sábado, 16 de março de 2024

Biografia

PHILIPPE PINEL, PAI DA PSIQUATRIA, UM DOS PRECURSORES DA PEDAGOGIA HOSPITALAR

Hiran Pinel, autor.
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A Academia Nacional de Medicina (ANM) produz uma pequena biografia de Philippe Pinel (1745-1826), considerado o fundador de uma Psiquiatria científica, e que aqui-agora provamos ser também um Pai da Pedagogia Hospitalar e da Classe Hospitalar - ou um dos precursores. Incluímos no texto um doutor Pinel formando um recurso humano para o auxiliar naquela hercúlea tarefa médica, de enfermagem, pedagógica em saúde, pedagógica hospitalar e classe hospitalar. Pinel como um homem do seu tempo, e espaço até hoje a nos provocar curiosidade.
O texto começa destacando a "forte inclinação para a vida religiosa, aos 22 anos resolveu estudar medicina e entrou para a faculdade de Medicina de Montpellier. Localizada no sul da França, esta instituição era considerada um importante centro de debates e aprendizado na área médica, pois foi uma das primeiras universidades de Medicina da Europa, fundada em 1220. Pinel formou-se em 1773 aos 29 anos e logo depois tornou-se doutor pela Escola de Medicina de Toulouse. Por ser residente em Paris, frequentava os círculos de escritores, literatos, cientistas, ou seja, de personagens imbuídos pela filosofia iluminista." (ANM)
'Em 1793, o Governo Revolucionário o nomeou médico chefe do Hospital de Bicêtre, localizado nas proximidades de Paris. Diante das precárias condições em que os alienados se encontravam, Pinel solicitou autorização à Assembleia Nacional para retirar as correntes dos pacientes, tratamento usual para os doentes mentais. Tal gesto e sua teoria foram contestados por muitos autores, mas bastante referido como mérito do médico francês: "libertando a loucura dos grilhões". (ANM)
Phillipe Pinel foi o principal percussor do processo de mudança que possibilitou o surgimento do alienismo na sociedade moderna. Ele integrou a corrente que constituiu o saber psiquiátrico por meio da observação e análise sistemática dos fenômenos perceptíveis da doença." (ANM)
"De acordo com vários especialistas, Pinel observou a influência da hereditariedade na evolução do distúrbio mental da mesma forma que apontou as causas morais como as mais prováveis para a alienação. Por todo o século XIX outros alienistas deram continuidade a tais conceitos a partir das observações feitas por Pinel. Apesar da ênfase dada à questão da hereditariedade ter variado, na segunda metade do século XIX passou a ser apontada como um fator-chave no desenvolvimento das perturbações mentais." (ANM)
"Pinel considerava a alienação mental como qualquer outra doença orgânica, por concebê-la como um distúrbio das funções intelectuais (funções superiores do sistema nervoso) sem a constatação de inflamação ou lesão estrutural." (ANM)
"Para explicar a loucura, o alienista identificou três causas, tais como: as causas físicas que se ligavam às fisiológicas; as causas ligadas à hereditariedade e as causas morais (paixões intensas, excessos de todos os tipos, irregularidades dos costumes e hábitos da vida)." (ANM)
"Pinel defendia a cura da loucura por meio do chamado "TRATAMENTO MORAL" ¹, que consistia em uma ampla PEDAGOGIA normalizadora com horários e rotina rigidamente estabelecidos, medicamentos receitados somente pelo médico e atividades de trabalho e lazer." (ANM)
"Nesse sentido, podemos aventar a ideia, de que Pinel construía assim, o que hoje denominamos de PEDAGOGIA HOSPITALAR, no caso, não-escolar, focando na alegria contida em trabalhar e desfrutar do prazer da vida pela via do lazer. Assim, a instituição hospitalar lhes oferecia coisas e proposta, envolvendo-os em atividades pedagógicas ligada à Psicologia Educacional, que pode ser traduzidas pelo planejamento, execução e avaliação de propostas lúdicas, recreativas, expressões corporais pelas sensações e percepções etc." [HIRAN PINEL]
Em 1795, Pinel foi para o hospital de Salpetrière, onde ficou por 31 anos. Ao morrer de pneumonia em 1826, Pinel deixou como discípulos Jean-Etienne Dominique Esquirol" (ANM) (1772-1840) e um dos fundadores da Educação Especial Jean Itard (1774-1838)" [HIRAN PINEL].
"No sentido filosófico (teórico) Pinel foi marcado pelo "sensualismo". Ele trabalhava com uma abordagem descritiva da ciência. O método dele tinha pontos com a história natural, pois, nele pai da Psiquiatria, o ato de conhecer nasce da observação empírica dos fenômenos. Assim é da "experiência" (sensual) que origina o conhecimento da "pessoa humana"." [HIRAN PINEL]
"Então Pinel, inspirado em Condillac produziu e criou seu método de pesquisa que consistia em "observar e descrever". Esse seu procedimento é mais forte na sua obra "Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental ou a mania", que é o primeiro livro do mundo que disciplina a classificação das alienações mentais. Esse ponto de vista de perceber o mundo, Pinel busca referências, sendo assim discípulo, em Hipocrates (460 a.C.-377 a.C.) e especialmente do filósofo francês Étienne Bonnot de Condillac (1714- 1780) e outros, marcado pelo "sensualismo". [HIRAN PINEL]
"A Epistemologia Sensualista nos indica alguém (cientista; profissional de ajuda numa Pedagogia da saúde mental) que foca nas sensações e nas percepções humanas, estas que são a forma simples e básica, que a desvela o verdadeiro "processo vivido da cognição" (pensamentos, reflexões, resolução de problemas, raciocínios, psicomotricidade etc.), sendo essa, a "cognição na sua essência". [HIRAN PINEL]
"Esse modo de ser cientista, na época, já estava presente na Filosofia grega como no estoicismo e no epicurismo. Vamos tocar em Epicuro de Samos, nome grego que significa "aliado, camarada", nasceu em Samos, no ano de 341 a.C., falecendo em Atenas entre 271 ou 270 a.C. [HIRAN PINEL]
"Podemos considera o grande fundador da "clínica", ao nosso perceber, no "aqui-agora" do ano de 2014, é o encontro humano livre e aberto na moderação dos desejos de Epicuro. Um clínico que demanda estar pressente no interesse refinado do pesquisador (e do profissional da saúde), que pelo esforço da empatia, que nunca é plena, relativa que é, para e com aquela pessoa que sofre, promove cuidados, mudanças sentidas. Epicuro e o outro que pacientava, eles mesmos, clamam por cuidados, de modo explícito ou implícito, focando nas sensações e percepções corporais e afetivas [HIRAN PINEL]

