sábado, 26 de setembro de 2015

O FILHO ENTERRADO VIVO & AS DECLARAÇÕES DE AMOR - De Hiran Pinel
O amor é nossa escapulida do real, um descanso na loucura - ainda bem, eu diria. Estou lendo aqui, num blog, que um casal sírio, refugiado, teve seu filho de 5 anos de idade enterrado vivo, na frente dele (do casal) pela violência lá reinante. Ela conta que não sabe porque, mas ela passou aquela fatídica noite toda, declarando-se ao marido, e ele a ela - "eu te amo". Ela diz que não sabe porque, mas acha que fez algo que Alá não perdoará (ela é xiita, nos informa o blogueiro), por isso ela fugiu, correu desesperadamente de tudo, pois os próximos seriam eles e outros. Ela não sabe porque amou a noite toda? Nossa mãe de Deus, é isso que os salvou - o amor os salvou, e isso não é autoajuda, é carne. Estamos diante da psicose de um ambiente paranoico/ persecutório, fundamentalista, cheio de verdades violentas, verdades absolutas, onipotências, que ao questionarmos somos assassinados. O amor os salvou da loucura, doidera que poderia instalar-se neles. O amor os retirou da psicose, e falo de um amor segundo Maturana, que é a emoção fundante do social porque ele é aquele que constitui o domínio de condutas em que se dá a operacionalidade da aceitação do outro como legítimo outro na convivência (Maturana, 1998, p. 23). Por isso a canção popular diz que só amor salva. Um pavor ver o filho enterrado vivo, e não interessa o motivo - o ódio se opondo ao amor. Mudando de tema, mas fincando nele: "Não sou obrigada a nada, a nada", diz a menina brasileira desdentada no you tube, muito engraçada, eu vi agora depois de ler essa notícia. É que ela não é fugitiva da Síria, pensei. A brincadeira da menina brasileira é seu descanso na loucura, eu rindo é o meu descanso dessa mesma loucura - eu morro de rir por um lado, e por outro, choro. É nossa escapulida, eu tento me salvar de mim, e é claro, eu o faço em nome de algum amor, pois há vários.

REFERÊNCIA: MATURANA, Humberto. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
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O AMOR NÃO TARDA, ESTÁ! 

Noh sai com a namorada Yuri que ele amou muito, mas sua meta é contar-lhe que está de novo amor, louco por Phun - estamos em Love Sick The Séries. Conversam, ele com sorriso amarelo, o de Yuri, levemente entristecido. Ela sugere "tirarem fotografia" naquelas cabines de shoppings. Bem, o fundo da cabine está coberto com um tecido hiper vermelho. Fazem pose, e Yuri: "- Noh, veja esse vermelho do pano, aí do fundo. Viu?". Diz que sim. Ela: "- Então já temos sangue o suficiente". Noh fala do seu amor por Phun. Os dois choram incontidos. Eles se aproximam da câmera, pois a meta é "tirar" uma fotografia deles mesmos, um "selfie", o último. Ela o interroga: "- Quer nos ver?", e eles querem. Fazem a pose, e.... Click. É o fim de um amor juvenil, e virão outros fins, até estarem idosos. O amor não tarda, está - eu pensei. Estou comovido... muito, pois a perda o amor me toca profundamente, ainda mais o amor ingênuo, o simples. O capítulo 24 para. Entra a publicidade.

[HPinel]


Phu, um garoto com seus 15 anos de idade. Ele está deitado numa cama de beliche. Ao seu lado está Thee, da mesma idade e sexo, trata-se de um amigo recente, que toca flauta junto ao sax dele, na banda do colégio. A ambos tiraram seus shorts azuis curtos, e ficaram com suas ceroulas. Trata-se da cesta de seu colégio tailandês - uma prática por lá, isso mesmo, “após o almoço, descanso”. Thee está dormindo, e então coloca impulsivamente a sua perna sobre o corpo de Phu. Cuidadosamente Phu a retira de cima de si, desejando não ser importunado, pareceu incomodado, pelo menos é isso que me pareceu à primeira vista. A generosa câmera (e iluminação sombria) se afasta daquela cena íntima como que se sentisse constrangida/ envergonhada, mas ao mesmo tempo, de modo audacioso e escópica, faz um sensível retorno ao corpo de Phu. Lentamente compreendemos um corpo adolescente, dos pés até a cabeça, passando por seu coração - e uma música pontual, indicando uma reflexão juvenil. Á medida que a câmera aproxima do seu rosto, vemos seus olhos se abrirem. Então o que enxergamos pelos olhos dele? Vemos nossos olhos abrindo em autodescoberta: Quem eu sou? Como serei? O que a vida me reserva? O amor me acompanhará nisso tudo? Os olhos de Phu também parecem muito tristes, preocupados, talvez. O que será mais que o personagem pensa e sente? Eu não sei, mas para mim, ao estar descobrindo o amor, ele se faz duas questões existenciais, junto a Thee (que é um outro), nesse mundo: [1]. Qual o sentido que você inventa para a sua vida? [2]. Será capaz - de um dia - preencher seu vazio, com amor? Na agitação da sua juventude, percebe-se a angústia natural do viver e o de responder à vida com algum sentido. Interessante esse garoto de nome Phu, como uma vidente popular, eu prevejo o amor dele por Thee ser um dos dispositivos de sua provável libertação. 







