sábado, 6 de abril de 2024

 O MÉTODO FENOMENOLÓGICO DE CARL ROGERS

  • Hiran PINEL, autor.
O método fenomenológico de Carl Rogers se inspira na ideia de que a melhor maneira de compreender a experiência de uma pessoa é através da sua própria perspectiva, e com isso "ir as coisas mesmas", no caso, "ir à experiência mesma" da pessoa, é nela que está o ser a ser descrito e compreendido, e nela que tudo se encontra do experienciar. Rogers defendia a importância de "entrar no mundo do cliente", e essa é "a coisa mesma", o modo se "ir a essa coisa", é "entrar no mundo experiencial do outro" e descrevê-lo objetivando compreende-lo. ''Perceber as coisas'' do "seu" ponto de vista, o ponto de vista dele, do outro. e isso aproxima-se a um "ponto central" do "método fenomenológicorogeriano; o profissional da clínica e da pesquisa precisa envolver-se existencialmente com o outro, como SE esse outro fosse. Assim, a proposta de Rogers é de ir à subjetividade, e isso o traz mais e mais ao método fenomenológico.
Princípios fundamentais do Método Fenomenológico em Rogers: [1] ESCUTA EMPÁTICA: o pesquisador (ou o terapeuta) escuta o cliente (ou sujeito da pesquisa) com atenção e compreensão, buscando entender seus sentimentos, pensamentos, ações corporais nas experiências, não escapando dessa situação experiencial de "ser o outro" (SE), evitando distrações, perda da atenção naturalmente focada no outro; [2] ACEITAÇÃO INCONDICIONAL: do ser humano tal qual ele o é; o cientista (e ou clínico, ou os dois) aceita o cliente/ paciente como ele é, sem julgamentos ou críticas. O sujeito da pesquisa também no campo vai sem julgar, suspende as críticas, as teorizações, os preconceitos, estigmas, discriminações; [3] CONGRUÊNCIA: o terapeuta e pesquisador devem ser autênticos e verdadeiros em sua relação com o cliente ou sujeito da pesquisa; ser honesto, mas de uma honestidade não violenta; [4] RESPEIRO & PERMISSÃO À PESSOA SER: O terapeuta e pesquisador deve reconhecer a autonomia do cliente, mas de um autonomia diante do outro, não de uma encapsulada. O pesquisador reconhece a capacidade do outro de tomar suas próprias decisões, ele com ele mesmo e com o outro, e os outros, já que a pessoa é relação e é encontro.
Aplicação do Método Fenomenológico >>> método fenomenológico é aplicado na terapia através de algumas técnicas específicas, como: REFLEXÃO: o terapeuta reflete os sentimentos e pensamentos do cliente, sua expressão corporal, ajudando-o a ter uma maior clareza sobre sua experiência, e uma ajuda pautada pelo cuidado. Na reflexão, no momento da descrição do vivido no set clínico ou no set do campo, o pesquisador interrogará ao texto descrito: O que é e o como é essa pessoa nessa experiência vivencial?. Tem ainda a CLARIFICAÇÃO: o terapeuta (pró)cura e ou busca esclarecer os pontos que o cliente está expressando de forma confusa ou incompleta, deixa claro o outro, do ponto de vista daquele outro; o pesquisador (e nem o clínico) se posiciona interferindo; FOCALIZAÇÃO: o terapeuta cuida para que o cliente e ou o sujeito da pesquisa se concentrem em um determinado aspecto de sua experiência, aprofundando sua compreensão. No caso da pesquisa, o cientista foca na experiência do outro, e se aprofunda em sentir-pensar-agir o ser dele (da pessoa da pesquisa) na experiência pesquisada.
