A PRODUÇÃO DE MITOS E ÍDOLOS: RIGOR, BONITEZA, MISTÉRIO
HIRAN PINEL, autor.
Marylin Monroe ou MM foi (e é) o melhor (e talvez, o maior) mito produzido no mundo ocidental (e o mundo todo), nem mesmo políticos inventados ligados a essa ou aquele ideologia, ou um cientista humanista ou de potência social, nenhum se compara a essa atriz talentosa para seus papeis, cantora diferenciada com voz frágil e dançarina.
Esse texto partiu de um micro-vídeo onde a rainha Elizabete cumprimenta MM, e ela faz um gesto amplo que rouba a cena da rainha, fazendo-a, assim, ser "A Rainha" no nosso imaginário, que é nosso, mas produzido pelo social, cultural e histórico.
Elenco três característica de um mito e ídolo. Há diferenças entre os termos, mas também semelhanças, e foi com essas últimas que nivelei.
O artista - mas não só ele, é mais "talhado" a isso, pois traz o [1] rigor apaixonado da percepção singular/plural do fã ou "admirador afoito", a [2] boniteza física-moral-ética do mito a ser produzido/ inventado/ criado e o [3] mistério que ele cria e assim faz portar em si mesmo como ser singular.
1. rigor
2. boniteza
3. mistério
Dissecando mais: a criação do mito, seja qual for a indústria, tem essas variáveis:
[1] um rigor que transmite (boa atriz, cientista exigente, escritor competente, o poeta tresloucado, a amante perfeita ou devassa ou amorosa, a artista estudiosa, tem esse ou aquele curso naquela escola etc.). O mito deve ter (*I) competência (dominar seu ofício), estudar, ter "missão" ou "vocação" (os santos do povo); ter certificações, aprendeu por si mesmo (como se isso fosse possível) etc.; (*II) desejo em estar naquele ou nesse lugar-tempo de ser no trabalho, motivação, vontade, disposição; (*III) humildade não-submissa para errar, reconhecer que isso ocorreu, ser corrigido, aceitar o erro e modificar-se, e (*IV) ser ousado e ou corajoso, e saber enfrentar garbosamente as intempéries, fazendo disso sua biografia heróica; aproveitar de situações e se recriar; fazer papeis inesperados nas séries de TV, por exemplo; impactar a sociedade com suas ideias; ousar em descobertas científicas (hoje se cria heróis institucionais, por exemplo: a vacina contra a covid, não aparece o nome do cientistas, enquanto popular, mas da indústria como a Pfister, talvez até por ser uma equipe de pesquisadores, mas ainda assim, um pode se diferenciar, mas não lhe é dado crédito, ainda que possa dar dinheiro - assim, a empresa é o mito) - (PINEL, 2004).
[2] a boniteza (beleza física, moral, ética, elegância, fala bem, belos gestos, estética profissional...) e... A estética e a ética são inventados, impostos, pois ambas são construídas pela e na sociedade, cultura e história. Um ídolo pode ser um assassino em série (quão hábil e inteligente ele foi; quão belo ele foi nas suas ações em matar maridos violentos contra as esposas - como se o assassino fizesse justiça com suas próprias mãos...). O cara pode ser, no caso, feio e sem ética para aquela sociedade e cultura, mas isso é modificado, ainda que só para aquele caso, aquele do assassino em série. Por exemplo: o bandido da luz vermelha (essa luz é uma invenção, pois acidentalmente, uma vez ele teria usado tal lanterna... - a imprensa que criou e romantizou isso) etc. O mito Roberto, a imprensa transforma a doença do TOC do artista, e faz disso um mito do inacessível, mas é uma doença emocional até comum. O coração bondoso, o título de rei... tudo é uma invenção. Os ídolos asiáticos jovens e imberbes: não podem dizer se são gays e ou "héteros", se as fãs descobrem que têm namoradas, a carreira despenca, e eles costumam desmentir etc. A própria criação cultural de mulheres que amam homens ambíguos é uma produção social, a partir de um ou outro caso singular (na pluralidade de ser). Outro exemplo: ela fez "teste do sofá" ou não para tornar-se estrela? Quem financia esse ídolo? Porque essa empresa ou esse bilionário? Quem o financia é um amante que usa do corpo do mito, ou seja, o torna real, mas que para o público permanece como tal? Se, se revela, como pode? Será verdade ou será mentira?
[3] algo irrevelável, e que se for revelado, falta mais a revelar, a esconder. Algo que não se consegue chegar perto - e se chega, nada se entende. É um ser humano que quanto mais se mostra, mais se esconde. E mais, o mito se afasta do real, pois segredos ampliam a curiosidade sobre ele. Os segredos mantidos a sete chaves, afastam ao ser autêntico do ser humano - ele é humano? Há questões como essa a manter um ídolo. Manter segredo, e não permitir a intrusão - ficar distante do povo comum (seus admiradores); espalhar mentiras acerca de si costuma ajudar, e muito, na constituição daquilo que se costuma descrever como mítico etc.
Hiran Pinel, autor; em usando direta ou indiretamente o texto, referende. Fez do texto o seu, seja ético, e diga, em algum momento em quem se referenciou, isso indica postura científica. Artigos científicos, fora de revistas ditas científicas, continuam sendo científicos, só que o autor publicou-os em espaços-tempos mais populares, mas isso continua sendo científico. A ética científica exige esse reconhecimento.