terça-feira, 7 de maio de 2024


O POSSÍVEL MÉTODO FENOMENOLÓGICO DE FRANKL ANALISANDO  UMA DE SUAS OBRAS

Anteriormente, em 1998, Pinel descreveu o "método fenomenológico" de Viktor Frankl. O autor se baseou em estudos de grupos objetivando analisar a obra "Diário de um psicólogo no campo de concentração", caracterizando o método fenomenológico dele, que te o universal, e o individual (sua criação).

Ao nosso olhar de sentido, ele destaca a subjetividade do "ser-no-mundo" e na unicidade das experiências humanas - são únicas na pluralidade do mundo.

O termo e a ação empática, a presença dela, é altamente presente nos escritos franklianos, até mesmo por sua postura clínica, um interesse autêntico em debruçar com a pessoa que sofre. A empatia nos leva ao sentido vivido de fazer a epoché, ou fazer a suspensão ou então a ação de nos colocar entre parênteses, de modo temporário, os preconceitos, estigmas, discriminações - e outros (pré)conceitos como teorizações lidas e que devem ficar de fora etc., ou pelo menos tentar isso, pois sentimos [e sabemos] de que todo epoché é sempre relativo, pois tem seus limites, mas isso não impede que se tente.  époché (suspensão). Nesse sentido, Forghieri (2001) sugere, nessa etapa, uma outra perspectiva, que em si mesma, já pontua os limites, e ela nos descreve que o investigador produza um clima, um estilo e um espírito de "envolvimento existencial" com a   ''coisa mesma", qual seja, com o fenômeno que estuda e que tem que estar presente na experiência.

Pontua o valor de se  produzir uma descrição e análise existencial amiúde, detalhada - enfim, um texto aprofundado dos relatos de experiência em primeira pessoa. Uma descrição detalhada se torna compreensiva, pois analisada pelo próprio sujeito da pesquisa, que cria esse clima como o leitor motivado.

Bem, nesse meio, pois todas essas etapas são vividas de modo indissociadas, então preciso que o pesquisador vá sempre busque o sentido da vida, e para isso ela deve "ir às coisas mesmas", com a "intencionalidade" evidente, trazendo as uma ou mais essências. Na pesquisa, a "coisa mesma'' de modo didático, pode ser aos textos das descrições. Ir ao texto, procurando perguntá-lo; o que é isso de ser? E como é isso de ser? Trata-se de interrogar ao texto: o "que é" e o "como é" ser considerando o que eu estou motivadamente lendo nessa descrição?

Devemos nos aproximar ao  termo "percepção do sentido", desvelando qual o sentido do texto, que é o sentido da pessoa que colabora com sua pesquisa e que descreve narrativamente sua história de vida.

Fazer uma "análise existencial" científica, sabendo que ela nos conduz justo com essa intencionalidade de ser cientista. É um profissional, que propõe produzir conscientemente um texto fenomenológico (logo: científico). Trata-se de uma intenção da consciência, que chamamos de eidos. Nesse mesmo contexto é que Forghieri contribui com algo que se aproxima "disso-daí-mesmo", que é o que ela denomia de "distanciamento reflexivo", e refletir aqui-agora significa "descrever compreensivamente o vivido", dando a ele significado-sentido. Nesse ponto, distanciamento reflexivo é indissociado do envolvimento existencial, ainda que em cada situação um movimento predomine sobre o outro.

Também vimos em Frankl o estímulo em produzir um "foco atento" na natural "intencionalidade" pela (pró)cura ou na  "busca pelo sentido". Descrevemos o ser do "ser humano" que é "ser-no-mundo". Em Frankl, o sentido aí indica a presença do "sentido da vida", um sentido que sempre há, não sendo, pois, algo criado e ou inventado - podemos inventar termos, palabras, dizê-las e ou agirmos com ele, mas, a vida, ela mesma, tem sentido, e pronto, quando não o temos, ele está lá precisando ser resgatado.

O pesquisador não deve furtar-se de viver "na carne" a "vontade de sentido", fazendo isso como uma força potente ''motivadora'' fundamental do existir humano. Assim, ser cientista é estar interessado em ocupar esse lugar/espaço, em um tempo.

Trata-se de uma pesquisa que propõe ao cientista narrar seu processo em pesquisa, o que hoje configura como "pesquisa do narrador". Frankl fez isso no seu estudo, que se o transformou em  um livro sub-titulado no Brasil por como "diário (advindo do espaço-tempo de pesquisa) de um psicólogo em campo de concentração", tornando-se, atualmente, um referencial nessa proposta de "pesquisa do narrador".      . 

Há ainda uma proposta fenomenológica, que percebida pelo cientista que sugere a ele adotar uma "postura atitudinal fenomenológica" que se aproxima totalmente do que se denomina de epoché (suspensão) e eidos (momento da descrição refletida). Trata-se do momento quando narramos nossas próprias vidas ou nossas biografias, esse tema já foi abordado anteriormente nessa lista, mas ele compõe uma identificação mundial do método, além do "ir ás coisas mesmas", por ex.

Há sentido aí  da análise dos dados que chamamos de "análise existencial". algo que se trata de (pró)curar compreender a profundidade das experiências humanas, e o de encontrar sentido na própria existência, mesmo diante das vicissitudes. Na pesquisa com marco teórico de Frankl é preciso que a analise traga o clima, o estilo, o espírito prático contido na teorização, além de colocar a terminologia que nos indica esse clima.

[Hiran Pinel, autor] 

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