Benefícios do Método Fenomenológico: O método fenomenológico, como um modo de intervenção ou de prática educacional existencial, pode trazer diversos benefícios para o cliente ou para o sujeito da pesquisa, e aqui-agora fica evidenciado de que o método de pesquisa tem impacto de ação. O encontro pesquisador-pesquisado por produzir melhor autoconhecimento, ou seja, o paciente, ou pessoa da pesquisa, se torna mais consciente de seus sentimentos, pensamentos, corpo, raciocínio, emoções, desejos - tudo isso contido nas experiências; crescimento pessoal: desenvolve a capacidade do outro em lidar com situações difíceis e de se adaptar às mudanças, repetindo: a função do pesquisador pode ser descrever o impacto do método fenomenológico de pesquisa sendo transformado em intervenção, mas de modo mais comum, essa não é a meta do pesquisador, ainda que isso possa ocorrer, se o pesquisador realmente ser um diferencial na vida do outro, veja que o método traz elementos da clínica; melhora nos relacionamentos: o outro se torna mais capaz de se comunicar e de se relacionar com outras pessoas, melhorando a qualidade relacional oferecida ao outros, e o encontro, por si só, é a experiência.
Críticas ao método fenomenológico: TODO MÉTODO DE PESQUISA TEM SEUS LIMITES, E PODEMOS LEVANTAR DIVERSAS CRÍTICAS. O método fenomenológico tem sido criticado por ser uma abordagem "muito subjetiva", e por algumas não levar em consideração os fatores sociais e culturais que podem influenciar a experiência do cliente e do pesquisador, mas isso é superado quando Rogers escreve "Sobre o poder pessoal", quando, por exemplo, ao se interessar pelo livro de Paulo Freire, "Pedagogia do Oprimido", anuncia as humanidades, mas acima de tudo denuncia as violência das instituições, e a própria ação desse psicólogo e educador em adentrar aos movimentos políticos, revela sua teoria, ele foi um ativo cidadão popular e conhecido, até popularmente, emgajado contra a bomba atômica. Adicionado a isso, alguns críticos argumentam que o método consome muito tempo e carece de uma estrutura teórica clara. O tempo consumido é na terapia, e essa é sua benesse, na pesquisa, não há interesse da terapia, ainda que possa provocar mudanças positivas do outro - MAS, não é a meta, a não ser que seja, mas aí é outra modalidade de pesquisa fenomenológica inspirada em Carl.
Conclusão: o método fenomenológico de Carl Rogers é uma ferramenta valiosa para a terapia, e que funciona para a pesquisa, e isso fica evidenciado, pois o Rogers produzia clínica e ao mesmo tempo, criava pesquisa, resultando em seus famosos textos em livros e em artigos. O caso é que a ideia de método fenomenológico rogeriano, permite ao terapeuta (e ao cientista) descrever detalhadamente, e com isso, naturalmente compreender a experiência do outro de forma profunda e significativa, de uma nova forma de "com+preender". Ao criar um ambiente seguro e acolhedor, o terapeuta (e cientista) ajuda pela vida do cuidado ao cliente (e ao sujeito da pesquisa), podendo facilitar para que ele explore seus sentimentos, pensamentos, raciocínios, emoções, desejos, corpos - a experiências, e a encontrar suas próprias soluções para seus problemas. ou que o sujeito da pesquisa saída dele em um processo de autocompensão, algo de si com o outro no mundo.
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o método fenomenológico de Carl Rogers, você pode consultar as seguintes obras:
  • Rogers, C. R. (1961). On becoming a person. Boston: Houghton Mifflin.
  • Rogers, C. R. (1970). Grupos de encontro
  • King, M. (2001). The human journey: A biography of Carl Rogers. New York: Human Sciences Press.
  • Kirschenbaum, H., & Henderson, V. L. (1990). Carl Rogers: Dialogues on his life and work. New York: Houghton Mifflin.
  • Rogers, Carl. Sobre o poder pessoal.
  • Rogers, Carl. O homem e a ciência do homem.
  • Zimring, Fred. Carl Rogers. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. Site: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4665.pdf
  • Rogers, Carl. Liberdade para aprender.
  • Forghieri, Yolanda Cintrão. Psicologia fenomenológica.
  • Amatuzzi, Mauro Martins. Por uma psicologia humana.
Lembre-se de que a melhor maneira de compreender o método fenomenológico de Carl Rogers é ler as obras de Rogers, as obras de seus principais críticos e se familiarizar com os debates e pesquisas que foram realizados no âmbito da psicologia.
***
Hiran Pinel, autor.