UM MÉTODO FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL
DE PESQUISA (E DE INTERVENÇÃO) INSPIRADO EM VIKTOR FRANKL
Hiran Pinel - 12/12/2012
INTRODUÇÃO
Qual é o método fenomenológico-existencial de
pesquisa (e de intervenção) que pode ser pensado-sentido-agido inspirado no
psicólogo e educador existencialista Viktor Emil Frankl?
MATERIAL,
MÉTODO & TEORIA
Fundamentalmente, este "paper" emergiu do
artigo de Hiran Pinel, intitulado "o conceito de "otimismo
trágico" de Viktor Emil Frankl: Subsídios para o Exercício do/ no Ofício
Educador Social", publicado em "Psicologado.com.". Este artigo estava em um antigo site
de uma revista, que foi fechada. O sítio era: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-social/o-conceito-de-otimismo-tragico-de-viktor-emil-frankl-subsidios-para-o-exercicio-do-no-oficio-educador-social
Ora, tais ideias partiram de Frankl, e então nos
inspiramos nele, em: Frankl (1990, 1991; 1995). Mas, este modo de pesquisar o
sentido, tem mais detalhamentos cuidadosos, que se aproximam de outras propostas
de pesquisa como as de Forghieri (2003; 2012) e outros, onde o conceito de
pessoa, mundo, problemas e tentativas de ação de ajuda pela via da criação de
práticas educacionais e de clínica são bases teóricas para pensar-sentir-agir
uma investigação de tal verve e dimensão de relevância psicossocial.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
Como chegar ao sentido? Como
revelá-lo? Como pesquisá-lo?
Há uma via de um processo de
descoberta do sentido, uma revelação de que pode tomar como primeiro passo a
utilização de depoimentos, de biografia, de memorial do todo ou parte de um
causo de sentido, pontuando ela mesma, o que denominamos de vivência de
sentido.
No seu livro "Em busca de
sentido", Viktor Frankl faz um longo depoimento acerca da sua própria
experiência vivida-sentida nos campos de concentração nazistas onde esteve,
viveu, sentiu... Tratam-se de espaço-tempo de onde inventou seus discursos e ou
teorias - do lugar do sofrimento, o transcender se deu por sua luta em criar
uma psicologia clínica, ou melhor, uma terapia e ou psicanálise existencial.
A partir daí, deste vivido, o
sentido de ser (e o sentido da vida) pode ser localizado entre uma
"experiência-surpresa-inusitada" como numa percepção gestáltica, ou seja,
repentinamente emerge um sentido diante de nossa percepção total, inclusive
nosso olhar, nosso cheirar, nosso tocar etc.
Poderemos, a partir das descrições
obtidas da nossa coleta de dados, "enxergar" (sentir) e tocar em algo
inédito, inusitado, uma surpresa que no desvela um sentido ou mais sentidos.
Todavia, não se trata aí de apenas
revelar uma "Figura‟ que percebemos como que postada ou declarada de modo
inconteste de um "Fundo‟, mas, que também é algo além à percepção
gestáltica.
Ora, no caso da "percepção do
sentido", podemos sentir, raciocinar e agir diante do que se nos revela,
pelo que se mostra, o de que há um questionamento à descoberta imediata de uma "possibilidade"
no "fundo (de uma) da realidade" - há assim uma esperança que emerge
da vontade de sentido de ser na ação pela persistência e perseverança.
Neste movimento psicológico e
social provocativo do ser pesquisador, o que nos parece estar efetivamente "jogado
na nossa cara" é a possibilidade também da nossa arte de interferir na
realidade, e isso, nem sempre é algo não imediato, mas agir é preciso,
indissociado ao sentir e ao refletir ou racionar e ao corpo que fala, que
sente, que revela.
Assim, como pode acontecer de experienciarmos
mudanças? É demandado Sorge na espera, pois o existencialismo implica também em
esperar, uma educação que espera, educação da espera. E quando essa ações que
mudam acontecem? Elas só ocorrem quando há uma oportunidade implicada em
necessidade e ou vontade. é demandado "vontade de sentido". Quando
isso "de mudar" for possível, a surpresa mesma irá exigindo do
pesquisador e o pesquisado, cuidados, auto-cuidados, delicadezas e ações até
radicais, pensamentos inventivos, expressões corporais de enfrentamentos e de
resiliências, um abrir a sentimentos, emoções e desejos compatíveis como nosso
projetos de ser e de sonhos.
