domingo, 28 de fevereiro de 2016

Era famosa a inimizade de Joan Crawford (1904-1977) e Bette Davis (1908-1989), atrizes e estrelas. Crawford morreu bem antes de Davis. No dia do enterro da outra, Bette Davis disse à imprensa: " - Nunca devemos falar coisa ruim de quem morreu, só algo bom. Joan Crawford morreu, que bom".

SOBRE O TEMA:





http://www.abrapso.org.br/siteprincipal/images/Anais_XVENABRAPSO/3.%20a%20medicaliza%C7%C3o%20e%20a%20produ%C7%C3o%20da%20exclus%C3o%20na%20educa%C7%C3o%20brasileira%20%C0%20luz%20da%20psicologia%20hist%D3rico-cultural.pdf

Comentários

Cena no Shopping Vitória, Vitória (ES), domingo passado:

Conversando animadamente em um encontro casual. Finalmente um trecho que gostei (têm mais trechos bacanas):

ALUNA: - Com qual personagem de cinema, o senhor está se identificando por agora, professor?
EU: - Togawa, da película japonesa "Doushitemo Furekatenai", da cineasta Chiiro Amano...
ALUNA: - Eu adoro esse filme professor [e começou a falar com uma delicadeza rara, sensibilidade pura]
EU: - [de boca aberta... Orgulhoso, pois ela disse que esse seu conhecimento de sentido partiu de minha indicação; foi uma pró-cura, eu acho.].
* * *
NOTA:
Esse filme nunca "passou" (e nem comercialmente "passará" kkk) no Brasil, a não ser via You Tube kkk Por isso o assombro, pois é um filme restrito a quem gosta de mangás. Lento e metódico. Uma película artística, mas não é inacessível.

Na imagem do ator Masashi Taniguchi, no papel (que faço cover kkk) de Yosuke Togawa. O outro personagem, fácil de fazer (também faço cover facim, facim), é Toshiaki Shima.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

CONFIAR...

"ser" de confiança...
Vamos fazer uma dissecação fenomenológica existencial da palavra.
COM + FIAR = juntos fiar, tecer juntos, fazer uma tessitura conjunta, em comum união produzir/ inventar/ criar. Implica não no eu, como se fôssemos prisioneiro do ego, mas no “nós”, no outro, na intersubjetividade, na interexperiência - por isso ser-sendo-junto-ao-outro-no-mundo. Pode até abarcar o grupo, o institucional, a nação, o coletivo, mas por outro lado, inclui a autoconfiança que se entrega ao (e no) outro - diante desse outro.

[Hiran Pinel, autor; citando, faça referência correta].
PROFESSOR & EDUCADOR SOCIAL: PERDÃO E PALAVRAS NO FILME "O FILHO" DOS DARDENNE.
O perdão pode servir para autorizar ao outro a recriar-se, inventar-se novo, diferenciar-se do que foi. O perdão aqui, não implica em "perdoar romanticamente" o crime, mas a pessoa frente a esse mundo, impregnado e prenhe do outro (de si) - essa experiência pode indicar que a pessoa pode mudar, pode ter esse desejo. Vamos falar do valor e subjetividade perdão presente em um filme francês e belga.

No filme "O Filho" (França/ Bélgica, Le Fils, 2002, Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne), há uma belíssima narrativa: Um pai está sendo professor de carpintaria de um jovem, que no passado, assassinou seu filho (daquele pai) - um pai/professor viúvo, vamos dizer, desamparado, revoltado. O ato de perdoar traz consequências para si-mesmo-pai, inclusive o surgimento do auto perdão, e o outro que se perdoa, e se permite se alguém melhor. Há aí algo de provoca(dor): O jovem assassino, enquanto aprende ser carpinteiro, não sabe disso, disso "do pai saber de tudo que ele fez no seu passado de crime" - isso o adolescente (des)conhece. Bem, é aí que está a densidade, tensidade e intensidade do lindo filme: O pai, então propõe esclarecer, dizer a palavra, ampliando sua função de professor (de carpintaria) e de educador social (toca na ferida), possibilitando o alívio de ambos, e as transform(ações). Trata-se de um educador ferido que fala dessa sangria, que ensina acerca da dor, e que naquele setting psicopedagógico, carece também de ser outras possibilidades. 

