[1]
CIDADES DORMITÓRIOS são cidades que se prestam ao outro, para que ele venha
trabalhar e dormir nela, e na folga retornar ao seu lar ou o que ele considera
assim. Geralmente essas cidades se misturam com os subúrbios, com trânsito para
a população de trabalhares até ao emprego (fábrica, indústria etc.).
[2] Mas
pode ser considerado cidade assim, aquela que se forma, geralmente, em
subúrbio, em um conglomerado de casas, cujos moradores só vivem ali devido ao
emprego, desejando sair, procurar outro lugar para
sua moradia, ou mesmo, desejando sempre retornar ao que se chama
"lar".
[3] Esse tipo de cidade tem um sentido de efemeridade, de uma
pousada - como se estivessem em um hotel, que estão ali, naquele espaço, apenas
por um tempo. Por exemplo: as pessoas trabalhadoras querem morar próximo de
onde irão trabalhar.
[4] O ideal era morar perto, mas fica muito caro, ou não
tem mais espaço disponível à compra ou aluguel. Em Belo Horizonte o operário
trabalha numa fábrica na Cidade Industrial, e mora perto de lá, em um subúrbio
ou mesmo uma cidade com transporte fácil.
[5] Nesses subúrbios se criam nichos para
a classe média, uma ou algumas ruas, e pronto, se inventa espaço para o
operário intelectual... Se bem, que o bom mesmo, é morar perto de todos e de
todas, sem esse diferencial classe operária, classe média.
[6] Tem um outro
sentido dessa cidade, quando ela é um lugar onde pouco passa o operário, o
trabalhador, tornando esse lugar (naquele tempo) espaço apenas para dormir.
[7]
Como é estar nessas cidades-dormitórios? Como é ser-sendo aí? Como é a escola,
a quem ela atende, como é seu currículo? Como é o processo de subjetividade aí
construída social e historicamente? O que é esse lugar transitório e como ele é
vivido? O que é estar de passagem? Existe de fato o sentido de lugar de
passagem? O que é dormir e sonhar aí? O que se ensina e aprende, numa dimensão
não escolar, nessas cidades? - dentre outras questões.