quinta-feira, 30 de outubro de 2025

 

METODOLOGIA DE VIKTOR FRANKL EM DETALHES

Escrever um livro não é muito; saber viver é mais; seria muito mais escrever um livro que ensine a viver. Seria muito mais ainda viver uma vida que mereça ser relatada em um livro (Viktor Frankl, 1974/2003, p. 261).

[...] Frankl exprime que a fenomenologia constitui a escola de pensamento que mais propriamente pode inserir-se no horizonte da vida concreta, entendimento que novamente o aproxima da concepção heideggeriana [grifo nosso] – já que também Heidegger valeu-se da fenomenologia como modo de interpretação do homem na condição em que se encontra “antes de tudo e no mais das vezes”, isto é, a cotidianidade (a vida fática). Diz Frankl (2011, p. 89): “o que precisamos fazer é nos voltar para o modo através do qual o homem comum, o homem da rua, experimenta os sentidos e os valores e traduzir tais experiências em linguagem científica. Um empreendimento dessa natureza, eu diria, é, precisamente, o que deveria ser levado a cabo por aquilo que chamamos de fenomenologia”. A fenomenologia seria, então, a ponte entre a reflexão especializada e a realidade vivida (Lima Neto, 2019, p. 24, grifo nosso).

A logoterapia e Análise Existencial pode ser compreendida como uma abordagem da psicologia clínica alicerçada na fenomenologia, no humanismo e no existencialismo [grifo nosso] (Aquino, 2020, p. 1, grifo nosso).

A única forma, segundo Frankl (2019a) de não reduzir o amor seria através de uma ANÁLISE FENOMENOLÓGICA, constituindo um dos aspectos da autotranscendência humana (Brunetti; Sá, s/d, p. 1, destaque nosso).

Frankl refere-se a uma análise existencial (e ou análise fenomenológica) não só como modo de terapia da Logoterapia, mas, podemos inferir como um modo de discutir os dados coletados das pesquisas, um modo de analisá-los, interpretá-los. Quando Frankl publica um caso clínico, e revela o que “disse” ao paciente, ele faz um modo de analisar a existência da pessoa que está sob a égide da Logoterapia, e ao mesmo modo, pode ser um modo de fazer pesquisa fenomenológica, analisando os dados, no caso, a discursividade do sujeito que procura cuidados clínicos (Pinel, 2012, p. 1, grifo do autor).

Um "processo de descoberta do sentido" é a meta do terapeuta e do pesquisador - isso em Frankl. (...) O que o pesquisador fará no seu relatório final da investigação frankliana? O cientista analisará os dados coletados, o que, de modo tradicional, se denomina de “resultados” (aqui se apresenta os dados, um depoimento, por exemplo) e a “discussão dos dados” (análise do depoimento). E como ele descreverá? O pesquisador executará seu texto científico descrevendo e (des)velando o “que é” e do “como é” ser humano no mundo, e isso o leva a produzir uma (des)coberta do sentido [grifo nosso], descobrir o sentido da vida é uma das contribuições dessa pesquisa fenomenológica proposta por Frankl. Ele então recomenda, como primeiro passo da pesquisa, a utilização de diários, depoimentos, narrativas, contação de causos - tudo descrito, ou como escreveu: para esse tipo de pesquisa o melhor é utilizar de "material biográfico" (FRANKL, 1990, p. 22; 1991; p. 123)  acerca da vivência de sentido. (...) No seu livro "Em busca de sentido" ele faz um longo depoimento acerca da sua própria experiência vivida-sentida, autodescrição do que estava sendo experienciado. Ele estava nos campos de concentração nazistas, que era um espaço-tempo de onde inventou seus discursos e ou teorias. Na dor, talvez como transcendência [grifo nosso] daquela dor sentida, ele começou a produzir ciência, a cuidar dos seus companheiros existenciais mais doloridos. (...) A partir daí, dessas descrições, defendemos de que o sentido (da vida) pode ser localizado ENTRE uma "experiência-surpresa" e uma “percepção gestáltica” [grifo nosso], que na terapia, leva ao paciente a criar uma ação.  De modo sensível e provocador, de repente, não mais do que de repente, emerge um significado do viver diante da nossa percepção (...) [isso é algo que] (co)move nosso organismo e (nosso) corpo, alma, mente, espiritualidade - o ser-no-mundo  (Pinel, 2012, p. 1, grifo do autor).

