sábado, 17 de maio de 2025

 O QUE SIGNIFICA O TERMO "YAOI" NO SEU SURGIMENTO NO JAPÃO?

Yaoi é um anacrônico para história criadas e publicadas pelas fãs, narrativas se baseavam “mangás” e ou “novels” profissionais ou originais. As fãs “pegavam” um personagem, por exemplo, uma cena dele. Esse personagem é um jovem hétero com um amigo hétero, mas muito próximos, chegados... Pois, então: elas recontavam essa história tornando-a mais picante, sexualizada, erótica, sedutora sexual – os dois amigos, nesse tipo de literatura das fãs, ao estilo marginal e subversivo, se transformavam em gay, falando palavrão, muito sexo, palavras eróticas, amor...  Elas subvertiam o estabelecido, criando outros textos mais corajosos e audaciosos. As fãs queriam mesmo é representar que aqueles dois amigos (de uma série de TV, por exemplo) praticasse, sexo explícito, talvez uma pornografia. Essas que faziam isso mostravam insatisfação com a arte original, e ficavam ansiosas para ir direto ao ponto. MAS, as narrativas criadas por elas, não tinham nem começo e nem fim, talvez só um esboço do meio. Mas, a literatura ficcional delas eram sem graça, pois faltava uma linguagem clássica de um romance como início (os dois se conhecem), conflito (numa briga, os dois caem no chã e tocam os lábios) e ambos ficam furiosos acusando um ao outro, meio (brigas, pazes, e um dia um beijo – só isso) e fim (os dois ficam juntos, talvez com um leve tocar nos lábios)... Então, é por essas dificuldades narrativas que os críticos (e elas mesmas, elas sabiam o que produziam) inventaram um “acrônimo”. Yaoi é de chofre uma SIGLA (ex; UFMG, ao falar você cita cada letra), mas que ao ser lida dá uma nova palavra (UFES, ao ler você não cita letra por letra, mas uma palavra “ufes”). Só que Yaoi é um termo já em inglês ou ocidentalizado e o significado de cada letra é em japonês. Considerando a origem japonesa, verifica-se de que cada letra significaria do termo Yaoi (fala-se “iaoí” ou “iaoi”): vamos dizer que Y seria uma história sem clímax (sem um ponto alto, que atrai atenção numa narrativa clássica); A: não se resolviam os problemas dos personagens; O: nem problemas havia, era só sexo explícito; I: não havendo um final. Simplesmente as histórias não eram estruturadas, eram sem sentido, com dificuldade de estabelecer um significado dentro de uma narrativa comum com início, meio e fim, com as etapas de um herói comum ou do cotidiano. Yaoi era uma Sigla, mas que socializada tornaria um acrônimo, pois lida gera ou produz uma nova palavra: “yaoi. Ou seja, Yaoi poderia ser um sigla, mas como se lê como uma palavra, confirmamos ser um acrônimo.

Hiran Pinel, autor do texto; em citando, dar autoria. Ufes, PPGE - Vitória, ES: 17 maio de 2015, aos 22h33min. De sábado pra domingo, e eu ansiando por melhores respostas do que seja YAOI. O que eu já publiquei tem sentido, esse daqui parece-me mais correto.


quinta-feira, 15 de maio de 2025

 

POR QUAL MOTIVO SE DIZ OU ESCREVE YAOI? O QUE SIGNIFICA ESSE TERMO? QUE RELAÇÃO ESSE TERMO TEM COM OS CONTEÚDOS PROPOSTOS DE AMOR ENTRE GAROTOS?

Origem e Significado de "Yaoi", um acrônimo japonês

Um acrônimo é uma palavra formada pelas letras iniciais de outras palavras, e que se pronuncia como uma palavra única e não como uma sequência de letras

Diferentemente de uma sigla, que é lida letra por letra, o acrônimo tem uma estrutura silábica aceitável e pode ser reconhecido como uma palavra.  Exemplo de SIGLA: UFMG (para falar o sujeito cita letra por letra). Exemplo de ACRÔNIMO: Ufes (para falar, você acaba falando uma palavra, e não letra por letras. Diz-se como se fosse uma palavras: “ufes”, você não diz: eu estudo na “U – F – E – S”, não diz letra por letra, mas como uma palavra: eu estudo na "ufes"... Exemplos de acrônimos, e vou escrever como uma palavra: "unesco", "onu", "mec", "tap", "usp" etc.

