quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

PEDAGOGIA SOCIAL [NO FACEBOOK] CONTRA OS PRECONCEITOS AOS GAYS...

Hiran PINEL

O discurso heterofóbico pode contaminar os heterossexuais mais alienados, mas também aos homossexuais (idem: alienados), criando subespecificidades humanas, dos melhores aos piores dos gays, subgrupos marginalizados dentro do grupo marginalizado gay. Por isso também, mas não só, encontramos gays com preconceitos contra gays. Essa é uma das possíveis etiologias desse tipo de preconceito - apenas uma.

Os termos gays, bichas, bichona, monas, traveco, bichinha quá-quá, a fina, a pão com ovo, a intelectual, a idosa etc., podem, algumas vezes, ter essas características negativas, dependendo de quem diz, como diz, em que situação - no tempo e no espaço, tipo de relação interpessoal e social estabelecida.

Os gays podem transformar esse discurso preconceituoso advindo da maioria hetero, em verdade absoluta e sólida, mesmo contra si mesmos, inventando para si uma espécie de autoflagelo, que de alguma forma produz prazer masoquista advindo do sadismo. Aqui inclusive, eu reporto à noção de que os gays preconceituosos contra os gays, quando, por algum momento, refletem acerca disso, eles acabam por ter algum sofrimento, pois ficam preocupados cotidianamente contra o outro, que é parte da sua imagem quando se olha, metaforicamente, no espelho. Essa preocupação fixada na mente, desgasta emocionalmente o sujeito, e que para não se entristecer, repete sempre o preconceito, aliviando-se daquilo que pouco reflete.

Como minimizar isso, no “facebook”? Como criar Pedagogia Social no facebook?

Tem algumas possibilidades.

[1] Postando posts bacanas, que ao serem vistos podem sensibilizar, pelo menos alguns, pois nunca tingimos a todos e a todas; [2] Pode-se colocar frases curtas que destacam a humanidade dos sujeitos, que são objeto do preconceito; [3] Mostrar ações bacanas de gays renomados (ou não), colocando-os em cenas que envolvam a maioria do povo, inserindo-os no mundo comum – “gente como agente”; [4] Colocar imagens e textos belicosos - resistentes -, de gays na luta, no enfrentamento, isolados, ou em grupos, ou em movimentos sociais; [5] Cenas de gays sendo humilhados (injustiça), algumas vezes podem gerar também comoção e sensibilização, e com isso alguma adesão aos discursos favoráveis aos gays ou aos defendidos pelos movimentos sociais homossexuais; [6] Outra possibilidade: desvelar heteros comuns (ou famosos), favoráveis aos aos gays; [7] Indicar sítios de artigos populares (ou científicos) favoráveis aos gays; [8] sugerir vídeos, filmes, séries etc., que abordam positivamente aos gays; [9] recomendar livros, inclusive os e-books; [10] colocar músicas que tragam a boa estima do grupo gay – com ou sem humor; [11] fazer poesias e textos poéticos nessa esfera ou mesmo publicar os já conhecidos; [12] O bom humor sem preconceito pode ajudar, mas essa seara, no sentido educacional, é delicada demais... [13] publicar pequenas psicobiografias; [14] dialogar nos comentários do facebook, recorrendo a racionalidade encarnada, algo parecido com o uso da cognição indissociada ao afeto; [15] destacar a presença dos gays nos mais diversos ofícios, pedreiro, costureiro, engenheiro, maquiador, advogado, professor, médico, lixeiro... em fim, ensinar que não existe "profissão de gay", [16] desvelar “coisas” aparentemente heterossexuais, mas que tem muito do gay, isso pode existir nas artes e nas literaturas - o hibridismo de ser-sendo junto ao outro no mundo; [17] e tantas outras possibilidades ou (im)possibilidades que podem ser produzidas por educadores sociais profissionais (que atuam com intencionalidade) ou acabamos por "educar", mesmo não tendo intenção...


[Hiran Pinel; trecho de texto já publicado em livro; referendando, cite-o colocando autor, e blog].