MÉTODO FENOMENOLÓGICO DE
PESQUISA
Uma conversa de hoje,
conversa de corredor, com um aluno... O assunto foi mais ou menos isso... Ele
pediu uma síntese minha, e eu o faço aqui, para ver se pelo menos meus e minhas
estudantes entram no meu blog kkk
Eu reli o livro excelente
chamado "Como elaborar projetos de pesquisa" (Quinta Edição da
editora Atlas) de Antônio Carlos Gil (2010), e será nessa edição que ele
incluirá o método fenomenológico de pesquisa, isso no capítulo 4 (ler 4:10) e
todo o capítulo 14.
O vital é ler com atenção aos
pequenos detalhes e não ficar apenas nos procedimentos, comuns às mais
diferenciadas pesquisas qualitativas. Qual o diferencial desse método para os
outros?
Tem vários. Vamos a um: nesse tipo de pesquisa o pesquisar tem que ter as disposições e ou
atitudes fundamentais para a investigação, que pode começar por uma questão do tipo: O que e como é esse fenômeno? Essas posturas ou atitudes são duas, que
são vividas como indissociadas: [1] envolvimento existencial (redução
fenomenológica ou "epoché") com o fenômeno estudado, e o devido [2]
distanciamento reflexivo (redução eidética ou "eidos") desse mesmo
fenômeno, e ao mesmo tempo estar envolvido, pois o envolvimento direcionará à
descrição e interpretação, uma escritura sensível, próxima à literatura.
Não é apenas seguir regras
(procedimentos), mas ter uma atitude, ler muito os teóricos da área e recomendo
psicólogos e pedagogos (e filósofos é claro) .... Ler literatura também é
indispensável, escolhendo obras como Grande Sertão Veredas de Rosa, por
exemplo. Os naturalistas como Bom-Crioulo, publicado em 1985, de Adolfo Caminha.
Há Machado de Assis, as descrições e análises detalhadas de José de Alencar... Há inúmeras sugestões... é o que não falta é boa literatura... Vale ler roteiros de filmes clássicos, peças de teatro. Em sabendo descrever compreensivamente (com+preender indica análise dos dados, interpretação) deve se envolver com filmes, obras de arte...
Na pedagogia destaco Paulo
Freire, Janusz Korczak e tem outros, inclusive brasileiros. Recomendo ler
"História das Ideias Pedagógicas" de Gadotti, o capítulo sobre
Fenomenologia, e o livro todo é ótimo para compreender as diversas abordagens e
suas diferenciais (e semelhanças) da abordagem pedagógica fenomenológica
existencial. Verifique uma Psicologia e Educação fenomenológica que foque no
ser-no-mundo, a subjetividade constituída na relação do sujeito com o mundo,
indissociado "sujeitotomundo".
Na Psicologia temos Medard
Boss & Ludwig Binswanger (discípulos de Heidegger), F. Perls (leia-se;
Gestalterapia), Jean-Paul Sartre (ele foi psicólogo também, e ler o filósofo do
Discurso do Método que diferencia Forghieri, mas que pode complementar), F
Nietzsche (sim, foi psicólogo), Karl Jaspers, E. Keen, Maurice Merleau-Pony
(sim, foi psicólogo), Amedeo Giorgi, Francisco Varela etc.
Tem ainda: Carl Ransom Rogers
(psicólogo e pedagogo), Robert Carkhuff (psicólogo), Eugene Gendlin
(psicólogo), e filósofos Martin Buber e Emmanuel Levinas.
Os brasileiros Yolanda
Cintrão Forghieri, Mauro Martins Amatuzzi, Angerami-Camon e colaboradores,
William Gomes, Jorge Ponciano Ribeiro (que adoro) etc.
Essa foi nossa conversa, acho....
Amplie caso ela esteja aquém do dito... Um abraço.
[Hiran Pinel]