Biografia
PHILIPPE PINEL, PAI DA PSIQUATRIA, PAI DA PEDAGOGIA
HOSPITALAR
Hiran Pinel, autor.
A Academia Nacional de Medicina (ANM)
produz uma pequena biografia de Philippe Pinel (1745-1826), considerado
o fundador de uma Psiquiatria científica, e que aqui-agora provamos ser também
um Pai da Pedagogia Hospitalar e da Classe Hospitalar - ou um dos precursores.
Incluímos no texto um doutor Pinel formando um recurso humano para o auxiliar
naquela hercúlea tarefa médica, de enfermagem, pedagógica em saúde, pedagógica
hospitalar e classe hospitalar. Pinel como um homem do seu tempo, e espaço até
hoje a nos provocar curiosidade.
O texto começa destacando a
"forte inclinação para a vida religiosa, aos 22 anos resolveu estudar
medicina e entrou para a faculdade de Medicina de Montpellier. Localizada no
sul da França, esta instituição era considerada um importante centro de debates
e aprendizado na área médica, pois foi uma das primeiras universidades de
Medicina da Europa, fundada em 1220. Pinel formou-se em 1773 aos 29 anos e logo
depois tornou-se doutor pela Escola de Medicina de Toulouse. Por ser residente
em Paris, frequentava os círculos de escritores, literatos, cientistas, ou
seja, de personagens imbuídos pela filosofia iluminista." (ANM)
'Em 1793, o Governo Revolucionário o
nomeou médico chefe do Hospital de Bicêtre, localizado nas proximidades de
Paris. Diante das precárias condições em que os alienados se encontravam, Pinel
solicitou autorização à Assembleia Nacional para retirar as correntes dos
pacientes, tratamento usual para os doentes mentais. Tal gesto e sua teoria
foram contestados por muitos autores, mas bastante referido como mérito do
médico francês: "libertando a loucura dos grilhões". (ANM)
Phillipe Pinel foi o principal
percussor do processo de mudança que possibilitou o surgimento do alienismo na
sociedade moderna. Ele integrou a corrente que constituiu o saber psiquiátrico
por meio da observação e análise sistemática dos fenômenos perceptíveis da
doença." (ANM)
"De acordo com vários
especialistas, Pinel observou a influência da hereditariedade na evolução do
distúrbio mental da mesma forma que apontou as causas morais como as mais
prováveis para a alienação. Por todo o século XIX outros alienistas deram
continuidade a tais conceitos a partir das observações feitas por Pinel. Apesar
da ênfase dada à questão da hereditariedade ter variado, na segunda metade do
século XIX passou a ser apontada como um fator-chave no desenvolvimento das
perturbações mentais." (ANM)
"Pinel considerava a alienação
mental como qualquer outra doença orgânica, por concebê-la como um distúrbio
das funções intelectuais (funções superiores do sistema nervoso) sem a
constatação de inflamação ou lesão estrutural." (ANM)
"Para explicar a loucura, o
alienista identificou três causas, tais como: as causas físicas que se ligavam
às fisiológicas; as causas ligadas à hereditariedade e as causas morais
(paixões intensas, excessos de todos os tipos, irregularidades dos costumes e
hábitos da vida)." (ANM)
"Pinel defendia a cura da
loucura por meio do chamado "TRATAMENTO MORAL" ¹, que consistia em
uma ampla PEDAGOGIA normalizadora com horários e rotina rigidamente
estabelecidos, medicamentos receitados somente pelo médico e atividades de
trabalho e lazer." (ANM)
"Nesse sentido, podemos aventar
a ideia, de que Pinel construía assim, o que hoje denominamos de PEDAGOGIA
HOSPITALAR, no caso, não-escolar, focando na alegria contida em trabalhar e
desfrutar do prazer da vida pela via do lazer. Assim, a instituição hospitalar
lhes oferecia coisas e proposta, envolvendo-os em atividades pedagógicas ligada
à Psicologia Educacional, que pode ser traduzidas pelo planejamento, execução e
avaliação de propostas lúdicas, recreativas, expressões corporais pelas
sensações e percepções etc." [HIRAN PINEL]
Em 1795, Pinel foi para o hospital de
Salpetrière, onde ficou por 31 anos. Ao morrer de pneumonia em 1826, Pinel
deixou como discípulos Jean-Etienne Dominique Esquirol" (ANM) (1772-1840)
e um dos fundadores da Educação Especial Jean Itard (1774-1838)"
[HIRAN PINEL].
