quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Política doTriplo Não” quando são assuntos "delicados" e ou considerados "complexos" pelo Governo da China Popular.

Por exemplo: um "tema político" que "precisa" (segundo o povo, mas não o Governo kkk) ser falado, como uma "corrupção", por exemplo; práticas políticas nefastas do partido único da nação; temas sexuais em obras de arte como a homossexualidade com explicitação de cena sexual explícita, prostituição  etc. Esse e outros temas comuns na nossa cultura também, não só na chinesa - e se os "nosso" governos pudessem, censurariam do mesmo modo - e podem a vir censurar, como já aconteceu no passado. Mas, vamos ver essa Política na China, é nela que estamos falando:

1) NÃO faça publicidade, não faça propaganda daquilo que censuramos: NÃO ESTIMULE CONVERSAS, SOCIALIZANDO DADOS, FAZENDO PROPAGANDAS. Vamos dizer, o Governo (e a Justiça) está cuidando (Çei...)... kkk; 

2) NÃO se faça críticas ou condenação do tema: NÃO FIQUE JULGANDO OU CONDENANDO. Nesse sentido, "coisas" (temas) como a "homossexualidade", pode até se praticar ou fazer, mas, se nunca se deve fazer propaganda (nada do tema merecer filme, série - ainda mais se forem muito populares), nem critica e nem fica perguntando ou inventando controvérsia, aparentemente, tudo ok. Mas, e se um determinado grupo deseja benefícios como união civil? É preciso sair do armário - e é direito de expressar o sentimento em público;

3) NÃO produza controvérsias em lugar algum: NÃO FIQUE PERGUNTANDO, QUESTIONANDO, GERANDO ASSUNTO E BATE-BOCA, TEORIAS DIFERENCIADAS ETC.


O que se denomina de Política do "Triplo Não" foi criada em 1982 por Hu Yaobang (1915-1989). 

Yaobang foi um líder da República Popular da China, cuja morte desencadeou a Revolta da Praça de Tian'anmen (China). Ele ocupou o cargo principal do Partido Comunista da China de 1981 a 1987, primeiro como Presidente de 1981 a 1982, depois como Secretário Geral de 1982 a 1987. Hu ingressou no Partido Comunista Chinês na década de 1930 e alcançou a proeminência como camarada de Deng Xiaoping. Durante a Revolução Cultural (1966-1976), Hu foi expurgado (condenado), recolhido e purgado (liberto) novamente.

Mas, repetimos, isso acontece nos mais diversos contextos políticos não democráticos. Sempre... Não é coisa "só" da China.


NOTA: ou "Política dos Três Nãos".


1) Não pergunte - não me interesso, não interrogo, não policio, não faço futrica, não desejo saber e nem tenho vontade etc.;

2) Não estimule - não elogio, não faço propaganda, não socializo, não apoio, não faço passeatas, não brigo por esse tema etc.; os temas podem ser abordados mas com muita delicadeza, sutileza ao extremo, com punições aos personagens não bem-vindos ao Estado (gays que podem ser engraçados/ infelizes/ suicidas/ sozinhos, fumantes morrendo de câncer no pulmão, funcionários públicos corruptos são execrados, presos, desmoralizados etc.);
 

3) Não condene - não produz legislação contra, não se faz críticas, não fica comentando se isso existe ou não etc. O Estado não condena, mas se houver afronta, haverá processo socializado, para que sirva de modelo e não se repita.


**
Eu amo a China, amo alguns países da Ásia... e acho interessante tais propostas, mas devo esclarecer, que não conheço a fundo, apenas de ler na internet. Deveria ter acesso a um bom livro que descreve o evento e os resultados dele (dessa Política).

Hiran Pinel

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Exemplo de "objetivo geral" e "objetivos específicos" em pesquisa fenomenológica - atendendo a alguns pedidos...

OBJETIVO GERAL
Descrever compreensivamente o que é e como é SER, nos "modos de ser" do "ser no mundo", de um aluno com câncer na classe hospitalar, apontado nos testes psicológico e no desempenho escolar com inteligência acima da média, e que após cirurgia cerebral, meses depois, retorna à mesma classe (hospitalar) com lesão e suas sérias complicações cognitivas (baixa inteligências nos testes psicológicos).

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Observar o que é e como é ser, nos modos de ser do ser no mundo, de um aluno com câncer na classe hospitalar, descrito com... (coloque o resto do texto)
Descrever o que é e como é ser, nos modos de ser do ser no mundo, de um aluno com câncer na classe hospitalar, descrito com... (idem)
Analisar, pelo método fenomenológico compreensivo, o que é e como é ser, nos modos de ser do ser no mundo, de um aluno com câncer na classe hospitalar, descrito com... (idem)

NOTAS
Para alguns metodologistas, eis os passos para se efetuar uma pesquisa fenomenológica que são os objetivos específicos:

OBSERVAR
DESCREVER
COMPREENDER (ANALISAR)

Quase todo metodologista fenomenológico desenvolve e ou descreve passos para sua proposta de pesquisa fenomenológica, ENTÃO: são os objetivos específicos.

Recordando que o envolvimento existencial e o distanciamento reflexivo são a alma do método fenomenológico, mesmo que se use outros termos (epoché, suspensão, redução etc.). São atitudes e ou posturas, e NÃO SÃO PASSOS.

Os objetivos específicos focam-se nos passos, nos procedimentos ou nas etapas. É quando o pesquisador sai à procura da pessoa colaboradora com a pesquisa dele. Essa "pró-cura" é ir no "campo da pesquisa" com o finco de "descrever o vivido".

Desejando não precisa nem falar de coletar dados ou produzir dados, mas simplesmente "ir à campo para descrever o vivido".

