DEZ VALORES HUMANOS QUE PODEM SUSTENTAR UM PROCESSO DE CIVILIZAÇÃO: A FAMÍLIA E A ESCOLA
Você não paga a escola para seu filho “sair feliz” todo dia; você paga para ele sair academicamente preparado, sabendo português, história, geografia, biologia, física, química, matemática, educação física, filosofia, sociologia, artes, dança etc.
Educação não é um SAC {*] onde os desejos são saciados imediatamente, sem reflexão, apenas um êxtase com produtos, objetos e coisas, nada de educação escolar. A escola e sua ferramenta central, as aulas emitidas por meio de processos educacionais, não são palcos de redes sociais para professor, e não podem ou devem ser.
O professor faz um contrato concreto e simbólico marcado pela ética e estética da excelência científica, filosófica, artística, literária, poética: aulas bem dadas oferecidas por didáticas consideradas sólidas, ainda que por ora; materiais pedagógicos de qualidade; ambientes seguros e parceria saudável (e reconhecendo suas tarefas e limites) com a família.
É aqui, que preocupo-me com a Saúde Mental do professor, da professora, do educador, que existindo, tem forte impacto no ensinar, mas acima de tudo, no aprender dos alunos. Dentro desse contexto é que demandamos proteger a psicológica (ou subjetiva) dos docentes, uma proteção de um profissional de ajuda, que eduque ao grupo fortalecer-se como profissionais de qualidade, ainda que a humanidade seja deveras demasiada humana. Uma ajuda psicológica (seja por quem oferecê-la, que também impõe formação e cuidado) que sustente contornos claros de comunicação tornando um espaço dialógico realmente, de modo concreto e encarnado - não negando, é claro, que viver um ofício implica em sentir na pele e alma conflitos.
Nem sempre o professor e ou a instituição se demanda um psicólogo ou um terapeuta existencial, mas um grupo fortalecido pela ação de resistência fundamentada na realidade, um grupo com os dois pés fincados na força do real, sem jamais abandonar os sonho. Como na sala de aula: a cognição e o corpo expressional são (co)movidos pela simbólica energia dos afetos que afetem "o nosso peito juvenil" (rindo, mas com seriedade).
Um palestrante (e terapeuta) chamado Leo Fraiman afirma, e com ele costumamos concordar, de que "os filhos se fortalecem quando praticam os DEZ pilares da civilização:
[1] lei,
[2] regra,
[3] horário,
[4] limite,
[5] combinado,
[6] hierarquia,
[7] comando,
[8] espera,
[9] frustração e...
[10] esforço".
É claro que esses dez pilares nos levam aos seus contrários, e idealmente podemos pensar-sentir-agir um processo civilizador liberto deles trazendo na lista mais ou outros valores em "ser-com" (ser da alteridade): alegria, prazer, satisfação, amor, paz, resistência, resiliência, cuidado, ética, escuta e empatia etc. Dá pra imaginar a escola liberto desses valores que nos civilizam o experienciar em grupo, onde seríamos mais alocêntricos (a gente voltada para o outro), menos narcísicos, em uma relação intersubjetiva e inter-humana de qualidade, contaminados naturalmente pela (com)vivência em grupo, nas instituições, nacionalmente etc., e conosco mesmos - sem negar de que: não há um só "doce respirar" na nossa experiência vivida em "ser-com", sem que haja uns traços de "amargo ofegar".
O caso é que pai e ou mãe, que teve uma "sólida" formação familiar sob esses dez ditames do processo civilizatórios, que não traz a lume a agressão física e psicológica, ainda bem, costuma achar que chegou a ser um cidadão do bem, dentro do que possa significar isso, não dentro da repressão arcaica - ou seja, aqueles dez parâmetros foram traduzidos como repressões físico mentais - se teve, ok é bom procurar clínico competente para ajudar, mas fazendo uma reflexão e compreende que não o foi... "Se você teve a bênção de ter uma Mãe C.H.A.T.A. e hoje colhe frutos, não deixe o ressentimento falar mais alto na hora de educar: apoie a escola, alinhe expectativas e caminhe junto", completa o palestrante Fraiman.
Aquela pessoa que nos ama, atua nos preparando para o nosso próprio eu (subjetividade, que tem impacto no concreto do lar e da família, que tem impacto na invenção e construção do que denominamos sala de aula, que não é uma segunda família, ao contrário, é uma outra instituição de ensino aprendizagem que tem por objetivo socializar, seguindo determinações legais de uma cultura e sociedade, e fazendo-o de modo adequado e ao mesmo tempo inventivo e provocativos, conteúdos organizados denominados científicos, filosóficos, artísticos etc., para que sejam apropriados indeléveis pelos discentes. Tais estudantes, eles mesmos, é que em movimento de" ser-com", irão mover o mundo, tornando-o mais humano, nascido tal humanidade de uma ou mais pessoas, grupos, comunidades, instituições que estampam o ser como ser-no-mundo.
NOTA
{*] SAC = Serviço de Atendimento ao Consumidor (ou ao Cliente) e é um canal direto de comunicação entre a empresa e seus clientes. Você compra um produto, está estragado, pede pra trocar. Educação não tem essa relação comercial, mas cognitivo-afetivo, o que se deve ao professor está inscrito na esfera do impagável, paga-se passando pra frente o apreendido.
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