quinta-feira, 2 de julho de 2015

Descrição e análise fenomenológico-existencial de legislações...  
Hiran Pinel
Essa é uma proposta que eu tenho elaborado na universidade da qual sou professor/ pesquisador. Fiz um exercício analisando uma legislação de educação especial [1] e para isso recorri ao conceito de "sentido da vida" do psicólogo existencialista Viktor Emil Frankl. A metodologia foi e analisar a referida lei deixando vir a lume a intencionalidade da vida do Estado que a propõe a partir de movimentos sociais, mais especificamente de bases. É demandado os dois movimentos, didaticamente separados, mas vividos como indissociados: a) envolvimento existencial; b) distanciamento reflexivo (Forghieri, 2001). Das inúmeras leituras de sentidos da legislação, foi emergindo "a vida" que os movimentos sociais lutam, algo de sentido, que está no trabalho, no amor e no sofrimento inevitável (não o evitável, que aí seria masoquismo). 
A Vida interroga pelo sentido: "Há sentido a vida escrita na "fria" lei?" Ela é um texto "frio", "quente", "morno"? Como ela percebe a vida do sujeito, sua educabilidade (Reuven Fuerstein), sua autonomia (Paulo Freire), seus direito, sua cidadania? Como "ela" percebe o existir no mundo? E a educação? E a inclusão?  O que pra "ela" então é a pessoa, o mundo, o problema e a solução desse problema?
A tarefa foi a de "descrever compreensivamente os modos de ser da vida humana a qual a lei é direcionada na sua produção discursiva". Como a lei percebe isso-daí-mesmo?
Como, para a Psicologia Fenomenológico-Existencial de Frankl o ser é no mundo ("ser-no-mundo"), foi demandado descrever o surgimento histórico da lei, em que Estado de coisas, com quais intencionalidades e as problemáticas de efetivar concretamente um discurso, no caso, exigindo dos professores em geral e os de Educação Especial maior posicionamento na escola, envolvendo gestão, famílias e comunidade. O que é e como é ser da Educação Especial numa perspectiva inclusiva dentro dessa legislação? Como os discursos sociais de resistência aparecem nas letras (escritas) legais é uma reflexão hermenêutica de sentido. 

Então, a Psicologia Fenomenológico-Existencial e o método fenomenológico podem servir como dispositivos ou ferramentas (ou instrumentos) de leitura (sensível e de sentido) do fazer pedagógico da Educação Especial numa perspectiva inclusiva.
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REFERÊNCIA
FORGHIERI, Yolanda Cintrão. Psicologia Fenomenológica. São Paulo: Pioneira, 2001.
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NOTAS
[1] Resolução nº 2 de 11 de setembro de 2001 - CNE/ MEC; Resolução nº 4 de 2 de outubro de 2009 - CNE/ MEC; Declaração de Salamanca (1994). 
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OBSERVAÇÕES:
a) em trabalhando com essas ideias e o próprio texto, favor referendar... 
b) dedico esse pequeno esboço de texto (ensaio científico) à professora Mariane Cosmo, ela trouxe esse tema até a mim, que a por dentro do meu ser  (sendo) com o outro no mundo já gritava há um bom tempo. Conseguimos concretizar algo, mesmo que ainda não publicado em revistas científicas - pelo menos até agora.