terça-feira, 23 de maio de 2023

ESTADO DA ARTE DE UM TEMA CIENTÍFICO: UMA PEQUENA REFLEXÃO DE UM FENÔMENO SEMPRE EM FAZIMENTO

  • Hiran PINEL, autor.

Um pesquisador diz que fez um "ESTADO DA ARTE" de determinado tema, assunto e ou fenômeno científico. Mas, o que é Estado da Arte? Há poucos diferenciais entre "revisão de literatura científica" e "pesquisa bibliográfica".

Talvez, a postura do pesquisador frente ao (sentido do que seja) "estado da arte" é que seja o grande diferencial.

Qual a "postura atitudinal" exigida do pesquisador no estado da arte científica?

Ao produzi-lo, o investigador poderá reconhecer que o seu tema está "sempre em construção", em "fazimento", e de "modo humilde não submisso", reconhecer, que antes dele (do pesquisador), houveram outros (cientistas) que produziram (e produzem) sobre seu tema, e, começa a diferenciar com uma regra sugerida: "o estado da arte de um tema deve recorrer a uma passado recente na produção, por exemplo, nos últimos 3 ou 5 anos", e isso depende do tema e da escolha do cientista... Talvez...

Com a internet isso ficou muito mais fácil, podendo escolher, por exemplo, o estado da arte do meu tema numa determinada revista, ou num determinado sítio etc. O "estado da arte" (de um assunto) é o "estado" de um "tema em (co)movimento", pois "a coisa" muda com o outro e os outros (cientistas) no mundo.

Repetindo o clima, o estilo e o espírito do estado da arte científico: o conhecimento produzido está sempre inconcluso, incompleto - sempre produzindo. Eu estudo aqui-agora o tema "professor inclusivo", mas enquanto o faço, dezena de colegas meus, estão fazendo o mesmo.

O estado da arte vive de sua própria abertura, um saber (e sentir) científico no mundo, estendido a esse mundo. Arte aí, me parece ser algo como: "nunca é definitivo e nem sólido", sujeito a diversas "percepções do fenômeno" (objeto de estudo; tema, assunto), logo, se cada pesquisador tem uma perceção, nada, na nossa área é sólido, sempre tudo está "por se fazer". Algo é tão quente (bacana; muito discutido cientificamente) que ele "está ainda por se mostrar a que veio".

Quando perguntamos sobre o "estado de saúde" de um amigo, estamos reconhecendo que é "um estado" que tem momentos de melhora, outros de piora, quando os autocuidados se amplia, pode vir a cura, mas, de uma cura que pode ter "rosto" de algo estruturado e sólido, mas, que não o é. Pouco significa o termo "cura", pois se não tem a doença x, amanhã poderá retornar essa doença, ou uma outra, do tipo Y e assim vai, pois os humanos estão sempre se construindo, se fazendo como "ser-no-mundo", por isso, o estudo pelo "estado d'arte", cabe muito bem o termo "cuidado" em vez de "cura".

Em todas as ciências, mas especialmente às Ciência Humanas e Sociais, o termo estado da arte pode "cair bem". Há cientistas das Ciências Exatas e Biológicas que "não" gostam do termo, pois pretensamente não aceitam o fato de que "sua" ciência (a ciência é do povo, como o céu é do avião") está sempre se fazendo, sempre em construção. Tais pesquisadores que se sentem sólidos, podem acabar perdendo a noção de que a estética (a "boniteza", diz Paulo Freire) da "sua" ciência está aí - na arte, na poesia, na literatura ficcional etc., até porque, a ciência costuma buscar "alimento" naqueles outros "conheceres-sentires-agires", aquilo que denominamos "arte".

Nessa nossa incompletude, ou uma completude sempre aberta a mais incompletudes é a marca do "estado da arte", pois, o que era sólido hoje, amanhã pode não ser, e é clima que o marca: há sim saberes sólidos (uso do antibiótico e algumas vacinas, por exemplo), mas, ainda assim podem "cair" (ou se levantar).

A beleza da ciência está em reconhecer de que há outros estudos se fazendo, e que se não "cair" agora essa verdade (in)definitiva, o clima dela (indefinição) dá o vigor e potência científica, é o que dá sentido e significado à vida de uma ciência.

Até aqui, estou a descrever uma "estética do cuidado com a ciência" - o "quão belo" (arte e seu estado) é cuidar dos meus cuidados em cuidar da ciência.

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Para meu querido colega professor doutor João Porto, da UFES/ Vitória, ES. Ele gosta do tema.

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[Hiran Pinel, em utilizando esse minha ideia, favor citar; não é plágio copiar e citar; obedeça a legislação dos direitos autorais; escrito em 2016; revisto em 2023 - e que sempre o será]