O MÉTODO FENOMENOLÓGICO DE CARL ROGERS
Hiran PINEL, autor.
O método fenomenológico de Carl
Rogers é algo que eu estou refletindo. Pensei: Em Rogers sendo psicólogo e ou
professor/ educação fenomenológico, como posso escrever sobre isso. Primeiro é
reconhecer que Rogers passou tangencialmente pelo método fenomenológico, mas
muitos didático o classificam assim, e o motivo quase é sempre é porque ele
foca na subjetividade. Interessado no método mesmo recomendo ir às bases como Husserl,
Merleau-Ponty, Heidegger e até Simone de Beauvoir que subverte, mantendo alguns
pontos como “ir às coisas mesmas”, leve epoché, com elementos diferenciados:
valoriza a explicação e na Filosofia da História, ou a História mesma.
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Rogers, vamos defender como
fenomenológista, mas um psicólogo, um clinico, um terapeuta humanista-existencial,
professor, educador, cientista etc. Ou seja, como ocorre sempre, a
Fenomenologia nasceu na Filosofia, mas quando um psicólogo clínico e ou
professor humanista vai até a ela (Filosofia) e traz para sua outra ciência
(Psicologia clínica e Pedagogia e suas práticas educacionais) ele vai dar
outros significados ao que leu, sentiu, agiu. Ele vai aplicar do método
fenomenológico apenas o que ele conseguiu. O foco do Rogers é a clínica
psicológica e a ações sociais. Nunca nada dele que destaque o método, Husserl,
Merleau-Pony.
Rogers inspira-se na ideia, de que a
melhor maneira de compreender a experiência de uma pessoa. é através da sua
própria perspectiva (dela, da pessoa), e com isso o cientista "ir às
coisas mesmas", no caso, "ir à experiência mesma"
da pessoa.
É na experiência é que está
o ser a ser descrito e compreendido, e nela que tudo se
encontra do experienciar. Rogers defendia a importância de "entrar
no mundo do cliente", e essa proposta pode significar "a
coisa mesma".
O modo se "ir a essa coisa",
é "entrar no mundo experiencial do outro" e descrevê-lo
objetivando compreensão acerca desse ser humano que se desvela do seu mundo
singular, na pluralidade de ser.
''Perceber as coisas'' do
"seu" ponto de vista, o ponto de vista dele (Rogers), do outro. e
isso Carl aproxima-se a um "ponto central" do "método
fenomenológico" rogeriano; o profissional da clínica, da
prática educacional e da pesquisa precisa envolver-se existencialmente
com o outro, como SE esse outro fosse. Assim, a proposta de Rogers é
de ir à subjetividade, e isso o traz mais e mais à lume, elementos
do “método fenomenológico”. Se um elemento do método fenomenológico é a
epoché (suspensão), a empatia, tão valorizada por Rogers dá essa ideia, aproximando
muito. Como “a epoché nunca é total”, então a empatia que também o é (senão,
não seríamos nós, mas o outro) traz essas ligação de “mergulho profundo”
no ser do outro.
Princípios fundamentais do Método Fenomenológico em
Rogers:
[1] ESCUTA EMPÁTICA: o pesquisador (ou o terapeuta) escuta o
cliente (ou sujeito da pesquisa) com atenção e compreensão, buscando entender
seus sentimentos, pensamentos, ações corporais nas experiências, não escapando
dessa situação experiencial de "ser o outro" (SE), evitando
distrações, perda da atenção naturalmente focada no outro;
[2] ACEITAÇÃO INCONDICIONAL:
do ser humano tal qual ele o é; o cientista (e ou clínico, ou os dois) aceita o
cliente/ paciente como ele é, sem julgamentos ou críticas. O sujeito da
pesquisa também no campo vai sem julgar, suspende as críticas, as teorizações,
os preconceitos, estigmas, discriminações;
[3] CONGRUÊNCIA: o
terapeuta e pesquisador devem ser autênticos e verdadeiros em sua relação com o
cliente ou sujeito da pesquisa; ser honesto, mas de uma honestidade não
violenta;
[4] RESPEIRO & PERMISSÃO
À PESSOA SER: O terapeuta e pesquisador deve reconhecer a autonomia do
cliente, mas de um autonomia diante do outro, não de uma encapsulada. O
pesquisador reconhece a capacidade do outro de tomar suas próprias decisões,
ele com ele mesmo e com o outro, e os outros, já que a pessoa é relação e é
encontro.
