domingo, 28 de agosto de 2022

AMOR AO CONHECIMENTO

Podemos consumir o thai-pop e outras artes/literaturas/poesias, só isso, pois a arte não muda concretamente nossas vidas, apenas nos ajuda a comprar coisas, nos torna emocionais por minutos e ou dias - mais nada... kkk No máximo, como disse, pode ser uma ilusão aparentemente mais sólida, nada mais do que isso, repito.
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Ganhei uma bolsa com imagem de uma banda K-pop com os autógrafos de cada membro, comprada em Banguecoque, e agradeço a generosidade (maravilhosa) em lembrar de mim.

Minha paixão pelo pop tailandês (principalmente), coreano, japonês, chinês etc., é isso, ou seja, eu mais o consumo do que o vivo no sentido de expressar novos comportamentos e emoções, cognições, expressões corporais etc. Nada disso, é consumo da arte. Por minutos ou horas, ou dias, podemos nos sentir nas nuvens, mas raramente temos mudanças mais um pouco permanecente quando impactados com uma cultura pop.

O thai-pop que trago em mim é impossível de expressar, ainda que eu tivesse 16 anos de idade, afinal, fui fã do movimentos, que poderiam ter sido denominados brasil-pop kkk ou Br-Pop... kkk Movimentos das canções de protesto, a Jovem Guarda, o Tropicalismo, o Cinema Novo, a moda pret-a-porter etc. Nesses momentos eu apenas consumia - discos (principalmente), escuta das canções no rádio e na TV da época, pedir canções nas rádios, escrever para a Revista InTerValo, ir ao cinema, camisetas, calças, estilo de cabelo, fotos, autógrafos, telenovela como Beto Rockfeker, bonecas e bonecos, show's, festivais etc. Entretanto, quando ia me expressar de modo concreto, e visivelmente observado pela emissão dos meus comportamentos comuns de oposição ao estabelecido na época, não raro, eu era rechaçado de algum modo, ora por "mim mesmo" que tinha "comprado" as censuras dos meus pais (minha família), a religião e o próprio Estado brasileiro, em época de políticas ditatoriais. O Estado é uma poderosa arma pra gente produzir muita censura, dar passos muito pequenos pra gente crescer e aprender...

No máximo, o que eu conseguia era repetir uma moda, ou dizer uma frase nascida do yê-yê-yê ou de um protesto simbólico de Caetano Veloso". Poderia dizer "caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento", não mais do que isso. O fato era que eu andava "a favor do vento", e me cuidada pra "não" esquecer do lenço (pra limpar as lágrimas dos meus olhos) e dos documentos, senão poderia ser detido, na época, pela polícia - 1966, mais ou menos.

Ou seja, a arte-pop é sentida adentro de nós como uma fagulha de possibilidades, sendo assim, é "apenas" uma "esperança", ou "é uma esperança". Evidentemente, a esperança é um valor, mas é uma subjetividade também, mas que é impossível expressá-la concretamente na sociedade, pois aparecerá sempre a proibição, a censura - e olha que isso se alastra no Brasil, nos Estados Unidos, em Cuba, na China, em Israel - vejo isto em obras de arte.

Pode ser até que fôssemos a favor da "ideologia dominante", e só queríamos "amar livremente" - leia-se, transar. Mas, o que é amar livremente? O amor ameaça mais do que mil metralhadoras. Assim, é que "este ato" (o de amar com liberdade) era algo maior, que nos indica que era preciso "insubmetermos ao estabelecido", e isso nem sempre acontecia pela censura interna advinda da censura familiar, até mesmo da religiosa, mas do Estado. O Estado repressor e fascista tema o "amor livre", a liberdade, e especialmente a "liberdade existencial".

Amar livremente nos leva por um caminho de resistência, por isso, muitos jovens da minha idade, na época, e velhos senhores de hoje, são "mantenedores da ordem estabelecida", uns são fascistas e outros são constante questionadores das merdas em que nos meteram, e que nós nos metemos.

Há exceção? Sim, mas este não foi eu - 'eu não fui", tanto que me transformei em "bom mocinho" onde minha área nunca foi a do "amor sexual", mas a do "amor ao conhecimento", ainda que o "ato sentido de conhecer" implica também em amar. O "ato sentido de conhecer" é impulsionado por uma energia amorosa, que dá ao corpo novos significados de um existir total como "ser-no-mundo", implicando em "ser-com". 

[Hiran Pinel - autor - 23.04.2022]