Yaoi são 4 letras para termos em japonês, cada termo é uma palavra, mas ajuntadas dão uma outra palavra, mas que se refere a mesma coisa: acrônimo. Ao ler Yaoi dá uma nova palavra como disse, palavra cujo significado são as iniciais, mas que não são ditas letra por letra. Então, cada letra significa uma coisa. Retomando o tema: quando eu digo “ufes”, estou dizendo sobre a Universidade Federal do Espírito Santo, as iniciais do nome dessa instituição, é delas que formam um nome. Quando eu falo Yaoi, eu estou falando de uma sigla, mas que não é, é um acrônico. Yaoi é um nome, e cada inicial tem um sentido.

Estou sendo bem didático e como um professor que repete para ele mesmo entender-se... kkk

Como Yaoi é um termo japonês, não é tão fácil explicar.

Vamos dizer que cada letra significa histórias recriada por fãs, que estão fora do padrão narrativo clássico, logo são narrativas “sem estrutura de uma história”, não tendo um clímax ou um momento alto que chama a atenção do espectador; quando criam um conflito, quando isso ocorre, as fãs que escrevem, não o soluciona. A história fica aberta sem um final – o foco das meninas, no começo era na relação amorosa sexual entre dois rapazes, esse tema era um desejo dela, era algo que as atraía, e atraí até hoje. Da história criada não se extraía um sentido e ou um significado. O termo Yaoi emerge de fãs, e outras fãs, mais profissionais começaram fazer e ou contar histórias dentro do padrão clássico de narrativa, que considera os modos tradicionais de descrever e contar um caso de um herói do cotidiano.

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A palavra "Yaoi" (やおい) é, na verdade, um ACRÔNIMO japonês derivado da frase:

  • Yamanashi (山なし - sem clímax, sem ponto alto)
  • Ochi (落ちなし - sem resolução, sem final)
  • Imi nashi (意味なし - sem sentido, sem significado)
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Essa descrição aparentemente negativa surgiu no contexto dos doujinshi (obras de fãs) que parodiavam mangás e animes populares, especialmente da série de mangá e anime de ficção científica para garotas chamada "Captain Tsubasa" (Super Campeões no Brasil).

Nos primórdios do que viria a ser conhecido como Yaoi, muitas dessas criações de fãs focavam em relacionamentos implícitos ou sugeridos entre personagens masculinos da obra original, muitas vezes sem um desenvolvimento romântico completo ou uma conclusão definitiva. Eram histórias que se concentravam mais na dinâmica e na interação entre os personagens do que em uma narrativa romântica tradicional com um clímax e resolução claros.

O trabalho das fãs (mulheres) era em cima de um mangá original comum; mangá que não era gay. Elas faziam suas narrativas próprias, bem desorganizada com a teoria da arte de contar história e ou narrativas. Ela “pegavam” dois rapazes que estão presente em um mangá não-gay, e no original os dois elas amigos, e tinham namoradas, e apaixonavam-se por elas... Elas traduziam esses dois héteros como gays, e comumente as namoradas eram vilãs, pois se opunham aos namorados serem apaixonados por eles, abandonando-as ou diminuindo a sedução e o erotismo. Repetindo, elas criavam eram histórias incompletas, sem um clímax narrativo, sem um final, e não se mostrava a solução de um conflito – quando havia. Como as fãs faziam narrativas mais focadas no sexo, tudo aparecia sem sentido, é como se a história (da fã) já começasse com os dois rapazes se amando... Ou seja, o Yaoi foi criado por mulheres visando atingir como ledor e vedor às próprias mulheres, poderíamos dizer de que o Yaoi era de mulher para mulher, ainda que com o tempo, foram aparecendo autores masculinos, gays ou não. O Yaoi, já estabelecido, e dentro das regras de uma narrativa clássico, fez (e faz) muito sucesso, elevando atores ao estreto, e à fortunas. No Ocidente há um consumo atento e ansiado.

