sábado, 14 de outubro de 2017

Sobre nossos modos de ser (sendo) naquilo que escrevemos, Foucault em "A escrita de si" (1992) nos fala, que apesar das cartas que escrevemos ser endereçadas ao outro, de fato, nelas falamos de nós mesmos. Assim, vez por outra eu escrevo algo e tasco ao final, "ficção", conscientemente é algo inventado/ criado por mim, mas isso não impede que eu reconheça que há uma escrita de mim ali, e que ao mesmo tempo, o leitor pode sentir a presença dele também naquele escrito. Isso me parece valer inclusive para produção científica e artística em geral, assim como estamos sentados e sem percebermos desenhamos algo, traçamos linhas aparentemente desconexas ou é assim mesmo, "somos desconexos". Não há como escapulir disso: naquilo que produzimos tem algo de nós, muito ou pouco, mas tem, de modo claro ou não, mas tem.

[Hiran Pinel, citar fonte caso pesquise; 14/10/2017; Vitória, ES].