Depois de um longo sono, meus olhos se abrem lentamente. O
seu rosto brilha na escuridão. Não sei como vou enfrentá-lo. E se essa vida
mudar de repente? Eu continuarei livre? Mas ao mesmo tempo, eu não tenho mais
suas mãos, seus braços a me segurar... Antes disso tudo, você me deixava como
alguém solto em seu corpo, me atingia com a flecha do cupido, e não satisfeito,
me deixava feliz dizendo que "seu destino era cuidar de mim".
Encostado no seu ombro, você me contava histórias do nosso povo - bem antigas.
Fazia a entonação e me levava para alhures, perto de príncipes e princesas,
preocupados com a injustiça que ao povo atacava. Beijando seus lábios, costas e
peito, eu sorria com aquilo, como se naquele tempo houvessem ricos interessados
nos mais humildes, pois até hoje não existem tais nobres... Mas confesso,
antes, a minha visão sobre o mundo era sombria, depois de você um sol brilhou
pra mim. Você pegou minha mão e a enfiou dentro da sua calça, e então me disse:
"Esse sou seu, um forte!" Mas eu a retirei, fiquei hesitante, uma
pessoa temerosa, preocupada com o mundo e suas desavenças... Você me sussurrou:
"Adoro ver-te assim, alguém tão introvertido, tímido... Eu amo isso, fico
louco". Não entendia, e por isso me afastava para traz, como se estivesse
me arrastando do desejo não saciado. Você me compreendia, não me obrigava, não
me imputava culpa. Afastando-me, eu ia para o lado oculto de mim, e recostava
na parede e chorava como ave assustada. E você vinha, me apertava contra seu
corpo, ficava do meu lado, esfregava sua frente em mim. Por isso, não diga que
não sabe o que eu sinto quando você se ausenta. Nem vem me dizer, que do
encontro comigo, você saiu ferido, machucado, próximo a um herói. Não pegue sua
asa delta, voe e me esqueça... Não, não, não faça isso. Eu ainda sinto seus
beijos nos meus lábios, eu passo as mãos neles e percebo sua presença quente e
acolhedora. Era tanta ternura advinda de você, que agora estou um ser quebrado,
meu coração dilacerado - mas os meus lábios estão beijados. Não, não, não diga
que eu não te amei, não fale que meus beijos foram frios e amargos... Não, não,
não deixe eu dormir longamente, autorize-me para que eu toque seu rosto.
Finalmente, me impeça de pular na escuridão.