O POSSÍVEL MÉTODO FENOMENOLÓGICO UTILIZADO PELO EXISTENCIALISTA VIKTOR EMIL FRANKL
Hiran Pinel, autor.
(...)
Em resumo, o método fenomenológico de
pesquisa utilizado por Viktor Frankl, enquanto ele pesquisava, pode apresentar
algumas características indisssociadas (não-lineares).
O que há de originalidade é sua
própria teorização do sentido da vida e da logoterapia, no mais é o método
fenomenológico, mas que destaca o modo dele trabalhar. Há características que
identificam o método fenomenológico em todas as instâncias: epoché (suspensão),
eidos, "ir às coisas mesmas", "ser-no-mundo', consciência,
"experiência vivida" e essência. Há em comum com todas as ciências:
produzir uma descrição, que torna fenomenológica, quando falamos em descrição
compreensiva. Outros termos fenomenológicos: empatia, análise existencial dos
dados, foco na primeira pessoa (ela narra sua experiência), subjetividade e
intersubjetividade.
A lista que caracterizam seu
método se deu a partir de nossa leitura, análise e pesquisa do livro "Em
Busca De Sentido: Um psicólogo no campo de concentração", bem como
discussão da história do próprio texto.
·
Ficar atento no texto em primeira pessoa: A
pesquisa de Frankl se baseava na análise aprofundada dos relatos dos
indivíduos, buscando entender suas vivências a partir de suas próprias
perspectivas. Através de entrevistas e análises de diários, ele buscava captar
a essência das experiências, indo além das meras descrições
superficiais.
·
Experiência surpresa: A partir
daí o sentido pode ser localizado ENTRE uma "experiência-surpresa" e
uma percepção gestáltica, pois de modo sensível e provocador, de repente, não
mais do que de repente, emerge um sentido (da vida) diante de nosso olhar, ou
melhor, da nossa percepção, pois é algo que (co)move nosso organismo e (nosso)
corpo. Trata-se de uma percepção de sentido.
·
Descobrir o sentido: Frankl
(1990, 1991; 1995) diz que a via de um "processo de descoberta do
sentido" pode tomar como primeiro passo a utilização de depoimentos, de
"material biográfico" (FRANKL, 1990, p. 22; 1991; p. 123) acerca da
vivência de sentido.
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Ênfase na subjetividade e
na unicidade: das experiências humanas, ainda que considere o
mundo, o próprio Nazismo aparece em seus relatos e ele nos diz
"ser-no-mundo'; intersubjetividade; interexperiência; inter-humano.
Trata-se essencialmente da subjetividade, mas sem ignorar o outro, os outros,
mundo, a geografia, a sociedade, a cultura, a história, a economia, a
segurança, a saúde e saúde pública, a escolarização etc.
·
Empatia: Frankl defendia a empatia,
exigindo que o pesquisador se colocasse no lugar do outro como
"se" o fosse, (pró)curando
compreender as vivências com o outro. E colocado ao pesquisados em postura
de abertura e interesse sincero. Essa atitude é fundamental para evitar
interpretações distorcidas e captar a autenticidade das
experiências.
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Intencionalidade e sentido: Para Frankl,
a intencionalidade era um aspecto central da existência humana. Cada
indivíduo busca atribuir sentido às suas experiências, mesmo as
mais dolorosas. A tarefa do pesquisador fenomenológico, nesse contexto, era (des)vendar
os sentidos que os indivíduos construíam para suas vidas, mesmo em
situações extremas. Na intencionalidade humana como se desvela o sentido da
vida e seus enfrentamentos otimistas, ainda que a "tragicidade" exista
·
Suspensão dos de (pré)conceitos: estigmas,
discriminações, bem como teorias estudadas e já produzidas, conceitos
antecipados - dentre outros que atrapalham a epoché, que é um
mergulho na existência do outro; um mergulho livre e aberto ao outro. É
adequado recordar com Merleau-Ponty que toda epoché é relativa, encontra
limites, mas isso não impede que o cientista tente
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Descrição do vivido pelo outro: deve ser
construída de modo ampliar a compreensão acerca do outro; acompanhar esse outro
com uma racionalidade indissociada do corpo e do afeto, o eidos, ou um momento
em que se exige do pesquisador um distanciamento relativo do campo, pois ao
escrever seu livro, tese, artigo científico, precisará recordar do seu vivido
com a pessoa que se dispõe a colaborar na sua pesquisa. A descrição supõe uma
ação mais racional. "Nós, os psiquiatras [e
outros "psi's"], não podemos ‘receitar’ sentido. Mas podemos descrever, mediante a
análise fenomenológica, o que se passa numa pessoa que encontra o sentido'
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Descrição compreensiva:
(com+preender); apreender o sentido da vida do outro, "com" o outro.