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

A "pulsão de morte" é a que nos faz repetir as coisas maléficas da nossa vida - parece que sempre produzimos a morte de nós, nos oferecendo o que há de pior contra nós mesmos, mesmo tendo diante de si um leque de opções de escolhas, inclusive as positivas... Isso vale pra mim, pra você, pra nós - pro mundo... Traduzindo: O "que é" e "como é", simbolicamente, atirar nos seus próprios pés - de modo repetitivo, constante, sistemático?

Hiran Pinel - autor.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Na cidadezinha do interior:
lage, cimento, pedra - lares de todo tipo,
um pequeno rio - santas águas, nos domingos...
as plantas verdinhas? Elas se instauraram por lá.
Eu não caibo mais naquele espaço,
meu lugar de afeto, agora, é outro,
luzes das artificialidades, tudo real e amoroso,
entre leões e tartaruguinhas:
Singto e Krist - um risco, uma implicância, uns pitis
Fotografias como verdades sólidas: mentira pura
Abro meu coração para a claridade se apossar de mim,
e finalmente me enxergar real, finito, efêmero - quase no fim.


***
Hiran Pinel, autor.
Eu queria ter uma varinha de condão, pura magia utópica, com o finco, de com as palavrinhas ditas e escritas, ter o poder totalizante de remover todos os dramas, os melodramas e as comédias dramáticas do existir alienado e ilusório, da dor real mais profunda e significativa. Mas, eu não tenho - e nem consigo...O que eu tenho são palavrinhas que produzem, de modo inventivo, apenas momentos de felicidade, momentos - nada mais do que isso.

***
Hiran Pinel, autor.
Meu despertador de galhos e folhas
Um julho, um dia doze - um ano qualquer
Passarinho vermelhinho passou a manhãzinha comigo
Venha, e desperte a dor - a minha, meu despertador.


*

Hiran  Pinel, autor.
"Sotus - The Series", em tailandês ou Thai é: " - ว้าก ตัว ร้าย ร้าย นาย ปี หนึ่ง -", que significa (acho) algo como "Sotus, Um Vilão do Primeiro Ano" (de Engenharia da Produção; universidade).
"Sotus" é uma espécie de "trote universitário", mas com características mais amplas e que dura ao longo de todo o curso.
Na série, a fenômeno ou ritual de passagem é mostrado em um clima idealizado/ ilusório, pois na realidade também tem suas crueldades.
Sotus além da série, é um "trote" (também violento) aos moldes dos Estados Unidos, levados por tailandeses que foram estudar lá fora. Basta digitar no google: "hazing thai universities"; "sotus hazing". Farto material, tem até mortos.
A série relata as relações de poder de um dominador (Arthit) e de um dominado (Kongpob), mas com um Kong que recusa submeter-se, mesmo que permaneça o sadomasoquismo.
A série é um conjunto de três pequenas e únicas temporadas, considerada por muitos críticos como "um clássico inesquecível e cultuado dentro das séries yaoí tailandesas lakhon, pautada pela profunda ingenuidade da mocidade" (PINEL, 2019; p. 1). A primeira série "Sotus" (15 episódios + 1 especial), a segunda "Sotus S - The Series" (13 episódios) e a terceira, com um único episódio, chamada "Our Skyy - The Series" (2018) , Episódio 5.
Um drama romanceado, produto da Tailândia, lançada no ano de 2016, produzido pela GMMTV Ltd., e dirigido por Uphold Tradition, estrelado por Singto Prachaya Ruangroj e Krist Perawat Sangpotirat. Baseada em um romance publicado online e comprado pela TV, que é chamado "Sotus", escrito por BitterSweet, nome ocidentalizado como todos os outros nomes próprios e comuns, até.
Essa série, e outras é um gênero yaoí de obra de arte, compõe o que se denomina de "lakorn". Lakon é um gênero popular de ficção na televisão tailandesa cujo termo tem história de diversas artes daquela parte da Ásia, como na dança e no drama, na performance, teatro e até no cinema hindu de Bollywwod etc.
Uma "lakhon" ou "lakorn" ou "LAKON" (prefiro) é conhecida por "- โทรทัศน์ -", ou "lakhon thorathat" - "drama televisivo"
(WIKI, 2019; p. 1).
A menina olha.
Ela viu o tempo.
Viveu no espaço
e nunca foi - e ser...
Ela se consola
na imagem...
Como eu disse:
ela foi,
sem nunca ter sido.


*

Hiran Pinel, autor.
Na cidadezinha do interior:
lage, cimento, pedra - lares de todo tipo,
um pequeno rio - santas águas, nos domingos...
as plantas verdinhas? Elas se instauraram por lá.
Eu não caibo mais naquele espaço,
meu lugar de afeto, agora, é outro,
luzes das artificialidades, tudo real e amoroso,
entre leões e tartaruguinhas:
Singto e Krist - um risco, uma implicância, uns pitis
Fotografias como verdades sólidas: mentira pura
Abro meu coração para a claridade se apossar de mim,
e finalmente me enxergar real, finito, efêmero - quase no fim.


***
Hiran Pinel, autor.
A linda dama diz: "sou uma vadia"
A iludida revela: "esqueci-me daquele rapaz tão lindo"
A velha senhora determina: "traga-me os machos"
Eu sou o homem que escapuliu disso tudo,
o de dizer meias verdades,
prefiro mentiras inteiras.