Finalmente eu me interrogo: Há uma palavra que ao ser dita mude algo, alguém, o outro, o mundo? Essa pode ser uma questão perturba(dor)a aos professores e às professoras, educadores sociais (e em geral), psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, pedagogos etc.

NOTAS:
* Hiran Pinel, autor; do porjeto: "cinema, fenomenologia & educação inclusiva".
** Texto que dedico ao professor doutor José Sérgio Fonseca Carvalho, que hoje, 25/02/2016, recordou-me do filme, em uma avaliação de doutorado do qual éramos banca.
RELAÇÃO TÉCNICAS/ MAQUINÁRIOS & EDUCAÇÃO

Hiran Pinel

O objetivo aqui-agora é o de refletir sobre o professor (educador e ou pedagogo etc.), que usa de modo exagerado técnicas e maquinários (ferramentas, procedimentos, ferramentas etc.) em sala de aula ou seu seu planejamento, execução e avaliação de intervenções objetivando ensinar (e obter aprendizagem de sentido) algum conteúdo proposto, dentro da sua cultura.

O uso das técnicas/ maquinários em educação escolar e não-escolar, nos recorda de que elas sempre existiram: machado e facão, no ensino profissional nas família dos campesinos, por exemplo; lousa, lápis, caneta, bureta, pipeta, procedimentos do uso de técnicas em mudanças comportamentais (a partir de Skinner como Mager e Bloom etc.), flanelógrafo, receitas e prescrições, cartaz, máquinas de ensinar, filmes, vídeos, programas de informática, instrução programada, bisturis etc. 

Há assim professores, educadores em geral e os sociais, pedagogos etc., que fazem isso. Há psicólogos escolares (e ou educacionais) cuja ação é focar no uso dos testes psicológicos e procedimentos de animação de grupo, centrando com tanta intensidade nisso, que perde seu foco em saúde mental e desenvolvimento acadêmico. 

Ao focar nas máquinas, o professor acaba desprezando  até mesmo os conteúdos a serem ensinados, mas muitas vezes ele nem "sabe" disso, no sentido de que ele não se autorizou a tomar conhecimento e aprender o quanto é maléfico o foco único na técnica e recursos materiais. O uso de procedimentos é denso, tenso e intenso, que ele mesmo não aprende seu fazer, mas sobre elas, as técnicas e modo do uso de máquinas e ferramentas. 

As ferramentas e técnicas, quando usadas de modos exagerados, tomam até mesmo o lugar da relação interpessoal e social professor-aluno-mundo, coisificando-a. Essa relação é considerada um campo, que se bem focalizado e entregue existencialmente ao vivido, provoca o desempenho acadêmico mais encarnado, donde  afeto e cognição podem se indissociados, revelando o aprender conteúdos propostos pelo professor dentro da cultura, sociedade e história. 

O problema não são as técnicas e instrumentais propriamente ditos, mas o seu usuário, a pessoa que o usa, muitas vezes correspondente a uma "filosofia maquinária da vida", um corpo duro, uma mente rígida, obsessiva, compulsiva. Tem aula em que o aluno recorda dela, da máquina, mas não do conteúdo, perdendo o papel focal/ vital da escola e ou educação, que reconhecemos tem outros papéis, mas sempre voltados para o central (focal/ vital). O estudante pode recorda do "show de aula", mas não do ensinado propriamente dito, o que clama por se transformar em aprendizagem de sentido, encarnada.

Não estamos a falar do mau uso da máquina, no sentido de que durante as aulas, o professor fica perdido nela, não sabe nem como ligá-la, ou alunos que ficam atarefados com ela, antes de começar um seminário, por ex. Isso não é dominar o mínimo da máquina, é algo diferenciado. O desprezo é tão vital, que ao trazer as ferramentas, ele perturba o processo ensino-aprendizagem. Não testou o filme antes, não o assistiu. Mete os pés pelas mãos. Isso também é algo irritante, e o preferível é não recorrer a ela. Em recorrendo, e tendo função seu uso, que é o de provocar o desempenho acadêmico, faça de modo correto e tranquilo, sem torná-la a alma da ação pedagógica e psicopedagógica.