"Esse (co)movimento de "sensacional sensação" pode vir a facilitar o "desvelamento da cognição", aquele acontece na sabedoria com o outro, no mundo. Uma sabedoria na quietude das emoções e na saúde, que ela mesma contém a amizade. O irmão-camarada [e uma espécie de um "onde" (lugar-tempo) reside o "ser' no seu mais alto prazer de ser-no-mundo". [HIRAN PINEL].

"Prosseguindo, o sensualismo produziu impacto nos sensualistas britânicos, penetrou o ser dos associacionistas (também britânicos), e adentrou aos positivistas no século XIX. Era preciso um sintoniza de si-corpo para a alma e a mente se tocarem, ainda que isso não se explicitasse, pelo mecanismo de uma lógica determinista, que aqui ousamos contrapor contra a nossa vontade, mas ao nosso desejo" [HIRAN PINEL].

"Pinel, um médico do seu tempo-e-espaço, não foi arrogante, por certo, mas persistente e perseverante. Vendo um ex-paciente que andava pelo hospital da época, ficou encantado com os modos como aquele moço simples conversava sem medo com todos os doentes, inclusive os amarrados para serem contidos. Convidou-o a ajudá-lo, por uma quantia que o Estado dispôs a agradar Pinel. A perspicácia de Pinel e a sua sensibilidade com o outro que poderia ser desprezado, levou a esse ex-paciente, de nome Jean Baptiste Pussin  (1746-1811), a "atuar" (clinicar, como um leigo, não menos interessado e cuidadoso) colaborando com o nascimento de sua Psiquiatria. Pinel pediu colaboração da esposa do rapazote, Madame Pussin. O nome desse rapaz, entrou nos anais da Psiquiatria e da Saúde Mental pelo próprio doutor. Philippe chegou a descrever a ação de Baptiste em um dos seus livros, e o fez com atenção e consideração" (HIRAN PINEL)