Frankl (1990) nos descreve que para validar uma pesquisa existencial [grifo nosso] é só o pesquisador "ir às coisas mesmas" [grifo nosso]. Ele é um cientista que lê e relê. Ele se torna sensível do vivido, aos dados coletados e agora descritos. Frankl assume que recorreu, como instrumento de coleta de dados, à sua autobiografia do seu vivido em campos de concentração [grifo nosso] - sua experiência ali, naquele tempo, e espaço. a descrição é compatível com a realidade vivida. Dessa descrição fidedigna do "experienciado", Frankl produz uma teorização de uma psicoterapia - e ela própria. Assim, a autobiografia (o dado coletado e agora descrito) válida a teoria, e a teoria é validada por encontrar referências, respaldos ou fundamentos compatíveis com a experiência descrita. Síntese: foi a experiência vivida de Frankl, agora descrita, que o levou a criar a Logoterapia, que foi validada pela descrição autobiográfica [...] uma pesquisa descritiva de uma experiência pode levar ao pesquisador a (des)cobrir algo, e cientificamente, será a experiência perfeitamente descrita é que validará esse (des)velar de uma proposta teórica nascida da prática  (descrição tal qual foi o real) (Pinel, 2012, p. 1, grifos do autor).

 

O método fenomenológico aí, aparece como “tentativa de descrição [grifo nosso] do modo como o ser humano entende a si próprio, do modo como ele mesmo interpreta a própria existência, longe dos padrões pré-concebidos de explicação, tais como os forjados no seio das hipóteses psicodinâmicas ou sócio-econômicas” (Frankl, 1988, p. 7, grifo nosso).

 [...] para ele [ser humano] a vida é uma série de situações nas quais ele é colocado e às quais precisa enfrentar de uma forma ou de outra, dependendo da circunstância; essas situações em cada caso têm um sentido bem determinado, que tange unicamente a ele e que o requisita. E a compreensão originária que ele tem de si mesmo diz-lhe que ele precisa empenhar tudo para descobrir esse sentido. A fenomenologia apenas traduz essa compreensão a linguagem científica; ela não forma conceitos de valor a respeito de quaisquer fatos, mas constata como o ser humano comum vivencia os valores. A logoterapia [pautada na fenomenologia] então retraduz o conhecimento elaborado pela fenomenologia, referente às possibilidades de encontrar sentido na vida, para a linguagem da pessoa simples e comum, para capacitar também a esta a encontrar sentido na vida (Frankl, 2007, p. 90-91, grifo nosso).

Ao adotar uma metodologia fenomenológica, a logoterapia se fundamenta na metodologia fenomenológica como ciência e a própria intervenção (...) procura exprimir a autocompreensão do homem em termos científicos (Frankl, 2011, p. 16, grifo nosso).

A análise existencial é uma [..] compreensão da existência. Com a única diferença de que nós não deixamos de considerar o fato de a existência, de a pessoa, também explicitar a si mesma: ela se explicita, ela se desdobra, ela se desenrola, e, em verdade, na vida em seu transcurso. Tal como um tapete desenrolado revela seu padrão inconfundível, deduzimos do curso da vida, do devir, a essência da pessoa (Frankl, 2014, p. 57).

 

[...] análise existencial não designa apenas uma explicação da existência ôntica[1], mas também uma compreensão ontológica[2] daquilo que é a existência.  Nesse sentido, a análise existencial é a tentativa de uma antropologia psicoterapêutica, de uma antropologia que é anterior a toda psicoterapia, não apenas à logoterapia; pois, se podemos acreditar em F. W. Foerster, a análise existencial “não é apenas um complemento à psicoterapia, não, ela é a sua base espiritual imprescindível” (Frankl, 2014, p. 57, grifo nosso).

 

Em linhas gerais, a Logoterapia, como grande parte das teorias existenciais, não defende a classificação do ser humano em termos de traços ou tipo de personalidade, já que compreende o ser humano como um contínuo vir-a-ser [...].  Nessa perspectiva, [...] a Logoterapia propõe a visão do ser humano como um ser dinâmico [que sempre abre fendas por onde passa].  A pessoa  é  constituída   por   caráter   e   temperamento,   podendo,   ainda   assim,   opor-se   a   eles   (antagonismo   noopsíquico[3]), ampliando a visão acerca da estrutura do sujeito como um ente meramente estático (Aquino, 2019,  p. 51).

Boss insiste que o que a ciência considera ser um respeitável vocabulário científico é uma usurpação da palavra "científico". É preciso usar as palavras que melhor descrevem os fenômenos, e não ser limitado por uma tradição autoritária. Novas perspectivas científicas comumente exigem um vocabulário completamente novo, assim, não é surpreendente que muitos escritos existenciais soem estranhos e esotéricos para aqueles que foram criados com a visão de mundo científica do século XIX. Como acontece com as novas formas de música e de arte, a dissonância criada pelo vocabulário existencial será gradualmente reduzida e desaparecerá" (Hall e Lindzey, 1987, p. 89).