* Texto experimental; avulso; só pra produzir discussões nas nossas salas de aulas. Não esquecer que esse blog tem alguns objetivos, dentre eles, trazer estimulações na sala de aula, socializando-as.

** Em citando esse texto, faça-o corretamente.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016


UM MEDIA-A-DOR DA APRENDIZAGEM NO TRIÂNGULO AMOROSO: MINHA SINOPSE EXISTENCIAL DO FILME FILIPINO "A DANÇA DOS DOIS PÉS ESQUERDOS" DE YAPAN.


Vou fazer minha sinopse do filme "A dança dos Dois Pés Esquerdos" (FILIPINAS, 2011, direção de Alvim Yapan ou Alvin B. Yapan), e para isso recorrerei ao método fenomenológico-existencial tal qual é proposto por Forghieri (2001), conduzido de modo radical por mim.
Um aluno rico, chamado Marlon (ator: Paulo Avelino) está com dificuldades acadêmicas e ao mesmo tempo apaixonado por sua professora de meia idade, que leciona literatura, e cujo nome é Karen (atriz Jean Garcia). Ele descobre que a professora dessa disciplina leciona também dança e coreografia em outro espaço da cidade.



Ele vai até à escola de dança, mas em chegando, descobre que que ele precisa aprender para impressioná-la, demanda aprimorar-se antes de matricular-se naquele estúdio de dança. Ele conhece um outro aluno, Dennis (ator: Rocco Nacino), um rapaz não rico e assistente de Karen, e o contrata para ensiná-lo a dançar o mais rapidamente possível, e com isso obter seu objetivo. Dennis percebe o interesse de Marlon por Karen.  
Dennis conta a Karen acerca do desejo de Marlon, e a mestra deseja comprovar até onde vai o esforço e motivação do bofe, fará tudo por ela ou para dança. A mestra ao mesmo tempo já percebia as aulas paralelas, constata o talento deles, e sente algo dentro de si-mesma, e percebe nos dois que eles não capturaram ainda que têm, um clima de algo mais, um toque, uns olhares estranhos e bacanas, amorosos.
A todo instante a professora de literatura repassa poemas em sala de aula, textos poéticos feministas, produzidos por mulheres das Filipinas... É como se cada poesia exigisse uma expressão corporal. Nesses diálogos, entre poesia, música e dança, é que Karen passa a desejar o desejo deles. 
Os rapazes dançam, um fazendo o papel mais passivo, e o outro mais ativo. Mas os dois são masculinos em seus papéis ali na dança. Eles pontuam essa igualdade dançando com os seus pés esquerdos - são dois iguais, em papeis diferentes. Como Marlon é iniciante, cabe a ele o papel feminino (ser dirigido por Dennis).



Marlon pergunta a Dennis, "como ser mulher", ao que o outro responde que tanto faz, ele pode ser mulher aos olhos da platéia (e Karen), mas ser homem para ele/Dennis (na dança), e isso acontece com ele também, ele é homem (dirige) mas para Marlon ele ser mulher ou não. Ou seja, nesse diálogo aparentemente inócuo, o amigo ensina que amar é amar, seja que sexo for, e os papeis se misturam, se indisssociam.
E então, Karen percebe que os moços têm talento. Ela monta uma peça baseada em um Cult de heróis das Filipinas chamado "Humadapnon", que é de fato um poema épico, que tem como narrativa muito do que está se passando entre os dois apaixonados.
Nessa peça épica, Marlon fica com o papel de Humadapnon, um rei orgulhoso, machão, mandão. E Dennis fica com o papel de Sunmasakay, uma bela mulher, disfarçada de homem que deseja salvar o monarca das muitas mulheres que o cercam, e querem porque querem casar com ele. Durante os ensaios dos dois, Karen os põe a prova, e insinua algo entre eles. Marlon se defende dizendo que sempre esteve interessado nela, e não em Dennis, e para provar, em separado, numa cena de amor, ele paga ao amigo pelo trabalho, que recusa, é óbvio. Tem coisa que está na ordem do impagável, parece dizer Dennis.