"Pinel produziu um texto escrito que deixou um enorme legado à ciência da Saúde Mental, a de que um ex-paciente pode ajudar a cuidar dos doentes. Jean passou a cuidar daqueles que um "foi si"; afinal, ele atuou em um espaço onde um dia ele se localizava como paciente. Hoje, como um profissional, podemos descobrir que nascia o que se denomina hoje dele de Pussin ser o pai da Enfermagem da Psiquiatria (ou da Saúde Mental) e de um dos que fizeram nascer o esboço do que é hoje denominado de Pedagogia Hospitalar, ainda que atuasse sob orientação e ou supervisão de Pinel, vamos pelo menos dizer, que contemporaneamente, ele seria o co-autor dessa Pedagogia" (HIRAN PINEL)

"(...) Nesse sentido, podemos imaginar a escola presente no hospital como uma ferramenta de oposição à loucura produzida por aquele sociedade e cultura da sua época. Uma vez, doutor Pinel pediu a esse homem chamado Pussin, para ensinar a escrever e calcular, e outros conhecimentos, a um grupo de crianças internadas naquele hospital, e ele o fez com a atenção de um professor. Ora, isso mais aproxima Pinel como criador de uma Pedagogia Hospitalar, agora na área da escolaridade e da escolarização, do que contemporaneamente, reafirmamos, se anuncia como Classe Hospitalar." (HIRAN PINEL)

"Pussin, sob orientação do doutor Pinel, conversava com os pacientes, fazia cumprir as normas pedagógicas de auto-cuidados higiênicos físicos de impacto na área mental e emocional, dava aulas para as crianças, produzia brinquedos, brincava, inventava vários modos de recreação. obviamente dentro daquele complexo contexto iluminista. Dá para imaginar Pinel orientando Pussin, e esse último reinventando possibilidade de cumprir as sugestões "pinelianas", e mesmo, posso fantasiar ele as subvertendo, pois um ex-paciente é sempre inventivo e conhece, e Pussin percebia com quem lidava, uma espécie de "si mesmo, e ao mesmo tempo, diferente de si" (HIRAN PINEL).
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¹ Tratamento aplicado a todos os indivíduos que não se enquadravam nos padrões sociais de comportamentos. O tratamento moral era praticado pelos alienistas e incluía o afastamento dos doentes do contato com todas as influências da vida social nas instituições psiquiátricas, aqueles considerados loucos eram submetidos as normas e disciplinas rigorosas.


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REFERÊNCIAS:

ACADEMIA Nacional de Medicina. Philippe Pinel. SITE: http://www.ccms.saude.gov.br/hospicio/text/bio-pinel.ph

PINEL, Hiran. que ampliou o texto, e para isso, por questões de autoria, insere seu nome entre colchetes.

PINEL, Philippe. Tratado sobre a insanidade. Livro de 1801; em 1809 a segunda ediçáo quando descreve Pussin colaborando em retirar as correntes que atracavam os loucos ou doentes mentais da época.

PINEL, Hiran. Philippe Pinel (1745-1826), o grande Fundador da Pedagogia Hospitalar (classe hospitalar e o lúdico na saúde) em todo mundo, e Jean Baptiste Pussin  (1746-1811) como co-autor desse fenômeno. Vitória, ES: IP/ USP, 1999. Trabalho acadêmico.

PINEL, Hiran. Philippe Pinel: aprendendo com o outro; quinta-feira, 8 de junho de 2017; hiranpinel.blogspot site: http://hiranpinel.blogspot.com/2017/06/800x600-normal-0-21-false-false-false.html

The man behind Philippe Pinel: Jean-Baptiste Pussin (1746–1811); Published online by Cambridge University Press:  02 January 2018; Jean-Pierre Schuster, Nicolas Hoertel and Frédéric Limosin https://www.cambridge.org/core/journals/the-british-journal-of-psychiatry/article/man-behind-philippe-pinel-jeanbaptiste-pussin-17461811/814A05CAB575424F146D00339C265998

PINEL, Hiran. Biografia. PHILIPPE PINEL, PAI DA PSIQUATRIA, PAI DA PEDAGOGIA HOSPITALAR. Site: https://www.blogger.com/blog/post/edit/8784281912031268894/7521328543254344448 Acesso: 25 junho 2024

Information: The British Journal of Psychiatry Volume 198 Issue 3 , March 2011 , pp. 241 DOI: https://doi.org/10.1192/bjp.198.3.241a[Opens in a new window] Copyright Copyright © Royal College of Psychiatrists, 2011

Jean-Baptiste Pussin. In: Michel Caire, « Pussin, avant Pinel » L'Information Psychiatrique, 69, 6,1993, 529-538 - http://psychiatrie.histoire.free.fr/pers/pussin.htm Acesso: 24 julho 2024