*

Hiran Pinel, autor
SINOPSE:
Mork é o filho de Muadmoo, o dono de uma barbearia que fica em frente a um colégio só de meninos, onde ele estuda. Mork ganha dinheiro extra vendendo vídeos pornôs para os clientes na barbearia do seu pai. Mas, um dia, acidentalmente, Mork comete um erro e arruína o cabelo de um cliente, chamado Tee - muito rico e com uma mãe perversa, confusa, mesmo sendo uma médica que dá palestras "avançadas" (kkk) sobre amor e sexo. Com "raiva" do erro que Mork em seus cabelos, o belo Tee tenta se vingar e os dois começam uma "guerra" - um contra o outro.
Até que Mork decide cometer uma vingança maior: ele pega um vídeo pornô gay de um de seus clientes e entrega para Tee, isso em espaço público de uma lanchonete. Só que Tee tá sua linda namoradinha, sua paixão adolescente. A garota fica envergonhada (e revoltada) e acha que Tee é gay: onde já se viu? eu tava desconfiada... E ela sai correndo do local, totalmente desolada - depois veremos que não foi bem assim... Mork acha que estragou o namoro de Tee, e se sente culpado - ele não desejava tanto drama, tanto sofrimento, queria brincar de provocar, só isso.
Tee, então, astuto e sensível que é, aproveita da fragilidade do amigo Mork. Tee o convence de algo improvável: pede para que Mork se retrate dessa vergonha que fez ele passar.
Mork terá que reparar as humilhações causadas. Tee, então, exige, com delicadeza, de que Mork finja ser namorado dele, só por "uns dias". Qual o motivo desse estranho pedido?
Tee acredita que tal situação, se socializada no Facebook, po exemplo, pode "matar de raiva" e provocar a sua namoradinha tão linda, e assim os dois acabariam retornando ao doce amor. A garota que o ama, imagina Tee (e Mork), viria correndo pros seus braços e lhe pediria algo como: "fique só comigo, ó meu lindo amor, mas antes, por favor, abandone esse garoto tão fofo".
Uma série de uma única temporada, que é típico de uma lakhon (série tailandesa), muito delicada e aborda a família de Mork com muita sensibilidade e Cuidado (Sorge)...
Fez muito sucesso em horário nobre.
*
Hiran Pinel, autor.
Quem é fã de séries yaoí tailandesas como sou, pode ficar intrigado vendo fotos do ator Singto, e estando sempre ao lado dele uma pessoa chamada P'Jane. Quem é de fato ele? Quais as tarefas deles junto a Singto? É um espécie de empresário? De auxiliar? Professor de interpretação e canto? Cuida da vida íntima do ator, orientando-o? Amenizador de conflitos gerais e especificamente com Krist, colega ator de Singto? Quem é essa figura, incomum no ambiente artístico brasileiro, pelo menos que eu conheça...

Eu sempre me interrogo: Qual é a função real do P'Jane junto ao ator tailandês Singto? (kkk)

Deve ser amigo antigo (ou mesmo contratado recentemente) de Singto e pago pra ficar ao lado dele, segurando as ondas, talvez professor de interpretação. Dizem que é amigo antigo.

A atriz Marilyn Monroe (1926-1962) tinha duas amigas (qualificadas) assim, que, cada uma, a acompanhava sempre, dava opiniões quanto à interpretação (eram professoras de formação de ator), interferia, inclusive, na vida privada, poderia ajudá-la a suportar o peso da fama etc... Eram mãe (Paula) e filha (Susan).

Será que P'Jane tem essa mesma função de Paula e Susan? Em muitas fotografias P'Jane está ao lado do ator Singto, é muito visível isso kkk Em tudo, na GMM-TV, nos fanmeentigs e fanservices (ele recolhe presentes, por ex.), na vida comum (na casa de Singto, por ex.) etc. Se bem que P'Jane ele teve pequeno papel de ator em "Sotus" e que eu adorei, por sinal - talentoso.

As amigas de Monroe também eram atrizes respeitadas, seus nomes completos: Paula Strasberg (1911-1966) que era esposa do diretor e fundador da Actors Studio (escola de formação de atores), Lee Strasberg (1901-1982). A filha dele, Susan Strasberg (1938-1999) chegou, inclusive, a estralar um filme cultuado até hoje "Féria do Amor" (Pic-Nic, de 1955, direção de Joshua Logan).

Será que P'Jane pode ser um aconselhador/ orientador profissional e pessoal, pago para acompanhar o ator 24 horas?

Acho interessante algumas as fãs brasileiras (poucas) aceitarem que P'Jane é um "apenas" um amigo desde a infância - eu que gosto de complicar, quero ir fundo, saber mais (kkk)... Uai... Eu, que não sou ator e nem famoso (é claro), tenho amigos até hoje, que se constituíram desde a infância, mas eu sou um sujeito da autonomia (sempre relativa), profissionalmente independente (sempre relativo pois preciso me atualizar, ler, ir a congressos etc.). Ou seja: estou amando esse mistério, quem é de "fato profundo" P'Jane? E o que ele faz ao lado do meu ídolo supremo, mór, deuso Singto? kkk

*

Hiran Pinel, autor.
Olho para a foto - uma imagem da infância que está, de repente, voltando sempre à memória. Você acabou de entrar na nossa casa, e pelado, deita na cama de bambu. Lá fora, a chuva está tempestuosa, e o vento forte faz tremer a porta de entrada. De lá de dentro, eu te observo. Você acabou de pegar o pedaço de batata doce cozida por mim, deixada pra você. Você a come com boca doce, e eu sei que desejas dormir bem, esquecer dos problemas de sua saúde e da ausência de sua esposa e filhos. Já faz muito tempo que eu capotei do nosso telhado, foi quando a chuva caía danada até ao chão - e você me segurou tão forte. Há muito tempo atrás, foi há muito tempo - atrás, atrás de mim e eu olhando pra trás e vendo você. Sinto muita falta desse tempo, do espaço que se transformou em lugar de afeto. Era uma casa de pau pereira, com uma folha única de taioba. Minhas irmãs, nesse momento, estão brincando com dezenas de tangerinas. Abro a porta para não te acordar e deixar meu amigo dormir, descansar desses dias de inferno que vive. Vou com elas jogar bolas de tangerinas, bem na frente da prateleira de quinquilharias que você colocou fora do quarto, agora comigo, eu vendo, sentindo meus restos atrelados aos seus. Você dorme, e já é final de noite. Do quarto eu o vejo tomando banho, e logo grita forte: eis meu nome, e o meu corpo se alegra. "- Vamos assistir as estrelas?" - você me convida, certo que aceitarei o convite. La fora, escuto umas carpideiras, pois ao lado da nossa casa, morreu o Padre Ngern, que era também pescador - pescava a minha dor. Subimos em cima de casa, no teto, e alheios ao som entristecidos dos falsos choros, você me contou mais uma história daquela certeira estrela no céu. Ao contar-me, dormi nos seus braços e no seu colo, toquei seu corpo, e o fiz ardentemente embalado pela saudade daquilo que foi, sem nunca ter sido. E você se entregou como sempre fez (e faz) aos meus apelos - pelo menos você, tão frágil e adoentado que é, tão forte e saudável que foi - tão sacana e a favor da vida que sou - que somos.

