quarta-feira, 30 de outubro de 2019

SOBRE O FILME "CORINGA": VIOLÊNCIA: 
Três rapazes começam a implicar com uma garota - dentro do metrô. Bem vestidos, rapazes de boa família, cidadãos... Coringa (que se chama Arthur e que a mãe o chama de Feliz) entra em pânico com isso, e nessas crises, ele tem como hábito rir sem parar. Nada engraçado, mas ele ri dolorido, ri de não poder mudar a si, o outro e o mundo. Os rapazes o espanca. Coringa se vinga matando os três. A cena é dirigida, e com tal força, parece que com finco para mover ao espectador. O espectador, boa parte dele, pode passar a torcer para que aconteça a tal violência, Coringa matando esses idiotas. Torcemos e isso acontece. Essa cena incitaria a violência? Ora, nesse caso, é "a arte é que imita a vida", e não que "a vida que imita a arte". Quando os espectadores ficam "entusiasmados com a violência na tela" (logo, violência "na" arte) isso pode indicar um bom sinal. Qual bom sinal é esse? O sinal de que a violência está apenas no imaginário, na nossa fantasia. O sinal de que essa "nossa" violência ainda não foi levada, às vias de fato, para a "nossa" realidade. Podemos imaginar ou fantasiar violência, eximindo-nos de agir mesmo ou agir de fato com violência. Eis uma das funções da arte, uma de suas maiores virtudes psicossociais.