"No sentido filosófico (teórico)
Pinel foi marcado pelo "sensualismo". Ele trabalhava com uma
abordagem descritiva da ciência. O método dele tinha pontos com a história
natural, pois, nele pai da Psiquiatria, o ato de conhecer nasce da observação
empírica dos fenômenos. Assim é da "experiência" (sensual) que
origina o conhecimento da "pessoa humana"." [HIRAN PINEL]
"Então Pinel, inspirado em Condillac
produziu e criou seu método de pesquisa que consistia em "observar e
descrever". Esse seu procedimento é mais forte na sua obra "Tratado
médico-filosófico sobre a alienação mental ou a mania", que é o
primeiro livro do mundo que disciplina a classificação das alienações mentais.
Esse ponto de vista de perceber o mundo, Pinel busca referências, sendo assim
discípulo, em Hipocrates (460 a.C.-377 a.C.) e especialmente do filósofo
francês Étienne Bonnot de Condillac (1714- 1780) e outros, marcado pelo
"sensualismo". [HIRAN PINEL]
"A Epistemologia Sensualista nos indica alguém (cientista;
profissional de ajuda numa Pedagogia da saúde mental) que foca nas sensações - as percepções humanas, estas que são a forma simples e básica, que a
desvela o verdadeiro "processo
vivido da cognição" (pensamentos, reflexões, resolução de problemas,
raciocínios, psicomotricidade etc.), sendo essa, a "cognição na sua
essência". [HIRAN PINEL]
"Esse modo de ser cientista, na
época, já estava presente na Filosofia grega como no estoicismo e no
epicurismo. Vamos tocar em Epicuro de Samos, nome grego que significa
"aliado, camarada", nasceu em Samos, no ano de 341 a.C., falecendo
em Atenas entre 271 ou 270 a.C. [HIRAN PINEL]
"Podemos considera o grande fundador da "clínica", ao nosso perceber, no "aqui-agora" do ano de 2014, é o encontro humano livre e aberto na moderação dos desejos de Epicuro. Um clínico que demanda estar pressente no interesse refinado do pesquisador (e do profissional da saúde), que pelo esforço da empatia, que nunca é plena, relativa que é, para e com aquela pessoa que sofre, promove cuidados, mudanças sentidas, debruça sinceramente interessado no outro, e com o outro. Epicuro e o outro que pacientava, eles mesmos, clamam por cuidados, de modo explícito ou implícito, focando nas sensações e percepções corporais e afetivas [HIRAN PINEL]
"Esse (co)movimento de "sensacional sensação" pode vir a facilitar o "desvelamento da cognição", aquele acontece na sabedoria com o outro, no mundo. Uma sabedoria na quietude das emoções e na saúde, que ela mesma contém a amizade. O irmão-camarada [e uma espécie de um "onde" (lugar-tempo) reside o "ser' no seu mais alto prazer de ser-no-mundo". [HIRAN PINEL].
"Prosseguindo, o sensualismo produziu impacto nos sensualistas britânicos, penetrou o ser dos associacionistas (também britânicos), e adentrou aos positivistas no século XIX. Era preciso um sintonizada de ''si-corpo'' para a alma e a mente se tocarem, ainda que isso não se explicitasse, pelo mecanismo de uma lógica determinista, que aqui ousamos contrapor contra a nossa vontade, mas ao nosso desejo" [HIRAN PINEL].
