quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

HÁ SANGUE. HÁ VIDA.
Assisti a 10 episódios do Cult Room Alone 401-410 (Tailândia, 2014) - fiz maratona. Num imenso prédio universitário de quartos (confortáveis e chiques) residem alunos e alunas. São várias histórias. Uma das narrativas mais poéticas é a de Puem ou Tutor Love (ator: Adulkittiporn Jumpol). Um universitário de Engenharia (acho), que tem um grave problema, toda vez que vai beijar uma menina, escorre sangue pelo nariz. Tem uma cena em que a namorada lhe dá um absorvente para limpar o sangue (uau, que sentidos)... Esse Tutor começa a oferecer aconselhamento amoroso via sistemas de internet que ele mesmo criou. Tem ele uma namorada que o ama perdidamente, mas ele não dá confiança pra ela, despreza, machista, apesar de amá-la. Ele faz muito sucesso como tutor love, mas ninguém sabe da sua identidade. Em determinado momento, uma moça começa a pedir-lhe conselhos, e é a namorada dele (a mal-tratada) dando outro nome. Seu negócio é dar conselhos de autoajuda, imediatistas, vazios, desprovidos de responsabilidade e real interesse empático pelo outro e por si. Ao final a menina chama Puem (o tutor) para jantar e lhe quer dar uma notícia. Ela revela saber quem ele era de fato. "Você conversou comigo mais do que presencialmente, e nem percebia que falava de nós dois". Ela arranja um outro cara - aconselhado por ele. Na mesa de jantar ele descobre tudo isso, e aparece um gosto amarga das comidas. Ela rompe com ele, e lhe desmascara - angústia de viver. Ele então se levanta, está só como sempre foi, encosta na parede e o nariz começa a escorrer sangue, ali mesmo... Não é só o beijo que o impulsiona ao sangue da vida, mas a também a morte presente nos rompimentos amorosos. Para mim os bons finais são assim, nada de "the end" feliz, mas um final pautado pela dor infinda, capaz de evocar ao espectador que é preciso que ele acorde, acorde para vida, para o sangue da vida, antes que seja tarde demais, mesmo que ele esteja com os pés à beira do abismo, pertinho da morte concreta. Há sangue. Há vida. Há o existir.

REPETINDO: Sempre que comento essas séries (thai-drama e outras) eu infiro muito, até mesmo pelos problemas das legendas (ou falta delas).... Nada de me encher a paciência e dizer "ele não disse isso nesse episódio, esse cara mente"... Cacete, seja mais flexível coisinha, é uma série linda, é entretenimento que nos chega da Ásia, e eu não sei inglês e tenho que ir procurando palavra por palavra, ou coloco no tradutor. Chega! kkk