 ***[Hormones วัยว้าวุ่น, the series" - TV Tailândia; com os atores March Chutavuth Pattarakampol como Phu, e Tou Sedthawut Anusit,como Thee]

- Professor, a verdade! Que mistérios tem a sua vida?

[Filme "Violência e Paixão", de Luchino Visconti, 1974]


Nossa íntima festa estava tão linda, e você me pediu para dançar com você. Eram dois gatos me admirando: você e o pequenino March Chutavuth no chão... Nossa casa, cheia de escadas, indicavam as possibilidades de a gente caminhar, e encontrar novas formas de amor e de amar.

[HPinel; ficção]
"Mal dos Trópicos" (2014, filme de Joe ou...) é um filme misterioso, e uma arte insubmissa, por isso mais arte ainda. É dividido em duas partes, que são indissociadas. Na primeira, [1] Keng (um soldado de férias) e Tong (trabalha no campo) se envolvem existencialmente, em cenas pungentes, ingênuas, puras - um bromance, diríamos aqui-agora. Na segunda, [2] Tong, sabendo que termina as férias de Keng, separa antes, para não sofrer, e adentra a uma estranha floresta. 

O soldado Keng sabe de um animal que anda decapitando vacas, e com saudade imensa do amigo, vai na busca dele que partiu, um animal que pode cortar-lhe a cabeça - cortado que se sente. Do simples, frugal e animado cotidiano, os dois agora são animais terríficos. Eles se caçam, se encontram, se repelem.... Separar causa muita dor, uma dor cancerígena - indescritível, sem fim - e só a morte pode acalmá-los. 

Os corpos e olhos dos dois se entrecruzam, e se deixam levar pelo amor que esvai pelos dedos das mãos - tudo está ali na natureza tropical, uma doença dos trópicos, febre, delírio, alucinação, primitividade, instintividade. Não tem saída, tudo tem um fim, e a metafórica morte chega aos olhos estatelados dos dois, frágeis no sofrimento do adeus. 

É o nosso mal, dos trópicos, a febre do amor como sinal clínico de uma dor.

NOTA: "Mal dos Trópicos" (TAILÂNDIA, 2004, de Apichatpong Weerasethakul ou Joe).


segunda parte, procurando quem corta as cabeças...

 primeira parte, alegria na amizade e bromance

no meio do filme: a separação os espreita.


"Morte em Buenos Aires" (ARG.; 2014; direção de Natalia Meta) com Chino Darin um divo, uma estrela, ator bacana. Há uma das cenas das mais comentadas. Chino policial, investiga um crime, na noite as coisas não são como parecem, e os seres que nela transitam, são notívagos consumi(dores). A música "El Paraíso" fala de modo melodramático, algo como "dizem que é proibido um amor assim, a moral e os costumes não permitem que eu queira a você, pode ser que seja pecado e que estamos condenados"... No filme é um prato cheio, assisti numa cópia que consegui... O final é surpreendente.
 


Responda escolhendo uma das seis alternativas - apenas uma -, mas sem pesquisar:
Quesito: Todo amor quando acaba:
[1] deixa no leito uma febre,
[2] deixa no peito a sangria que nada pode estancar,
[3] nem outro amor passageiro - resolve,
[4] nem a viagem mais longa - resolve,
[5] nem um carinho ligeiro - resolve,
[6] nem a conversa de bar - resolve,
[7] Nenhuma das opções acima, então favor escrever a sua, aquela que não consta da lista.


Música ressurreição de Fagner.
"Nas nossas relações com as outras pessoas, nós basicamente discutimos e julgamos seu caráter e comportamento. Por causa disso, eu me afastei, por iniciativa própria, do que poderia chamar de 'minha vida social'. Essa minha decisão acabou tornando minha velhice solitária. Durante toda minha vida trabalhei duro e sou grato por isso. Eu comecei a trabalhar pelo meu sustento, e acabei me apaixonando pela ciência. (...). Talvez eu devo acrescentar que sou um velho meticuloso, o que muitas vezes torna as coisas difíceis, para aquelas pessoas que me cercam e para mim mesmo. Eu me chamo Ebehard Isak Borg e tenho 78 anos de idade. Amanhã serei agraciado como professor, com a Medalha do Jubileu da Universidade de Lund.".