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RECORDEM: Yaoi é um anacrônico para história das fãs sem clímax (sem um ponto alto, que atrai atenção numa narrativa clássica), não se resolviam os problemas dos personagens, não havendo um final. Simplesmente as histórias não eram estruturadas, sem sentido, com dificuldade de estabelecer um significado dentro de uma narrativa comum com início, meio e fim, com as etapas de um herói comum ou do cotidiano.

 

Relação com o Conteúdo de Amor entre Garotos:

Apesar da origem aparentemente pejorativa, o termo "Yaoi" acabou sendo adotado pela comunidade de fãs para descrever obras que explicitamente retratavam relacionamentos românticos e/ou sexuais entre personagens masculinos. A ironia é que, com o tempo, o gênero Yaoi se desenvolveu muito além dessas paródias iniciais "sem clímax, sem resolução e sem sentido".

A adoção do termo "Yaoi" pode ter ocorrido por alguns motivos:

  • Identificação da Comunidade: O termo serviu como um ponto de identificação para criadores e consumidores desse tipo de conteúdo, mesmo que a descrição original não se encaixasse perfeitamente nas obras mais desenvolvidas.
  • Contraste com o Material Original: O nome "Yaoi" poderia ter sido usado inicialmente para diferenciar claramente essas criações de fãs do material original, que geralmente não continha esses elementos românticos homossexuais.
  • Evolução do Significado: Como acontece com muitas palavras e termos culturais, o significado de "Yaoi" evoluiu com o tempo. Embora a origem esteja ligada àquela descrição específica dos doujinshi iniciais, hoje em dia, o termo é amplamente compreendido como se referindo a ficção que centra-se em relacionamentos masculinos românticos e/ou sexuais, independentemente de terem ou não uma estrutura narrativa "sem clímax, sem resolução e sem sentido".
  • Esoterismo: Era um modos das fãs dizerem "yaoi" e como um "esoterismo", no sentido só elas entendiam, evitando serem temas de preconceitos por gostarem de algo "imoral", sexo entre dois homens.
  • Criar uma palavra erótica: as moças acham erótico e sedutor dois homens apaixonados. Elas torcem para que os dois fiquem juntos, e assim ao torce por esse casal, elas fazem "ship" (torcida). Há uma teorização que aventei, é de que as meninas curtindo história de dois caras, elas ficam preservadas (virgens), e espera que os dois, depois de viver esse amor, abandonem a homossexualidade indo namorar e casar com elas. Ele tem sexo e precisa extravasar, que façam com homens que não são ameaças pra ela, uma outra fêmea é ameaça. A cultura japonesa valoriza muito a virgindade, pelo menos em alguns grupos, assim elas se mantêm castas. Os rapazes vão fazer sexo um com o outro, e treinam para replicar essa experiência com elas.
  • Erotizar a escola: a escola, lugar de organização do conhecimento, seu ensino que impõe aprendizagem, é um ambiente assim rígido, ainda mais no Japão, um país que hipervaloriza o sucesso escolar, assim como na Coreia do Sul, e algumas vezes na China e na Tailândia. Boa parte dessas narrativas Yaoi acontecem dentro da escola do ensino médio ou em cursos universitários... O uso do uniforme é um fetiche, inclusive na Tailândia, onde as universidade costumam exigir uniforme, ainda que não tão imposto como no ensino médio, ou técnico.

É importante notar que, especialmente no Japão, o termo "Boys' Love" (BL) tem ganhado mais popularidade e é frequentemente preferido por criadores e fãs, pois não carrega essa conotação inicial "negativa" implícita em "Yaoi". No entanto, no Ocidente, "Yaoi" continua sendo o termo mais amplamente reconhecido para esse gênero.

