domingo, 1 de outubro de 2017


Meu olhar se encerra na capital - Banguecoque,
luzes, sombras, névoas e kathoeis caminhando - loucos arados.
Buda de ouro, um outro lá que caminha longe.
Na pontinha da nação, os islâmicos não me dão chibatadas.
Não há prédio com 8 andares por perto e nem pedras de mão.
O shopping é de Siam e eu peço massagens.
Eles fazem tudo completo em cima de mim, me desespero.
Orgasmos de belas garotas na pole e um cheiro nobre no ar.
Um rapaz se esforça em me agradar e me define "jovem" - morri.
Um crime é anunciado no carnaval das águas, ali no rio mais perto.
O hino nacional é cantado na Universidade de Mahidol,
antes de projetar meu filme "Lar, amor, memórias, felicidade".
Por que você fotografa minha escola? É para você me retratar vazio?
Krist e Singto perguntam-me: Você esqueceu de nós dois?
Os convido jantar e dar uma passadinha na Ponte Rama VIII.
Saio tonto do muay thai, pois fui nocauteado e fiquei de quatro
e o vencedor me teve como troféu, uma "doença tropical".
A minha febre está alta, peço clemência e recebo um ósculo.
Descubro que sou protagonista de uma série yaoí de pouco sucesso,
mas cujo final faço spoiler: abandonado como "amor em Sião".
Podem chorar manas, podem - pois a vida é real, feia ou bonita.


[ficção; Hpinel]

***

Esse texto poético acima, recordou-me de Sorge (Cuidado, Cura, Preocupação) também escrito por mim:

*
SORGE COMO CUIDADO

"Trazendo o tema Sorge para a Pedagogia, e ressaltando de modo inequívoco, de que seu objeto são as práticas educacionais, a afirmativa heideggeriana sobre o tema, desvela o pensar de que o Cuidado (preocupação, cura) é a essência do ser humano, ela nos produz e nos torna o que somos, e vai nos moldando sempre. O Cuidado nos mantém e nos define ao longo de todo nosso existir. Pedagogicamente, somos (co)movidos em criar diversas práticas educacionais existenciais, com o finco de refletir e compreender Sorge, e a a partir dessa Educação pela sensibilidade, revelar a nossa própria existência em “si mesma”, ou a singularidade de ser, mas no movimento plural do “ser-com”. Um dos modos disso acontecer concretamente é associar leituras e estudos da produção científica e filosófica, associada às reflexões que (com)duzem a autocompreensão e compreensão do outro, dos outros – todos advindos do mesmo nascimento-Sorge.' (PINEL, 1999; p. 4)