flor não se cheira, mas que se cuida e se perfuma".

Só que para fazer (e ter) manejamento ou gestão amorosa/ cognitiva/ comportamental/ social disso tudo que se mostra mau cheirosa, talvez seja preciso construir uma ética estabelecida e democraticamente refletida e agida individual/ grupal e coletivamente, dentro de parâmetros descritos como humanistas na sua totalidade - logo é um vivido que não nega os conflitos, as complexidades, mas uma determinação de mudanças positivas, afinal, viver é uma dialética. 

Humanismo aqui-agora descrito é o ato de considerar o humano como uma "gente prenhe de possibilidades", revelando assim um "clima de esperança", diante do "ser no mundo". 

A meta a curto, médio ou longo prazo é a de procurar, cuidadosamente, superar o seu mau cheiro. Não estou sendo romântico, há vários grupos que conseguem, até no Brasil, ainda que persistem grupos opositores fazendo falcatruas contra o povo, especialmente, contra as pessoas simples, empobrecidas, exploradas, alienadas. 

Não "falo" de opositores que objetivam recriar o mundo, resistir contra o opressão e as falcatruas e corrupçãopontuo os perversos, daquelas flores, que quando chegam o recinto de respeito, percebemos o fenômeno que a latrina não foi limpa, não foi desinfetada - não tem álcool 70 e nem máscaras. 

Por isso, tem gente que odeia prevenção ao covid-19: eles se desvelam essa flor fixada no vaso sanitário, daqueles bares imundos e nojentos, impregnados de mau cheiro, um lugar que não adianta mais limpar, exigindo sua destruição e a construção coletiva desejante de um novo prédio no lugar, em um tempo mais ético, e a boniteza de ser ético.

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Hiran Pinel, autor.
Vitória, ES. - 26/06/2020.
Desde 23/02/2020 em quarentena - saí quatro vezes por questões de saúde.

quarta-feira, 10 de junho de 2020

O QUE O COVID-19 ESTÁ A NOS ENSINAR?


Hiran Pinel, autor. - 10/06/2020
Vitória, ES. Brasil.


I - INTRODUÇÃO
Vou fazer uma lista de coisas que uma pandemia como a do covid-10 está a nos ensinar ou está nos ensinando - ainda. 

II - TRAJETO DA PESQUISA
Farei isso pelo método fenomenológico de pesquisa (FORGHIERI, 2001), descrevendo compreensivamente o vivido com posts do Facebook (imagens, textos, sons etc.). São posts que se referem especificamente ao tema pandemia devido ao coronavírus...

Para fazer essa lista, fundamentei-me em posts do Facebook, mas a escrita é minha, é de minha autoria e reconheço que nela há minhas análises existenciais, ou se preferirem, há minha interpretação na altura da minha idade e experiência. 

É uma lista incompleta, pois ainda não dei finalizado meu trabalho de pesquisa.

Pode ter erros de português e de digitação - e tem. Depois, de transformá-lo em artigo científico, ele irá passar por um corretor profissional. Poderíamos dizer que se trata de um "ensaio científico", e considerando "ensaio" como o que faz, geralmente, um ator,  antes de se apresentar oficialmente numa peça de teatro, então, é um texto experimental (estou experimentando ou sentindo). É um texto cheio de ensaios, erros, acertos, prazeres e tristezas etc., até que fique pronto e publica em algum órgão científico - isso se for aprovado.

Fundamentalmente, recorro muito ao Facebook para produzir ciência. 

Como procedimentos eu leio atentamentos aos posts que eu tenho acesso e escolho com intencionalidade. Aquele que aborda o tema covid-19 ou outro termo relacionado, presto mais atenção, envolvendo-me existencialmente com ele. No distanciamento reflexivo eu me interrogo: O que é e como é isso? Qual o sentido? 

Desejando citar esse texto aqui-agora produzido, favor fazer a referência correta. Não copie e cole sem dar autoria.

É uma lista não definitiva e que está em processo ainda, pois ainda vivenciamos os riscos da covid-19. Assim, é uma lista essencialmente aberta e emitida no clamor dessa vivência pandêmica.

Dividi em duas partes. 

Na primeira parte, destaco os "aspectos entristecidos", e muitos poderão entender como "aspectos negativos", mas o termo "negativo" não corresponde ao fato, pois, são coisas tristes, algumas delas, próprias dos humanos, e que, talvez fora da pandemia, a coisa seria vivida diferente, de modo mais positivo. 

Na segunda parte, destaco os "aspectos alegres e prazerosos" que está, por ora, em aberto, simplesmente que estou ainda descrevendo e analisando, considerando os tais posts postado no Facebook. 