**

Hiran Pinel, autor.
"A maior parte das enfermidades humanas surgem na negação do amor. Adoecemos se não nos querem, se nos rejeitam, se nos negam ou se nos criticam de uma maneira que nos parece injusto. Podemos até mesmo adoecer de câncer, porque a dinâmica fisiológica tem a ver com a dinâmica emocional” (MATURANA, 1999; p. 85).
Refletindo aqui: Qual o motivo de eu assistir sempre "Sotus" e outras séries tailandesas? Quase um prazeroso vício (kkk) De algumas séries cheguei até a comprar os DVD's...
Sabe aquilo que eu sonhava ter sido (e vivido), mas não experimentei, logo, nunca fui?
Um dos benefícios das artes, das literaturas e das poesias é esse: compensar achados e perdidos no nosso interior subjetivo.

*
Hiran Pinel, autor.
🧸
O URSINHO É FOFINHO
ELE SE CHAMA SUSSU
É AMIGO DO SEU ZINHO
QUE GOSTA DE COMER TUTU

*
Hiran Pinel, autor.
O azul me acalma
Me enerva, e me deixa extasiado
Excitado no céu
Completude lazulis
E eu aqui blue
Nascido blues
Azul...
De fome
Fome de amar!
[Hiran Pinel - autor]
3 de outubro de 2012 às 22:20
Sempre estive só
então tomei uma decisão:
- Mudarei tudo na minha vida!
Então eu comprei um par de canecas
e pretendo um dia convencer alguém
tomar comigo
chá café suco vitamina
tomar eu de mim...

* * *
([Hiran Pinel, autor]
4 de outubro de 2012 às 18:40 ·
No dia de finados, um morto passeia, bem vivinho, no cemitério da cidade. Numa crise de angústia, esse seu Morto, grita bem alto: "- Quero morrer de amor!" Ninguém o escuta, e então ele retorna ao seu túmulo, sendo abraçado carinhosamente pelo chão da terra, pelas minhocas e pelos escorpiões, dentre outros bichos agrestes. Os vivos, um dia, irão compreender isso, o de negar amor ao outro, amor físico. Mas, ainda assim, depois de mortos, eles irão gritar a mesma frase - e sem serem escutados, retornarão ao "seu lar", entre bichos e ervas daninhas - e flores mal cheirosas, deixas pelos vivos, que um dia irão morrer, irão gritar e... (kkk)
[Hiran Pinel - autor; em homenagem à série thai "He's Coming To Me", com Singto Prachaya]
Você trata a pessoa bem, senta no colo dela, faz uns carinhos, sopra no seu ouvidinho, passa mão pelo corpo dela, pagá-lhe todos os lanches, compra-lhe presentinhos fofinhos, chapá-lhe os dedos das mãos e dos pés e... pronto, ela já "se acha" e fica imaginando que a gente está dando em cima dela, que tá doidim varrido por ela. Que pessoal mais carente esse, né? Afffff... Não tenho paciência... Eu tranquilo na minha, e ela só me desejando. Cansado desses tipos de aproximações inter-humanas... cansado... (kkk).

Hiran Pinel, autor.
Quanto mais distante, mais perto
Quanto mais bem vestido, mais desnudo
Quanto mais sério, mais risonho
Quanto mais hétero, mais homo e bi
Quando mais menino, mais homem
Quanto mais tailandês, mais brasileiro...
Quanto mais talentoso, mais estrela
Quanto mais Singro e Krist, mais "couple".


Hiran Pine, autor.
"(..) só existe sua existência nua e crua, o resto é só ilusão - ídolos, frases bonitinhas que levantam seu astral, o amor pela pessoa que senta na carteira ao lado da sua, na sua sala escolar - etc. Você pode constatar que nasceu só - e que assim morrerá. No meio desse experienciar consigo e com o outro, no mundo, é que você viverá os sonhos idealizados, e acima de tudo, a vida concreta potente, seja numa dimensão positiva, negativa ou 'positivanegativa'" (PINEL, 2004; p. 104).