No dia da apresentação fica decidido que Marlon será o rei, e ela a bela Sunmasakay, entretanto, em determinado momento da peça, a professora abandona o palco e deixa os dois nos papeis de homem e mulher ou essa mistura... E os dois enfrentam essa experiência de sentido, e uma lágrima irá pontuar o interesse dos dois pela mestra, e um pelo outro. Instaura o amor que há.
Depois do filme, pareceu-me que tudo ia ficando claro nesse jogo: Marlon deseja ardentemente Karen, e sem coragem, deseja um mediador. Ele elege Dennis nesse processo de intermediar-a-dor, a dor de estar só e (pró)curar alguém, tendo no começo, a necessidade de ficar à deriva. Dennis os aproxima, mas não pode afastar-se, pois ele nutre todo esse complexo movimento de ser-sendo junto ao outro no mundo de Marlon e Karen. Dennis passa amar Karen para que Marlon o ame.
Como vemos, Karen os jogou como protagonistas nesse épico, e na peça eles se descobrem indissociados um do outro, mas sempre também interligados da mulher que a professora é. Eles constatam que sem a mestra, os dois não existiriam. A ensinante parece desvelar-me ser o lócus do nascimento do amor do/no outro, ela dá à luz, ela autoriza e permite aos dois se amarem pelo conhecimento encarnado, tendo-a misturada entre eles. O que parece aprender pela experiência é que eles conhecem para amar - eles tornam o conhecer algo de sentido, dão carne a ele, pelo afetar.



Referência:

FORGHIERI, Yolanda Cintrão. Psicologia Fenomenológica. São Paulo: Pioneira, 2001.

NOTAS: 
[1] Marlon poderia ter contratado uma moça para ensinar-lhe dança, mas nas Filipinas isso teria outras conotações morais, e isso eu senti, ao mesmo tempo, não tem explicação a escolha de Marlon, ele escolhe seu desejo e ponto;
[2] A personagem da professora é ótima para produzir pesquisa, ela pode ser analisada, dentre outros, como o nascedouro do amor na escola e fora dela;
[3] No filme, o diretor, que também é professor universitário de literatura, usa poesias de feministas famosas do seu país, textos que penetram aos protagonistas. O diretor Alvim faz isso de modo não didático, o que é ótimo para o espectador;
[4] Fica evidenciado no filme, aos meus sentidos, de que para estudar o masculino, o gay e o queer, os estudos feministas são a base de tudo;
[5] Karen é uma personagem solitária e parece entregue ao seu envelhecimento;
[6] As lágrimas unem os personagens Marlon-Karen e Dennis-Marlon, e os entrelaçam finalmente - Marlon-Karen-Dennis;
[7] O diretor Alvim B. Yapan é chamado de dr. Alvin Yapan, Ph.D., sendo chefe do Departamento Filipino da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Ateneo de Manila, Filipinas. Como acadêmico é também muito premiado, tendo recebido os maiores prêmios também na produção literária. Não abandonou a universidade, apesar do sucesso estrondosos nas Filipinas, alguns países asiáticos, Estados Unidos, Argentina etc.

[]
* Catalogação do artigo nesse blogspot quando for citado:
PINEL, Hiran. Um media-a-dor da aprendizagem no triângulo amoroso; minha sinopse existencial do filme filipino "A Dança dos Dois Pés Esquerdos" de Alvim Yapan. Vitória, ES: blogger.com A vida Como Obra de Arte. Sítio: http://hiranpinel.blogspot.com.br/2016/02/pinel-hiran.html  -  Em 27/02/2016.

** Aviso:
Compreendendo mais esse filme, que estou vendo no original tagalo, e publicando aqui minhas opiniões à medida que eu o entendo. Falo de um custar entender, mas compreender sempre isso acontece desde a primeira vez que me envolvi existencialmente com essa obra de arte. Vamos a mais uma tentativa de distanciamento reflexivo, sem jamais abandonar o envolvimento existencial? O resultado disso é esse artigo experimental. 

*** Catalogação do filme:
"A DANÇA DOS DOIS PÉS ESQUERDOS" (Filipinas, 2011, título em tagalo: "Ang Sayaw Ng Dalawang Kaliwang Paa", em inglês: "The Dance of Two Left Feet"; direção de Alvim Yapan).

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Sobre tecnologias no ensino, informática/ computador/ internet/ facebook/ blog's e outros instrumentos e educação, técnicas/ tecnologias/ ferramentas/ procedimentos/ recursos materiais e humanização/desumanização - posicionamento crítico, destacando aspectos negativos e positivos:


[1]
ARAUJO, José Carlos S. Para uma análise das representações sobre as técnicas de ensino. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (Org.). Técnicas de Ensino: por que não?. 21a ed. Campinas, SP: Editora Papirus, 2013, v. 1, p. 11-34.