Em resumo, a palavra "Yaoi" surgiu como um acrônimo irônico para descrever as primeiras obras de fãs que exploravam relacionamentos masculinos de forma muitas vezes vaga ou inconclusiva. Com o tempo, o termo foi adotado para se referir ao gênero em si, mesmo que o conteúdo tenha se tornado muito mais elaborado e com narrativas românticas completas. A relação do termo com o conteúdo é histórica e, embora a origem seja curiosa, hoje ele funciona como um rótulo para a ficção focada em amor entre garotos ou rapazes.

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Hiran Pinel é autor, bem como um organizador...


quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

RAPPORT NA PESQUISA FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL

Hiran Pinel, autor; coletou, revisou, ampliou, atualizou, corrigiu e modificou o texto
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Quando o cientista fenomenológico existencial vai coletar (e ou produzir*) dados deve estabelecer um "rapport", seja pessoal ou a distância (telefone, online etc.).
MAS, O "QUE É" E o "COMO É" FAZER RAPPORT NA PESQUISA FENOMENOLÓGICA?
Rapport é uma expressão do francês “rapporter” que significa "criar uma relação" ou "trazer de volta" a mim e ao outro um para o outro compromissados e éticos. É um conceito da psicologia que se baseia em estabelecer uma conexão de confiança e empatia com a outra pessoa para então propor-lhe algo, e no caso de uma pesquisa fenomenológica, pedir colaboração dentro de uma perspectiva ético científica.
O rapport é uma técnica muito utilizada em vendas, atendimento ao cliente, consultórios psicológicos, clínicas psiquiátricas, justiça na coleta de dados em situações de violência contra o pequeno - & NA "COLETA DE DADOS" (ou "PRODUÇÃO DE DADOS") EM PESQUISAS DAS CIÊNCIAS HUMANS E SOCIAIS QUANDO PRETENDE ESCUTAR E DESCREVER O QUE O OUTRO FALA E OU EXPRESSA. O objetivo é criar um ambiente propício para que a troca seja mais orgânica e as resistências sejam eliminadas.
Para estabelecer um rapport, é importante:
  • Fazer com que a outra pessoa se sinta ouvida, respeitada e compreendida
  • Se for online e por escrito, faça um texto pequeno se apresentando, o que você pretende (tudo) e termina com a sua tarefa, você irá fazer um pedido à pessoa que colaborará com seus estudos existenciais, pois você deseja conhecer uma "experiência vivida-sentida" do outro. Geralmente desejamos entrevistar essa pessoa e devemos fazer uma pergunta bem geral do tipo: Descreva... ou Fale..,. só isso; não diga: fale-me descreva-me? Ora, de fato, a pessoa que colaborará com sua pesquisa descreverá para ela mesma, e só depois para o pesquisador. Ela "descreverá" o "que é" e o "como é" ser...? Fale sobre sua experiência de ser professora inclusiva do AEE de aluno com autismo?
  • Criar uma percepção de valor sobre você, valorizar suas ideias e suas perspectivas do que seja a "sua" pesquisa e de como ela resultará em um produto final a ser socializado objetivando produzir sugestões para a comunidade. Você deve destacar o quanto você valoriza seu ofício de pesquisador, o quanto leva a sério essa tarefa etc.