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

SOBRE O FILME "CORINGA": VIOLÊNCIA: 
Três rapazes começam a implicar com uma garota - dentro do metrô. Bem vestidos, rapazes de boa família, cidadãos... Coringa (que se chama Arthur e que a mãe o chama de Feliz) entra em pânico com isso, e nessas crises, ele tem como hábito rir sem parar. Nada engraçado, mas ele ri dolorido, ri de não poder mudar a si, o outro e o mundo. Os rapazes o espanca. Coringa se vinga matando os três. A cena é dirigida, e com tal força, parece que com finco para mover ao espectador. O espectador, boa parte dele, pode passar a torcer para que aconteça a tal violência, Coringa matando esses idiotas. Torcemos e isso acontece. Essa cena incitaria a violência? Ora, nesse caso, é "a arte é que imita a vida", e não que "a vida que imita a arte". Quando os espectadores ficam "entusiasmados com a violência na tela" (logo, violência "na" arte) isso pode indicar um bom sinal. Qual bom sinal é esse? O sinal de que a violência está apenas no imaginário, na nossa fantasia. O sinal de que essa "nossa" violência ainda não foi levada, às vias de fato, para a "nossa" realidade. Podemos imaginar ou fantasiar violência, eximindo-nos de agir mesmo ou agir de fato com violência. Eis uma das funções da arte, uma de suas maiores virtudes psicossociais.
“(...) O PROBLEMA DESSAS PESSOAS [1] QUE FAZEM ESSE TIPO DE COISA [2] É QUE NÃO SUPORTAM AS PESSOAS BEM-SUCEDIDAS COMO NÓS [3] JÁ QUE ELES CONTINUAM SENDO MEROS PALHAÇOS”.
[1] o povo empobrecido de Gotham City
[2] coisa: o povo se opõe ao estabelecido por políticos de Gotham City
[3] esse é um discurso na TV do senhor Wayne, pai de Bruce, que será o futuro Batman. Senhor Wayne é um bilionário e candidato a prefeito corrupto e babaca.
* * *
No filme "Coringa" (2019; de Todd Phillips).
"Coringa" (2019, de Todd Phillips) é um filme fascinante que aborda a doença mental que "pode" (ou não) nascer na família e ao mesmo tempo indissociada de uma sociedade perversa, consumista e competidora ao extremo, onde se reserva o pior aos empobrecidos pelos diversos "jogos do sistema econômico" - péssimo atendimento à saúde, desemprego, fome, miséria, injustiças etc. Mas, no filme, parece não haver uma determinação da origem do sofrimento psicológico (e orgânico) do Coringa - mas, fica evidente que é um ser experienciando uma vida familiar infeliz e desamparada, penetrado por uma sociedade desumana, injusta, violenta, que privilegia uns (os ricos) em detrimento dos outros etc. O problema do Coringa "está aí" no seu existir como "ser no mundo". A dor é dele, porém, outros sujeitos poderão tomar caminhos diferentes, tudo parece depender do modo como cada pessoa resolve ou vivencia os conflitos existenciais, mas esse todo é uma mistura complexa do ser com o outro, no mundo. O filme nos fala explicitamente do descompromisso dos ricos com o povão. Denuncia os discursos perversos dos candidatos, e como ele escamoteia a realidade recorrendo à autoajuda. Para esse tipo de político, o sucesso será apenas daqueles cidadãos que tem mérito, entendido isso de acordo com as determinações vindas do dominador. Também, tais políticas defendem a violência contra o cidadão comum - e esses mesmos cidadãos parecem acreditar que essa é a saída, por sinal, uma saída contra eles mesmos. A Prefeitura (Estado) corta verbas até contra os programas sociais de aconselhamento psicológico - pode? O mínimo e o mais barato - e útil, Coringa diz: "Com quem eu vou falar agora?" Gotham corta tudo para os pobres. É um filme de profundo e significativo impacto psicológico e social, um filme político - contra as repressões e discursos cínicos de quem tem dinheiro, um filme contra as mães perversas (mesmo que doentes) e contra os pais ausentes e irresponsáveis. Um filme contra os sistemas fechados de tratamento mental, contra nossa hipocrisia diante da morte física e psicológica do outro, e do quanto, alguns de nós "douramos pílulas" (buscamos a alegria e negamos a tristeza, mas ela está aí) etc. O filme "fala" inclusive sobre nossos sonhos idealizados acerca da escola e da escolarização - quando Coringa narra a mãe dando-lhe conselhos para ser alguém na vida. Tem ainda o tema do "clown" (Coringa) na enfermaria com crianças e adolescentes com câncer - que cena maravilhosa, dá uma tese a queda do revólver que ele traz na cintura. Dá muitas análises essa obra de arte... Um filme (arte) pode ensinar à (nossa) realidade: precisamos ser empáticos com o outro, escutar sua dor e estimulá-lo a resistir contra o que vai opor-se psicossocialmente ele etc. Precisamos encontrar alguém que também nos escute, para então a "gente mesma" nos escutar e escutar ao outro - e partir desse vivido, pensar-sentir-agir contra o que está aí estabelecido como verdade única e universal, contra o que não se pode questionar, contra todo aquele que impede o diálogo.

domingo, 6 de outubro de 2019

Morreu ontem o filósofo e meu professor Tiago Adão Lara (1930-2019), aos 89 anos. Ele lecionava na Faculdade Dom Bosco onde fiz "formação de psicólogos". De fato eu fiz um curso livre com ele, coordenado pelo padre Tarcício Scaramussa - que foi meu professor de Cultura Religiosa I, II, III e IV....
O curso foi sobre o filme "O Pagador de Promessas" (1962, Anselmo Duarte), e isso em 1978. Eu assisti ao filme, e depois, o analisamos em outro encontro. Isso em 1978, sem internet ou recursos dessa área - a não ser o filme em "película de fato", in vivo - e, que todo cuidado era pouco, fácil de estragar e era caro. É o que eu me recordo...
Ele não foi meu professor, apenas fiz esse curso, e ele apareceu lá - e falou lindamente - fiquei encantado, pelo que me recordo. Sabe, eu era um jovem que me entregava ao encantamento.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

"Quem poluiu o rio mil peixes da cidade de mil flores?", livro infantil do conhecido e respeitado escritor o pedagogo e mestre em educação Luiz Sérgio Quarto, da editora Grafer (Vitória, ES). 

Foi publicado na década de 80 na "Gazetinha", caderno do jornal "A Gazeta" (ES), e agora lançado em livro em 2019. Lindo e sensível texto poético.

sábado, 24 de agosto de 2019


NECROPOLÍTICA E PSICOPOLÍTICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL HOSPITALAR.

