DA FILOSOFIA PARA AS CIÊNCIAS
(PEDAGOGIA E PSICOLOGIA): TRAVESSIAS
Hiran Pinel, autor.
Trabalho com "uma" (e mais...) Filosofia, que tem o seu berço esclarecido ao mundo, pois “ela nasceu no país chamado Ato de Filosofar”. Mas, essa Filosofia não fica em sua nação, ela gosta de viajar e conhecer novos e outros lugares, nos tempos mais diversos – ela é uma generosa nas suas entregas aos outros. Nesse movimento de sair de sua moradia, ela, por onde passa, toca tudo e a todos, e as ciências não conseguem ficar imunes a ela.
Vamos a um exemplo: ela vai se permitindo ser apreendida, com sentido, pela Educação, pela Pedagogia e pela Psicologia, por exemplo. Propriamente “falando”, os trabalhadores desses ofícios vão se apoderando dela, naquilo que lhes interessam. E o que interessa aos educadores, pedagogos e psicólogos? Cada uma dessas ciências tem objeto de estudo e de intervenção. A Pedagogia tem como fenômeno de estudo e ação as práticas educacionais. Já a Psicologia, tem a subjetividade (afeto, cognição e corpo/comportamento). De acordo com o tema fulcral de cada uma dessas ciências é que irão se nutrir da Filosofia, as coisas dependerão do objeto de estudos e de intervenção.
Quando a Filosofia, vai navegando por outros mares, muito além de sua nação, ela pode acoplar-se à Pedagogia e à Psicologia, como estamos a descrever. Nesses dialéticos moveres da Filosofia, ela, vamos dizer assim, deixa de ser, pelo menos naquele espaço-tempo, tal qual o é no seu estatuto de origem de nascimento, no entanto sua base singular prossegue, ela se percebe como parte do seu torrão natal, é membro daquele lugar, e reconhece humildemente sua importância para o mundo.
Ela é desprovida da onipotência, e até se satisfaz em agradar aos outros, ou seja, ela acompanha a alegria de ensinar (e do outro aprender) e com isso aprender, mas ela não é uma displicente, ela sabe de seu valor e potência, senão não precisariam dela – pensa corretamente.
A Filosofia, esse saber de sentido, que pontua a origem e o crescer de tudo, passa a dar e ou se dispõe a ajudar ou a dar respostas à duas demandas científicas, da Pedagogia e da Psicologia - que são também diferenciadas entre si. A Filosofia atua colaborando com o incremento das “práticas educacionais” (objeto de pesquisa e ação da Pedagogia) e à subjetividade (interiorização) e aos comportamentos (objetos de pesquisa e de ação da Psicologia).
Complexamente, há uma Psicologia e uma Pedagogia nutrindo-se da Filosofia, mas que aqui-agora não é mais Filosofia. Ela é apropriada por formadores e supervisores, educadores diversos, pedagogos escolares, professores, psicólogos, terapeutas ou clínicos em geral, aconselhadores, psicopedagogos, orientadores vitais, orientadores educacionais, educadores religiosos, educadores sociais, pedagogos comunitários, educadores infantis e de idosos, de jovens e adultos etc. O que “só era” campo da Filosofia, ainda que persista nesse seu espaço-tempo, já aqui-agora, de outro modo (e do mesmo), é dos psicólogos e dos pedagogos.
Por outro lado, para manter a qualidade das tarefas desempenhadas pelos profissionais da Pedagogia e da Psicologia, e o crescimento das ciências, esses oficiadores devem reportar sempre e de modo sistemático, ao saber-pensar-sentir-agir da sua base identitária de ciência, o que lhe é privativo, ou seja, precisa de uma outra (Filosofia) para manter-se na sua originalidade prevista pela sua sociedade, cultura e história.
A Filosofia pode ser assim o sustentáculo original, aquela que “nasceu” para, de modo generoso, inspirar suas amigas Pedagogia e Psicologia a ser profissional do bem comum, que produza satisfação dos seus usuários. Na prática do ensino-aprendizagem escolar e não-escolar (Pedagogia) e de cuidados clínicos também, pois não só (a Psicologia) - descrevemos a manjedoura de um lugar prestigiado chamada Filosofia, mãe e pai de todos nós, de um modo simbólico, é claro, pois cada uma luta por sua independência, ainda que isso seja um ato árduo, sutil, complexo...
Nesse processo, não raro, as ciências se imbricam com a Filosofia, e uma pode contribuir com a outra. Ainda que marcando diferenças, percebe-se uma tênue linha entre uma e a outra, mas sempre uma demarcação provocadora, estimulante, cheia de altos e baixos, quedas e levantamentos, falações desenfreadas e silêncios aterradores, e são os conflitos que as fazem crescer e ser mais útil ao nosso povo (Pinel, 1999; p. 05/06).
Síntese:
O meu texto descreve a relação intrincada, dinâmica,
complexa e dialética entre a Filosofia e outras ciências, como a Psicologia e a
Pedagogia. A metáfora central é a de que a Filosofia, apesar de ter seu próprio
"país" ou "torrão natal" (ser original em si), é
inerentemente generosa e viaja para outros campos do saber (também originais em
si), influenciando-os e sendo influenciada por eles.
