quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

"SOTUS THE SERIES" (2016/ 2017)

AQUILO QUE É SEU, ATENTE-SE BEM, ME PERTENCE... 

É muito doida essa série tailandesa. Senão vejamos. O sotus é uma espécie de trote - muito diferenciado, pois ele ocorre durante todo o curso superior, e chega a ser de cuidado, apoio e ajuda dos colegas mais adiantados (maduros), séries escolares maiores para com os iniciantes.
Uma turma entra na universidade, na faculdade de Engenharia. Todos os calouros estão sentados. Aparece o turma do sotus, cujo chefe é o petulante e onipotente, um tal de Arthit - bonito, jovem, fala autoritária, cabeça erguida de arrogância, e os mais astutos capturam fragilidade. Mas ali ninguém é astuto, pelo menos por ora... Ou será que teremos algum astuto ali-agora?
O papel dele é manter o sotus, algo ligado a hierarquia, tradição e essas coisas de manutenção da ordem estabelecida - as faculdades são arcaicas, ainda mais as ligadas às ciências sociais e biomédicas. Arthith cumpre bem o seu papel ao agredir verbalmente aos alunos - especialmente aos homens. Ele então vê um calouro limpando as lágrimas de uma colega naquele meio, e ele grita com ele, e diz "levanta camarada". O rapaz levanta - alto, bonito, com uma sensualidade à flor da pele, que só os abandonados têm.
- Qual o seu nome?
- Kongpob, e meu número de matrícula é 62 - diz isso alto, bom tom e com certa tranquilidade.
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Vou pular algumas cenas. Vamos ao momento que me interessa, pois dará o tom de toda a narrativa e enredo.
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Arthit mostra para todos o símbolo da Engenharia: em um cordão prende-se uma roda dentada... Recorde que estamos falando de uma coisa em desuso (kkk): os símbolos de arrogância para manter o status de um ofício e com isso a motivação dos aprendentes... E diz: "Kongpob eu não vou te dar esse símbolo, você não o merece".
Como em um jogo sadomasoquista, nosso Kong não esmorece. Com um sorriso de prazer no rosto, que só os masoquistas conseguem fazê-lo contra os sádicos - que tanto um quanto o outro se sustentam, responde:
- Eu vou tomá-lo de você!
- Como? retruca ferozmente Artith...
- Eu faço de você minha mulher...
Silencio mortal. Burburinhos começam...
- Como? revolta-se Arthit.
Kong repete garbosa, insolente & tranquilamente... Ele parecia saber que dali em diante a coisa do amor iria desandar, até ele encontrar a felicidade de ser prisioneiro, cujo capataz é o belo Artith.
- Com? Esbraveja o líder...
- Na minha terra costuma-se dizer que tudo que pertence à sua esposa, pertence também a você, o seu marido. Transformaria você em minha esposa e o símbolo da Engenharia, uma engrenagem que faz o motor se mover, me pertenceria...
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Uau... que diálogo que define toda a história. Uma engrenagem que está marcada por histórias afetivas, coisas do coração. Guardar o coração é guardar essa engrenagem, essa engenharia, essa complexidade de ser-no-mundo...
É isso que eu entendi, tá ok pessoal fã de séries asiáticas com marcas LGBT, ou chamadas yaoi ou... Não é a verdade absoluta, significa apenas o que eu entendi (racionalidade) e compreendi (amorosidade), uma racionalidade encarnada. Muitas vezes eu tinha que captar pelas reações corporais, tons da oralidade, temas não comuns na minha cultura etc. Tem um tema donde Kong fala a Arthit que os alunos ausente numa reunião lhe deixaram o coração, e adiante diz que o seu coração próprio foi entregue a Arthit, e sei que é uma fala vital, mas eu não entendi e e nem compreendi - e nem pesquisei na internet, pois deve ter muitos fãs da séries... kkk eu não sou o único, não sou ingênuo como Kong e Arthith kkk
E mais, recordo que assisti com legenda em inglês no You Tube, e dentro do próprio sistema, passei ora pra português, ora pra espanhol (que domino mais ou menos)... E as traduções esclarecem o que a outra não o faz. Achei a espanhol melhor em algumas situações.

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É até agora a mais bela e refinada série que assisti, sem ter velhos e cansados clichês como um cair sobre o outro (kkk), um dar comida na boca do outro e ou cuidar da ferida kkk Eu tenho a impressão que essa série inicia novos clichês... O som, a música, a fotografia, a iluminação, predomínio da linguagem de cinema, direção, interpretação etc.
Os dois protagonistas são jovem e excelentes atores: Perawat Sangpotirat vive de modo magistral Artih (isso se detaca no episódio 13, cena da ponte Rama VIII, e 15 o final do táxi e os dois no dormitório de Kong) & Prachaya Ruangroj, que tem falas menos impactantes, mas que dá conta de brilhar como poucos.
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EIS ALGUMAS IMAGENS DESSA SÉRIE ESPETACULAR:
ARTHITH




Kong não gosta de homens, ele gosta de Arthit, apenas de Arthit, e de mais nenhum homem.




o final - duelo de talentos, com os melhores diálogos para Arthith. Aqui pontua-se o sadomasoquisamo, pela imagem do capataz/ soldado e prisioneiro, e o diálogo pelo grito.

KONG