quinta-feira, 7 de junho de 2018

O fã paga uma boa grana para o ator, mas somente para aquele que representa de forma decente a sua vida cotidiana, a vida de um daqueles que estarão na plateia assistindo. Mas o fã sabe, que de fato, a vidinha dele é de merda. Ele se alivia pagando, pois o ator ao representar a bosta da sua vida, a transforma, pois a Dona Vida passa a ser delicadamente representada por boa interpretação, vivida de forma menos bandida, menos fascista, menos otária. O ator acaba dizendo que a vida representada é a vida real, mas não é, pois é representação. O fã paga pra ver o real que não vive por si mesmo - seja um num filme ou série, um detalhe aqui, outro acolá, outro alhures, uma música ao fundo, um close, um diálogo criativo, uma roupa diferenciada, a maquiagem, beleza física etc. Na tela, o ator nunca será o real, mas o fã paga, ele precisa acreditar que a vidinha ordinária dele é aquela que está sendo representada. O fã paga por uma ilusão, e será essa ilusão que o ajudará a viver, a suportar essa mesmice repetitiva que é o seu dia-a-dia, e será a obra de arte que o ajudará na auto transcendência, tendo forças pra recriar e reinventar esse cotidiano, desvelando pepitas de ouro que antes não percebia, e nem sentia. 

[Hiran Pinel]

TUDO ESCRITO NO MEU BLOG NÃO REFERENCIADO AQUI, O AUTOR SOU EU. É UMA QUESTÃO DE ÉTICA E COMPROMISSO, POR MAIS BOBAGEM QUE POSSA PARECER O TEXTO... KKK