Recordando novamente, e repetindo: a lista está em aberto, não é determinista ou dona de verdade alguma, ainda que a escrita possa parecer. Por ora, não é uma lista quantitativa indicando a maior ou menor frequência, mas, é essencialmente qualitativa, isto é, é descritiva, compreensiva e até analítica. Minha intenção é produzir, ao final, uma quantidade também.

Outra informação: virei sempre aqui para produzir mais dados, fazer correções. Recordando: isso é um ensaio, e ensaio nesse sentido já descrito.

III - RESULTADOS E DISCUSSÃO
III.I - Aspectos entristecidos
1) que a morte está perto da gente, e pelo motivo mais torpe; 2) que a morte é fácil - pega no respirar do outro; 3) que não sendo morte, é dor - da mais leve (nem percebemos ela por perto) à mais potente (tendo que ficar internado 10 a 20 dias, entubado) em respirador mecânica; 3) que o que imaginávamos ter um serviço de saúde adequado, não é tanto assim, faltando muitos materiais; 4) o quanto um aparelho vital ao viver humano, chamado respirador mecânico, é tão caro; 5) que as políticas públicas tem atendido aos mais diversos interesses, dos mais escusos até as menos, mas que a saúde não tem sido a meta; 6) que ficar idoso nem sempre é uma experiência bacana de se viver, e que de fato, muitas vezes, mesmo que nem sempre, quanto mais velho em idade, mais danos sofre o organismo e isso aberto às doenças e a morte física fica mais próxima; 7) a solidão do idoso ficou estampada no corpo, alma e mente dele e dos jovens e adultos e idosos arrogantes, que o desprezam; 8) que os jovens desprezam os jovens, mesmo sabendo, que se tiverem saúde, serão um dia velhos, não construirão amizades significativas, e ficarão idosos, isso se seus amigos sinceros estiverem na mesma idade deles; 9) a solidão dos idosos deveria ser um motivo para a sociedade se interrogar: a) O que os idosos fazem para não conseguir amizade e afiliação dos filhos e outros parentes, por exemplo?; b) Quais as dificuldades dos idosos e dos jovens em fazerem amizade entre si?; 10) o covid-19 "me" ensina a valorizar aquilo que chamamos de "lar" - uma casa ou um espaço privativo para se viver, deve ser uma meta política prioritária de uma nação, com todos tendo o direito mínimo de ter um espaço, para ele ser transformado em lugar de afeto, e essa pode ser uma das razões para ter tanta gente que "não para em casa", indo pra rua e se expondo à doença, que pode ser mortal. Notemos que há gente com boa casa, carro, internet e outros confortos que não suporta ficar em casa. Há pessoas muito humildes, com uma "casinha pequenina" que fica. Mas, há milhões de empobrecidos que ficariam em casa se tivessem uma casa para transformá-la em "lar" (aconchego, segurança etc. - que são coisas construídas na história e na sociedade, e que são muito fortes, pelo menos no Brasil); 11) que numa pandemia problemas psicológicos emergem como depressão, perversão, psicopatia, megalomania, nervos à flor da pele, violência doméstica no geral, aumento da ilusão que passa a ser considerada entre real e fantasia, necessidade acentuada de apoio emocional etc.; 12) aumento de uso de psicofármacos calmantes e ou agitantes; 13) aumento do uso de bebidas alcoólicas; 15) aumento de uso de drogas ilícitas; 16) desespero existencial revelada em grupos deprimidos e ou agitadíssimos; 17) vazio existencial - a pessoa fica procurando um sentido de viver, e não o encontra; 18) possibilidade de irromper ideias suicidas; 19) vizinhos, sem desconfiômetro, começa a impor sua ideologia de sua moradia como som alto, tipos de músicas, imposição de sons religiosos, tocar um instrumentos para todos os morados, sem a aprovação desses, sons que representam ideologias políticas, especialmente as radicais etc.; 20) revelações perversas, que antes estavam adormecidas ou negadas até intencionalmente como racismo, sexismo, contra a população LGBT, contra indígenas, contra cotas em vestibulares, mulheres (em geral), contra idosos, contra crianças (eu li um post contra crianças com câncer dizendo que elas era um pé no saco e que deveria ter um anestésico para matá-las), contra a mulher ser uma figura que sustenta, até economicamente a família etc. 21) alta resistência em entender aspectos claramente lógicos (cognitivos), pois o emocional impede isso: por que os negros tem direito a cotas nas universidade e empregos? Não conseguem dialogar isso... Nem dialogar... Odeiam o diálogo que é inconstante, não sólido e que se faz ao fazê-lo; 22) o ódio ampliado contra os grupos que se denominam ateus, que por sua vez, é um grupo, que quando radical, a todo instante ficam "provando o óbvio", e o fazem de modo constante, e por outro lado, os cristão ficam insistindo na sua ideologia salvadora e que que Ele existe de fato concreto; 23) de que há políticas de Estado que pode atuar contra a saúde do povo e que isso não aconteceu no nazismo ou no fascismo, isso pode acontecer em quaisquer lugares; 24) que a escola e a professora fazem falta à dinâmica do lar, e que os pais, mesmos os graduados em ser professores, não dão conta dessa tarefa; 25) encontrei numa post, uma mãe dizendo, que de fato: "eu sou professora e não sei nada... Vou ensinar matemática, para meu filho, coisas que eu ensino pra série em que ele está e eu confesso que não sei... Deve ser por eu ter péssimo curso de pedagogia, deve ser" e ao final coloca kkk... Deve ter colocado gargalhadas só pra não chorar (kkk); 26) No caos social de uma pandemia há informações, que são, de fato, contraditória; 27) que nesse mesmo caos de uma pandemia, pelo emocional que nos pega, ficamos com o nosso cognitivo e corporal embaçados, coisa de que nos impede entender racionalmente uma informação na área da prevenção; 28) passamos a ter ódios de vizinhos, e qualquer coisa que acontece (arrastamento de móveis, por ex.) é motivo ou desejo de odiá-lo; 29) aumento de quadros patológicos da esfera da alimentação como o aumento do "ato do comer exagerado" ou "do comer muitíssimo pouco" podendo vir acompanhado de somatizações do tipo dores de cabeça, preocupações com doenças e ter que sair de casa expondo-se aos riscos, vômitos, dores de estômago, descontrole da diabetes, por ex. etc.; 30) depressão suicida sutil - sair de casa entrando em contato com grupos imenso e não obedecendo atos recomendados de higiene e comportamentos adequados contra o covid-19 etc. Tudo isso sem explicitamente desejar morrer, mas ainda assim "morrendo"; 31) (estou ainda a descrever... Vou acrescentando de modo gradual às minhas descrições e análises compreensivas dos posts) ...

