quarta-feira, 6 de dezembro de 2017


SKIN-SHIP: O QUE É?
Hiran Pinel, autor.
INTRODUÇÃO
Quem é fã de mangás, animes, cinema, séries e webséries (advindas de mangás) precisa antenar-se com "mil termos" (kkk) vindos do Japão (principalmente), Coreia do Sul, Tailândia, até China (especialmente de Taiwan) ... Tem vez que um bom termo em português dá conta do recado, mas dizer em japonês (traduzido para o Ocidente via inglês) dá todo um charme, e nós amamos pronunciar um ou mais nomes estrangeiros. 

Vemos em shows de cantores (masculinos) e em fanmeeting de atores (masculinos) eles se esfregando, se beijando, se tocando em exagero, fazendo carícias entre si... Serão gays, ó céus? kkk NÃO! Trata-se do skin-ship, ou skinship... Pode até ser gay, mas não é essa a intencionalidade, ao contrário, deseja-se mostrar rapazes héteros em carícias gays, mas não gays, e as fãs (femininas) adoram isso, se tornam mais fãs, consomem mais os produtos daquela banda ou série ou cinema... Pelo menos parece isso. 

OBJETIVO
Descrever o que é skinship, e o impacto disso na produção de frenesis de fãs (sexo feminino, mas também masculino em muito menor frequência) frente a seus ídolos masculinos que nos seus personagens (ou não) produzem tal evento, se esfregando um no outro, insinuando praticar sexo, ou mesmo fazendo isso, tomando banho pelados juntos, dando beijinhos na testa, selinho e beijos de língua etc. Esse tipo frenético do gostar delas diante do skin-ship dos seus ídolos é visível durante shows e ou fanmeetings (que acaba sendo, alguns, uma espécie de show). 

Esse esfrega-esfrega entre rapazes (atores masculinos) pode acontecer em cinema, mas atualmente acontece muito nas assim denominadas séries de TV e ou webséries, deve também acontecer em peças de teatro, telenovelas, cinema de TV etc. Mas é comum os assim denominados shows (quando é uma banda com as de k-pop) e especialmente fanmeetings.

MÉTODO
Para responder a esse tema, chamado "skinship" recorri primeiramente à textos informais que li internet e do que eu entendi... Depois, por ser membro de algumas páginas do Facebook dedicados especialmente aos fãs de séries de TV e webséries (dos quais sou um aficionado), perguntei o que seria esse tema, e essas opiniões foram clareando meus sentimentos/ emoções e pensamentos - configurando minha subjetividade acerca da temática. 

É adequado trazer aqui à lume, que esses grupos amam usar termos em inglês, temos advindos da oralidade do idioma original como japonês e ou coreano, assim como tailandês etc. No caso, skin-ship é inglês...


Ao final um artigo aproximado ao científico, pelo menos na forma (kkk), do tipo qualitativo, muito experimental, configurando talvez o que podemos dizer ser um "paper", ou seja, um artigo-resumo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO 
O termo SKIN-SHIP envolve palavras como pele/ corpo (skin) e tocar/ relacionar (ship vem de relationship = relacionamento)

No começo (e ainda hoje) o termo se relacionava apenas ao contato íntimo mãe e bebê. Logo, o termo não teria uma conotação sexual, numa dimensão consciente, como se tem hoje, pelo menos entre alguns fãs brasileiros e espanhóis - como pude constatar. Falava-se de um contato íntimo e não-sexual, algo do amor platônico, podendo envolver pessoas (ídolos ou pessoas comuns), do mesmo sexo (masculino-masculino, preferencialmente) ou sexos diferentes um do outro, masculino-feminino, ou feminino-feminino (menos comum). 