  • Não "soar", mas ser natural para/ com a outra pessoa que colaborará com sua pesquisa, conversando, e permitindo que o que dará entrevista sacie das curiosidade. Se for online é comum perguntar o número de páginas, isso depende do seu tema e do entrevistado, e pode dizer quantas páginas quiser, mas que você fica pensando em 5 página sou mais, mas... dá liberdade ao outro, pois não adianta mil páginas inúteis e artificiais, mas dois ou três palavras onde você capta uma descrição de uma experiência significativa... Recorde que o objeto da pesquisa fenomenológica, costuma ser a "experiência vivida e sentida" de uma pessoa com um tema.
Algumas técnicas de rapport são:
  • Procurar pontos em comum ou semelhantes da pessoa (sujeito da pesquisa) com você, o pesquisador (gostar desse conhecimento com esse outro) e com o tema da pesquisa. As pessoas podem se sentir segura quando se destaca o quanto a humanidade nos desvela, ainda que permaneça as diferenças de ser. O pesquisador pode servire como uma metafórico espelho d'alma: eu sou pesquisador e você é pesquisamos, mas nos percebemos como igual na nossa humanidade, uma singularidade na pluralidade de ser no mundo.
  • Ter interesse sincero pelas experiências dos pesquisados, a potencia que você dá a quaisquer respostas, onde não há certo ou errado, mas uma pessoa falando sobre sua experiência vivida-sentida.
  • Fazer mais perguntas quando algo não está claro. Um método pode ser o fenomenológico de interrogar. Quando algo do texto escrito e ou falado pergunte sempre: - Fale mais sobre isso? De modo mais técnico: diante de algo não claro, interrogue de modo cuidadoso e interessa: O "que é" e o "como é" isso daqui...?
  • Escutar de modo empático e ao estilo de estar agindo atentamente, isso implica em "não falar", escutar, ainda que possa verbalizar quanto o tema é vital ao momento, mas cuidados dos nossos "destrambelhamentos" nossos problemas como a ansiedade, por exemplo.
  • Ser atencioso, cuidadoso.. Essas atitudes costumam conquistar as pessoas para a sua pesquisa, elas passam de um estado de gelo e se derretem ao sol que o pesquisador oferece de modo simbólico.
  • Descrever científicamente - a descrição é a alma da pesquisa fenomenológica. Descrever o fato vivido.
  • Conversar chamando a pessoa pelo nome, dialogando com atenção sincera, serenidade, personalizando (singularizando) - sempre com "envolvimento existencial" (uma atitude fenomenológica vital e indispensável) que se desvela ali no campo da pesquisa, pessoa-pessoa como ser-no-mundo.
  • Espelhar a linguagem corporal, os gestos, o tom de voz e os padrões de respiração, modos de mostrar as expressões corporais etc., da outra pessoa aqui-agora denominada de sujeito da pesquisa. Sim, ao descrever "minhas experiências de universitário procurando namorados na instituição" eu me expresso com meu corpo, minha linguagem e os convido a mergulhar no tema... aí você grava, filma etc. Hoje em dia tem muitos recursos, é preciso saber usá-los (evitar problemas, como interromper pois você ligou algo errado).
  • TER MÉTODO CIENTÍFICO COMO ESTILO DE VIDA PROFISSIONAL, SEM ISSO, NADA É FEITO, NADA É ÉTICO, NADA É RIGOROSO: chegar em casa e já colocar em um programa de computador onde ele mesmo transcreve o falado, e no mesmo dia, você corrige, e verifica o que gostaria de acrescer para enriquecer o depoimento (falo do "transcriar"). Imediatamente fazendo isso as memória aparecem com mais facilidades, pois tudo estará mais quente..
NOTA
* o pesquisador precisa tomar decisão: ele vai coletar dados ou produzir dados? São duas coisas diferentes.