[2]
Outro livro que recomendo, e com a mesma temática:


VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Novas tramas para as técnicas de ensino e estudo. Campinas, SP: Papirus, 2013. Capítulos: 1 & 6.


Capítulo 1: O QUE SIGNIFICA REVISITAR TÉCNICAS DE ENSINO À LUZ DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA? ............... de: José Carlos Souza Araujo

Capítulo 6: TÉCNICAS DE ESTUDO PARA ALÉM DA DIMENSÃO DO FAZER....... de: Joana Paulin Romanowski e Pura Lúcia Oliver Martins.

* * * 

MAIS UNITERMOS: Testes educacionais, Testes Psicológicos, Instrução Programada, Máquinas de Ensinar, Recursos de Ensino, Procedimentos de Ensino, Flanelógrafo, Retroprojetor, Data Show, Ferramentas em sala de aula e ética, Filosofia dos maquinários e recursos usados em sala de aula e em educação não escolar.
PEDAGOGIA SOCIAL [NO FACEBOOK] CONTRA OS PRECONCEITOS AOS GAYS...

Hiran PINEL

O discurso heterofóbico pode contaminar os heterossexuais mais alienados, mas também aos homossexuais (idem: alienados), criando subespecificidades humanas, dos melhores aos piores dos gays, subgrupos marginalizados dentro do grupo marginalizado gay. Por isso também, mas não só, encontramos gays com preconceitos contra gays. Essa é uma das possíveis etiologias desse tipo de preconceito - apenas uma.

Os termos gays, bichas, bichona, monas, traveco, bichinha quá-quá, a fina, a pão com ovo, a intelectual, a idosa etc., podem, algumas vezes, ter essas características negativas, dependendo de quem diz, como diz, em que situação - no tempo e no espaço, tipo de relação interpessoal e social estabelecida.

Os gays podem transformar esse discurso preconceituoso advindo da maioria hetero, em verdade absoluta e sólida, mesmo contra si mesmos, inventando para si uma espécie de autoflagelo, que de alguma forma produz prazer masoquista advindo do sadismo. Aqui inclusive, eu reporto à noção de que os gays preconceituosos contra os gays, quando, por algum momento, refletem acerca disso, eles acabam por ter algum sofrimento, pois ficam preocupados cotidianamente contra o outro, que é parte da sua imagem quando se olha, metaforicamente, no espelho. Essa preocupação fixada na mente, desgasta emocionalmente o sujeito, e que para não se entristecer, repete sempre o preconceito, aliviando-se daquilo que pouco reflete.

Como minimizar isso, no “facebook”? Como criar Pedagogia Social no facebook?

Tem algumas possibilidades.

[1] Postando posts bacanas, que ao serem vistos podem sensibilizar, pelo menos alguns, pois nunca tingimos a todos e a todas; [2] Pode-se colocar frases curtas que destacam a humanidade dos sujeitos, que são objeto do preconceito; [3] Mostrar ações bacanas de gays renomados (ou não), colocando-os em cenas que envolvam a maioria do povo, inserindo-os no mundo comum – “gente como agente”; [4] Colocar imagens e textos belicosos - resistentes -, de gays na luta, no enfrentamento, isolados, ou em grupos, ou em movimentos sociais; [5] Cenas de gays sendo humilhados (injustiça), algumas vezes podem gerar também comoção e sensibilização, e com isso alguma adesão aos discursos favoráveis aos gays ou aos defendidos pelos movimentos sociais homossexuais; [6] Outra possibilidade: desvelar heteros comuns (ou famosos), favoráveis aos aos gays; [7] Indicar sítios de artigos populares (ou científicos) favoráveis aos gays; [8] sugerir vídeos, filmes, séries etc., que abordam positivamente aos gays; [9] recomendar livros, inclusive os e-books; [10] colocar músicas que tragam a boa estima do grupo gay – com ou sem humor; [11] fazer poesias e textos poéticos nessa esfera ou mesmo publicar os já conhecidos; [12] O bom humor sem preconceito pode ajudar, mas essa seara, no sentido educacional, é delicada demais... [13] publicar pequenas psicobiografias; [14] dialogar nos comentários do facebook, recorrendo a racionalidade encarnada, algo parecido com o uso da cognição indissociada ao afeto; [15] destacar a presença dos gays nos mais diversos ofícios, pedreiro, costureiro, engenheiro, maquiador, advogado, professor, médico, lixeiro... em fim, ensinar que não existe "profissão de gay", [16] desvelar “coisas” aparentemente heterossexuais, mas que tem muito do gay, isso pode existir nas artes e nas literaturas - o hibridismo de ser-sendo junto ao outro no mundo; [17] e tantas outras possibilidades ou (im)possibilidades que podem ser produzidas por educadores sociais profissionais (que atuam com intencionalidade) ou acabamos por "educar", mesmo não tendo intenção...


