MARIA DO
ROSÁRIO CAMACHO foi minha aluna no mestrado (UFES/PPGE). Era psicóloga e fez
um estudo hipersensível sobre a dor da criança no hospital frente a morte. Seu
artigo, dessa dissertação, foi publicado na revista do conselho de Psicologia
(Brasília). O orientador dela foi meu orientador Jayme Doxey - ele é um professor e
pesquisador respeitadíssimo, e muito amado por todos seus orientandos (até hoje), e orientandas. Bem, hoje [3 de março de
2013] soube que Rosa (como era chamada) morreu, e ela vinha de um antigo
sofrimento físico e consequentemente psicológico. Magra, sempre foi elegantérrima
- sem ser patricinha ou artista de TV... Era uma Lady, fina – tinha um estilo
contracultura, eu acho. Ela desvelava uma delicadeza rara e seu estudo (muito
lido) é isso de delicado pelo Cuidado para e com a criança hospitalizada. Era muito
ligada à corrente fenomenológica existencial de pensamento, sentimento, ação –
vida, a gestalterpia e a gestalpedagogia. Estou muito entristecido com a vida,
justo ela que clama por sentido deixou de respirar cedendo à morte, nossa
companheira de finitude, efemeridade. Mas a vida é além de mim, eu também vou e
ela ficará. Mas qual é mesmo o sentido dela, da vida? Qual? Uma das possíveis
respostas é essa: É o que agora estou fazendo para manter Camacho perto de mim,
restaurando tudo (ou quase) pelo amor, pelo trabalho e pelo sofrimento
inevitável à memória de Rosário – Maria do Rosário. Como eu dizia (como
professor) cantando para ela quando aparecia pedindo-me ajudas à sua dissertação,
e eu só o fazia porque na letra tinha vários sentidos da sua nomeação: “Foi deus que deu luz aos olhos, perfumou as
rosas, deu ouro ao sol e a prata ao luar; pôs no meu peito um ROSÁRIO de penas,
que vou desfiando e choro ao cantar” [1].
["Foi Deus" é uma canção portuguesa; com Ângela
Maria e depois conheci com original Amália Rodrigues]
Artigo dela: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v26n2/v26n2a02.pdf