A fenomenologia é uma descrição do modo como o ser humano entende a si próprio, do modo como ele próprio interpreta a própria existência, longe dos padrões preconcebidos de explicação, tais como os forjados no seio das hipóteses psicodinâmicas ou socioeconômicas. Ao adotar uma metodologia fenomenológica, a Logoterapia [...] procura exprimir a autocompreensão do homem em termos científicos (Frankl, 2011, p. 16, grifo nosso).

O leitor poderá notar neste trecho [de um discurso diagnóstico clínico existencial da paciente Ellen West do terapeuta Ludwig Binswanger] um estilo de escrever que é característico da análise fenomenológica [grifo nosso]. A terminologia técnica está [quase] ausente, exceto pelas palavras Umwelt, Mitwelt e Eigenwelt[4] [grifo nosso], mas estas só parecem técnicas aos leitores de língua (...) [portuguesa] porque elas são palavras estrangeiras. Nota-se também o uso de um vocabulário evocativo, quase poético. Tais imagens parecem muito distantes do vocabulário sóbrio, comum e mesmo esmerado, comumente empregado na exposição científica. É preciso ter em mente que o existencialismo sempre manteve fortes laços com a literatura e que um dos seus antepassados, Nietzsche, foi tanto poeta quanto filósofo. De fato, a literatura sempre foi e terá de ser existencial, pois ela lida como ser-no-mundo. A literatura é psicologia com a diferença de que a literatura é ficção, enquanto a psicologia é ou deveria ser factual. A diferença é entretanto trivial" (Hall e Lindzey, 1987, p. 89).

Quando, nós, os cientistas da fenomenologia-existencial vamos a campo coletar (e ou produzir) dados científicos, percebemos algo provocador. Antes de nós, estiveram "lá-no-campo" (e estão) as artes, as literaturas, as poesias, as danças, os gestos delicados e refinados, as ilusões, sotus, fish upon sky, a costureirinha, os raciocínios e modos alternativos de solucionar os problemas que aparecem na vida-vivida etc. Serão as expressões, as mais inusitadas, que vão configurando uma cartografia existencial que pode configurar um erótico jogo de corpos vívidos de sentido, algo como o prazer de ser pessoa e o sentido da vida. Nesse cotidiano existencial, que não é o banal, mas o (cotidiano) artístico é espaço-tempo em que o fenomenologista, profissional da ciência, na angústia própria de ser, vai coletar e/ou produzir dados. Trata-se assim um cotidiano como um lugar rápido-lento-atroz, de rara boniteza, onde o projeto de ser sartreano autoriza sair de um fundo, diversas figuras impregnadas de subjetividade e valores humanos, as mais diversas e diferenciadas, positivos e negativos - dois pólos interligado. Emerge (do Fundo) positividades (Figuras), e não só com rosto de sofrimentos, as dores, as alienações etc., e é onde há o nada e ódio, mas, daí mesmo, dessa figuração, que aparecem de sentido pequenas pedras de diamantes brutos. Uma das tarefas do pesquisador fenomenológico diante da pedra preciosa da primeira vez,  é a de cuidadosamente lapidar com o finco de (des)velar o sentidos e significados de ser-no-mundo, apontando o "que é" e "como é" ser, e ao final, nascendo de um Fundo, irrompe uma tese descrita com refinado rigor. Esse desvelar, nunca definitivo, nunca completo e nem sólido, pontuam essências que aparecem possibilidades de aprender, crescer e respirar a vida. Todo esse processo vivido pelo cientista mostra uma autorizada disposição indica algo que será percebido. [...] são descobertas científicas de relevância psicológica, social e educacional, que pode impactar as práticas da Pedagogia escolar, hospitalar, social etc;, da Psicologia, da Psicopedagogia etc., marcas as subjetivações dos ledores e estudiosos de uma pesquisa nessa esfera  (Pinel, 2022, p. 31).



