segunda-feira, 19 de agosto de 2019



(...) A Psicologia Fenomenológico-Existencial apregoa, que na produção do conhecimento, deva existir dois movimentos vitais e potentes, que são vividos indissociadamente. São movimentos incrustados na pele/ alma/ mente do pesquisador/ cientista, que podem ser descritas como atitudes/ posturas do ser (sendo) com ao outro, no mundo do ser investigador (...) será isso que o legitimará ao profissional da ciência dizer: "- Trabalhei com o método fenomenológico" (...) São esses os dois movimentos vitais, centrais, focais que estamos a descrever até agora: [*] o envolvimento existencial (...); [2] o distanciamento reflexivo[1] (...) Mas há mais movimentos que acompanham esses dois centrais: (...) [3] (...) valoriza a descrição do vivido, sua compreensão - no aqui-agora. (...) Trata-se uma coisa advinda da relação pesquisador e pessoa que colabora com a pesquisa (...) "falamos" da descrição do imediato, do inequívoco e claro aos sentidos (...) [4] há mais características (...) sempre em movimentos dialéticos e ao mesmo tempo mestiços, híbridos, indissociados (...), [5] na riqueza do existir concreto do ser humano, que colocado no mundo, sem a sua anuência, trata agora de escolher, responsabilizar-se por isso (pela escolha) e cuidar de si e do outro, bem como descuidar (...) [6] foca na subjetividade experiencial do outro, considerando isso como “modo de ser” no mundo – “ser no mundo” da experiência (...) [7] considerando sempre que a essência existencializada do sujeito concreto acontece no mundo - na história (tempo), na geografia (espaço/ lugar) (...) o ser impactado pela economia, mídia, sistemas judiciais e de segurança, escolaridade, políticas, fascismos etc. - "ser no mundo"; [8] sujeito e objeto são indissociados, poderíamos falar que o que acontece é uma relação "pessoa-pessoa"; [9] a “suspensão” (ou o envolvimento existencial) é relativa, ou seja, nunca é total, isso devido o pesquisador ir a campo com o outro,  o mundo em si e o outro e as coisas do mundo [**] (p.17).




[*] Esses dois movimentos que são a alma do método fenomenológico, Pinel (2018) credita à Forghieiri (1997) que foi sua professora no doutorado que fez no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

[**] Na Terapia Existencial, Pinel (2018)  acrescenta "(...) a atitude de valorizar tudo que é dito (ou não) e expressado (ou não) pelo sujeito que procura ajuda clínica, procura cuidados para a sua saúde mental. Nessa percepção, um clínico, deve agir assim, cuidadosamente, sendo permissivo em que tudo seja considerado ali no 'setting clínico', onde tudo é vital, tudo é potente, um detalhe, um gesto, uma palavra repetida ou a não dita, uma palavra dita uma única vez, um gesto inacabado, uma lágrima, um sorriso, uma drama, uma comédia etc. O terapeuta nada interrompe, deve lutar e (pró)curar estar sempre atento e em posição empática (compreensiva), e com forte disposição ou desejo de estar ali, descrevendo 'o que é' e 'o como é' ser" (p. 19).

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NOTA: Em citando, favor referendar...

PINEL, Hiran. Como eu faço pesquisa (e intervenção) fenomenológico-existencial. Vitória: Ensaio do Autor, 2018.