quinta-feira, 7 de junho de 2018

Quando o caixão do defunto, seu amante, ia sendo rebaixado para dentro na cova, Kazuhíto defendia sua tese, algo para si mesmo: "Ele era sucessivamente banal, e logo-logo poderia se desvelar uma pessoa gloriosa, mas adiante ele decaía aos olhos dos outros como deplorável, mas nunca, nunca ele foi medíocre". Ainda bem que a esposa do cara não o escutou, nem seus dois jovens lindos rebentos. Ainda bem? O rosto da outra estava visivelmente relaxado e em estado Zen - encontrou finalmente o estado-devir, e ela sorria muito, parecendo ser de felicidade e júbilo. Já os dois "efebos", claramente bêbados e febris, pareciam querer substituir o pai comigo, "e estavam a suspirar por mim", Kazuhíto imaginava em seus delírios e alucinações matinais.

[Texto ficcional; transcrevi de um livro literário de minha autoria, nunca publicado, chamado por ora de "Contas de Lágrimas"].