"PRIMEIROS TRAÇOS", HQ, LABANCA & KEKA: ORIENTAÇÃO, A
REVISTA & UMA SAUDADE
Hiran Pinel
Vieram até a mim, anos atrás - em 2004/2005, dois estudantes de comunicação, com um
desejo: um projeto de extensão com o objetivo, de ao final, produzir uma
revista de Histórias em Quadrinhos (HQ) junto e meninos e meninas órfãs de uma
instituição capixaba. Durante o processo pedagógico e psicopedagógico, ficou decidido
que ao nome da revista seria "Primeiros Traços" - eram sensíveis os
caras.
Os nomes dos dois: Gabriel Labanca (falecido muito jovem ainda, aos 30
anos de idade, no Rio, em 2012; fazia doutorado; nome dele: Gabriel Costa Labanca) e Keka (hoje professor da
UFES/ Comunicação, da área de cinema - dentre outras; nome dele: Klaus’Berg Nippes Bragança). Eles já
vinham de uma experiência inédita e bem-sucedida (até nacionalmente) com a
revista politicamente incorreta chamada QUASE - um must que até eu já conhecia.
Durante o processo pedagógico e psicológico do ensino-aprendizagem, eu
me recordo, da insatisfação deles com as meninas (alunas) da Oficina de
ensino-aprendizagem de fazer uma revista de HQ - kkk. Zanguei feito professor e
orientador (kkk), fiquei com raiva mesmo.... Eles foram se acalmando com elas,
mais exigentes que eram, mais detalhistas e ao final, amaram a presença delas
ali, que contribuíram com a ternura de alguns personagens. Até hoje eu acho que
eles inventaram essa história apenas para me provocar kkk. Mas foi isso que
eles revelavam, lá no in loco eu não vi isso kkk
A Revista foi financiada pela CST (acho), publicada e vendida na cidade
por 1 real cada, e hoje, eu acho que tenho apenas um volume (vou pedir ao Keka
um volume para xerocar ou para guardar).
Pois então, um dia desses fui de uma banca de TCC na comunicação, os
alunos apresentaram como tema a propaganda de uma garota de programa em
Vitória, colocada em outdoor - não me lembro o nome da bofa. Encontrei então
Keka, e não sabia que ele estava lá. Conversou comigo e fiquei sem graça, pois
eu os adorava mesmo, achava um privilégio eles terem me escolhido e eu fiquei
assim, babando ao saber que agora ele era meu colega de UFES, e eu sempre
procuro, quando ex-orientando é colega, tratá-los assim, como colegas, como
companheiros de luta, eu sempre me esforço para não misturar as coisas e tenho
conseguido facilmente. Keka pareceu-me um homem tranquilo, com boa autoestima
(sempre os dois tiveram) e de uma humildade não-submissa que arrepiar a pele
desse velho professor. Um cara que é cidadão e pessoa, poderia dizer Paulo
Freire.
Mas aí eu perguntei pelo Gabriel Labanca, e ele disse de sua morte,
ainda tão jovem. Ele pode desmentir (coisas dos politicamente incorretos kkk),
mas ele me disse emocionado, com os olhos brilhantes impactados por alguma água
salgada de um olhar de perda e de (pré)sença do outro nele: eram amigos de
fato. Hoje resolvi pesquisar sobre o tema Revista Quase.... Fiquei emocionado
de lembrar os dois amigos, e que me escolheram como professor e orientador. Nós
professores, nascemos dos desejos discentes, não tenhamos dúvida disso!
Desejando ler nosso artigo advindo dessa experiência, e que encontrei na
internet agora publicado, se chama: "Quadrinhos, psicopedagogia e
democratização de mídia: análise crítica da oficina de histórias em quadrinhos
'Primeiros Traços'". Na nota de rodapé, colocaram meu nome como
orientador/ professor/ pesquisador, ainda bem que eles não se insubmeteram a
isso kkk
IMAGEM: (1) camisa vermelha Keka; (2)
ao fundo, Labanca em (pré)sença na nossa memória. Dois goza(dores)...
Sítio com o nosso artigo (se não der, copie e cole): http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/47756814713024795098780309091620488058.pdf