[Começo do filme ''Morangos Silvestres'' ou Smultronstället, Suécia, 1957, direção de Ingmar Bergman, quando o professor começa a narrar si-mesmo para o espectador; uma obra prima, e que atualmente me toca muito... Sempre fui fã dessa película, de longe, na minha opinião, o melhor filme dele].


[Hiran Pinel]
Quando você estiver muito triste, tentando fazer de si um melodrama, é sinal que estás carente de amor, de afeto, de ternura, então imagine eu com você, como anos estive. Fale baixinho meu nome, cita-o como em um mantra. Peça-me para eu retornar aos seus braços, e fazer tudo como sempre fazia, e clame aos céus por eu ter aprendido mais coisas. Bem, e então como uma "presença na ausência" entrarei na sua memória, e te tocarei como naquele tempo, e palavras sinceras escutarás.

[Hpinel; ficção]

Cena do filme tailandês chamado "Love's Coming" (2014; direção de Naphat Chaithiangthum).


Cena do filme japonês:  "Shall We Dance?" (1996, direção de Masayuki Suo). Elenco:Kôji Yakusho, Tamiyo Kusakari, Naoto Takenaka - dentre outros.

  

Olhando para um projeto de ser-sendo junto ao outro no mundo...

Love Sick The Series com Captain (estrela), White (estrela), Egern, August etc.


Quando eu TIVER coragem de pegar avião... KKK
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Homenagem ao ator tailandês March Chutavuth Pattarakampol...




sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O AMOR QUE NOS MOVE...
Hiran Pinel


Essa imagem da série Hormones, não se refere a descrita por mim, mas com os dois personagens. Nessa cena Thee (de camiseta mais clara) tenta recuperar o amor de Phu (camiseta escura). Noutro artigo eu comento - kkk


Phu, um garoto com seus 15 anos de idade. Ele está deitado numa cama de beliche. Ao seu lado está Thee, da mesma idade e sexo, trata-se de um amigo recente, que toca flauta junto ao sax dele, na banda do colégio. A ambos tiraram seus shorts azuis curtos, e ficaram com suas ceroulas.Trata-se da cesta de seu colégio tailandês - uma prática por lá, isso mesmo, “após o almoço, descanso”. Thee está dormindo, e então coloca impulsivamente a sua perna sobre o corpo de Phu. Cuidadosamente Phu a retira de cima de si, desejando não ser importunado, pareceu incomodado, pelo menos é isso que me pareceu à primeira vista. A generosa câmera (e iluminação sombria) se afasta daquela cena íntima como que se sentisse constrangida/ envergonhada, mas ao mesmo tempo, de modo audacioso e escópica, faz um sensível retorno ao corpo de Phu. Lentamente compreendemos um corpo adolescente, dos pés até a cabeça, passando por seu coração - e uma música pontual, indicando uma reflexão juvenil. Á medida que a câmera aproxima do seu rosto, vemos seus olhos se abrirem. Então o que enxergamos pelos olhos dele? Vemos nossos olhos abrindo em autodescoberta: Quem eu sou? Como serei? O que a vida me reserva? O amor me acompanhará nisso tudo? Os olhos de Phu também parecem muito tristes, preocupados, talvez. O que será mais que o personagem pensa e sente? Eu não sei, mas para mim, ao estar descobrindo o amor, ele se faz duas questões existenciais, junto a Thee (que é um outro), nesse mundo: [1]. Qual o sentido que você inventa para a sua vida? [2]. Será capaz - de um dia - preencher seu vazio, com amor? Na agitação da sua juventude, percebe-se a angústia natural do viver e o de responder à vida com algum sentido. Interessante esse garoto de nome Phu, como uma vidente popular, eu prevejo o amor dele por Thee ser um dos dispositivos de sua provável libertação. O amor o (co)moverá em tudo, e o vejo sendo professor e pesquisador, tudo como num sonho, um projeto devir projetivo freudiano. Meus senhores e minhas senhoras, é muito perigoso viver, que Phu nos diga, mas vale a pena, num é?

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[Hormones วัยว้าวุ่น, the series" - TV Tailândia; com os atores March Chutavuth Pattarakampol como Phu, e Tou Sedthawut Anusit,como Thee]