Pode envolver banho entre duas pessoas do mesmo sexo, pois há uma tendência em considerar que a nudez é algo que aproxima os amigos sinceros, provoca que os caras acabem com possíveis anteparos de um bom relacionamento de amizade empática. No banho, geralmente em dupla, os amigos podem se sentir mais libertos de estigmas e medos do outro, perdem pavores social e historicamente construídos, como um "comer o outro" (fazer sexo) etc. Outra coisa que dizem ser bem comum, mas não generalizada, é de rapaz sentar no colo (pernas) do outro, e às vezes, trocar carícias, conversar baixinho um com o outro: "isso é comum numa escola de Seul onde fiz pós-doutorado", disse-me um fã de ídolos sul-coreanos, mas um pouco mais maduro, e sendo espanhol, ele diz que presenciou e se sentiu, no começo, incomodado com skinship entre pessoas comuns do cotidiano, mas depois "eu relaxei e passei a respeitar, apenas isso... Eram rapazes mais jovens, no começo da faculdade e eu já mais velhinho (risos) no pós-doutorado"... Esse mesmo deponente, contou que tais condutas ele percebeu também em ambientes de trabalho formal, nos horários de descanso (almoço, cafezinho): "aí o skinship é quase formal, até mesmo nos gestos de tocar, nos ato de mostrar alguma intimidade, um olhar de cumplicidade, piscadelas de olhos, e mesmo sentar no colo, ou insinuação de 'strep-tease' - falo de insinuação e é minha percepção, achava que saia muito formal, quase que uma obrigação para animar o trabalho, relaxar"... Mas o trabalho é um ambiente rígido como na maioria dos países, mas "ainda assim eu cheguei a ver uma ou duas vezes o skinship acontecer". 

Assim, o termo skin-ship envolve não apenas ídolos, mas seria uma conduta comum entres simples mortais, tendo mulheres como olheiras preferenciais, mas não só. 

Teve um fã que me disse no Facebook ter ido à Coreia do Sul onde é comum ver dois rapazes com condutas bem íntimas andando pelas ruas. Um outro amigo-face aventou que tal conduta é comum entre rapazes de países rígidos e regidos por textos religiosos - onde a religião é a sua constituição legal - ele teria ido a um desses países, que não quis citar: "Os rapazes saem juntos, pegam nas mãos, se abraçam muito". No Brasil é comum duas mulheres irem juntas ao banheiro, mas isso não é comum entre homens. No Brasil ainda, no futebol, para comemorar a vitória, o abraço/ afago/ beijo entre dois jogadores pode produzir um frenesi associado ao gol que traz conotações sexual (a bola enfiada/ penetrada no espaço geográfico denominado locus do gol). E mais: "no nosso país já se esboça garotas-fãs que vão aos shows e ficam alegres e ou excitadas sexualmente quando duplas sertanejas se tocam, por exemplo" - comentou um amigo-face. 

Nesses meus bate-papos no face sobre o skinship, ocorreram casos de associarem tal ação com o começo de um namoro e ou amizade muito íntima, relacionamento chegado etc.: "(...) a coisa fica confusa, no começo é o skinship e depois desenvolve-se um namoro".

Mas nosso tema aqui-agora se refere a algo específico de skin-ship: ídolos masculinos se tocam e se esfregam, com ou sem tom sexual, e isso provoca frenesi entre a grande maioria de fãs garotas/ mulheres adolescentes. 

Mas o que é o skinship como ato praticado por ídolos de séries, cinema, música? Antes de tudo, leio, que os artistas praticam "isso" (skinship) devido ao desejo deles mesmos em agradar aos fãs. Outro viés: eles o fazem por determinação contratual, a empresa que contrata exige tal ato, pois isso vai agradar aos fãs (geralmente de determinados países asiáticos), geralmente mulheres, mas que acabam por conquistar homens, sejam eles héteros ou gays ou outro tipo. Elas adoram, e falo em "elas", as mulheres atraídas em ver (e sentir) dois homens se tocando intimamente, afetivamente, amorosamente, sexualmente (insinuações)... Também é uma coisa que se praticada chama atenção em uma cultura repressora ao corpo, justamente por ser algo não tão comum assim, mas que se desvela como certa favorabilidade, com apoio... 

A cultura oriental é até mais repressora do que a nossa, a gente tem carnaval, beijos héteros em público, biquínis e sungas bem diminutos ou que marcam o corpo etc. Tem cultura que é pior do que a nossa em termos de condenar a entrega do corpo ao outro e até mesmo a si (si-mesmo). O skinship em público, levado a muita intimidade, é até condenado por lei em alguns países, e pode ser taxado de atentado ao pudor. Países religiosos ao extremo, pode condenar aos rapazes a chicotadas e até à morte se for provado que são gays. 