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Uma disposição atentiva de "ir às
coisas mesmas": ir ao texto "produzido mesmo", por
exemplo; o texto é a descrição do vivido, ou uma descrição narrativa - voltar
sempre a ele. Atento ao objetivo humano de descrever o "que é' e o 'como
é" ser, chegar a essa essência, e assim "retornar às coisas
mesmas". De modo mais abrangente, "ir as coisas mesmas" é
"viajar" profundamente ao mundo da experiência (contido no texto, no
caso). Essa viagem implica em "epoché" da primeira vez;
"ir" desarmado ao texto e envolver-se existencialmente com o
escrito (e com isso a pessoa pesquisada). Além da epoché, é demandando o eidos
revelando o rigor científico do método fenomenológico: emoção e razão, corpo e
em Frankl, o espírito.
·
Centrar na intencionalidade: ninguém
escapa da intencionalidade; a consciência é sempre intencional
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Reconhecimento da vontade
de sentido como força motivadora fundamental; o desejo; o interesse.
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Pesquisa do narrador": pode
ser que o pesquisador faça uma pesquisa fenomenológica que propõe ele descrever
e narrar o seu próprio processo em pesquisa; na primeiríssima pessoa; o
pesquisador é o sujeito da sua própria pesquisa; isso pode ser compatível com
livro de Frankl: "Em busca de sentido", quando descreve o dia-a-dia
nos campos de concentração, o cotidiano vivido; Viktor, ele próprio, é o
testemunha ocular da história
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Busca pelo sentido: Identificar
o que dá significado à vida do indivíduo, como ele acha e procura, e acha e
procura...
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Diálogo existencial: no caso
da pesquisa, o cientista dialoga com os dados colhidos, produzindo uma reflexão
acerca do "sentido da vida";
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Análise fenomenológica da vivência: Frankl
analisou as experiências dos prisioneiros nos campos de concentração, buscando
compreender seus pensamentos, raciocínios, desejos, emoções, sentimentos e
comportamentos, expressões corporais e vida espiritual dentro daquele contexto,
daquela comunidade, sociedade, cultura... (e corpo) além do vida espiritual.
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Tradução: A
fenomenologia o método de investigação adequado no sentido de operar essa “tradução”, ou seja, a "experiência cotidiana" comum
passa por uma análise simples, acima dos dados mesmos coletados, por isso a condição
potente de ir às "coisas mesmas", todo esse processo em uma linguagem
simples, tal qual a coletada e ou produzida no campo. Mas, é preciso fazer uma "análise fenomenológico-existencial",
quando passa o texto do cotidiano para uma "traduçã" numa linguagem
científica - então há uma tradução (do vivido no dia-a-dia comum) e depois uma "retradução",
dialogando o que se apreendeu dessas análises fenomenológicas e as teorizações,
no caso, a produção científica de Frankl.
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Descoberta da vontade de sentido: Através
da análise fenomenológica, Frankl identificou a vontade de sentido como a
principal motivação humana, mesmo em situações extremas como o Holocausto.
ELEMENTOS VITAIS DA LOGOTERAPIA QUE
PODEM SER UTILIZADOS EM PESQUISA CLÍNICAS (OU NÃO) DE ESTUDO DE CASO DESCRIVO
DE UMA PESSOA OU UM GRUPO:
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Análise Existencial: Explorar
as experiências e crenças do indivíduo/ sujeito da pesquisa para descrever seu
encontro com o sentido, como isso aconteceu - isso, se a pessoa não está
desesperançada, pois aí é o cuidado (intervenção explícita)
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Análise de sonhos: Através
da análise fenomenológica dos sonhos, Frankl buscava acessar o
"inconsciente" do paciente e ajudá-lo a compreender seus conflitos e
motivações. Os conteúdos e a temática dos
sonhos analisados comprovam que são um caminho de acesso ao "inconsciente
espiritual". É outro elemento típico de psicoterapia, mas pode ser
utilizado na investigação, onde o pesquisador analisa o sonho do sujeito
descrevendo o esse "inconsciente existencial" (não inconsciente
freudiano).
*
[Hiran
Pinel, autor]
Em citando
recorra as legislações que exigem dar autoria.