sábado, 2 de dezembro de 2017

TOME TENÊNCIA, VERGONHA NA CARA . . .
"Marty" (1955; direção de Delbert Mann) é um filme famoso, ganhador de Oscar, e o primeiro filme estado-unidense a entrar na União Soviética permitido pelo Governo de lá... Muito sucesso, Oscar a vontade... kkk

MINHA SINOPSE: Marty tem 36 anos de idade (ator Ernest Borgnine) e ainda não se casou, seus irmãos se casaram todos. Ele é cobrado por amigas da família e a própria família por isso. As freguesas de seu açougue o cobram "tome vergonha e se case". Ele já é maduro (para época do filme, ele era solteirão), vai aos bailinhos (clubes de dança), é gordo e se acha feio demais... O ator dá um show de interpretação - show... sentimos com+paixão por aquele auto-abandono e de como nossa sociedade despreza os mais velhos (para seu espelho kkk) - gordos e feios. Um dia ele vai ao clube de dancinhas com o finco de sempre convidar as garotas e elas sempre lhe dizem não kkk é gordo, feio e açogueiro... elas o olham de baixo pra cima e fazem cara de desdém... kkk ridículas... kkk Morro de ódio...kkk Mas, paralelamente acontece uma história parecida, trata-se de Clara (atriz Betsy Blair), que é rejeitada por um cara. Nesse filme sempre os rapazes são mais maduros (+ de 30 anos), vestem terno, quando a juventude da época já usava jeans e tênis e dançavam rock... Parecem jovens da classe trabalhadora. Os rapazes dançam rumba, bolero, mas há filmes de rock na época... Logo é um filme sobre homens solitários, trabalhadores e arrogantes/ machistas: eles se sentem sempre "os" lindos (ou nem tanto, se auto-desprezam), e as mulheres devem ser sempre novinhas pra excitá-los nas suas dificuldades, que são mais culturais do que psicofisiológicas kkk aff... Clara tem 27 anos de idade - mais ou menos (não me recordo kkk). Clara, sim esse é o nome dela, e é sempre é rejeitada - no começo do filme um cara a rejeita, trocando-a por uma novinha do pedaço kkk Marty então vai atrás da rejeitada e começa um amor tranquilo, mas com alguns conflitos... O final é espetacularmente cinematográfico: Os amigos de Marty odeiam Clara que é velha e feia, a mãe por morrer de ciúme diz que ela é velha também (ela é graduada pela Universidade de Nova Iorque)... Bem, os amigos estão num bar de Nova Iorque, falando aquelas besteiras de homens (velhos kkk solteirões), mas que se acham moços: falam mal de políticos que proibiram strip-tease, a perseguição às prostitutas, pra eles "toda mulher é da calçada (puta)" etc. Como é hoje em dia... kkk Marty se enfurece, manda o grupo calar a boca e debocha deles, e levanta uma interrogação que mereceria investigação: "Por que estou nessa merda com vocês? Eu tenho uma mulher que amo, que me ama, que vai passar o Natal comigo pra nunca mais chorar, pra nunca mais ficar só...". Sai do grupo e vai a uma cabine de telefones (estamos em 1955 kkk). O seu melhor amigo, que disse que Clara é "galinha velha", o acompanha e Maty diz: "Eu não gostei do que vc falou dela, de que Clara é feia e velha..." O amigo fica mudo e visivelmente entristecido, diante da toma de decisão, algo que lhe falta. Marty entra na cabine e disca pra Clara, que está assistindo TV em sua casa com os pais, e desiludida - essa cena deu-lhe o Oscar, dizem... são segundos de cena... Enquanto Clara vai atender o fone, ele vira para o amigo e diz: "Você não tem vergonha não! Já um homem maduro e não casou ainda... Tome tenência, tome vergonha na cara". Marty repete o que sempre lhe diziam... Marty então pede licença e fecha a porta da cabine e diz: "Alô Clara!"... Fim... Muito romântico, e como todo e qualquer filme, igualmente romântico quase toda arte (kkk) .... tudo é romantizado, mesmo que o real grite kkk tudo tem um discurso ideológico, e "Marty" é uma película romântica e pouco política, MAS é uma obra de arte, temos que assistir, nos envolver existencialmente (afeto, amor, emoção, sentimentos, desejos etc.) e ao mesmo tempo distanciar-se reflexivamente (cognição, significados, sentidos)... Vale a pena pessoal! Vale a pena!

O que esse filme pode nos ensinar (e a gente aprender) sobre o amor? Eu perguntei ao final meus alunos na disciplina Orientação de Pesquisa, futuros professores e investigadores. Prossegui: Como esse amor pode ser levado/ traduzido na relação professor-aluno? Como podemos pensar-sentir-agir a partir desse filme, nossa ação sentida de ensinar crianças especiais?