RAPPORT NA PESQUISA FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL
Hiran Pinel, autor; coletou, revisou, ampliou, atualizou, corrigiu e modificou o texto
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Quando o cientista fenomenológico existencial vai coletar (e ou produzir*) dados deve estabelecer um "rapport", seja pessoal ou a distância (telefone, online etc.).
MAS, O "QUE É" E o "COMO É" FAZER RAPPORT NA PESQUISA FENOMENOLÓGICA?
Rapport é uma expressão do francês “rapporter” que significa "criar uma relação" ou "trazer de volta" a mim e ao outro um para o outro compromissados e éticos. É um conceito da psicologia que se baseia em estabelecer uma conexão de confiança e empatia com a outra pessoa para então propor-lhe algo, e no caso de uma pesquisa fenomenológica, pedir colaboração dentro de uma perspectiva ético científica.
O rapport é uma técnica muito utilizada em vendas, atendimento ao cliente, consultórios psicológicos, clínicas psiquiátricas, justiça na coleta de dados em situações de violência contra o pequeno - & NA "COLETA DE DADOS" (ou "PRODUÇÃO DE DADOS") EM PESQUISAS DAS CIÊNCIAS HUMANS E SOCIAIS QUANDO PRETENDE ESCUTAR E DESCREVER O QUE O OUTRO FALA E OU EXPRESSA. O objetivo é criar um ambiente propício para que a troca seja mais orgânica e as resistências sejam eliminadas.
Para estabelecer um rapport, é importante:
- Fazer com que a outra pessoa se sinta ouvida, respeitada e compreendida
- Se for online e por escrito, faça um texto pequeno se apresentando, o que você pretende (tudo) e termina com a sua tarefa, você irá fazer um pedido à pessoa que colaborará com seus estudos existenciais, pois você deseja conhecer uma "experiência vivida-sentida" do outro. Geralmente desejamos entrevistar essa pessoa e devemos fazer uma pergunta bem geral do tipo: Descreva... ou Fale..,. só isso; não diga: fale-me descreva-me? Ora, de fato, a pessoa que colaborará com sua pesquisa descreverá para ela mesma, e só depois para o pesquisador. Ela "descreverá" o "que é" e o "como é" ser...? Fale sobre sua experiência de ser professora inclusiva do AEE de aluno com autismo?
- Criar uma percepção de valor sobre você, valorizar suas ideias e suas perspectivas do que seja a "sua" pesquisa e de como ela resultará em um produto final a ser socializado objetivando produzir sugestões para a comunidade. Você deve destacar o quanto você valoriza seu ofício de pesquisador, o quanto leva a sério essa tarefa etc.
- Não "soar", mas ser natural para/ com a outra pessoa que colaborará com sua pesquisa, conversando, e permitindo que o que dará entrevista sacie das curiosidade. Se for online é comum perguntar o número de páginas, isso depende do seu tema e do entrevistado, e pode dizer quantas páginas quiser, mas que você fica pensando em 5 página sou mais, mas... dá liberdade ao outro, pois não adianta mil páginas inúteis e artificiais, mas dois ou três palavras onde você capta uma descrição de uma experiência significativa... Recorde que o objeto da pesquisa fenomenológica, costuma ser a "experiência vivida e sentida" de uma pessoa com um tema.
Algumas técnicas de rapport são:
- Procurar pontos em comum ou semelhantes da pessoa (sujeito da pesquisa) com você, o pesquisador (gostar desse conhecimento com esse outro) e com o tema da pesquisa. As pessoas podem se sentir segura quando se destaca o quanto a humanidade nos desvela, ainda que permaneça as diferenças de ser. O pesquisador pode servire como uma metafórico espelho d'alma: eu sou pesquisador e você é pesquisamos, mas nos percebemos como igual na nossa humanidade, uma singularidade na pluralidade de ser no mundo.
- Ter interesse sincero pelas experiências dos pesquisados, a potencia que você dá a quaisquer respostas, onde não há certo ou errado, mas uma pessoa falando sobre sua experiência vivida-sentida.
- Fazer mais perguntas quando algo não está claro. Um método pode ser o fenomenológico de interrogar. Quando algo do texto escrito e ou falado pergunte sempre: - Fale mais sobre isso? De modo mais técnico: diante de algo não claro, interrogue de modo cuidadoso e interessa: O "que é" e o "como é" isso daqui...?
- Escutar de modo empático e ao estilo de estar agindo atentamente, isso implica em "não falar", escutar, ainda que possa verbalizar quanto o tema é vital ao momento, mas cuidados dos nossos "destrambelhamentos" nossos problemas como a ansiedade, por exemplo.
- Ser atencioso, cuidadoso.. Essas atitudes costumam conquistar as pessoas para a sua pesquisa, elas passam de um estado de gelo e se derretem ao sol que o pesquisador oferece de modo simbólico.
- Descrever científicamente - a descrição é a alma da pesquisa fenomenológica. Descrever o fato vivido.
- Conversar chamando a pessoa pelo nome, dialogando com atenção sincera, serenidade, personalizando (singularizando) - sempre com "envolvimento existencial" (uma atitude fenomenológica vital e indispensável) que se desvela ali no campo da pesquisa, pessoa-pessoa como ser-no-mundo.
- Espelhar a linguagem corporal, os gestos, o tom de voz e os padrões de respiração, modos de mostrar as expressões corporais etc., da outra pessoa aqui-agora denominada de sujeito da pesquisa. Sim, ao descrever "minhas experiências de universitário procurando namorados na instituição" eu me expresso com meu corpo, minha linguagem e os convido a mergulhar no tema... aí você grava, filma etc. Hoje em dia tem muitos recursos, é preciso saber usá-los (evitar problemas, como interromper pois você ligou algo errado).
- TER MÉTODO CIENTÍFICO COMO ESTILO DE VIDA PROFISSIONAL, SEM ISSO, NADA É FEITO, NADA É ÉTICO, NADA É RIGOROSO: chegar em casa e já colocar em um programa de computador onde ele mesmo transcreve o falado, e no mesmo dia, você corrige, e verifica o que gostaria de acrescer para enriquecer o depoimento (falo do "transcriar"). Imediatamente fazendo isso as memória aparecem com mais facilidades, pois tudo estará mais quente..
NOTA
* o pesquisador precisa tomar decisão: ele vai coletar dados ou produzir dados? São duas coisas diferentes.