Hiran PINEL, autor.
Vitória, ES. - 24/08/2019. Em citando o artigo ou o lendo e usando as ideias, referendar.

Aqui-agora se trata de um pequeno ensaio sobre o impacto dos termos necropolítica e psicopolítica na produção escola que acontece na classe hospitalar quando a professora se propõe trabalhar com o sujeito da Educação Especial.

Acabei de ler de Mbembe Necroplítica (da N-1), que levou-me à espanhola Valverde, e ao filósofo sul-coreano Han. O texto se adapta perfeitamente para refletirmos sobre a Educação Especial Hospitalar escolar e não escolar. Ao estudarmos casos de pessoas, especialmente crianças e jovens, que frequentam as classes hospitalares, podemos sentir e constatar o fato: os modos como tais crianças (e seus família) sofrem nas mãos do Estado repressor e que não se responsabiliza pelos seus cidadãos, e como os descarta quando não são mais rentáveis. Não são apenas adultos com câncer ou Alzheimer, são crianças com câncer, diabetes, crâniofaringioma etc. O Estado é claro, é encontrado nos seus funcionários (os ditos públicos) que atuam legitimando esse aparato, que por diversos modos, recusam o mínimo de resistência contra esse fascismo. Ao contrários, revelam o fascismo cotidiano, o quando isso alastra entre eles. Isso é mostrado na lentidão dos atendimentos, na brutalidade e insensibilidade - e na não disposição em dizer a verdade, sempre mentindo para proteger a instituição e seus parcos salários. Até mesmo funcionário bem remunerados, como os médicos, costumam manter o status quo estabelecido, evitando dizer a verdade: "o governo não nos mandou esse remédio que pedimos no tempo correto". Muitos até começam a "cobrar" pelos procedimentos, colaborando para a privatização do que é público, revelando a insensibilidade com os empobrecidos. Nos nossos contatos com alunos-pacientes e suas mães (sim, os pais, por diversos motivos, aparecem pouco no cotidiano) ficamos sabendo que tem faltado até mesmo anestésicos (vitais nos casos de câncer), insulinas, aparelhagem mais sofisticadas para exames etc. Toda essa necropolítica (Mbembe) reflete na produção de uma psicopolítica (Byung-Chul Han), ou seja, esse tipo de política acaba impondo tipos de subjetividade de submissão, de docilidade e entrega à depressão. A psicopolítica se interessa pelo que se denomina de as técnicas planejadas/ executadas/ avaliadas pelo poder do capitalismo, que influenciam a vida psíquica, convertendo-a na sua principal força de produção. A necroplítica, também descrita por Clara Valverde, traz o tema encarnado do neoliberalismo como aquele que deixa intencionalmente morrer pessoas que não são rentáveis, que não geram mais lucros ao mercado - criam formas dessa matanças sem se expor como (um sistema econômico) maléfico e perverso, tudo muito maquiado, mas efetivo nos assassinatos. Não produz mais as guerras mundiais ou locais, mas uma violência sutil e maquiada - mata-se a cada dia o excluído, e faz com que os incluídos não simpatizem com aqueles, que são, tais quais, humanos - demasiados. No contexto da classe hospitalar isso aparece na professora, por exemplo, que por piedade do aluno com grave câncer, não ensina criticamente os conteúdos escolares propostos pela cultura. Como se o ato de ensinar conteúdos na classe hospitalar fosse opositor à alegria e ao prazer de aprender. Então, o que descrevemos, por é o que percebemos, é a professora optando pelo brincar por brincar, que tem lá sua potencia, mas que não corresponde às propostas mais vitais da Educação Especial Escolar que acontece na classe hospitalar. Aquele lúdico é vital sim numa Educação Especial Não Escolar, que pode até acontecer na classe hospitalar, mas também em outros espaços do hospital, como as brinquedotecas, leitos etc. Por sinal, a escolaridade pode acontecer nesses espaços também. O que parece faltar é a mediação do tempo (e espaço) que precisa ser dedicado ao escolar. Isso pode ser traduzido de ações de legitimação da necropolítica do Estado. Como diz Valverde a saída pode estar na "empatia radical", na ação individuais, grupais, institucionais e coletivas de generosidade, acolhimento, humanismo, práticas de oposição pela resistência, luta contra o neoliberalismo e o Deus do mercado etc.


REFERÊNCIAS:

MBEMBE, Achille. Necropolítica; biopoder soberania estado de exceção política da morte.

VALVERDE, Clara. De la necropolítica neoliberal a la empatía radical.

HAN, Byung-Chul. Psicopolítica.

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UNITERMOS: Necropolítica - Psicopolítica - Achille Mbembe - Clara Valverde - Byung-Chul Han - Neoliberalismo - Subjetividade - Fascismo - Educação Especial - Pedagogia Hospitalar - Classe Hospitalar - Saúde - Educação. 

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TEXTOS ESPARSOS...

