TENTATIVAS
DISCURSIVAS EM DIFERENCIAR E ENCONTRAR SEMELHANÇAS ENTRE OS TERMOS:
[1] HUMANISMO,
[2] HUMANISMO EXISTENCIAL,
[3] EXISTENCIALISMO,
[4] FENOMENOLOGIA,
[5] FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL.
Humanismo: é uma ideia psicológica, no nosso caso, uma Psicologia Educacional focada no
humano, aqui-agora no ser (sendo) humano, junto ao outro, no mundo. É a tomada do humano
por objetivo central, vital, focal, fornecendo a ele um ou mais sentido e
significado: O que é e como é ser homem? Qual o sentido de ser homem? “A posição humanista é
a de questionar exatamente esse ser humano; é de perguntar sobre o que é esse
homem? Ou ainda, quem é o homem? (...)” (Gobbi et al., 2005; 75). Entretanto, no humanismo
clássico, o ser humano é o centro de tudo, é o único. Nesse contexto o homem é foco de onde tudo começa e
termina. O homem é considerado aí "bom em sua essência" (havendo uma essência
humana), a sociedade, essa sim, é ela que o corrompe. Um texto humanista tem essas característica - tem vez que nem todas, mais ainda assim pode-se dizer humanista de acordo com o classificador, as justificativas dele. O humanismo tradicional ou clássico (outra classificação) não é tão valorizado, por endeusar o homem, colocá-lo no pedestal da bondade.
Humanismo existencial: a pessoa é: real e concreta e
pode pensar-sentir-agir assim - percebe-se concreta. Ela é singular (na pluralidade de ser) e é capaz de mudar-se, ao outro - o mundo. A
consciência (sempre humana) é dinâmica e relacional, o outro. É projeto aberto, devir; O homem faz opção e
escolhe, e se responsabiliza pelas escolhas, pelas perdas, pelos ganhos, pela angústia, pela ansiedade de ser no mundo. O tempo e espaço o pontua. O tempo, que não é
só matemático, mas tem função, e é vivido na relação consigo, com o outro, com o mundo. O homem é livre e responsável: “é mais saudável e
restaurador a pessoa experienciar o que ela tem de positivo, luminoso, belo”
(Ribeiro, 2007), mas ele tem um lado sombrio, fascista. Se por um lado, o ser humano é positivo, alegre, criador,
inventivo, por outro ele é queda, decai aos nossos olhos de sentido - nos assustamos com esse homem, mas ela é nosso espelho também - é nos vivermos adversidades que aparecerá esse animal que somos, feridos somos capazes de tudo, inclusive suicidar-nos. Há uma tendência do
humanismo existencial considerar a pessoa como "ser no mundo", um existir
encarnado, mas sempre mediando entre sua bondade mesma e sua igual maldade. A
Psicologia Humanista Existencial ou humanismo existencial "combina aspectos
do existencialismo e do humanismo, de uma forma que reconhece as contribuições
de ambas as abordagens, tentando ao mesmo tempo evitar algumas de suas
limitações" (GREENING, 1971, in COREY, 1983; p, 72) - por isso vai além da Psicologia Humanista clássica. O humanismo
existencial reconhece grande parte do ser humano como contingente e finito, mas
que esse mesmo ser (humano) tem uma disposição à autorrealização (como ser no mundo), uma vontade ele mesmo se
realizar, crescer, aprender, mas ao mesmo tempo, será essa corrente do pensamento,
que terá uma forte atitude (devidos aos estudos que faz) de afastar-se da
ingenuidade otimista de que o homem é o centro e é totalmente maravilhoso, que é o magnífico etc. "O
humanismo existencial inclui o reconhecimento existencialista do caos, da
absurdidade, da contingência, do desespero e o 'lançamento' do ser do homem no
mundo, onde ele, sozinho, é responsável por seu vir a ser. Abrange ainda o
postulado humanista, segundo o qual o homem tem um potencial imenso para
transformar-se a si mesmo, como um impulso irreprimível para experimentar a
plenitude, testando os limites desse potencial contra os obstáculos inerentes
da existência" ( (GREENING, 1971 - in COREY, 1983; p, 72). Textos humanistas existenciais ou humanista-existenciais, ao ser lidos e estudados, deverão ter essas características, ou parte dela - mas sempre ligadas às Filosofias subjacentes, por isso será preciso ler, estudar, aplicar. Vale ver como o autor se classifica, ou como bons pesquisadores o classificam.
