quinta-feira, 30 de maio de 2013



MARIA DO ROSÁRIO CAMACHO foi minha aluna no mestrado (UFES/PPGE). Era psicóloga e fez um estudo hipersensível sobre a dor da criança no hospital frente a morte. Seu artigo, dessa dissertação, foi publicado na revista do conselho de Psicologia (Brasília). O orientador dela foi meu orientador Jayme Doxey - ele é um professor e pesquisador respeitadíssimo, e muito amado por todos seus orientandos (até hoje), e orientandas. Bem, hoje [3 de março de 2013] soube que Rosa (como era chamada) morreu, e ela vinha de um antigo sofrimento físico e consequentemente psicológico. Magra, sempre foi elegantérrima - sem ser patricinha ou artista de TV... Era uma Lady, fina – tinha um estilo contracultura, eu acho. Ela desvelava uma delicadeza rara e seu estudo (muito lido) é isso de delicado pelo Cuidado para e com a criança hospitalizada. Era muito ligada à corrente fenomenológica existencial de pensamento, sentimento, ação – vida, a gestalterpia e a gestalpedagogia. Estou muito entristecido com a vida, justo ela que clama por sentido deixou de respirar cedendo à morte, nossa companheira de finitude, efemeridade. Mas a vida é além de mim, eu também vou e ela ficará. Mas qual é mesmo o sentido dela, da vida? Qual? Uma das possíveis respostas é essa: É o que agora estou fazendo para manter Camacho perto de mim, restaurando tudo (ou quase) pelo amor, pelo trabalho e pelo sofrimento inevitável à memória de Rosário – Maria do Rosário. Como eu dizia (como professor) cantando para ela quando aparecia pedindo-me ajudas à sua dissertação, e eu só o fazia porque na letra tinha vários sentidos da sua nomeação: Foi deus que deu luz aos olhos, perfumou as rosas, deu ouro ao sol e a prata ao luar; pôs no meu peito um ROSÁRIO de penas, que vou desfiando e choro ao cantar” [1].


["Foi Deus" é uma canção portuguesa; com Ângela Maria e depois conheci com original Amália Rodrigues]