A psicopolítica, ligada à necropolítica, se interessa pelo que se denomina de técnicas planejadas/ executadas/ avaliadas pelo poder do capitalismo. Tais dispositivos de controle das mentes humanas, seu uso eficaz, influenciam a vida psíquica, convertendo-a na sua principal força de produção - mentes operariadas, maquinadas, abusadas pelo poder, mas que não percebidas assim. (...) é um tema encarnado e interligado ao do neoliberalismo. Nesse processo se deixa intencionalmente morrer pessoas que não são rentáveis mais, que não geram mais lucros econômicos (...) - criam formas dessas matanças, mas tudo sem se expor como um sistema financeiro maléfico e perverso. Tudo sai muito maquiado, polido, sem rugas ou rusgas - mas, de modo efetivo, produz-se assassinatos. Não se cristaliza mais as grandes guerras mundiais ou mesmo locais, mas uma violência sutil e maquiada - mata-se a cada dia o excluído, e faz com que os incluídos não simpatizem com aqueles, que são, tais quais, humanos - demasiados. As pessoas são expulsas de seu lugar de vida, e podem fazer isso em nome de Deus, e onde era seu lugar (de amor) se transforma em espaço (algo ruim) e se faz uma passagem para outras nações, onde serão odiados, serão inimigos, e há todo um projeto completo nessas andanças, nessas travessias de uma nação para outras - há muitos significados aí (...) Outra força psicopolítica são as maquinações pelo belo reino e ilusório da internet, a falsa ideia de que vivemos com o outro, mas o que fazemos é nos individualizar, mal e porcamente vivemos conosco mesmos (PINEL, 2019; p. 8-9).  

(...) no contexto da classe hospitalar pode aparecer modos de ser piedosa, de dó e de compaixão por parte da professora, por exemplo. Ela faz seu melodrama como "ser no mundo", conta os casos de morte aos outros, destacando-se impotente, mas heroína. Ela se acha e se comporta como estivesse no Facebook, postando amenidades, imagens alegres, apesar da tristeza avassaladora que ela recusa mergulhar: "Mais um óbito", ela diz com rosto denso, tenso e intenso, mas não raro, o faz ao estilo interpretativo canastrão. Ela não se dispõe a ensinar criticamente os conteúdos escolares propostos pela cultura, se propõe sentir dó: "eu não choro na frente, vou ao banheiro", ela interpreta. Ao destacar o sentimentalismo, algumas vezes, "bem baratinho", parece que ela quer dizer que o ato de ensinar conteúdos na classe hospitalar é algo opositor à alegria e ao prazer de aprender - ela torna secundário ensinar conteúdos, justo eles que deveriam trazer na classe, algo da comunidade da criança, algo da vida - dar vida. Então, o que descrevemos, por é o que percebemos na carne, é a professora optando pelo brincar por brincar em um eterno e interminável lúdico, onde a criança faz o que deseja, dentro das ordens médicas dadas (PINEL, 2019; p. 7).

A professora, ela mesma, compra brinquedos com seu próprio dinheiro e o faz compulsivamente. Ela deseja os mais bonitos, alegres - e nem sempre esse é seu papel, mas ela o faz como heroína que acha que é - "se acha". "Os brinquedos lindos amenizam a dor e morte", mas ele não se autoriza pensar isso. (...) Ao executar suas tarefas escolares, ela não quer analisar a produção dessas mortes, ela "não quer" (ou não deseja) questionar a qualidade dos serviços de saúde. (...) É claro que o ato de brincar tem lá sua potencia forte, e defendemos ardorosamente seu benéfico impacto, mas ele nem sempre corresponde às propostas mais vitais da Educação Especial Escolar, que é o ensino-aprendizagem dos conteúdos apregoados pela cultura. Essa escolaridade precisa acontecer de modo concreto e repetido na classe hospitalar. (...) Aquele lúdico é vital sim, numa Educação Especial Não Escolar, que pode até (também) acontecer na classe hospitalar, mas (também) em outros espaços do hospital, como nas brinquedotecas, nos leitos, nos corredores, no "lá fora" etc. Por sinal, a escolaridade pode acontecer nesses espaços todos (também). (...) O que parece faltar é a mediação do tempo (e espaço) que demanda (e precisa) ser dedicado ao escolar. (...) Isso que estamos a descrever, pode ser traduzido de ações de legitimação da necropolítica do Estado, levando (também e paralelamente) à psicopolítica (que também pode ser de Estado) de subjetividades "aparentemente levíssimas (e alienadas)", apesar as exigências de ser professora escolar (...) tudo pode ser (co)movido com alegria, cumprindo as suas tarefas de ofício de ser professora (PINEL, 2009; p.7-8).



segunda-feira, 19 de agosto de 2019



(...) A Psicologia Fenomenológico-Existencial apregoa, que na produção do conhecimento, deva existir dois movimentos vitais e potentes, que são vividos indissociadamente. São movimentos incrustados na pele/ alma/ mente do pesquisador/ cientista, que podem ser descritas como atitudes/ posturas do ser (sendo) com ao outro, no mundo do ser investigador (...) será isso que o legitimará ao profissional da ciência dizer: "- Trabalhei com o método fenomenológico" (...) São esses os dois movimentos vitais, centrais, focais que estamos a descrever até agora: [*] o envolvimento existencial (...); [2] o distanciamento reflexivo[1] (...) Mas há mais movimentos que acompanham esses dois centrais: (...) [3] (...) valoriza a descrição do vivido, sua compreensão - no aqui-agora. (...) Trata-se uma coisa advinda da relação pesquisador e pessoa que colabora com a pesquisa (...) "falamos" da descrição do imediato, do inequívoco e claro aos sentidos (...) [4] há mais características (...) sempre em movimentos dialéticos e ao mesmo tempo mestiços, híbridos, indissociados (...), [5] na riqueza do existir concreto do ser humano, que colocado no mundo, sem a sua anuência, trata agora de escolher, responsabilizar-se por isso (pela escolha) e cuidar de si e do outro, bem como descuidar (...) [6] foca na subjetividade experiencial do outro, considerando isso como “modo de ser” no mundo – “ser no mundo” da experiência (...) [7] considerando sempre que a essência existencializada do sujeito concreto acontece no mundo - na história (tempo), na geografia (espaço/ lugar) (...) o ser impactado pela economia, mídia, sistemas judiciais e de segurança, escolaridade, políticas, fascismos etc. - "ser no mundo"; [8] sujeito e objeto são indissociados, poderíamos falar que o que acontece é uma relação "pessoa-pessoa"; [9] a “suspensão” (ou o envolvimento existencial) é relativa, ou seja, nunca é total, isso devido o pesquisador ir a campo com o outro,  o mundo em si e o outro e as coisas do mundo [**] (p.17).