[1] "Existência ôntica': Ôntico (do grego ὄν, flexão ὄντος: "do que é") é existência física, real e factual. Refere-se à dimensão concreta e específica. Para Frankl somos mais do que isso, somos ontologia, somos mais, somos ser pensante, que reflete, imagina, cria... Fonte:

[2] Compreensão ontológica: compreender a profundidade do ser, ir além das aparências, sair da superficialidade. E,m Pinel (2020) encontramos que uma ontologia que pesquisa a natureza da realidade e da existência (o ser, ser-no-mundo), e assim,  uma compreensão é ontológica quando, do ponto de vista filosófico e psicológico, aborda questões relacionadas ao ser, interroga, problematiza, procura caracterizar, afirma. É uma busca por compreender o ser-no-mundo em sua "essência existencializada" (sempre fixa, mas próximo de se tornar efêmera e volátil, pois a vida prossegue com novas aprendizagens". A proposta (Pinel, 2020) é produzir uma travessia muito além das aparências, em uma ação de sair buscando os possíveis fundamentais que governam e (co)movem o ser em seus modos de ser, como ser-no-mundo. Exemplo: O que é ser imigrante? Como é pesquisar ser imigrante e eu estar sendo expulsa do meu lar? Como estudar ser imigrante em um país, minha nação, que na escola sou expulsa pela violência? Qual a relação do ser imigrante quando  seu espaço e tempo?

[3] Trata-se de uma capacidade do ser-no-mundo em produzir novos vir-a-ser transcendendo aos condicionamentos psicofísicos, as adversidades, vicissitudes. Descrevemos um espírito capaz de tal realizar esse movimento de superar ou sobrepor aquilo que é uma barreira um anteparo.

[4] Umwelt, significa o mundo ao redor, o mundo biológico, a natureza, catástrofes, árvores, pedras, monções etc.  Mitwelt, significa mundo dos seres humanos - o outro, os outros. Já Eigenwelt, é mundo próprio (o "si-mesmo"). Os três mundos interligados compondo um complexo mosaico de ser do ser-no-mundo.

sábado, 25 de outubro de 2025

GAS-LIGHT-ING:

ABUSO PSICOLÓGICO COM INFORMAÇÕES DISTORCIDAS ADVINDO DE UM MANIPULADOR CONTRA UMA VÍTIMA

MOTIVAÇÃO DO ARTIGO:
Esse é um tema descrito sobre o "saber" (conhecer) e o "ignorar" (ignorância), tema muito ligado à educação e pedagogia, assunto muito ligado à educação e pedagogia da manipulação (criminoso) do comportamento (vítima)

Gas-Light-Ing [*] é uma forma de abuso psicológico na qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória [o mais comum; esconde objetos da vítima, rasuras os objetos; escondem e fazem aparecer novamente etc.], percepção, atenção, manipula o ambiente, provoca situações dolorosas através de cheiros, por exemplo, nega conhecimentos, sentimentos e comportamentos da vítimas (ou as afirma, sendo mentiras) e a sanidade - dentre outros. Casos de Gas-Light-Ing podem variar da simples negação por parte do agressor de que incidentes abusivos anteriores já ocorreram (ou que não ocorreram), até a realização de eventos bizarros pelo abusador com a intenção de desorientar a vítima.

O termo deve a sua origem à peça teatral "Gas Light" e às suas adaptações para o cinema, quando então a palavra se popularizou. O termo também tem sido utilizado na literatura clínica e policial.

Como funciona:
A pessoa que pratica o Gas-Light-Ing pode negar eventos que aconteceram, mentir sobre o que foi dito ou feito, ou minimizar os sentimentos da vítima.

Objetivo:
O objetivo é desorientar a vítima, fazendo-a acreditar que está errada, louca ou que está imaginando coisas. Há vários outros subobjetivos como ganhar benefícios delas (das vítimas).

Origem do termo: a obra de arte
A expressão vem do filme de 1944 chamado "Gas Light" (no Brasil, "À Meia Luz", direção de George Cukor), onde, na narrativa, um marido manipula o ambiente para atingir a sua esposa, a ponto de fazê-la duvidar de sua sanidade, incluindo o ato de diminuir a "luz do gás" da casa e negar que isso esteja acontecendo. Espalhar perfume no ar e dizer que não está sentindo - uma idosa (na peça de teatro) viúva que recorda o perfume de lavanda do falecido, o filho joga esse perfume e diz que não está sentindo, "só a senhora mamãe, precisa de cuidar disso, procurar um psicólogo ou pode ser um neurologista, é comum Alzheimer nessa faixa etária". Manipula os remédios, fazem sumir comprimidos.

A peça teatral Gas Light, de 1938, e suas adaptações para o cinema, lançadas em 1940 e 1944, motivaram a origem do termo por causa da manipulação psicológica sistemática utilizada pelo personagem principal contra uma vítima.

O enredo diz respeito a um marido que tenta convencer sua esposa e outras pessoas de que ela é louca, manipulando pequenos elementos de seu ambiente e, posteriormente, insistindo que ela está errada ou que se lembra de coisas incorretamente quando ela aponta tais mudanças.