"COLETA" E "PRODUÇÃO" DE DADOS CIENTÍFICOS EM PESQUISA FENOMENOLÓGICA E FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL

Hiran Pinel, autor; coletou, revisou, ampliou, atualizou, corrigiu e modificou o texto.
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Para um pesquisador das ciências humanas e sociais quais as diferenças entre "coletar dados" ou "produzir dados"?
Para um pesquisador nas ciências humanas e sociais, as expressões "coletar dados" e "produzir dados" têm significados distintos, embora ambas envolvam a obtenção de informações para análise.
A diferença entre as duas está principalmente na [1] natureza do processo da pesquisa e no [2] papel ativo do pesquisador em relação à informação que é obtida.
Vamos entender essas diferenças de maneira mais detalhada:
1. Coletar Dados
Coletar dados refere-se ao processo de obter informações ou evidências a partir de fontes já existentes, ou por meio de métodos de observação direta, entrevistas, questionários, levantamento de arquivos, entre outras formas de captura de dados. A meta é ao final colocar em um texto descritivo (descrever) científico, pois se descreve o real, ainda que se descreva os delírios de um esquizofrênico, esse é o real, e no caso, o real se indissocial da fantasia.
Natureza dos dados: Os dados coletados geralmente são informações que já existem ou que foram produzidas por outras pessoas ou eventos – as pessoas, nas pesquisas fenomenológicas, entregam aos cientistas suas “experiências vividas” com o tema da pesquisa. O pesquisador se posiciona como observador e seu papel é capturar essas informações de forma objetiva e fiel. Ele está um pouco mais neutro, ou acha que realmente está sendo neutro (em pesquisas positivistas é comum descrever uma neutralidade)
Exemplos de coleta de dados:
Observação participante: Um pesquisador observa e registra o comportamento de um grupo social em seu ambiente natural.
Entrevistas e questionários: O pesquisador coleta dados diretamente dos participantes, que podem fornecer informações sobre suas atitudes, opiniões ou experiências.
Análise de documentos e arquivos: O pesquisador pode coletar dados a partir de fontes textuais, como registros históricos, dados de censos, publicações acadêmicas, etc.
Características da coleta de dados:
- A coleta de dados busca ser uma ação de registro, ou seja, o pesquisador não altera a realidade observada, mas apenas a registra, reunindo as informações que já estão disponíveis no campo de estudo.
- O processo de coleta é muitas vezes [processo] estruturado [da investigação] e segue métodos e técnicas específicas para garantir que os dados obtidos sejam relevantes e válidos para a pesquisa.
2. Produzir Dados
Produzir dados, por outro lado, implica em um processo mais ativo e criativo de geração de informações, onde o pesquisador interage com o objeto de estudo de maneira mais profunda e, muitas vezes, transformadora.
Natureza dos dados: Os dados produzidos são geralmente [dados] novos ou originais, criados pelo próprio pesquisador durante o processo de pesquisa. Isso envolve uma maior intervenção do pesquisador no processo de geração de informações.
Exemplos de produção de dados:
Análise de conteúdo: O pesquisador produz dados ao analisar e interpretar conteúdos, como discursos, textos ou imagens, para extrair significados, padrões ou categorias.
Pesquisa-ação existencial: O pesquisador não apenas coleta informações sobre um fenômeno, mas também interage com o contexto para modificar ou criar novas realidades, gerando dados durante o processo.
Estudos de caso existenciais - alguns: Ao investigar profundamente um caso específico, o pesquisador pode gerar novos dados a partir de experimentos, interações ou transformações no campo de estudo.
Características da produção de dados:
- A produção de dados envolve uma apropriação ativa do pesquisador sobre o fenômeno estudado, com o objetivo de gerar novas informações ou interpretações que não estavam previamente disponíveis.
- A produção de dados é muitas vezes associada a um processo interpretativo em que o pesquisador constrói ou reconfigura a realidade observada, criando novas formas de conhecimento.
- O pesquisador assume uma postura mais reflexiva, em que ele não apenas observa, mas também modifica ou influencia o objeto de estudo, gerando dados através da própria dinâmica do processo de pesquisa.
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Principais Diferenças Entre "Coletar Dados" e "Produzir Dados"