Aplicação do Método
Fenomenológico >>> método fenomenológico é
aplicado na terapia através de algumas técnicas específicas, como: REFLEXÃO: o
terapeuta reflete os sentimentos e pensamentos do cliente, sua expressão
corporal, ajudando-o a ter uma maior clareza sobre sua experiência, e uma ajuda
pautada pelo cuidado. Na reflexão, no momento da descrição do vivido no set
clínico ou no set do campo, o pesquisador interrogará ao texto descrito: O que
é e o como é essa pessoa nessa experiência vivencial?. Tem ainda a CLARIFICAÇÃO:
o terapeuta (pró)cura e ou busca esclarecer os pontos que o cliente está
expressando de forma confusa ou incompleta, deixa claro o outro, do ponto de
vista daquele outro; o pesquisador (e nem o clínico) se posiciona
interferindo; FOCALIZAÇÃO: o terapeuta cuida para que o cliente e
ou o sujeito da pesquisa se concentrem em um determinado aspecto de sua experiência,
aprofundando sua compreensão. No caso da pesquisa, o cientista foca na
experiência do outro, e se aprofunda em sentir-pensar-agir o ser dele (da
pessoa da pesquisa) na experiência pesquisada. Mas, como vemos, essas etapas
são etapas (racionalidade), mas também são atitudes, disposições etc. Mas, se dicar
na empatia, essa é uma decisão essencialmente de sentido e aproxima do método
fenomenológico no que tange à epoche.
Benefícios do Método Fenomenológico: O método fenomenológico, como um modo
de intervenção ou de prática educacional existencial, pode trazer diversos
benefícios para o cliente, para o estudante ou para o sujeito da pesquisa, e
aqui-agora fica evidenciado de que o método de pesquisa tem impacto de ação.
O método é de pesquisa, mas é também
de intervenção (é uma prática educacional existencial) – os dois.
Ambos movimentos, pesquisa e cuidados com o outro (educação, terapia).
Um pesquisador empático (fenomenológico),
com essa atitude, vai a campo coletar (ou produzir) dados, “mas a sua presença’
não é apenas uma “simples presença”, descrevemos uma (PRÉ)SENÇA,
alguém que é “presente de presença” (a presença como presente simples e
cotidiano) na vida do outro. Ninguém escapa de uma relação humana diferenciada
do ponto de vista de produzir benefícios no outro. Assim, essa relação mediada
pela empatia descrita por Rogers, vai além de uma relação humana, mas “inter-humana”,
e “interexperiencial”.
O encontro pesquisador-pesquisado
pautado pela empatia, por produzir no outro melhor autoconhecimento,
ou seja, a pessoa que colabora na pesquisa cedendo seus dados, se torna mais
consciente de seus sentimentos, pensamentos, corpo, raciocínio, emoções,
desejos - tudo isso contido nas experiências; crescimento pessoal: desenvolve
a capacidade do outro em lidar com situações difíceis e de se adaptar às
mudanças, repetindo: a função do pesquisador pode ser descrever o impacto do
método fenomenológico de pesquisa sendo transformado em intervenção, mas de
modo mais comum, essa não é a meta do pesquisador, ainda que isso possa
ocorrer, se o pesquisador realmente ser um diferencial na vida do outro, veja
que o método traz elementos da clínica; melhora nos relacionamentos
inter-humanos e interexperienciais: o outro se torna mais capaz de se
comunicar e de se relacionar com outras pessoas, melhorando a qualidade
relacional oferecida ao outros, e o encontro, por si só, é a experiência.
