segunda-feira, 29 de julho de 2019

LIÇÃO DE AMOR
Um olhar. Um sorriso. Alguém tenta arrumar-lhe os cabelos. As madeixas são de Singto, mas elas estão lindas, nem pente falta... Krist entra em choque, surpreso com a intromissão, naquela intimidade. Singto fica zangado com aquele intrujão. Já Krist fica mais, fica irritado, mas se controla. Olha de novo para certificar-se do que está acontecendo com Singto. Desvia o olhar, é sua defesa. Singto percebe, e evita os olhos do outro - abaixa a cabeça, tudo é como se ele fosse chorar. Krist morde os lábios, e mais uma vez tenta encarar - e encara. Singto morde também o lábio, mas sempre atento, acompanhando o "outro de si". Singto se sente tímido, e por isso seus olhos ficam focados apenas no "seu" Nong - ele luta para restaurar ali, toda a cumplicidade que compõe os modos de ser íntimo. Culpa e êxtase - apesar de ter que dar explicações mais tarde, e se sente que algo ficará estremecido essa noite tão fria. Há um movimento desajeitado. Um sorriso e uma dorzinha de ciúme. Krist dá "adeuzinho" para uma fã, e ele está sem graça, desiludido, desamparado. Singto acompanha, esboça um sorriso para a fã. Sorrisos de aparência. Singto retoma o diálogo dos corpos. Singto olha fazendo "tipo": Eu te peço perdão, amado meu. Sou um fã desses dois e me compadeço deles, esmoreço, lacrimejo. Que dó eu sinto dos dois! Que dó eu sinto de mim! Lição: O que é e como é "amor"?

[Hiran Pinel, autor; ficção]