[Hiran Pinel; trecho de texto já publicado em livro; referendando, cite-o colocando autor, e blog].

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Apreciação crítica de um filme...
"500 Dias Com Ela"
QUANDO APENAS EU AMO O OUTRO, E ELE NÃO...
Assisti, finalmente, a um filme popular e até batido: "500 Dias Com Ela" (2009, direção de Marc Webb), com a estrela maior desse mundo (kkk) Joseph Gordon-Levitt e a atriz Zooey Deschanel, tão linda, que chega a me tripartir kkk.
Como fiquei marcado por essa obra de arte, que achava que era idiotice!!! O tema amor unilateral é para mim como um bisturi afiadíssimo, que quando mais me corta (por um médico refinado), mais me mata, me dilacera - já que devia me salvar, cuidar de mim... kkk
Repetindo, o filme, na minha opinião, aborda os sofrimentos advindos do amor unilateral, o amor que tem uma pessoa por outra que não a ama, mas gosta dele, fica perto, passeia, sai, vão ao restaurante, ele compra coisas para ela (ela pede, deseja objetos, vestidos, sapatos etc. kkk), cantam juntos em algum karaokê, gostam dos mesmos artistas e pelos mesmos times de futebol.
No filme, uma moça honesta, que deixa claro que não acredita no amor e não quer o rapaz. Cruel assim. Mas ele é a vítima (e linda vitima kkk), sonha com a bela, momentos em que ele dança como nos filmes dançados de Bollywood. Dança, mas o amor no concreto não existe. Quando ela fala uma palavrinha de amor, isso é motivo dele existir, dele ser no mundo dos amados...
O personagem (Tom) é um cara que não tem amor, que não conhece o amor. Tom conhece coisas, teorias, livros, arquiteturas, internet - mas não se conhece no sentido de que ele não se sente. Trata-se de uma pele que não sentiu o toque do amor advindo do outro - um tocar sincero, sensual, ingênuo, orgástico. Já ela, Summer (que em inglês significa Verão), por sua vez, é cáustica, mas não é uma vilã - foi educada acreditando que não há amor, e por isso não se entrega ao amor, ao love.
"Amor unilateral me toca muito, pois eu vivo esse tipo de amor" - um dia me disse um amigo graduado e mestre em filosofia e estudante de música numa federal mineira, quando comentei o filmei a ele. Olhei para ele, abaixei os olhos, e vi os olhos de gato dele procurando alguém idealizado, afastado - mas que não era eu, não era eu kkk Fiquei quietinho, eu posso ser a próxima vítima kkk - e não me entreguei ao vivido.
Ao final do filme "500 dias...", Tom recebe uma moça que irá trabalhar com ele, já que Summer foi embora, tendo finalmente encontrado o amor. Ele convida a a garota para um café, e pergunta-lhe o nome, e ela diz: Autumn (Outono, em inglês). O final pode ter vários sentidos, e aqui destaco dois: [1] O amor unilateral irá se repetir, como se todas as fases do ano fossem unilaterais; [2] finalmente encontrará um amor tranquilo, longe das obsessões.

Após o verão aparece o outono, donde as folhas das árvores ficam amarelas, caem e nos diz: "estamos dispostas a entregar o nosso amor ao seu amor, colha-nos".

[Hiran PInel]

*     *    *

Enfim, um rosto atormentado pelo amor unilateral in 500 Dias Com Ela - Obra de arte.