Críticas ao método fenomenológico: TODO MÉTODO DE PESQUISA TEM SEUS LIMITES, E
PODEMOS LEVANTAR DIVERSAS CRÍTICAS. Em Rogers isso se complexifica, pois ele
nunca produziu algo sobre ele ter usado o método fenomenológico, ou marcado por
esses pensadores. Ele realmente dedicou um bom capítulo sobre Paulo Freire, e
apesar das diferenças entre dos dois, há pontos em comum, ele pondera
.O método fenomenológico tem sido
criticado por ser uma abordagem "muito subjetiva", e por algumas não
levar em consideração os fatores sociais e culturais (históricos) que podem
influenciar a experiência do cliente e do pesquisador, mas, isso, tende a ser superado,
não falo afirmando, mas sugerindo ligações, quando Rogers escreve "Sobre o
poder pessoal", é nesse clássico, por exemplo, ao esse psicólogo irá
interessar-se pelo livro de Paulo Freire, "Pedagogia do Oprimido",
levando-o à realidade, à concretude, ao encarnado.
Freire anuncia as humanidades, mas
acima de tudo denuncia as violências das instituições (suas desumanidades). A
própria ação desse psicólogo e educador em adentrar aos movimentos políticos,
revela sua teoria, ele foi um ativo cidadão popular e conhecido, até
popularmente, engajado contra a bomba atômica, participou de passeatas em plena
Guerra Americana no Vietnã.
Adicionado a isso, alguns críticos
argumentam que o método fenomenológico consome muito tempo e carece de uma
estrutura teórica clara. O tempo consumido é na terapia, e essa é sua benesse,
na pesquisa, não há interesse da terapia, ainda que possa provocar mudanças
positivas do outro - MAS, não é a meta, a não ser que seja, mas aí é outra
modalidade de pesquisa fenomenológica inspirada em Carl.
Conclusão: o método fenomenológico de Carl Rogers é uma
ferramenta valiosa para a terapia, e que funciona para a pesquisa, e isso fica
evidenciado, pois o Rogers produzia clínica e ao mesmo tempo, criava pesquisa,
resultando em seus famosos textos em livros e em artigos. O caso é que a ideia
de método fenomenológico rogeriano, permite ao terapeuta (e ao cientista)
descrever detalhadamente, e com isso, naturalmente compreender a experiência do
outro de forma profunda e significativa, de uma nova forma de "com+preender".
Ao criar um ambiente seguro e acolhedor, o terapeuta (e cientista) ajuda pela
vida do cuidado ao cliente (e ao sujeito da pesquisa), podendo facilitar para
que ele explore seus sentimentos, pensamentos, raciocínios, emoções, desejos,
corpos - a experiências, e a encontrar suas próprias soluções para seus
problemas. ou que o sujeito da pesquisa saída dele em um processo de
autocompensão, algo de si com o outro no mundo.
Para aprofundar seus conhecimentos
sobre o método fenomenológico de Carl Rogers, você pode consultar as seguintes
obras:
·
Rogers, C. R. (1961). On
becoming a person. Boston: Houghton Mifflin.
·
Rogers, C. R. (1970). Grupos
de encontro.
·
King, M. (2001). The human
journey: A biography of Carl Rogers. New York: Human Sciences Press.
·
Kirschenbaum, H., & Henderson, V.
L. (1990). Carl Rogers: Dialogues on his life and work. New York:
Houghton Mifflin.
·
Rogers, Carl. Sobre o poder
pessoal.
·
Rogers, Carl. O homem e a
ciência do homem.
·
Zimring, Fred. Carl Rogers.
Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. Site:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4665.pdf
·
Rogers, Carl. Liberdade para
aprender.
·
Forghieri, Yolanda Cintrão. Psicologia
fenomenológica.
·
Amatuzzi, Mauro Martins. Por
uma psicologia humana.
Lembre-se de que a melhor maneira de
compreender o método fenomenológico de Carl Rogers é ler as obras de Rogers, as
obras de seus principais críticos e se familiarizar com os debates e pesquisas
que foram realizados no âmbito da psicologia.
***
Hiran Pinel, autor.