Em essência, (pró)curo descrever um processo de
apropriação e transformação. A Filosofia não permanece estática; ela se
"mistura" com outras áreas, como a Psicologia (que estuda a
subjetividade) e a Pedagogia (que estuda as práticas educacionais). Nesse
processo, ela é absorvida e adquire novas formas, tornando-se, por exemplo,
"Filosofia da Educação" ou "Filosofia da Psicologia".
O texto também destaca uma relação de dependência
mútua. Embora as ciências se nutram da Filosofia para se desenvolverem e darem
sentido aos seus objetos de estudo, elas precisam manter sua própria
identidade. A Filosofia serve como um sustentáculo original e uma base teórica
que impede que essas ciências percam sua essência e se tornem meramente
técnicas.
Em suma, a síntese final do texto pode ser a de que
a Filosofia não é um saber isolado e ou autônomo, mas um "saber de
sentido" que fundamenta e inspira outras ciências, então ela tem a
verdadeira autonomia – que é (autônoma), mas sempre diante do outro. A relação
é complexa, dialética e, por vezes, conflituosa, mas é essa interação que
garante o crescimento e a utilidade de todas elas cujo objetivo costuma ser
atingir o bem comum do povo, seus com, seja consumidores, tornando cada vida de
cada um e da comunidade, mais atenta à si e ao outro, na procura de melhor
viver a vida enquanto ela há.R
Trabalho também com "uma" Filosofia, justo ela que tem o seu berço esclarecido ao mundo, pois “ela nasceu no país chamado “Ato de Filosofar”. Mas, essa Filosofia não fica em sua “Nação”, ela gosta de viajar e conhecer novos e outros lugares, nos tempos mais diversos – ela é uma generosa nas suas entregas aos outros. Nesse movimento de sair de sua moradia, ela, a Filosofia, por onde passa, toca tudo e a todos, e as ciências não conseguem ficar imunes a ela.
Vamos a um exemplo? Ela vai se permitindo ser apreendida, com sentido, pela Educação, pela Pedagogia e pela Psicologia, por exemplo. Propriamente “falando”, os trabalhadores desses ofícios vão se apoderando dela, naquilo que lhes interessam. E o que interessa aos educadores, pedagogos e psicólogos? Cada uma dessas ciências tem objeto de estudo e de intervenção. A Pedagogia tem como fenômeno (objeto, tema, assunto) de estudo e ação as “práticas educacionais” escolares e não-escolares. Já a Psicologia, tem a subjetividade (afeto, cognição e corpo/comportamento) como tema ou fenômeno de estudo e de intervenção, vamos dizer de uma subjetividade que não nega o mundo (sociedade, cultura, história).
De acordo com o tema fulcral de cada uma dessas ciências é que irão se nutrir também da Filosofia, as coisas dependerão do objeto de estudos e de intervenção de cada uma, da Pedagogia (práticas educacionais) e da Psicologia (subjetividade).
Quando a Filosofia, vai navegando por outros mares, muito além de sua nação, ela pode acoplar-se à Pedagogia e à Psicologia, como estamos a descrever. Nesses dialéticos moveres da Filosofia, ela, vamos dizer assim, deixa de ser, pelo menos naquele espaço-tempo, tal qual ela o é no seu estatuto de origem de nascimento – ela ao se acoplar não é aquela (Filosofia) que era no seu berço esplêndido, ela se entrega à mestiçagem, ao híbrido, ao complexo, a outros modos de ser, por ex., agora pode ser uma Filosofia da Educação, ou nem isso, ela está na Pedagogia, e com ela, a Pedagogia continua sendo o que é, Pedagogia que nasceu no país da Abertura aos Outros Saberes-Fazeres-Sentires. Ao se apropriada por um pedagogo, a Filosofia prossegue com base singular prossegue, ela se percebe como parte do seu torrão natal “Ato de Filosofar”.
A Filosofia se entrega aos outros, mas continua
sendo membro daquele lugar originário, e ao mesmo tempo, no espaço, ele reconhece
humildemente sua importância para o mundo. Complexamente, a Pedagogia ao se
apropriar de um outro (Filosofia) ela o faz mantendo seu objeto (ou fenômeno)
de estudo (práticas educacionais, prática, práxis, teorização) e de intervenção
(praticar a educação via práticas – discursivas, pois a produção de teorias, é
uma prática; práticas concretas denominadas educacionais, ação pedagógica etc.).
A Filosofia, nesse sentido aqui-agora pensado, é
desprovida da onipotência, e até se satisfaz em agradar aos outros, ou seja,
ela acompanha a alegria de ensinar (e do outro aprender) e com isso aprender. Destacamos,
entretanto, de que ela não é uma displicente, ela sabe de seu valor e potência,
senão não precisariam dela – raciocina corretamente, nossa “Amiga do Saber”.
