domingo, 7 de abril de 2024

 

Diferença entre Eidos Epoché no Método Fenomenológico de Pesquisa:

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Hiran PINEL, autor.
Em copiando direta e ou indiretamente, referende segundo as normas propostas, no nosso caso, a ABNT.
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INTRODUÇÃO

Há dois momentos indissociados quando se aplica o método fenomenológico objetivando pesquisa e a produção de um artigo científico, por exemplo; ou planeja-se uma prática educacional (existencial) ou uma ação clínica (terapia e ou psicanálise existencial).
Quais são esses dois momentos? O que é e como é fazer isso?
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RESULTADOS E DISCUSSÃO

[1] Eidos:
  • O termo "eidos" vem do grego e significa "essência" ou "forma ideal".
  • No método fenomenológico, o eidos se refere à busca pela estrutura essencial de um fenômeno, ou seja, pelas características que o definem e o distinguem de outros fenômenos.
  • O eidos é algo universal e atemporal, que não depende das experiências individuais ou das interpretações subjetivas.
  • Para chegar ao eidos de um fenômeno, o pesquisador fenomenológico, ou um educador e terapeuta fenomenológico-existencial, atua fazendo acontecer uma redução eidética, ao seu vivido, mas que impõe uma temporária suspensão ou "levantamento para fora" de conceitos pré-estabelecidos, ou pré-conceitos, dos próprios preconceitos, discriminações, estigmas, e bem como de opiniões pré-concebidas, ou mesmo teorizações sobre o fenômeno, e só depois, provoca uma centralização ou uma focalização, a arte e técnica de focar, naquilo que se apresenta de maneira percebida como pura e evidente. Bem, no caso, o pesquisador/cientista, o terapeuta/ psicanalista existencial, aconselhador terapêutico, filósofo clínico, psicopedagogo clínico e ou psicólogo clínico, musicoterapeuta, psicomotricista, psiquiatra etc., deve pensar-sentir-agir o que foi (e para ele o é) o significado de "pureza evidente" para o tempo-espaço de Husserl.
[2] Epoché:
  • O termo "epoché" vem do grego e significa "suspensão" ou "colocar entre parênteses" por um tempo, no tempo que se propõe "suspender", pois as coisas voltam ao seu comum, ao cotidiano.
  • No método fenomenológico de pesquisa (uma profissional de ser cientista, de produzir conhecimento) e ou de ação profissional (de atendimento clínico da psicopedagogia e ou terapia, ou uma aula), a epoché se refere à suspensão do juízo natural sobre o fenômeno que está sendo investigado. No caso do processo aula, o professor ou educador chega à sala de aula, e se coloca com o grupo, em uma postura de escuta de estar ali-agora juntos, em "comum-união", a espera do conteúdo que o próprio grupo tem, e que pouco interessa o estipulado pela sociedade. Na aula estamos em um grupo de aprendizagem cujo conteúdo emerge dele mesmo, individual e grupal, singular e plural, específico e geral, local/ estadual/nacional e internacional.
  • Epoché? O que isso significa? Ora, é o momento em que o cientista, aquele que recorre ao método fenomenológico de pesquisa (que por si só, é uma prática educacional e ou intervenção clínica) deve (pró)curar e ou tentar abster-se de fazer qualquer tipo de julgamento ou melhor. Nesse momento o cientista (pró)cura (e ou esforça-se) fazer isso, evocar-se da urgência de criar um esforço que chegue a isso, e que será algo que valha a pena, pois esse é um dado focal da identificação do método fenomenológico em relação aos outros métodos que circulam "por-aí". É uma atitude arrojada de suspensão de ideias e ações pré-estabelecida. Ir suspenso sobre a realidade do fenômeno, que pretende investigar (ou atender) descrevendo seu existir consigo mesmo (com os outros, no mundo), o "que é" e "como é" ser da pessoa com o fenômeno, o sentido dele se expressar aqui-e-agora, a motivação dele se (des)velar.
  • A epoché é um passo fundamental para evitar que as (pré)concepções do pesquisador influenciem a sua análise do fenômeno.
Em resumo:
  • eidos se refere à busca pela essência do fenômeno, enquanto a epoché se refere à suspensão do juízo sobre o fenômeno.
  • eidos é algo universal e atemporal, enquanto a epoché é uma atitude que o pesquisador deve adotar durante a investigação.
  • epoché é um passo necessário para chegar ao eidos do fenômeno.
Exemplo:
Imagine que você está pesquisando a experiência de viver a dor.
  • eidos da dor seria a sua essência, ou seja, aquilo que a define como dor e a distingue de outras experiências.
  • Para chegar ao eidos da dor, você precisaria realizar uma redução eidética, suspendendo as suas (pré)concepções sobre a dor e focando naquilo que se apresenta de maneira pura e evidente.
  • epoché seria um passo fundamental nesse processo, pois você precisaria abster-se de fazer qualquer tipo de julgamento sobre a realidade da dor, sua natureza ou suas causas.
  • Ambos os movimentos são indissociados
  • Ambos movimentos NÃO são totais e plenos, limitados que são pelo própria existir do ser-aí (Dasein) ser-no-mundo.
  • Os movimentos fenomenológicos são relativos, mas que pede um esforço do pesquisador, uma luta sutil e sensível - e generosa de assepsia de um balaio cheio de informações, por vezes, atordoantes, muita coisa pré-estabecida, disse-me-disse etc. Fazer um exercício fenomenológico implica produzi-lo sem desgastes subjetivos e comportamentais do investigador, para provar que o método fenomenológico é a melhor ferramenta e excelente dispositivo para estudar a experiência de ser do ser humano que é ser-no-mundo, sua subjetividade em ação, subjetivação.