III.II - Aspectos alegres e prazerosos

IV - CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS
FORGHIERI, Yolanda Cintrão. Psicologia Fenomenológica; fundamentos, método e pesquisas. São Paulo: Pioneira, 2001.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

esse livro é muito bom...
GONÇALVES, Adriana Garcia; MANZINI, Eduardo José. Classe hospitalar; poesia, texto e contexto de crianças e adolescentes hospitalizados. Marília/ SP: abpee, 2011.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Achei esse texto no "meu" Facebook escrito por mim em 10/01/2017, às 19:10... Acho que cabe bem a esses tempo de coronavírus... Copiei e coloquei jogando-o para esse "meu" blogspot - Hiran Pinel, autor...


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A ignorância é tão alta, e o desprezo à ciência é tão denso, tenso e intenso, que eu me limito a falar de "Sotus The Series" - de Singto e Krist, meus seres divinos multifacetados e que me recordam a adolescência perdida, e aparentemente não vivida, fazendo-o com prazer e angústia bastantes (risos) - percebem a ironia? Pouco gente, ou quase ninguém, escuta mais - nem sei se já me escuto (a ironia novamente). Infelizmente, não é mais comum, educandos escolares e não escolares, se entregarem a uma "experiência vivencial" advinda do ensinar-aprender, e com isso, se autorizar "saber de e com sentido" e a crescer/ desenvolver-se. O "ato de aprender" e o "ato de ensinar", na maioria das vezes, e dos casos, exige um "eu me autorizo", "eu me permito ". Ao mesmo tempo, estamos perdendo a "capacidade de ensinar", que também é uma disposição atitudinal, a de provocar o "envolvimento existencial" e "distanciamento reflexivo" do "que é" e do "como é" ser ensinante-aprendente, inventando e produzindo "aprendizagens de sentido"... Alienação? Assistir "Sotus The Series" é alienação? Ter fotos de Singto e Krist em algum "álbum de recordação" é verdadeiramente alienante? Tem certeza? Ultimamente, diante do eu vivo do macrossistema estatal impactado em mim, tenho preferido o "descanso da e na loucura" pela via artística, que é amorosa, pois essa, ainda assim, por ruas e becos públicos complexos e sensíveis, em noites bem (ou nem tanto) iluminadas, leva-me à ciência, pois a arte sempre se atrela ao real, ainda que possa ser fantástica e surreal - mas, sempre reveladoras de possibilidades de "ser no mundo". A arte, a literatura e a poesia pegam em meu corpo e me conduzem a uma mínima possibilidade de não desligar da ciência, alertando-me que sem ela, nem tudo é verdade, nem tudo é possível.

(Hiran Pinel, autor).