Origem do termo: a palavra em inglês: "LUZ DE GÁS" (GAS-LIGHT-ING) QUE SE REFERE NO FILME A UMA "MANIPULAÇÃO". TIPO: - ESSE SUJEITO É GAS-LIGHT-ING (MANIPULADOR)

O título original decorre do "escurecimento das luzes" alimentados por gás na casa do casal [comum nos Estados Unidos da América; gás para esquentar a casa, aquecê-la; hoje domina a luz elétrica], que aconteceu quando o marido estava usando as luzes no sótão, enquanto busca um tesouro escondido. A esposa percebe com precisão o escurecimento das luzes e discute o fenômeno, mas o marido insiste que ela está apenas imaginando uma mudança no nível de iluminação.

O termo "Gaslighting" é utilizado desde 1960 para descrever a manipulação do sentido de realidade de alguém - isso na clínica e os casos encaminhados para a justiça, com casos conhecido de prisão por 20 anos.

Na clínica

A psicóloga Martha Stout afirma que sociopatas frequentemente usam táticas de gaslighting. Os sociopatas consistentemente transgridem costumes sociais, descumprem leis e exploram os outros, mas geralmente também são mentirosos, charmosos e convincentes ao negar as irregularidades que praticam. Assim, algumas pessoas que foram vítimas de sociopatas podem duvidar de suas próprias percepções. Jacobson e Gottman relatam que alguns cônjuges que cometem abusos físicos podem praticar gaslighting em seus parceiros, mesmo ao negar enfaticamente que tenham sido violentos.

Os psicólogos Gertrude Gass e William C. Nichols usam o termo gaslighting para descrever uma dinâmica observada em alguns casos de infidelidade conjugal: "Os terapeutas podem contribuir para o sofrimento da vítima ao tachar reações da mulher […] Os comportamentos de gaslighting do marido provêm uma receita para o chamado "ataque de nervos" para algumas mulheres e o suicídio em algumas das piores situações". Gaslighting também pode ocorrer em relações entre pais e filhos, sendo que os pais, a criança ou ambos tentam minar as percepções uns dos outros.

Além disso, gaslighting também foi observado entre pacientes e funcionários de unidades de internamento psiquiátrico. Algumas das condutas de Sigmund Freud têm sido caracterizadas como gaslighting. Em relação ao caso de Sergei Pankejeff, apelidado de "Wolf Man", devido ao seu sonho com lobos que ele discutiu amplamente com Freud, Dorpat escreveu: "Freud trouxe pressão implacável sobre o Wolfman para aceitar e confirmar as reconstruções e formulações de Freud".

O caso em telenovela: Maria do Bairro

Muitas obras de arte abordam o tema.

Na telenovela María la del Barrio (no Brasil: Maria do Bairro), a vilã Soraya Montenegro (Itatí Cantoral) arma situações para tentar convencer os outros de que sua enteada Alicia (Yuliana Peniche) está louca, chegando a trancá-la em seu quarto com tarântulas para que a menina gritasse, e em seguida, retirar as aranhas do quarto, pedindo aos empregados checarem o quarto, para então "confirmarem" de que sua enteada está realmente "louca" [adoro essa telenovela ]

Resistência: um dos modos de cuidar de si desses sociopatas

No que diz respeito a mulheres (e depois verificou o mesmo entre homens) em particular, a psicóloga Hilde Lindemann argumenta enfaticamente que, nesses casos, a capacidade da vítima de resistir à manipulação depende de "sua capacidade de confiar em seus próprios julgamentos". A criação de versões alternativas dos fatos pode ajudar a vítima a readquirir "níveis normais de livre-arbítrio".

Outro caminho é "sair" das garras do abusador.

Outra tem sido a denúncia na justiça, e nesse caso, uma das indicações, é o abusador provar o que lhe acontece, com uma testemunha.

Também tem sido estimulado a vítima socializar tais acontecimentos e o que ocorre, fazendo isso com as pessoas corretamente éticas, as mais amigas, caso contrário, essas podem começar a achar loucura da vítima, tornando-a mais presa a essa rede, que não é tão complexa assim e que se pode desmascarar.

Procurar um bom cuidador que não rotula o outro, pois a vitima pode ser considerada, sim, uma louca, e isso geralmente parte de um clínico imaturo, recém formado, incompetente, talvez até um terapeuta psicopata.

DUVIDE, SIM! DE QUEM DUVIDA DE VOCÊ!

[Hiran Pinel, autor; fundamentado em artigos indicados no primeiro comentário]
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NOTA [1] >> ou Gaslighting ou gas-lighting ou Gas Lighting