"Pinel, um médico do seu tempo-e-espaço, não foi arrogante, por certo, mas persistente e perseverante. Vendo um ex-paciente que andava pelo hospital da época, ficou encantado com os modos como aquele moço simples conversava sem medo com todos os doentes, inclusive os amarrados para serem contidos. Convidou-o a ajudá-lo, por uma quantia que o Estado dispôs a agradar Pinel. A perspicácia de Pinel e a sua sensibilidade com o outro que poderia ser desprezado, levou a esse que foi paciente, e agora curado, de nome Jean Baptiste Pussin (1746-1811), a "atuar" (clinicar, como um leigo, não menos interessado e cuidadoso) colaborando com o nascimento de sua Psiquiatria. Pinel pediu colaboração da esposa do rapazote, Madame Pussin. O nome desse rapaz, entrou nos anais da Psiquiatria e da Saúde Mental pelo próprio doutor. Philippe chegou a descrever a ação de Baptiste em um dos seus livros, e o fez com atenção e consideração - em uma descrição científica" (HIRAN PINEL)
"Pinel produziu um texto escrito que deixou um enorme legado à ciência da Saúde Mental, a de que um ex-paciente pode ajudar a cuidar dos doentes, um lugar que ele já esteve e ajudando, sente onde estão. o cuidador Pussin cuida daquele que um dia ele foi.'' [HIRAN PINEL]
''Jean passou a cuidar daqueles que um dia "foi si"; afinal, ele atuou em um espaço onde um dia ele se localizava como paciente. Hoje, como um profissional, podemos descobrir que nascia o que se denomina hoje dele de Pussin ser o pai da Enfermagem da Psiquiatria (ou da Saúde Mental) e de um dos que fizeram nascer o esboço do que é hoje denominado de Pedagogia Hospitalar, ainda que atuasse sob orientação e ou supervisão de Pinel e nesse sentido, de hoje, vamos pelo menos dizer, que contemporaneamente, ele seria o co-autor dessa Pedagogia" (HIRAN PINEL)
"(...) Nesse sentido, podemos imaginar a escola presente no hospital como uma ferramenta de oposição à loucura produzida por aquele sociedade e cultura da sua época. Uma vez, doutor Pinel pediu a esse homem chamado Pussin, para ensinar [e gerar aprendizagem] a escrever e calcular, e outros conhecimentos, a um grupo de crianças internadas naquele hospital, e ele o fez com a atenção de um professor. Ora, isso mais aproxima Pinel como criador de uma Pedagogia Hospitalar, agora na área da escolaridade e da escolarização, do que contemporaneamente, reafirmamos, se anuncia como Classe Hospitalar." (HIRAN PINEL). Hoje chamaríamos o que Philippe e Pussin produziram de: Classe Hospitalar, Pedagogia Hospitalar, Educação Inclusiva, bem como Educação Especial. Há ainda a Pedagogia Social.
"Pussin, sob orientação do doutor Pinel, conversava com os pacientes,
fazia cumprir as normas pedagógicas de auto-cuidados higiênicos físicos de
impacto na área mental e emocional, dava aulas para as crianças, produzia
brinquedos, brincava, inventava vários modos de recreação. obviamente dentro
daquele complexo contexto iluminista. Dá para imaginar Pinel orientando Pussin,
e esse último reinventando possibilidade de cumprir as sugestões "pinelianas",
e mesmo, posso fantasiar ele as subvertendo, pois um ex-paciente é sempre
inventivo e conhece, e Pussin percebia com quem lidava, uma espécie de
"si mesmo, e ao mesmo tempo, diferente de si" (HIRAN PINEL).
***
¹ Tratamento aplicado a todos os indivíduos que não se enquadravam nos padrões sociais de comportamentos. O tratamento moral era praticado pelos alienistas e incluía o afastamento dos doentes do contato com todas as influências da vida social nas instituições psiquiátricas, aqueles considerados loucos eram submetidos as normas e disciplinas rigorosas.
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REFERÊNCIAS:
ACADEMIA Nacional de Medicina.
Philippe Pinel. SITE: http://www.ccms.saude.gov.br/hospicio/text/bio-pinel.php
PINEL, Hiran. que
ampliou o texto, e para isso, pro questões de autoria, insere seu nome
entre colchetes.
PINEL, Philippe. Tratado
sobre a insanidade. Livro de 1801; em 1809, na segunda edição
quando amplia da primeira, descrevendo Pussin colaborando em retirar as
correntes que atracavam os loucos ou doentes mentais da época.
PINEL, Hiran. Philippe Pinel (1745-1826), o grande Fundador
da Pedagogia Hospitalar (classe hospitalar e o lúdico na saúde) em todo mundo,
e Jean Baptiste Pussin (1746-1811) como co-autor desse fenômeno.
Vitória, ES: IP/ USP, 1999. Trabalho acadêmico.
PINEL, Hiran. Philippe Pinel:
aprendendo com o outro; quinta-feira, 8 de junho de 2017; hiranpinel.blogspot
site:
http://hiranpinel.blogspot.com/2017/06/800x600-normal-0-21-false-false-false.html