Qual a origem do termo skin-ship?? Como já disse, é apenas uma junção entre a palavra “skin” (pele) e a terminação “ship” – que vem da palavra “relationship” (relacionamento). Li que isso pode se referir aos níveis de muita e intensa intimidade físico-corporal, ou, mais simplesmente, tocar, esfregar-se um no outro com tons de sedução, alegria e prazer. 

Skinship pode variar entre dar as simplesmente as mãos. No Brasil isso não é bem visto, nem entre familiares... Dá briga em certos lugares. Tivemos caso de um pai andando de mãos dadas com um filho jovem, e foram objetos de preconceitos, pois acreditavam tratar-se de casal gay. Mais exemplos desse ato: carregar o outro nas costas, beijar a testa e até mesmo selinho (ao estilo Hebe Camargo, a falecida) etc. O artista agindo assim ele simplesmente chama mais atenção para sua arte, e tema de conversas, as fãs os procuram etc. O skinship é exigido de artistas ou bandas masculinas, e quase nada das bandas ou grupos femininos.

As mulheres asiáticas, dos vídeos que assisti de fanmeeting, se apaixonam por isso, caem de boca - gritam, gemem. Elas pedem aos ídolos para reportarem a uma determinada cena de uma série, por ex., que elas amaram, e os atores reproduzem ali na sua frente, deixando-as louca de amor pelo casal. Há assim, dentro de várias possibilidades, algo que as atrai, seja numa dimensão do desejo mesmo, do desejo sexual e até de um desejo sócio-político de apoio aos homens que se amam entre si - apoio aos gays e aos movimentos políticos ao entorno. Elas acabam atuando contra a repressão dos corpos masculinos e parecem dizer: "o amor entre vocês me agrada muito, fico agitada e alegre, e tem vez que fico excitada sexualmente".

Uma fã brasileira que se define otaku, diz que quando vê uma cena de uma série ou webserie, "bem skinship, eu fico doida, meu coração bate forte, minha pulsação acho que se descompensa, meu açúcar vai lá em cima e por segundos fico diabética do mais profundo amor pelos dois, e quando estou shipando [torcendo] o casal [personagens que praticam skinship], eu sinto tudo isso mais forte, sabia?'.

CONCLUSÃO
Há todo um jogo intencional (de mercado) por detrás do skin-ship, visando especialmente conquistas as fãs, isso, as mulheres fãs, que por algum motivo amam ver e sentir dos meninos se esfregando. 

Falamos aqui-agora do impacto da arte (séries de TV e "webseries", fanmeetings, shows) na produção subjetiva de fãs (sexo feminino) de yaoí ou assemelhados.

PÓS ESCRITO
Vamos fazer do nosso existir um constante e bem humorado skin-ship kkk seja entre o mesmo sexo (sempre) e entre sexo diferenciados (que nos pode parecer mais fácil, mas nem sempre é kkk)...

REFLEXÃO
E se ao produzirmos skin-ship formos confundidos com assedia(dores) - fazer assédio? Aí é refletir: estou de fato brincando (inventando ludicidade com conteúdo ingênuo e infantil) comigo e com o outro, ou estou aproveitando do outro e abusando dele/ dela? O limite entre uma coisa e outra é muito sutil, frágil...



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PARA LER MAIS SOBRE O TEMA FOCANDO A MOTIVAÇÃO DESSAS GAROTAS: http://hiranpinel.blogspot.com.br/2015/07/possiveis-motivacoes-dapaixao-feminina.html

PARA LER MAIS SOBRE TERMOS COMUNS E SUAS DEFINIÇÕES NO MUNDO DAS FÃS DE SÉRIES E OU YAOÍ OU DE TEMÁTICAS GAYS, OU BOYS LOVE: http://hiranpinel.blogspot.com.br/2017/02/nem-ouso-dizer-o-nome-e-nao-e-amor-ya.html