De fato, cada situação vital com
que temos de lidar de modo belicoso ou não, nos (co)move a uma demanda, e será
a vida que poderá nos levantar uma questão, uma pergunta. Falamos de uma
interrogação que Ela (a Vida) exige de nós uma resposta, impondo-nos o
"fazer algo" diante da vida provocadora, naquela situação específica
indicada, pontuada, revelada.
Vamos imaginar uma pesquisa
fenomenológica com a criança, por exemplo. Essa criança (ou um grupo delas), quando
ela é uma pessoa que colabora com nossa pesquisa, poderemos descrever e revelar
que ela atua de modo mudar o (seu) vivido, seja através do desenho, das tarefas
escolares, do lúdico, do obedecer e do desobedecer, do sentir dor e alegria
etc. A criança, então, pode revelar o sentido de ser do sentido da (sua) vida,
e essa revel(ação) é um agir, pelo menos uma tentativa, corpo/alma/mente. O
sentido emerge e se cristaliza na ação. É a ação que, ao se permitir conduzir
pelo sentido, revela o próprio sentido do sentido.
PÓS-ESCRITO
Dentro de um estudo acerca do sentido (da vida) do
educador e do educando, é que aparece o que poderíamos de modo inventivo
denominar de objeto da Pedagogia Hospitalar. Esta Pedagogia é a própria
intervenção que advém do que se denomina trabalho pedagógico e educacional
hospitalar e domiciliar.
O objeto desta Pedagogia são as práticas
educacionais contidas nos atendimentos educacionais em ambientes hospitalares
(e domiciliares) seja quando propõe ensino de conteúdos escolares preconizados
pelo Estado, que pode classicamente acontecer no espaço físico denominado de
classe hospitalar, assim como ensino-aprendizagem de conteúdos não escolares,
formais e ou informais.
Neste tipo de proposta da Psicologia Existencial, o
que tem contado de modo indelével são as atitudes (e até habilidades que podem
ser aprendidas) dos profissionais do magistério e do ensino-aprendizagem que
irão (co)mover suas propostas com disposições à escuta, ao cuidado, à
generosidade, à empatia etc., e reconhecendo a presença frankliana nesse
processo vivido.
O objeto
formal da Pedagogia Hospitalar, que pode ser uma intervenção na realidade
vivida pelo educando e ou aluno com graves problemas de saúde que lhe impõem
internação por longos períodos de tempo. Estas propostas de intervenção nascem
do planejamento, execução e avaliação de prática educacionais que impõe a
relação educação e saúde. A Pedagogia Hospitalar é uma ciência normativa,
comprometida com o fazer, com o agir, mas também com o sentir, o pensar, o
refletir - elaborar projetos de ser e de sonhos. Apropria-se de diversas
análises de indivíduos enfermos, de grupo deles, de instituições criadas para e
com eles como escolas, hospitais etc., bem como o poder e potencia da sociedade
onde tudo isso se insere. A Pedagogia Hospitalar precisa de outras ciências que
lhe dêem suporte para inventar e ou produzir tais práticas educacionais. Denominamos
classicamente que a Pedagogia é uma das Ciências da Educação, demandando da
Psicologia, da Sociologia, da Filosofia, da Biologia, da História etc.
REFERÊNCIAS
FORGHIERI, Yolanda Cintrão. Psicologia
fenomenológica; fundamentos, método e pesquisa. São Paulo: Pioneira, 2001.
FRANKL, Viktor Emil. et al. Dar sentido à vida.
Petrópolis (RJ): Vozes; São Leopoldo (RS): Sinodal, 1990.
FRANKL, Viktor Emil. Em busca de sentido: um
psicólogo no campo de concentração. 3. ed. Petrópolis (RJ): Vozes; São Leopoldo
(RS): Sinodal, 1991.
____ .
Logoterapia e análise existencial. Campinas (SP) :Psy II, 1995.
FREIRE, Paulo. Paulo
Freire e os educadores de rua; uma abordagem crítica. Projetos Alternativos
de Atendimento a Meninos de Rua. Bogotá: UNICEF, 1988.
____. Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
____ . Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1989. FROMM, Erich. Ter ou Ser? Rio de Janeiro, Guanabara, 1987.
Fonte: © Psicologado.com no artigo: O conceito de "otimismo trágico" de Viktor Emil Frankl: subsídios para o exercício do/ no oficio de educador social