CONCLUSÃO

Para aprofundar seus conhecimentos sobre eidos e epoché no método fenomenológico de pesquisa, você pode consultar as seguintes obras:
· HUSSERL, Edmund. A ideia da fenomenologia (1907)
· HUSSERL, Edmund. Coleção Os Pensadores. ed. Abril
· HUSSERL, Edmund. A crise da humanidade europeia e a filosofia.
· HUSSERL, Edmund. Conferências de Paris.
· HUSSERL, Edmund. Meditações Cartesianas: introdução à fenomenologia.
· DARTIGUES, André. O que é a fenomenologia?
. LYOTARD, Jean-François. A Fenomenologia.
· DEPRAZ, Natalie. Compreender Husserl.
· MOREIRA, Daniel Augusto. O método fenomenológico na pesquisa.
· HEIDEGGER, Martin. (1927). Ser e tempo.
· MERLEAU-PONTY, Maurice. (1945). Fenomenologia da percepção.
MERLEAU-PONTY, Maurice. As ciências do homem e a Fenomenologia
· SARTRE, Jean-Paul. Ser e nada.
· SARTRE, Jean-Paul. Questão de método.
· SARTRE, Jean-Paul. Crítica da razão dialética - MINHA NOTA: aqui tem um capítulo sobre "o método", e um outro, perfeito, que adoro, sobre a "Psicanálise Existencial".
· FORGHIERI, Yolanda Cintrão. Psicologia Fenomenológica.
· FORGHIERI, Yolanda Cintrão. Aconselhamento terapêutico.
· AMATUZZI, Mauro Martins. Por uma psicologia humana.
· PINEL, Hiran. Método fenomenológico existencial para o terapeuta, professor e educador.
· PINEL, Hiran. A formação do pedagogo hospitalar como um ator no/do clonw pelo método fenomenológico existencial.
· PINEL, Hiran. O método fenomenológico na formação da professora de classe hospitalar.
· PINEL, Hiran. Pedagogia hospitalar; uma abodagem centrada na pessoa encarnada.
· PINEL, Hiran. Brincar de viver enquanto a vida há; os profissionais nos espaços (e tempos) da brinquedoteca hospitalar.
· PINEL, Hiran. O método fenomenológico aplicado à Pedagogia Especial, Hospitalar e Inclusiva: a pesquisa e as práticas educacionais.
. PINEL, Hiran. Variação eidética; a prática na pesquisa pedagógica.

NOTA
Sempre é adequado ter a humildade não-submisa de recordar ao leitor de que um bom modo de ser na Fenomenologia é a de entender (e quem sabe, compreender) as diferenças (e semelhanças) entre eidos epoché consultando as fontes de onde nasceram tais ideias, a começar por Husserl seu criador, e seu renomados e grandes (e de certa autonomia do mestre) e seguidores como Heidegger, Merleau-Ponty, Sartre, Trần Đức Thảo, Alfred Schutz, Rollo May, Hans Georg Gadamer, Yolanda Cintrão Forghieri Teresa Erthal, Virgínia Moreira, Irving D. Yalom etc., e se familiarizar com os debates e pesquisas que foram realizados no âmbito da fenomenologia.
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