cinema e educação
AUTO-AJUDA NA CLÍNICA? PARE DE TENTAR CURAR, CUIDE!
"O amor acontece" (Love Happens, 2010; direção de Brandon Camp).
Esse filme romântico narra a vida de um conferencista motivacional (parece-me
um psicólogo, e clínico) ligado a auto-ajuda - é o ator Aaron Eckhart que eu
não gostei dele nesse papel. Sabe aqueles psicólogos que falam para grandes
plateias, com clichês, que contam casos com finais aparentemente inesperados?
Alguns falam, nesse caso, de palestras de motivação kkk - eu falo outro
termo, "horror" kkk
Um
cara perdido, cheio de técnicas de intervenção - muitas matreiras kkk Ele
propõe a uma centena de clientes em grupo, sim, sua proposta é grupal, a expor
suas vidas privadas, íntimas. O tema é a morte, a perda, o luto - ele passou
por isso e escreveu um livro kkk Veja bem: em um hotel chic, todos pagam
fortuna para expor seus dramas, seus melodramas. O homem machão (durão), que
perdeu seu filho, confessa isso com uma vela acessa, nas mãos. Uma outra
gordinha, segurando essa mesma vela, diz que fez uma cópia, em silicone, do
pênis do marido dela, antes dele morrer... e por aí vão os sofrimentos. Em um
determinado momento, ele descobre o óbvio - todos têm medo. Então ele coloca
cada um à prova, quando convoca a pisarem numa caixa com carvões em brasa.
Como eu lhes disse, é um profissional de auto-ajuda. Pois então, no filme
ele conhece uma garota (Aniston, linda, linda...), e então se descobre um
psicólogo frágil e inseguro - os espectadores do filme já percebiam isso kkk.
Ora, ele escreveu esse livro de auto-ajuda dizendo ter superado a morte da
esposa em um acidente de carro, e no texto ele descreve as regras para
superação kkk e essa bobagem, é claro que virou best-seller kkk. Sabe aqueles
textos clichês: "Para se ter uma boa saúde mental, é preciso ter uma boa
saúde física" kkk
Bem, os psicólogos clínicos de auto-ajuda, acho, precisam de diminuir a
ansiedade, parar de acreditar que eles têm receitas fáceis para resolver sérios
problemas, falando demais, escutando de menos, usando técnicas lúdicas e prepotentes.
Esses psicólogos podem, às vezes, odiar o silencio, detestar escuta, ou ouvir
apenas, mas falam logo - e com verborragias pomposas - pelo filme. Eles não
aprofundam, preferem ficar na superfície. O personagem tem PhD (diz no filme),
e até por isso, ele deveria CUIDAR dos problemas dos outros, mas precisa cuidar
de si também e das coisas do mundo. Cuidar está de bom tamanho. Deve afastar-se
da onipotência da cura, no sentido de ter uma resposta que acaba com os sintomas
do outro (e de si kkk). É preciso uma educação para isso, na sua supervisão ou formação continuada.
É um filme romântico e idealizado, e não vou contar o final, de tão
simples que é, não me interessa, nem sei se tem fim, de tão meloso e irritante.
É um filme tão simples, e ao mesmo tempo tão perigoso como é a Psicologia
Clínica de Auto-Ajuda, que em outros contextos, tem sua aplicabilidade. Na
clínica, por esse filme, não![Hpinel]