[*] Esses dois movimentos que são a alma do método fenomenológico, Pinel (2018) credita à Forghieiri (1997) que foi sua professora no doutorado que fez no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

[**] Na Terapia Existencial, Pinel (2018)  acrescenta "(...) a atitude de valorizar tudo que é dito (ou não) e expressado (ou não) pelo sujeito que procura ajuda clínica, procura cuidados para a sua saúde mental. Nessa percepção, um clínico, deve agir assim, cuidadosamente, sendo permissivo em que tudo seja considerado ali no 'setting clínico', onde tudo é vital, tudo é potente, um detalhe, um gesto, uma palavra repetida ou a não dita, uma palavra dita uma única vez, um gesto inacabado, uma lágrima, um sorriso, uma drama, uma comédia etc. O terapeuta nada interrompe, deve lutar e (pró)curar estar sempre atento e em posição empática (compreensiva), e com forte disposição ou desejo de estar ali, descrevendo 'o que é' e 'o como é' ser" (p. 19).

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NOTA: Em citando, favor referendar...

PINEL, Hiran. Como eu faço pesquisa (e intervenção) fenomenológico-existencial. Vitória: Ensaio do Autor, 2018.

O MÉTODO FENOMENOLÓGICO NA FORMAÇÃO DO ATOR 


Hiran Pinel, autor.

FILME A SER COMPREENDIDO:

"Método/ Method/ 메소드" (Coreia, 2017, diretora Bang Eun-jin).

Sinopse e apreciação:

O ator Jae Ha (Park Sung Woong) está no elenco de uma peça de teatro chamada "Unchain" ("Libertar-se"). Também atuando na mesma peça está o ídolo k-pop Young Woo (Oh Seung Hoon).

Young Woo não está entusiasmado para subir no palco, depois de um período no hospital, acidentado e ele quer voltar à vida profissional "mais artista", e trabalhar com Jae Ha é status devido ser um ator respeitado, maduro, premiadíssimo.

Em primeiro momento, Jae Ha e Young Woo não se dão bem. Woo é desligado, arrogante, temperamental, sem talento aparente. Ha é controlado, sabe teatro, pois estudou e é uma anti-estrela.
Mas, à medida que ficam mais imersos nos personagens gays que eles interpretam em "Unchain", os dois desenvolvem sentimentos inesperados, pois a formação de teatro (o tal do "Método") de Ha é realista/concreto e fenomenológico-existencial, se envolvendo com o personagem enquanto durar a peça. Ele ensina isso a Woo, que leva a sério a proposta de um teórico de teatro, em um livro de Ha lhe dá de presente.
Enquanto isso, Hee Won (Yoon Seung Ah) a namorada de Jae Ha, tem uma sensação estranha sobre a relação entre Jae Ha e Young Woo. Ela sabe que Há sempre foi assim, se envolveu com o personagem sempre, e se perdeu - por isso ganha sempre todos os prêmios de melhor ator, é nacionalmente renomado, sério, compenetrado, e uma pessoa simples, que não gosta do estrelato.
O filme é uma aula de ser ator, a relação professor-aluno, relação de uma experiente com um inexperiente. Havendo uma mistura: há uma peça de teatro (ficção) sendo ensaiada (de tema gay) e há dois atores héteros (vida real) que, por causa dos personagens, se envolvem ardentemente, afinal, se vão viver dois personagens, que saibam (e sintam) na carne quem é que vive como ser no mundo.
O título do filme (Método) e da peça de teatro ("Desacorrentar-se", "Libertar-se") se mesclam, e produzem mais sentidos e significados.
O filme, na minha percepção, descreve compreensivamente o "que é" e "como é"  o método fenomenológico-existencial aplicado na formação dos atores. Um método cujo procedimento é fundamentalmente envolver-se existencialmente com um outro (o personagem), bem como os dois atores devem, então, ceder seus corpos/ mentes/ almas pra que isso se concretize. Eles se dispõem a isso, no ofício de pesquisar os personagens. Só que eles precisam  desacorrentarem-se do método, livrarem-se dele, é a regra desse método, mas, de modo complexo, para que isso ocorra, eles precisam ceder ao aprisionamento "dos outros" neles mesmos, como "ser no mundo". E quem são esses "dos outros"? São os personagens, mas são eles mesmos, os reais. O fenômeno é da mestiçagem, do híbrido, da ligação, da associação, e ao mesmo tempo, manterem-se intactos "si mesmos". Que provocante, não? Mas, "que é" e "como é" isso mesmo? O filme tenta resolver, ao final. Mas, tudo é tão complexo, que o fenômeno é "isso-aí", e se, por um lado, ele pede esclarecimento, por outro, ele se esconde, e na coxia. 

Síntese: obra de arte pelas interpretações que nos envolve, a iluminação (é o ganho do filme), as música, o enredo, a direção etc.

NOTA: O filme tem muito a ensinar ao pesquisador fenomenológico em Psicologia, Educação/ Pedagogia. O mergulho no outro, como parte de si, tem que ser total, "olhar de sentido, prenhe do envolvimento existencial", porém, mantendo "intacta retina", diria Caetano Veloso em "Cajuína".

segunda-feira, 29 de julho de 2019

UM DIA SEM SINGTO PRACHAYA
É UM DIA SEM SENTIDO
NUNCA CONSENTIDO
SEJA BEM-VINDO
TE COM-SINTO
SINTO, SIM
SINGTO
SINTO
VIMO
YES
ÉS
S...
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POESIA CONCRETA PARA SINGTO PRACHAYA
Hiran Pinel, autor