Existencialismo: na Psicologia, como a Psicologia Educacional pode, por ora, significar: a análise e a
descrição da existência concreta, vivida, sentida na carne, encarnada. O sujeito envolvido no seu cotidiano mesmo, com alegrias e tristezas. Falamos de um existir donde
o ato de liberdade é sua proposta vital, como nascimento de si-mesmo, sua
afirmação. Nessa visão (um clima, um espírito, um estilo) o vital é existir
(uma fragilidade de “ser-sendo junto ao outro no mundo” – Pinel, 2005), e a
existência precede justamente a essa possível essência - ou por outra,
poderíamos falar em uma "essência existencializada" (Pine, 2005), uma essência efêmera, frágil, um sólido que desmancha no ar. Jogado no mundo, o homem tem
que responsabilizar-se pro si (junto ao outro, no mundo). Diante das escolhas que pensa-sente-faz deve responsabilizar-se, e mais, deve suportar a frustração de
ter que selecionar (as escolhas) e sofrer por perder outras e alegrar-se pelas escolhas que ele pode achar felizes, mesmo que seja por apenas um segundo. Os existencialistas são muito envolvidos com ficção (literatura, poesia, pintura, cinema etc.) donde um exemplo clássico é Sartre. Outros escrevem sua filosofia de modo poético.
Fenomenologia: é uma filosofia [1], é um método de investigação dos modos de ser da/ na experiência vivida [2]. A
Fenomenologia [1] valoriza a subjetividade e defende que ela (subjetividade)
pode produzir conhecimento, [2] valoriza a experiência do outro (subjetividade
do pesquisador e da pessoa que colabora com a pesquisa: intersubjetividade), o
significado e ou o sentido que dá/ fornece ao seu vivido como
ser-sendo-no-mundo (ou "ser sendo no mundo"), [3] opõe-se à noção de causa e efeito (nada causa nada, no
máximo “algo motiva”), [4] que o sujeito é indissociado ao objeto, [5] é vital o envolvimento existencial (epoché) e distanciamento reflexivo (eidos) – dentre
outros (ler Forghieri, 2001). Na pesquisa em Psicologia/ Pedagogia/ Educação Existencialista, o investigador pode ter como
proposta a de "descrever compreensivamente o fenômeno estudado" (geralmente uma experiência vivida
pelo outro; os modos de ser) e sua análise/ interpretação/ hermenêutica, pela via atitudinal de
se "envolver existencialmente" com ele (fenômeno), e ao mesmo tempo, de modo
indissociado, dele "distanciar-se reflexivamente", encontrando o significado do
vivido (refletir é isso), o experienciado, o encarnado. A Fenomenologia é “(...) o estudo das essências (...).
Mas a fenomenologia é também uma filosofia que recoloca as essências na
existência e não pensa compreender o homem e o mundo de outra forma que não
seja a partir de sua facticidade. (...) que põe em suspenso para compreender
(...) uma filosofia para qual o mundo está sempre aí, antes da reflexão, como
presença inalienável (...) (Merleau-Ponty, 1999; p. I).
Fenomenologia Existencial - tal qual o humanismo existencial; trata-se de uma associação entre uma abordagem e outra, textos com características de um movimento e outro. Pode ser que as teorias existencialistas foram ou são produzidas pelo método fenomenológico - essa é uma relação. Destacamos que, com exceção do humanismo clássico/ tradicional que elogia o homem como "a melhor coisa desse mundo", muitas negando suas patologias, perversões, maldades etc. - culpando a sociedade por isso, que ela tem lá suas culpas (sociedade repressoras, autoritária, fascista, nazista - por ex.), mas não só ela. Já as outras abordagens nos confundem, e é isso mesmo, uma classificação é apenas isso: classificação. O melhor é ler a obra toda, e em sendo convocado a classificar ou enquadrar, o faça ao seu gosto, com fundamentação - entretanto. Prosseguimos informando que há diversas classificações a partir dessas nomeações, como por exemplo: existencialismo ateu; existencialismo religioso; humanismo cristão; existencialismo marxiano (influenciada com certas e não todas, ideias de Marx) e ou marxista (influência direta das ideias de Karl Marx). No contexto existencial marxista podemos ler o "Segundo Sartre" e outros autores. Tem ainda: o existencialismo psicanalítico (Psicanálise aí não é a Sigmund Freud, pois o existencialismo se opõe ao conceito de inconsciente). Descrevemos uma Psicanálise Existencial de Sartre e outros seguidores. Há mais tentativas de classificação e ou enquadramento.
FONTE: PINEL, Hiran. Psicologia da educação; guia
didático para o curso de Filosofia, UAB/ UFES/ ne@ad, s/d. pág. 29/ 30.