A EXPERIÊNCIA DE TER SIDO GAY NA ESCOLA PÚBLICA FUNDAMENTAL
Hiran Pinel
INTRODUÇÃO
No "6º Seminário Estadual de Educação e Diversidade Sexual: Capixabas pela Diversidade" que aconteceu em Vitória, ES, no dia 08 out 2015, apresentei um tema de pesquisa inserido na linha maior denominada de "Diversidade e Práticas Educacionais Inclusivas". De vezes enquanto eu produzo bons encontros também fora da educação especial inclusiva, indo para a pedagogia social, como é o caso desse tema.
No "6º Seminário Estadual de Educação e Diversidade Sexual: Capixabas pela Diversidade" que aconteceu em Vitória, ES, no dia 08 out 2015, apresentei um tema de pesquisa inserido na linha maior denominada de "Diversidade e Práticas Educacionais Inclusivas". De vezes enquanto eu produzo bons encontros também fora da educação especial inclusiva, indo para a pedagogia social, como é o caso desse tema.
Perguntei no facebook: "- Quem dos meus amigos-faces aceitam fazer uma pequena narrativa sobre o que foi ter sido gay na escola fundamental?" Ou seja, meu interesse foi pelo passado que deve estar vivo no presente. No caso o passado é o de "ter
sido gay", em um período escolar que abarca o ser criança e pré-adolescente dos alunos, e que ao ser narrado implica na sua presença no hoje, e mais com implicações futuras.
Recebi inúmeras respostas que, na maioria das vezes, eram gozações da minha questão - o facebook tem dessas coisas. Por isso trabalhei apenas com 3 pequenas narrativas de três amigos-faces que não conhecia presencialmente, nem mesmo o de Vitória, ES: [1] médico, de Vitória, ES; [2] professor universitário,
com doutorado em Biologia, de Brasília; [3] pedagogo, que trabalha com educação
infantil, "de algum interior do Brasil" (não quis dizer o lugar).
RESULTADOS
RESULTADOS
Nos resultados produzimos uma análise hermenêutica móvel. Numa hermenêutica em movimentos complexos e não-fixos, e que nos
evocam os discursos experienciais, podemos indicar, por ora, três momentos
em processo e inconclusos sempre:
1º - Escola que não problematiza a sexualidade: A escola sendo capturada como aquela que não problematiza a
sexualidade dos sujeitos gays (e dos outros sujeitos), nem mesmo a vida, pois
nela separa-se o conteúdo a ser ensinado com a própria existência;
2º A escola que produz existência à revelia do instituído: A escola que indica sim ter produção de existência, mas acontecendo
essa criação à revelia do instituído, escondendo e tentando apagar os
movimentos dos alunos gays, os negados, os silenciados, os rechaçados;
3º A escola que mostra sua potência junto aos gays: A escola como potência se desvela, especialmente quando detectamos
que ela se inventa através de duas professoras quando apoiam e criam grupos
de “viados”, que embora durassem pouco, apontam para a criação de novos
movimentos produzidos, em que professores e alunos se sintam felizes e
apoiados uns com os outros, em um movimento provocativo e facilitador da
aprendizagem dos conteúdos escolares.
DISCUSSÕES
Nas discussões constatamos, dentre outros que, se por um lado há sofrimento por ter sido gay na escola
fundamental, por outro, há práticas escolares (planejadas ou não) de alegria,
resistência, saindo à lume sentimentos de resiliência. Interessante: as
práticas escolares positivas apareceram não apenas dos sujeitos mesmos (pedagogos, professores etc.), mas da
escola e de seus profissionais que criaram (na época) micro-intervenções insubmissas,
nem sempre registradas - mania de nós, os pedagogos.
Destacamos que o tema na
época não era tão exposto ou seja, não era discutido socialmente - não se falava dos direitos, havia uma visão de coitadinho que se tinha do gay, ou o ódio camuflado e assassino etc.
IMPLICAÇÕES CONTEMPORÂNEAS
Hoje as práticas escolares precisam aparecer, mas tais planos devem emergir dentro do atual clima é mais belicoso que vivemos, indispensável se, se deseja
direitos. Esse enfrentamento acontece devido ser uma ação dentro de um
movimento social nacional, e até internacional, de cunho mais político, que
atrai amores e ódios, ou os dois sentimentos juntos. Mas o bom é o real ou o
que isso significa -, o vital é a luta, é o respirar enquanto há oxigênio. O
passado desses três sujeitos - e que hoje são bem-sucedidos profissionalmente -
nos leva a refletir o quão é importante que implantemos projetos escolares
concretos, dentro do contexto brasileiro de guerreamento, e que façamos pela
via da criticidade indissociada ao prazeroso, e mais, que registremos e
socializemos tais experienciações. Como dizem as gays, é urgente "mona,
coloca a cara no sol!".
REFERÊNCIA BÁSICA
PINEL, Hiran. A EXPERIÊNCIA DE SER (SENDO) GAY
MASCULINO NA ESCOLA: POR UMA
PEDAGOGIA DOS DIREITOS HUMANOS. p. 197-216.
Desejando ler o livro já publicado na internet, é só entrar no google e digitar o título do
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