1. Natureza: (CO.) Obter informações já existentes ou observadas. (PRO) Criar ou gerar novas informações a partir da interação com o fenômeno.
2. Papel do Pesquisador: (CO) O pesquisador é um observador ou registrador. (PRO) O pesquisador é um agente ativo, que influencia e modifica o contexto.
3. Exemplo: (CO) Entrevistas, questionários, observação participante. (PRO) Análise de conteúdo, pesquisa-ação, estudo de caso.
4. Tipo de Interação: (CO) O pesquisador não altera a realidade estudada. (PRO) O pesquisador pode modificar ou transformar a realidade.
5. Objetivo: (CO) Obter dados objetivos e fidedignos. (PRO) Criar dados originais, muitas vezes com uma abordagem interpretativa.
6. Estrutura: (CO) A coleta de dados tende a ser estruturada e padronizada. (PRO) A produção de dados é frequentemente mais flexível e criativa.
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EXEMPLOS DE COLETA DE DADOS
- Um pesquisador em Pedagogia Humanista-Fenomenológico-Existencial pode conduzir uma entrevista estruturada com um grupo de pessoas sobre suas experiências com a educação especial inclusiva nas práticas educacionais em classes hospitalares. A tarefa do pesquisador pode ser a de “COLETAR OS DADOS” por meio das respostas, registrando informações que já estão presentes na experiência dos entrevistados, sem alterar essas respostas, e ao final mostrar ao leitor a descrição obtidas. Isso é a coleta de dados – e não estamos falando o que ocorrerá depois, que será a analítica existencial desses dados ou uma análise compreensiva dos dados (de uma pessoa, ou mais).
- Em história, um pesquisador pode coletar dados de documentos históricos ou arquivos para estudar o comportamento social e político de um determinado período. Isso é coleta.
EXEMPLO DE PRODUÇÃO DE DADOS
- No contexto da Pedagogia Fenomenológica-Existencial, um pesquisador pode realizar um estudo de campo onde ele interage ativamente com uma comunidade de mães de crianças com deficiências diversas e que frequentam a escola da comunidade e ou outra instituição
O pesquisador é ativo, não nega seu saber a o outro, e pode ajudar na modificação ou na interpretação do que acontece ali, havendo uma intervenção ou interferência nos comportamentos e nas práticas sociais observadas. Deverá ter um clima democrático, onde o grupo delas pede ao pesquisador ajuda, e o cientista se autoriza a fazer isso. Tem assim uma ética do cuidado.
- Em uma pesquisa-ação fenomenológica na Pedagogia Existencial, o pesquisador pode trabalhar com uma comunidade (de mães, como dito acima) com o finco consciente e explicitado para “(pró)curar cuidadosamente criar com o grupo, tentativas de amenizações e ou até mesmo soluções para um problema psicossocial-pedagógico”, produzindo dados sobre o impacto dessa intervenção. Uma pesquisa fenomenológica que objetiva descrever os impactos de uma intervenção fenomenológico-existencial. 
Ainda há que de recordar, de que toda pesquisa fenomenológica que trabalha tête-a-tête com pessoas (gentes) encarnadas, no lugar mesmo de suas experiências vividas, o método, por si só, querendo ou não, é de intervenção.
5. Implicações Metodológicas e Epistemológicas
- Coleta de dados tende a ser mais associada a uma abordagem positivista e quantitativa, em que o pesquisador busca objetividade e neutralidade na obtenção de dados.
- Produção de dados, por outro lado, é mais comum em abordagens qualitativas e interpretativas, onde o pesquisador está mais envolvido no processo de construção do conhecimento e interpretação dos dados, refletindo sobre o contexto e as subjetividades envolvidas.
Conclusão
A diferença entre coletar dados e produzir dados nas ciências humanas e sociais, focando aos estudos fenomenológicos aplicados à Pedagogia e sua práticas educacionais (aqui, existenciais) está principalmente no "grau de envolvimento" ativo do pesquisador com o objeto (ou fenômeno) de estudo e na natureza da informação que é obtida. 
Coletar dados é um processo de registro e observação de informações existentes, enquanto produzir dados envolve um papel mais ativo e interpretativo do pesquisador, que cria ou transforma dados durante o processo de investigação. Ambas as abordagens são cruciais para a pesquisa fenomenológico e ou fenomenológico-existencial
Na prática, o cientista da nossa esfera, a fenomenológico e ou existencial, apresenta na Relatório Final de Pesquisa uma descrição científica da realidade vivida com ou sobre o sujeito pesquisado e sua relação com o tema da pesquisa. Essa descrição corresponderá ao capítulo denominado de "resultados". Depois sim, é que poderá partir para a discussão dos dados ou para uma analítica existencial dos dados (coletados e ou produzidos).
Poderá ter uma pesquisa com as duas posições, a de coletar e a de produzir dados? Pode.