segunda-feira, 2 de novembro de 2015

"PRIMEIROS TRAÇOS", HQ, LABANCA & KEKA: ORIENTAÇÃO, A REVISTA & UMA SAUDADE
Hiran Pinel
Vieram até a mim, anos atrás - em 2004/2005, dois estudantes de comunicação, com um desejo: um projeto de extensão com o objetivo, de ao final, produzir uma revista de Histórias em Quadrinhos (HQ) junto e meninos e meninas órfãs de uma instituição capixaba. Durante o processo pedagógico e psicopedagógico, ficou decidido que ao nome da revista seria "Primeiros Traços" - eram sensíveis os caras.
Os nomes dos dois: Gabriel Labanca (falecido muito jovem ainda, aos 30 anos de idade, no Rio, em 2012; fazia doutorado; nome dele: Gabriel Costa Labanca) e Keka (hoje professor da UFES/ Comunicação, da área de cinema - dentre outras; nome dele: Klaus’Berg Nippes Bragança). Eles já vinham de uma experiência inédita e bem-sucedida (até nacionalmente) com a revista politicamente incorreta chamada QUASE - um must que até eu já conhecia.
Durante o processo pedagógico e psicológico do ensino-aprendizagem, eu me recordo, da insatisfação deles com as meninas (alunas) da Oficina de ensino-aprendizagem de fazer uma revista de HQ - kkk. Zanguei feito professor e orientador (kkk), fiquei com raiva mesmo.... Eles foram se acalmando com elas, mais exigentes que eram, mais detalhistas e ao final, amaram a presença delas ali, que contribuíram com a ternura de alguns personagens. Até hoje eu acho que eles inventaram essa história apenas para me provocar kkk. Mas foi isso que eles revelavam, lá no in loco eu não vi isso kkk
A Revista foi financiada pela CST (acho), publicada e vendida na cidade por 1 real cada, e hoje, eu acho que tenho apenas um volume (vou pedir ao Keka um volume para xerocar ou para guardar).
Pois então, um dia desses fui de uma banca de TCC na comunicação, os alunos apresentaram como tema a propaganda de uma garota de programa em Vitória, colocada em outdoor - não me lembro o nome da bofa. Encontrei então Keka, e não sabia que ele estava lá. Conversou comigo e fiquei sem graça, pois eu os adorava mesmo, achava um privilégio eles terem me escolhido e eu fiquei assim, babando ao saber que agora ele era meu colega de UFES, e eu sempre procuro, quando ex-orientando é colega, tratá-los assim, como colegas, como companheiros de luta, eu sempre me esforço para não misturar as coisas e tenho conseguido facilmente. Keka pareceu-me um homem tranquilo, com boa autoestima (sempre os dois tiveram) e de uma humildade não-submissa que arrepiar a pele desse velho professor. Um cara que é cidadão e pessoa, poderia dizer Paulo Freire.
Mas aí eu perguntei pelo Gabriel Labanca, e ele disse de sua morte, ainda tão jovem. Ele pode desmentir (coisas dos politicamente incorretos kkk), mas ele me disse emocionado, com os olhos brilhantes impactados por alguma água salgada de um olhar de perda e de (pré)sença do outro nele: eram amigos de fato. Hoje resolvi pesquisar sobre o tema Revista Quase.... Fiquei emocionado de lembrar os dois amigos, e que me escolheram como professor e orientador. Nós professores, nascemos dos desejos discentes, não tenhamos dúvida disso!
Desejando ler nosso artigo advindo dessa experiência, e que encontrei na internet agora publicado, se chama: "Quadrinhos, psicopedagogia e democratização de mídia: análise crítica da oficina de histórias em quadrinhos 'Primeiros Traços'". Na nota de rodapé, colocaram meu nome como orientador/ professor/ pesquisador, ainda bem que eles não se insubmeteram a isso kkk
IMAGEM: (1) camisa vermelha Keka; (2) ao fundo, Labanca em (pré)sença na nossa memória. Dois goza(dores)...




Sítio com o nosso artigo (se não der, copie e cole): http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/47756814713024795098780309091620488058.pdf