sábado, 1 de junho de 2024


PEQUISA FENOMENOLÓGICA FRANKLIANA

Hiran Pinel, autor.

Um "processo de descoberta do sentido" é a meta do terapeuta e do pesquisador - isso em Frankl. (...) O que o pesquisador fará no seu relatório final da investigação frankliana? O cientista analisará os dados coletados, o que, de modo tradicional, se denomina de “resultados” (aqui se apresenta os dados, um depoimento, por exemplo) e a “discussão dos dados” (análise do depoimento). E como ele descreverá? O pesquisador executará seu texto científico descrevendo e (des)velando o “que é” e do “como é” ser humano no mundo, e isso o leva a produzir uma (des)coberta do sentido [grifo nosso], descobrir o sentido da vida é uma das contribuições dessa pesquisa fenomenológica proposta por Frankl. Ele então recomenda, como primeiro passo da pesquisa, a utilização de diários, depoimentos, narrativas, contação de causos - tudo descrito, ou como escreveu: para esse tipo de pesquisa o melhor é utilizar de "material biográfico" (FRANKL, 1990, p. 22; 1991; p. 123) [grifo nosso] acerca da vivência de sentido. (...) No seu livro "Em busca de sentido" ele faz um longo depoimento acerca da sua própria experiência vivida-sentida, autodescrição do que estava sendo experienciado [grifo nosso]. Ele estava nos campos de concentração nazistas, que era um espaço-tempo de onde inventou seus discursos e ou teorias. Na dor,  talvez como transcendência [grifo nosso] daquela dor sentida, ele começou a produzir ciência [grifo nosso], a cuidar dos seus companheiros existenciais mais doloridos. (...) A partir daí, dessas descrições, defendemos de que o sentido (da vida) pode ser localizado ENTRE uma "experiência-surpresa" [grifo nosso] e uma “percepção gestáltica” [grifo nosso], que na terapia, leva ao paciente a criar uma ação.  De modo sensível e provocador, de repente, não mais do que de repente, emerge um significado do viver [grifo nosso] diante da nossa percepção [grifo nosso] (...) [isso é algo que] (comove nosso organismo e (nosso) corpo, alma, mente, espiritualidade - o ser-no-mundo  (Pinel, 2012, p. 1).

Frankl (1990) nos descreve que para validar uma pesquisa existencial [grifo nosso] é só o pesquisador "ir às coisas mesmas" [grifo nosso]. Ele é um cientista que lê e relê. Ele se torna sensível do vivido, aos dados coletados e agora descritos. Frankl assume que recorreu, como instrumento de coleta de dados, à sua autobiografia do seu vivido em campos de concentração [grifo nosso] - sua experiência ali, naquele tempo, e espaço. a descrição é compatível com a realidade vivida [grifo nosso]. Dessa descrição fidedigna do "experienciado" [grifo nosso], Frankl produz uma teorização de uma psicoterapia - e ela própria. Assim, a autobiografia (o dado coletado e agora descrito) valida a teoria, e a teoria é validada por encontrar referências, respaldos ou fundamentos compatíveis com a experiência descrita. Síntese: foi a experiência vivida de Frankl, agora descrita, que o levou a criar a Logoterapia, que foi validada pela descrição autobiográfica  [grifo nosso] (...) uma pesquisa descritiva de uma experiência [grifo nosso] pode levar ao pesquisador a (des)cobrir algo, e cientificamente, será a experiência perfeitamente descrita é que validará esse (des)velar de uma proposta teórica nascida da prática [grifo nosso] (descrição tal qual foi o real) (Pinel, 2012, p. 1).

Frankl refere-se a uma análise existencial [grifo nosso] (e ou análise fenomenológica) não só como modo de terapia da Logoterapia, mas, podemos inferir como um modo de discutir os dados coletados da pesquisas, um modo de analisá-los, interpretá-los.

Quando Frankl publica um caso clínico, e revela o que “disse” ao paciente, ele faz um modo de analisar a existência da pessoa que está sob a égide da Logoterapia, e ao mesmo modo, pode ser um modo de fazer pesquisa fenomenológica, analisando os dados, no caso, a discursividade do sujeito que procura cuidados clínicos (Pinel, 2012; p. 1).