A frase real deveria ser, por exemplo: "Eu acho que não sei pra onde ir, mas, por outro lado, acho que sei pra onde que não devo voltar...".
Tá certo, a frase ainda que dita assim, tem a solidez da fragilidade de ser, mas ela opta por isso, pelo reconhecimento de que todos nós chegaremos ao seu fim, com o outro, no mundo.
Mas, como disse, uma frase afirmativa faz sucesso, pois ela tem mais impacto sobre quem a lê - algo da nossa sociedade da ilusão, que nos inventa maciços, por exemplo, quando cria heróis fortes e definitivos, imorredouros. Por outro lado, o ser humano não é sólido e nem tem alguma essência, sendo essa concretude algo inventada.
O ser humano, ele mesmo, é sempre "acho", sempre na "incerteza de ser". Mas, ele foi ensinado a inventar para si, dizendo-se que é sólido, definitivo, taxativo, dono de verdade inquestionável - por mais que a efemeridade seja visível, exposto a doenças incuráveis e dolorosas, fazendo opções perversas para si, para o outro etc.
Uns poderão dizer: "mas isso é o viver, inventando certezas pra si , o que acaba sendo algo sólido, de taxativa inconstância e fragilidade do humano". Sim, é o viver, e eu digo isso também, mas isso não me impede questionar-me, questionar ao outro e ao mundo. Saber que essas frase funcionam como autoengano.
Acho que essa invenção existe, a do "ser humano sólido", o de pensar-se "pedra definitiva", um "ser eterno", e existe justamente para ele suportar sua própria finitude, a terminalidade de todos e de todas.
Eu me invento sólido, para logo ali-mesmo, desmanchar-me no ar, fragmentar-se no insustentável modo de ser, que é sendo, com o outro - no mundo.
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[Hpinel - autor; Vitória, ES.; 28/07/2019; aniversário do ator tailandês Singto Prachaya, meu ídolo/ ícone "sólido" kkk/ risos/ 555... o número cinco, mais de três vezes, significa "risos" naquela parte da Ásia kkk Texto meu, já publicado em livro meu].