COMO ELABORAR UMA QUESTÃO E OBJETIVO DE PESQUISA FENOMENOLÓGICA?
Hiran Pinel
Autor desse ensaio inconcluso, sempre aberto a mais discussões.
Uma questão ou interrogação ou pergunta de pesquisa TEM que gerar, a partir
dela (pergunta), um objetivo igual – não falo de semelhante, falo de IGUAL nos
termos, nos tempos dos verbos, substantivos, adjetivos etc.
Tem outros modos de levantar uma questão fenomenológica, mas uma boa pergunta/ questão fenomenológica, como já vimos
inclusive o motivo, pode começar por:
O QUE É & COMO É... As Psicologias Fenomenológicas (há algumas: de Victor Frankl,
de Rollo May, de Medard Boss, de Ludwig Binswanger, Monique Augras, Yolanda Cintrão Forghieri etc.) estão “atentas ao QUE e ao COMO da
realidade do sujeito, dado que a consciência não operava no vazio, sendo
necessariamente intencional” (RIBEIRO, 2013; p. 83; negritados e sublinhado nossos).
Exemplo: O QUE É & COMO É FELICIDADE PARA ESTUDANTES
COM CÂNCER INTERNADOS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO DA GRANDE VITÓRIA, INSERIDOS QUE
ESTÃO EM PROGRAMAS DO TIPO CLASSE HOSPITALAR E PEDAGOGIA HOSPITALAR?
O meu objetivo TEM que acompanhar a interrogação – TEM - estou afirmando, nesse caso. Um bom objetivo fenomenológico pode ser quase sempre: DESCREVER
COMPREENSIVAMENTE... Já analisamos o motivo disso, descrever e compreender (com+preender = empatia).
Veja como fica o objetivo:
DESCREVER COMPREENSIVAMENTE
O QUE É E COMO É FELICIDADE PARA ESTUDANTES COM CÂNCER INTERNADOS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO
DA GRANDE VITÓRIA, INSERIDOS QUE ESTÃO EM PROGRAMAS DO TIPO CLASSE HOSPITALAR E
PEDAGOGIA HOSPITALAR.
Há outros modos de escrever uma “interrogação e objetivo de pesquisa” em
investigação fenomenológica? Sim, mas recorde uma interrogação TEM que guiar um
objetivo. Não mude termo algum... TEM...
E recorde que o interesse da psicologia fenomenológica com a qual
trabalhamos (investigamos) é pela experiência do outro, do vivido desse outro –
seus sentimentos, emoções, desejos, pensamentos, raciocínios, sua atenção e
memória intencionais ou não, expressão corporal etc.
Nosso foco então é na SUBJETIVIDADE, lugar-tempo das experiências do sujeito
como ser-no-mundo ou ser no mundo.
E mais: a subjetividade é composta pelas vidas AFETIVA e COGNITIVA.
A vida afetiva pode ser mostrada como uma “energia” que move a cognição em
todos seus sentidos, aspectos e significado.
A vida afetiva é composta pelos sentimentos, emoções, desejos – fortes,
fracos, mediados, híbridos, densos, tensos, intensos.
A vida cognitiva (movida pelo afeto – algo que afeta o outro e sua mente/
corpo/ alma etc.) pode ser composta pelos pensamentos, raciocínios, expressão
corporal (psicofisiologia/ psicomotricidade; corpo/ organismo e uso de remédios,
doenças, prazeres, cansaço etc.), como o sujeito soluciona um problema escolar
(matemática, conflitos na escola) e problemas de vida em geral...
Só que no vivido, o afeto e cognição são indissociados, por isso, costumo
falar em “cognição de carne” (“carne” como símbolo de algo que é viva, tem sangue;
a emoção, os sentimentos, os gestos, o corpo etc.).
Há educadores que dividem a cognição em [1] cognição propriamente dita
(pensamentos, raciocínios etc.) e em [2] psicomotricidade (lateralidade, esquema/ conceito e autoimagem corporal, capacidade de relaxamento, noção de tempo e espaço, paratonia, sincinesia, hiperatividade, hipertonia/ hipotonia, capacidade do uso do corpo na Educação Física, leitura/ escrita/ desenho/ aritmética etc.).
REFERÊNCIA
RIBEIRO, Jorge Ponciano. Psicoterapia;
teorias e técnica psicoterápicas. 2ª ed. Revista, ampliada. São Paulo: Summus,
2013.