quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

TURN LEFT, TURN RIGHT - SÉRIES
Essa série é muito linda, é arte de fato. Um enredo sobre uma possibilidade irreal: ter a segunda oportunidade. Na vida só temos uma. É uma série sartreana - a vida é escolher e nos responsabilizarmos por isso, por essas escolha. Acho que os fãs de yaoí iriam gostar pelo tema tão raro: escolher...
Passamos em fluxos escolhendo, isso na vida, e ao escolhermos perdemos outras, e esse é o real, o vivido - o encarnado. Amor é assim, a gente escolhe, e perde os não escolhidos. E mais, não há segunda chance, o que há são outras possibilidades de respirar e ganhar potência... Você pode escolher outra coisa ou alguém, mas a mesma (escolha) - nunca, pois ela (a vida) caminha, descaminha, anda, flui, fruição, devir...
Nesse primeiro episódio podemo antever o desempenho de Singto: raro, verdadeiramente um grande ator - GRANDE. Um ator tranquilo no seu papel de rejeitado, desamado - e um infeliz romântico como "ser no mundo".
Uma estrela Singto, parecendo Montgomery Clift em "Os Desajustados" - paparicado por uma Marylin Monroe insatisfeita, ele mesmo assim, ambíguo, quase assexuado, pois deseja imensamente, antes de tudo, ser amado.
Singto me parece seguro com a "sua" dor, aquela que tem que viver nele, numa sociedade e cultura NÃO tão acolhedora como se imagina, pois o é apenas nos discursos, e não nas ações. Mas, acima de tudo isso, Gun, personagem de Singto, ama, é romântico e crente no amor - como Clift.
Que arrebente as paredes que nos separam do outro - um outro que é nós mesmos, mas num reflexo espelhar: um eu que precisa do tu, e de "todas as pessoas do mundo".

(Hiran Pinel, autor)