A Filosofia, esse saber de sentido, que pontua a origem e o crescer de tudo, passa a dar e ou se dispõe a ajudar ou a dar respostas à duas demandas científicas, da Pedagogia e da Psicologia - que são também diferenciadas entre si. A Filosofia atua colaborando com o incremento das “práticas educacionais” (objeto de pesquisa e ação da Pedagogia) e à subjetividade (interiorização) e aos comportamentos (objetos de pesquisa e de ação da Psicologia).
Ora, complexamente, tanto uma (Pedagogia) quanto a outra (Psicologia), ao se embeber das outras ciências, artes e letras, continuam ser ciências com uma autonomia diante do outro. Elas prosseguem com seu objeto (de pesquisa e de ação), não restando menos dúvida, mas com corpos multifacetados inter e transdisciplinares. Há uma Pedagogia Psicológica, assim como uma Psicologia Educacional. Há uma Educação Especial e uma Psicofisiologia e Psicofarmacologia. Então, há essas trocas significatica entre as ciências, então nem sempre puras e castas, ao contrário, são maravilhosamente mundanas.
Complexamente, há uma Psicologia e uma Pedagogia
nutrindo-se da Filosofia, mas que aqui-agora não é mais Filosofia. Ela é
apropriada por formadores e supervisores, educadores diversos, pedagogos
escolares, professores, psicólogos, terapeutas ou clínicos em geral,
aconselhadores, psicopedagogos, orientadores vitais, orientadores educacionais,
educadores religiosos, educadores sociais, pedagogos comunitários, educadores
infantis e de idosos, de jovens e adultos etc. O que “só era” campo da
Filosofia, ainda que persista nesse seu espaço-tempo, já aqui-agora, de outro
modo (e do mesmo), é dos psicólogos e dos pedagogos.
Por outro lado, para manter a qualidade das tarefas desempenhadas pelos profissionais da Pedagogia e da Psicologia, e o crescimento das ciências, esses oficiadores devem reportar sempre e de modo sistemático, ao saber-pensar-sentir-agir da sua base identitária de ciência, o que lhe é privativo, ou seja, precisa de uma outra (Filosofia) para manter-se na sua originalidade prevista pela sua sociedade, cultura e história.
A Filosofia pode ser assim o sustentáculo original, aquela que “nasceu” para, de modo generoso, inspirar suas amigas Pedagogia e Psicologia a ser profissional do bem comum, que produza satisfação dos seus usuários. Na prática do ensino-aprendizagem escolar e não-escolar (Pedagogia) e de cuidados clínicos também, pois não só (a Psicologia) - descrevemos a manjedoura de um lugar prestigiado chamada Filosofia, mãe e pai de todos nós, de um modo simbólico, é claro, pois cada uma luta por sua independência, ainda que isso seja um ato árduo, sutil, complexo...
Nesse processo, não raro, as ciências se imbricam com a Filosofia, e uma pode contribuir com a outra. Ainda que marcando diferenças, percebe-se uma tênue linha entre uma e a outra, mas sempre uma demarcação provocadora, estimulante, cheia de altos e baixos, quedas e levantamentos, falações desenfreadas e silêncios aterradores, e são os conflitos que as fazem crescer e ser mais útil ao nosso povo (Pinel, 1999; p. 05/06).
Síntese:
O
meu texto descreve a relação intrincada, dinâmica, complexa e dialética entre a
Filosofia e outras ciências, como a Psicologia e a Pedagogia.
A metáfora central é a de que a Filosofia, apesar de ter seu próprio
"país" ou "torrão natal" (ser original em si), é
inerentemente generosa e viaja para outros campos do saber (também originais em
si), influenciando-os e sendo influenciada por eles.
Em
essência, (pró)curo descrever um processo de apropriação e transformação.
A Filosofia não permanece estática; ela se "mistura" com outras
áreas, como a Psicologia (que estuda a subjetividade) e a Pedagogia (que estuda
as práticas educacionais). Nesse processo, ela é absorvida e adquire novas
formas, tornando-se, por exemplo, "Filosofia da Educação" ou
"Filosofia da Psicologia".
O
texto também destaca uma relação de dependência mútua. Embora as
ciências se nutram da Filosofia para se desenvolverem e darem sentido aos seus
objetos de estudo, elas precisam manter sua própria identidade. A Filosofia
serve como um sustentáculo original e uma base teórica que impede que
essas ciências percam sua essência e se tornem meramente técnicas.
Em
suma, a síntese final do texto pode ser a de que a Filosofia não é um saber
isolado e ou autônomo, mas um "saber de sentido" que fundamenta e
inspira outras ciências, então ela tem a verdadeira autonomia – que é
(autônoma), mas sempre diante do outro. A relação é complexa, dialética e, por
vezes, conflituosa, mas é essa interação que garante o crescimento e a
utilidade de todas elas cujo objetivo costuma ser atingir o bem comum do povo,
seus com, seja consumidores, tornando cada vida de cada um e da comunidade,
mais atenta à si e ao outro, na procura de melhor viver a vida enquanto ela há.
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Texto já publicado e ligeiramente modificado... 28/09/2025